Tema de redação 2018N24
Texto 01.
“Turbante, dreadlocks, cocar, desenhos tradicionais.
Símbolos culturais e estéticos que, se por um lado ajudam a compor o imaginário
de nação miscigenada, também carregam seu valor simbólico de resistência dentro
da comunidade na qual estão inseridos. No palco dos sincretismos, diversos
atores e culturas se misturam, não sem provocar polêmica e discussões que
muitas vezes não arranham mais que a superfície da questão.
Enquadra-se aí o debate sobre “apropriação cultural”,
tema que vem dividindo opiniões desde que sites e jornais repercutiram o caso
de uma garota branca que teria sido repreendida por duas mulheres negras porque
usava um turbante.
A educadora e pesquisadora de dinâmicas raciais Suzane
Jardim afirma que, toda vez que emerge, essa discussão é erroneamente deslocada
para o âmbito do “purismo cultural”, na qual apenas os responsáveis pela
criação de um determinado elemento teriam autorização de utilizá-lo.
Longe disso, o que está em jogo segunda ela é a forma
como se dá a interação entre grupos historicamente marginalizados e seus
antagonistas – relação que seria marcada por “preconceito, exclusão,
etnocentrismo, poder e capitalismo”.
“Vemos a diferença sistêmica entre os que usam esses
elementos como adorno e os que usam por princípio, religião ou resgate de uma
identidade”, diz Jardim. “Quando falam em cultura, os negros se referem muito
mais a resistência e racismo do que à origem dos elementos, propriamente”.
Pesquisadora e ex-Secretária Adjunta da Secretaria
Municipal de Políticas para as Mulheres de São Paulo, Juliana Borges afirma que
‘dizer que apropriação cultural se resume a usar ou não turbante, comer ou não
sushi’ é, na melhor das hipóteses, uma grande desonestidade intelectual, além
de escancarar a face racista ‘ainda tão presente na sociedade brasileira’.
A discussão, primordialmente, tem a ver com questões
estruturais e estruturantes da sociedade brasileira, segundo Borges, e passa
pelo esvaziamento histórico e cultural de etnias sequestradas do continente
africano para serem escravizadas por aqui.”
Texto 02.
“Num contexto capitalista, a apropriação cultural
transpassa o desrespeito às culturas alheias, invisibilizadas diante da
imposição da cultura europeia e norte-americana, e se torna lucrativa. Um
exemplo disso foi publicado no site Fashion Forward, quando a grife francesa
Isabel Marant usou em sua coleção de verão 2015 um bordado feito pela
comunidade mexicana Sant-Maria Tlahuitoltepec (província de Oaxaca). Esse
bordado é feito há 600 anos, sendo esse um símbolo da identidade dessa
comunidade. A marca se apropriou do bordado, produzindo-o em larga escala, e
passou a vender a peça que identificava como “tribal” pelo equivalente a R$
1.000,00. Vale ressaltar que a peça original, feita por mulheres da comunidade,
custava aproximadamente R$ 65,00. Vale apontar ainda que o enorme lucro obtido
pela maison nem chegará proximo à comunidade, algo que, se distribuído, poderia
ter possibilitado mais independência ou cobrir as necessidades desse povo.”
Texto
03.
“...o conceito de “apropriação cultural” me parece uma
cobra que se come pelo rabo posto que para haver apropriação, é preciso que
haja um proprietário. Apropriar-se de algo é roubar, e você só rouba algo que
tem um dono. Só que cultura não tem dono.
Cultura é, segundo a definição antropológica, o conjunto
de conhecimentos, éticas, crenças, artes, moral, leis e costumes de uma
sociedade. Se tem um dono (e esse dono pode até ser um grupo), você exclui quem
não é dono. Excluir alguém do direito a uma cultura é excluir alguém de uma
sociedade. Quer dizer, é o oposto da lógica inclusiva da qual nós deveríamos
estar nos ocupando.
Mesmo que seja uma sociedade da qual o coleguinha não
faça parte, a sociedade tem o dever humanitário de se abrir para quem se
interessa por ela. Imaginar que, por exemplo, uma pessoa branca, oriental ou negra
deve ser impedida de usar vestes indígenas é o mesmo que imaginar que um índio
deve ser impedido de usar roupas. E o mesmo se aplica a Anitta. E o mesmo se
aplica ao caso célebre da menina branca que foi massacrada por usar turbante.”
Proposta de redação 2018N24-A
- Dissertação (USP, Unesp, Uniube, etc.)
Faça uma dissertação sobre a
relação entre apropriação cultural, multiculturalismo e preconceito.
Instruções para a
dissertação:
1. Lembre-se de que a
situação de produção de seu texto requer o uso da norma padrão da língua
portuguesa.
2. A redação deverá ter
entre 25 e 30 linhas.
3. Dê um título a sua
redação.
Para ter acesso ao restante das propostas, clique no "link" abaixo à esquerda.
Proposta de redação 2018N24-B
– Outros gêneros textuais – Verbete (UFU, Unicamp, UEL, etc.)
Faça um verbete sobre
apropriação cultural com ao menos três exemplos dessa prática.
Instruções gerais:
1. Se for o caso do gênero
textual em questão, dê um título para sua redação. Esse título deverá deixar
claro o aspecto da situação escolhida que você pretende abordar.
3. Se a estrutura do gênero
selecionado exigir assinatura, escreva, no lugar da assinatura: José ou Josefa.
Em hipótese alguma escreva seu nome, pseudônimo, apelido, etc. na folha de
prova.
4. Não copie trechos dos
textos motivadores ao fazer sua redação.
5. Quanto ao número mínimo e
máximo de linhas e outras especificidades, informe qual o vestibular que você
irá prestar para que possamos adequar a correção às exigências do concurso
escolhido.
Proposta de redação 2018N24-C
- Carta argumentativa (UFU, Unicamp, UEL, etc.)
Escreva uma carta argumentativa
para uma pessoa famosa acusada de ter se beneficiado de um processo de apropriação
cultural com sua opinião a respeito disso.
Proposta de redação 2018N24-D
– Artigo de opinião (UFU, Unicamp, UEL, etc.)
Faça um artigo de opinião em
que se compare a ideia de apropriação cultural no Brasil com a de outra país de
sua escolha.
Proposta de redação 2018N24-E
– Editorial (UFU, Unicamp, UEL, etc.)
Escreva um editorial sobre a
relação entre apropriação cultural, meios de comunicação de massa e
globalização.
Instruções UFU:
1. Após a escolha de uma das
situações, assinale sua opção no alto da folha de resposta e, ao redigir seu
texto, obedeça às normas do gênero selecionado.
2. Se for o caso, dê um
título para sua redação. Esse título deverá deixar claro o aspecto da situação
escolhida que você pretende abordar.
3. Se a estrutura do gênero
selecionado exigir assinatura, escreva, no lugar da assinatura: JOSÉ OU JOSEFA.
Em hipótese alguma escreva seu nome, pseudônimo, apelido, etc. na folha de
prova.
4. Utilize trechos dos
textos motivadores (da situação que você selecionou) e parafraseie-os.
5. Não copie trechos dos
textos motivadores, ao fazer sua redação.
6. Mínimo de 25 e máximo de
30 linhas.
7. ATENÇÃO: se você não
seguir as instruções da orientação geral e as relativas ao tema que escolheu,
sua redação será penalizada.
Proposta de redação 2018N24-F
- Dissertação (Enem)
A partir da leitura dos
textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua
formação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal
da língua portuguesa sobre o tema “o desafio do multiculturalismo e da
apropriação cultural no Brasil”, apresentando proposta de intervenção, que
respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma
coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
Instruções Enem:
1. O rascunho da redação
deve ser feito no espaço apropriado.
2. O texto definitivo deve
ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.
3. A redação com até 7
(sete) linhas escritas será considerada “insuficiente” e receberá nota zero.
4. A redação que fugir ao
tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo receberá nota zero.
5. A redação que apresentar
proposta de intervenção que desrespeite os direitos humanos receberá nota zero.
6. A redação que apresentar
cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número
de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.
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