Tema de redação 2018Nov05
Texto 01.
“Estou assustado. Olhando o pôr-do-sol , que é lindo — e
pensando se será a última vez que verei isso." Após a repercussão mundial
da história do assassinato de John Allen Chau, de 26 anos, ojornal The
Washington Post teve acesso ao diário escrito pelo missionário antes de ele ser
morto por habitantes de uma tribo isolada que vivem na Ilha Sentinela do Norte,
localizada no Oceano Índico entre Índia e Myanmar.
O diário, que tem 13 páginas e foi escrito com caneta e lápis,
foi deixado por Chau para um dos pescadores que o transportou à ilha de modo
ilegal — a região, sob administração da Índia, é protegida para preservar o
modo de vida local e proteger seus membros de possíveis doenças trazidas por
visitantes. De acordo com reportagem do The Washington Post, as anotações estão
agora sob posse da mãe do missionário morto.
Em seu relato, Chau afirmava que queria pregar o cristianismo
aos habitantes da comunidade tradicional. Para não chamar a atenção das
autoridades, ele embarcou com pescadores pela noite e, após ser levado a um
local próximo da ilha, percorreu o trecho final com um caiaque. Ele carregava
itens como tesouras, alfinetes e peixe, que seriam presenteados aos membros da
tribo. De acordo com o diário, ao entrar em contato com os habitantes, ele
começou a cantar hinos de louvor, mas foi surpreendido por um jovem que atirou
uma flecha em sua direção — Chau relatou que a seta atingiu sua Bíblia.
"Estou assustado", escreveu o homem em seu último registro.”
Texto 02.
“A palavra descobrimento, empregada com relação a continentes
e países, é um equívoco e deve ser evitada. Só se descobre uma terra sem
habitantes; se ela é ocupada por homens, não importa em que estágio cultural se
encontrem, já existe e não é descoberta. Apenas se estabelece seu contato com
outro povo. A expressão descobrimento implica em uma idéia imperialista, de
encontro de algo não conhecido; visto por outro que proclama sua existência,
incorporando-o ao seu domínio, passa a ser sua dependente.
Tornou-se comum o uso da expressão para os movimentos
realizados no fim da Idade Média e começos da Idade Moderna, quando se verifica
o maior expansionismo assinalado na história. Falou-se fartamente de
descobrimentos realizados pelos portugueses e espanhóis na costa ocidental da
África e em ilhas do Oceano Atlântico. E multiplicam-se as datas de revelação
de realidades geográficas ou humanas, desde a ilha de Porto Santo, em 1418, a
dezenas de outras, bem como acidentes do litoral do continente africano. Alguns
acontecimentos tiveram enorme ressonância, como a passagem do extremo sul,
chamada Cabo das Tormentas ou Cabo da Boa Esperança, em 1488, por Bartolomeu
Dias, desfazendo-se uma das lendas da geografia medieval. Ou a de Cristóvão
Colombo, genovês a serviço da Espanha, em 1492, com a revelação do Novo Mundo
ou da América. A do português Vasco da Gama, que chegaria à Índia em 1498,
agora pela via marítima. Entre 1519 e 1522 é feita a primeira viagem de
circunavegação, iniciada pelo português Fernão de Magalhães e concluída por
Sebastian del Cano.” (Francisco Iglésias)
Texto 03.
“Achar que a homogeneidade da sociedade é a chave para
explicar o desenvolvimento das nações não parece ser um caminho promissor. Além
disso, é perigoso. Por isso mesmo, vou insistir no assunto. Afinal, são temas
caros ao desenvolvimento e à própria história do Brasil, mas muito difíceis de
serem relacionados empiricamente.
A partir da literatura científica, sabemos que o
multiculturalismo, a diversidade étnica, contribui para que um país tenha uma
vasta gama de pessoas com diferentes habilidades, nível educacional e posse de
bens que facilitam a inovação e aumentam a produtividade da economia. Ao mesmo
tempo, há registros de que diversidade étnica está associada com políticas
públicas ineficientes, instituições menos inclusivas e conflitos derivados do
ódio baseado nas próprias diferenças entre os grupos existentes. Por exemplo, a fragmentação etnolinguística
tem correlação negativa com o desempenho econômico em diversas dimensões, com
exceção em países mais ricos.”
Texto 04.
“Como a crença da Igreja à época era a de que o demônio havia
se instalado no Novo Mundo, a resistência dos indígenas ao pensamento europeu
era vista pelos missionários como prova da ação do diabo. Daí, a frequente
menção a essa figura nos relatos dos jesuítas e a obsessão dos religiosos de
identificar traços demoníacos nas crenças nativas. “É nesse cenário de
‘demonização’ das deidades indígenas que os padres operaram uma metamorfose nas
entidades espirituais que causavam danos na figura cristã do diabo”, diz
Carvalho.
Nessa transformação, porém, o conceito cristão experimentou
mudanças relevantes. Os índios incorporaram o demônio como uma divindade a mais
em seu panteão ou simplesmente passaram a chamar de diabo certos espíritos
malignos já conhecidos. Para os missionários, era difícil evitar deslocamentos
no significado do termo “demônio” devido à estratégia linguística que eles
adotavam. Para enaltecer as noções cristãs, diz Carvalho, “os jesuítas
preferiam manter em espanhol os termos positivos e centrais para a Igreja, como
Deus, sacramentos etc., e lançar mão das palavras nativas para descrever o
negativo”. Tamanha sutileza, porém, acarretava essas consequências inesperadas,
que incluíam o hábito de alguns nativos de usarem os termos negativos para se
referir aos próprios colonizadores.”
Proposta 2018Nov05-A - dissertação
(USP, Unesp, etc.)
Faça uma dissertação argumentativa
sobre a seguinte pergunta:
Qual a sua opinião sobre a catequização
ou outros processos de aculturação de povos, como é o caso dos autóctones, por exemplo?
Instruções:
- Lembre-se de que a situação de
produção de seu texto requer o uso da norma padrão da língua portuguesa.
- A redação deverá ter entre 25 e 30
linhas.
- Dê um título a sua redação.
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