Tema de redação 2018Nov08
Leia atentamente os textos abaixo.
Texto 01.
“A ideia de ‘’pós-modernismo’ surgiu pela primeira vez no
mundo hispânico, na década de 1930, uma geração antes de seu aparecimento na
Inglaterra ou nos EUA. Perry Anderson, conhecido pelos seus estudos dos
fenômenos culturais e políticos contemporâneos, em "As Origens da Pós-Modernidade"
(1999), conta que foi um amigo de Unamuno e Ortega, Frederico de Onís, que
imprimiu o termo pela primeira vez, embora descrevendo um refluxo conservador
dentro do próprio modernismo. Mas coube ao filósofo francês Jean-François
Lyotard, com a publicação "A Condição Pós-Moderna" (1979), a expansão
do uso do conceito.
Em sua origem, pós-modernismo significava a perda da
historicidade e o fim da "grande narrativa" - o que no campo estético
significou o fim de uma tradição de mudança e ruptura, o apagamento da
fronteira entre alta cultura e da cultura de massa e a prática da apropriação e
da citação de obras do passado.
A densa obra de Frederic Jameson[1] "Pós-Modernismo"
(1991), enumera como ícones desse movimento: na arte, Andy Warhol e a pop art,
o fotorrealismo e o neo-expressionismo; na música, John Cage, mas também a
síntese dos estilos clássico e "popular" que se vê em compositores
como Philip Glass e Terry Riley e, também, o punk rock e a new wave"; no
cinema, Godard; na literatura, William Burroughs, Thomas Pynchon e Ishmael
Reed, de um lado, "e o nouveau roman francês e sua sucessão", do
outro. Na arquitetura, entretanto, seus problemas teóricos são mais
consistentemente articulados e as modificações da produção estética são mais
visíveis.
Jameson aponta a imbricação entre as teorias do pós-modernismo
e as "generalizações sociológicas" que anunciam um tipo novo de
sociedade, mais conhecido pela alcunha "sociedade pós-industrial".
Ele argumenta que "qualquer ponto de vista a respeito do pós-modernismo na
cultura é ao mesmo tempo, necessariamente, uma posição política, implícita ou
explícita, com respeito à natureza do capitalismo multinacional em nossos
dias".
Vale observar que Perry Anderson, ao ser convidado a fazer a
apresentação do livro de Jameson, terminou escrevendo o seu próprio “As origens
da pós-modernidade”, constituindo assim uma espécie de ‘introdução’ ao
conceito. Nele diz que o modernismo era tomado por imagens de máquinas [as
indústrias] enquanto que o pós-modernismo é usualmente tomado por “máquinas de
imagens” (p.105) da televisão, do computador, da Internet e do shopping
centers. A modernidade era marcada pela excessiva confiança na razão, nas
grandes narrativas utópicas de transformação social, e o desejo de aplicação
mecânica de teorias abstratas à realidade. Jameson observa que “essas novas
máquinas podem se distinguir dos velhos ícones futuristas de duas formas
interligadas: todas são fontes de reprodução e não de ‘produção’ e já não são
sólidos esculturais no espaço. O gabinete de um computador dificilmente
incorpora ou manifesta suas energias específicas da mesma maneira que a forma
de uma asa ou de uma chaminé” (citado por Anderson, p.105).”
Texto 02.
“O pós-moderno é muito mais a fadiga crepuscular de uma época
que parece extinguir-se ingloriosamente que o hino de júbilo de amanhãs que
despontam. À consciência pós-moderna não corresponde uma realidade pós-moderna.
Nesse sentido, ela é um simples mal-estar da modernidade, um sonho da
modernidade. É literalmente, falsa consciência, porque consciência de uma
ruptura que não houve, ao mesmo tempo, é também consciência verdadeira, porque
alude, de algum modo, às deformações da modernidade.” (Sérgio Paulo Rouanet,
“As origens do Iluminismo”)
Texto 03.
“O mal-estar pós-moderno é visível e trivial, expressado na
linguagem do cotidiano do trabalho compulsivo, muitas vezes vendido como se
fosse ‘lazer’ ou ‘ócio criativo’, que gera stress, a perversão, a depressão, a
obesidade, o tédio.”
“Se a modernidade prometia a felicidade através do progresso
da ciência ou de uma revolução, a pós-modernidade promete um nada que pretende
ser o solo para tudo.”
(Raymundo de Lima)
Texto 04.
“Tudo se tornou demasiadamente próximo, promíscuo, sem
limites, deixando-se penetrar por todos os poros e orifícios.” (Slavoj Zizek)
Texto 05.
“Segundo o francês Jean-François Lyotard, a "condição
pós-moderna" caracteriza-se pelo fim das metanarrativas. Os grandes
esquemas explicativos teriam caído em descrédito e não haveria mais
"garantias", posto que mesmo a ciência já não poderia ser considerada
como a fonte da verdade.
Para o crítico marxista norte-americano Fredric Jameson, a
Pós-Modernidade é a "lógica cultural do capitalismo tardio",
correspondente à terceira fase do capitalismo, conforme o esquema proposto por
Ernest Mandel.
Outros autores preferem evitar o termo. O sociólogo polonês
Zygmunt Bauman, um dos principais popularizadores do termo Pós-Modernidade no
sentido de forma póstuma da modernidade, atualmente prefere usar a expressão
"modernidade líquida" - uma realidade ambígua, multiforme, na qual,
como na clássica expressão do manifesto comunista, tudo o que é sólido se desmancha
no ar.
O filósofo francês Gilles Lipovetsky prefere o termo
"hipermodernidade", por considerar não ter havido de fato uma ruptura
com os tempos modernos - como o prefixo "pós" dá a entender. Segundo
Lipovetsky, os tempos atuais são "modernos", com uma exacerbação de
certas características das sociedades modernas, tais como o individualismo, o
consumismo, a ética hedonista, a fragmentação do tempo e do espaço.
Já o filósofo alemão Jürgen Habermas relaciona o conceito de
Pós-Modernidade a tendências políticas e culturais neoconservadoras,
determinadas a combater os ideais iluministas.”
Texto 06.
Texto 07.
“A importância de Bauman está na interpretação da fluidez dos
tempos pós-modernos. Bauman é duro neste aspecto, se declara um sociólogo
crítico e recusa o rótulo de “pós-modernista”. Para ele, “pós-modernista” é
aquele que reproduz a ideologia do pós-modernismo, que se recusa a qualquer
tipo de debate, que relativiza a vida ao máximo e que, dentro dessa
superrelativização, não consegue estabelecer críticas e nem formar regras para
guiar a sociedade. Pós-modernista é aquele que foi construído dentro de uma
condição pós-moderna, ele a reproduz e é constituído por ela. É seu arauto, seu
representante inconsciente e é este posto que Bauman rejeita e nega fielmente.
A posição do autor é crítica às relações sociais atuais. Se
trata de começar com uma categorização nova: modernidade líquida e modernidade
sólida. Uma que representa o novo mundo, a pós-modernidade, e o outro que
define a modernidade, a sociedade industrial, a sociedade da guerra-fria. Não é
difícil de conseguir perceber a relação direta entre a “solidez” das relações
da guerra-fria, com dois núcleos de produção dos julgamentos corretos (o
capitalista, representado pelos EUA e o comunista, representado pela URSS), com
duas opção distintas e antagônicas para serem “escolhidas”, ao contrário do
pós-guerra fria, após a queda do Muro de Berlim e com a dissolução de qualquer
centro de emissão moral, com a primazia do consumo em detrimento de qualquer
ética da parcimônia e etc e etc.
A sociedade líquida é a sociedade das relações fluidas, das
relações frágeis, é a sociedade em que a fixidez de uma amizade em que ambas as
partes matariam e morreriam pela outra já não existe mais. Não se trata mais de
uma sociedade em que os indivíduos sabem o seu destino desde o nascimento,
agora estamos imersos em um espaço social onde ~teoricamente~ escolhemos nosso
futuro, optamos pelo nosso destino, somos responsáveis pelo nosso fracasso. Não
é mais necessário ser asiático para ser um legítimo budista, basta comprar os
livros certos e assistir às aulas certas. Ninguém é, e sim está.” (Vinicius
Siqueira)
Situação 2018Nov08-A - Dissertação (USP, Unesp, etc.)
Faça uma dissertação sobre quais são as principais dúvidas e
dilemas do homem chamado por muitos de pós-moderno.
Instruções:
1. Lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer
o uso da norma padrão da língua portuguesa.
2. A redação deverá ter entre 25 e 30 linhas.
3. Dê um título a sua redação.
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