segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Redação - Tema de redação 2018Nov05 - aculturações e catequizações


Tema de redação 2018Nov05

Texto 01.
“Estou assustado. Olhando o pôr-do-sol , que é lindo — e pensando se será a última vez que verei isso." Após a repercussão mundial da história do assassinato de John Allen Chau, de 26 anos, ojornal The Washington Post teve acesso ao diário escrito pelo missionário antes de ele ser morto por habitantes de uma tribo isolada que vivem na Ilha Sentinela do Norte, localizada no Oceano Índico entre Índia e Myanmar.
O diário, que tem 13 páginas e foi escrito com caneta e lápis, foi deixado por Chau para um dos pescadores que o transportou à ilha de modo ilegal — a região, sob administração da Índia, é protegida para preservar o modo de vida local e proteger seus membros de possíveis doenças trazidas por visitantes. De acordo com reportagem do The Washington Post, as anotações estão agora sob posse da mãe do missionário morto.
Em seu relato, Chau afirmava que queria pregar o cristianismo aos habitantes da comunidade tradicional. Para não chamar a atenção das autoridades, ele embarcou com pescadores pela noite e, após ser levado a um local próximo da ilha, percorreu o trecho final com um caiaque. Ele carregava itens como tesouras, alfinetes e peixe, que seriam presenteados aos membros da tribo. De acordo com o diário, ao entrar em contato com os habitantes, ele começou a cantar hinos de louvor, mas foi surpreendido por um jovem que atirou uma flecha em sua direção — Chau relatou que a seta atingiu sua Bíblia. "Estou assustado", escreveu o homem em seu último registro.”

Texto 02.
“A palavra descobrimento, empregada com relação a continentes e países, é um equívoco e deve ser evitada. Só se descobre uma terra sem habitantes; se ela é ocupada por homens, não importa em que estágio cultural se encontrem, já existe e não é descoberta. Apenas se estabelece seu contato com outro povo. A expressão descobrimento implica em uma idéia imperialista, de encontro de algo não conhecido; visto por outro que proclama sua existência, incorporando-o ao seu domínio, passa a ser sua dependente.
Tornou-se comum o uso da expressão para os movimentos realizados no fim da Idade Média e começos da Idade Moderna, quando se verifica o maior expansionismo assinalado na história. Falou-se fartamente de descobrimentos realizados pelos portugueses e espanhóis na costa ocidental da África e em ilhas do Oceano Atlântico. E multiplicam-se as datas de revelação de realidades geográficas ou humanas, desde a ilha de Porto Santo, em 1418, a dezenas de outras, bem como acidentes do litoral do continente africano. Alguns acontecimentos tiveram enorme ressonância, como a passagem do extremo sul, chamada Cabo das Tormentas ou Cabo da Boa Esperança, em 1488, por Bartolomeu Dias, desfazendo-se uma das lendas da geografia medieval. Ou a de Cristóvão Colombo, genovês a serviço da Espanha, em 1492, com a revelação do Novo Mundo ou da América. A do português Vasco da Gama, que chegaria à Índia em 1498, agora pela via marítima. Entre 1519 e 1522 é feita a primeira viagem de circunavegação, iniciada pelo português Fernão de Magalhães e concluída por Sebastian del Cano.” (Francisco Iglésias)

Texto 03.
“Achar que a homogeneidade da sociedade é a chave para explicar o desenvolvimento das nações não parece ser um caminho promissor. Além disso, é perigoso. Por isso mesmo, vou insistir no assunto. Afinal, são temas caros ao desenvolvimento e à própria história do Brasil, mas muito difíceis de serem relacionados empiricamente.
A partir da literatura científica, sabemos que o multiculturalismo, a diversidade étnica, contribui para que um país tenha uma vasta gama de pessoas com diferentes habilidades, nível educacional e posse de bens que facilitam a inovação e aumentam a produtividade da economia. Ao mesmo tempo, há registros de que diversidade étnica está associada com políticas públicas ineficientes, instituições menos inclusivas e conflitos derivados do ódio baseado nas próprias diferenças entre os grupos existentes.  Por exemplo, a fragmentação etnolinguística tem correlação negativa com o desempenho econômico em diversas dimensões, com exceção em países mais ricos.”

Texto 04.
“Como a crença da Igreja à época era a de que o demônio havia se instalado no Novo Mundo, a resistência dos indígenas ao pensamento europeu era vista pelos missionários como prova da ação do diabo. Daí, a frequente menção a essa figura nos relatos dos jesuítas e a obsessão dos religiosos de identificar traços demoníacos nas crenças nativas. “É nesse cenário de ‘demonização’ das deidades indígenas que os padres operaram uma metamorfose nas entidades espirituais que causavam danos na figura cristã do diabo”, diz Carvalho.
Nessa transformação, porém, o conceito cristão experimentou mudanças relevantes. Os índios incorporaram o demônio como uma divindade a mais em seu panteão ou simplesmente passaram a chamar de diabo certos espíritos malignos já conhecidos. Para os missionários, era difícil evitar deslocamentos no significado do termo “demônio” devido à estratégia linguística que eles adotavam. Para enaltecer as noções cristãs, diz Carvalho, “os jesuítas preferiam manter em espanhol os termos positivos e centrais para a Igreja, como Deus, sacramentos etc., e lançar mão das palavras nativas para descrever o negativo”. Tamanha sutileza, porém, acarretava essas consequências inesperadas, que incluíam o hábito de alguns nativos de usarem os termos negativos para se referir aos próprios colonizadores.”

Proposta 2018Nov05-A - dissertação (USP, Unesp, etc.)
Faça uma dissertação argumentativa sobre a seguinte pergunta:

Qual a sua opinião sobre a catequização ou outros processos de aculturação de povos, como é o caso dos autóctones, por exemplo?

Instruções:
- Lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da norma padrão da língua portuguesa.
- A redação deverá ter entre 25 e 30 linhas.
- Dê um título a sua redação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário