Proposta de redação 2016S-1
Leia atentamente os textos abaixo.
Texto 01.
“O carioca Marco Antonio de Carvalho-Filho, professor da
Faculdade de Medicina da Universidade de Campinas, é uma daquelas figuras boas
de conversa que cativam os alunos sem fazer força. Aos 40 anos, ele entende e
fala a língua dos jovens. Nos últimos anos, Carvalho-Filho trabalha para
reverter um fenômeno cruel detectado na Unicamp.
Os calouros de medicina escolhem a profissão movidos por
sentimentos nobres (como entender o ser humano e aliviar o sofrimento), mas são
deformados ao longo da experiência universitária. Para enfrentar o problema, o
professor criou uma série de atividades baseadas em recursos das artes e da
psicologia. O objetivo é desenvolver nos futuros médicos a chamada empatia – a
capacidade de compreender o sentimento ou a reação de outra pessoa
imaginando-se nas mesmas circunstâncias.
No primeiro ano,
Carvalho-Filho usa obras de arte e textos literários nas aulas. O quadro
Udslidt (algo como “desgastado”, em dinamarquês), do pintor Hans Andersen
Brendekilde (1857-1942) retrata uma mulher que chora a morte do pai num campo
recém-arado por ele. É o pretexto para falar sobre a morte e os sentimentos
relacionados a ela. “Discutimos a impotência e as fantasias de poder que o médico
pode ter como mecanismo de defesa”, diz Carvalho-Filho. “Isso pode levá-lo a
indicar tratamentos fúteis que apenas prejudicam os pacientes”.
Durante uma pesquisa acadêmica
orientada por ele e realizada pelo médico Marcelo Schweller, alunos do quarto e
do sexto anos foram convidados a atender pacientes fictícios, representados por
atores profissionais de forma bastante realista. Os níveis de empatia antes e
depois das atividades foram avaliados por meio de uma escala internacional de
empatia médica. O desempenho dos alunos do quarto ano aumentou de 115 pontos
para 121. Entre os do sexto ano, o crescimento foi de 117 pontos para 123. O
trabalho, publicado na revista Academic Medicine, tem sido apresentado em
vários congressos médicos internacionais.”
Texto 02.
Texto 03.
Saúde Pública
Por Antonio Gasparetto Junior
A Saúde Pública é viabilizada através da ação do Estado.
O conceito clássico de Saúde Pública define o termo como a arte e a ciência de
prevenir doenças, prolongar a vida, possibilitar a saúde e a eficiência física
e mental através do esforço organizado da comunidade. Isto envolve uma série de
medidas adequadas para o desenvolvimento de uma estrutura social capaz de
proporcionar a todos os indivíduos de uma sociedade a condição de saúde
necessária. Esta definição é utilizada também pela Organização Mundial de
Saúde, o principal órgão internacional que visa a manutenção do bem-estar
físico, psíquico e social.
A ação do Estado é central na promoção da Saúde Pública.
É ele que a organiza de acordo com suas questões sociais e políticas fazendo
aplicar os serviços médicos na organização do sistema de saúde. A Saúde Pública
visa combater os fatores condicionantes da propagação de doenças, ou seja,
tenta manter um controle das incidências nas populações por meio de ações de
vigilância e de investigações governamentais.
A Saúde Pública no
Brasil passa por personagens importantes como Oswaldo Cruz e Carlos Chagas, mas
também por instituições de destaque como o Instituto Vital Brazil, Butantã ou
Adolfo Lutz. Estas entidades de pesquisa e aprimoramento do combate às doenças
são referenciais no que se refere à saúde no país. São, por outro lado,
exemplos isolados de atividade competente e meritória da Saúde Pública
brasileira. Já a grande máquina de atendimento populacional no combate e
controle de doenças é chamada de SUS, Sistema Único de Saúde, e é alvo de
várias críticas em função da precariedade dos serviços prestados, da escassez
de mão-de-obra qualificada para atender a grande demanda populacional e da
demora na solução de problemas por causa de uma grande sobrecarga burocrática.
Todavia, a Saúde Pública evoluiu muito no Brasil,
historicamente. No período colonial, não havia qualquer medida de combate ou
prevenção de doenças. Quando enfermo, recorria-se a crenças. Esse vazio de
assistência medicinal só foi relativamente preenchido com a fundação das
primeiras Santas Casas de Misericórdia. A situação só sugeriu o melhoramento
com a vinda da família real portuguesa para o Brasil, em 1808, quando foram
criadas as primeiras escolas de medicina do país. Porém foram as únicas medidas
governamentais até a chegada da República. A capital do país, por exemplo, era
desprovida de saneamento básico e fornecia condições para a disseminação para
várias doenças. Os trabalhadores não possuíam qualquer amparo do governo federal
no caso de doenças e acidentes, o que só foi conquistado após muitas
manifestações e a ocorrências das grandes greves da década de 1910. Ainda
assim, a atuação do Estado expandiu-se ligeiramente. Na década de 1920 foram
criadas as Caixas de Aposentadoria e Pensão e, na década de 1930, os Institutos
de Aposentadoria a Pensão. Ambos atendiam apenas os trabalhadores urbanos e,
mesmo assim, somente determinadas categorias. O crescimento das políticas
públicas foi lento e o atendimento em grande medida à população só ocorreu em
1960, abrangendo as mais diversas categorias de trabalhadores urbanos. Os
trabalhadores rurais, por sua vez, só foram contemplados três anos mais tarde,
em 1963, na teoria. O período militar fez algumas melhorias no sistema de
assistência pública de saúde, mas também abriu espaço para a atividade privada,
o que causou a grande explosão dos convênios médicos no Brasil. Foi ao lado dos
procurados planos médicos que a estrutura da Saúde Pública no país foi
reformada, gerando o Sistema Único de Saúde que é vigente.
Fontes:
Texto 04.
“A saúde pública tem por objetivo, promover a melhoria e
bem estar da saúde dos cidadãos. Segundo a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de
1990, Art. 2, a saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado
prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.
Portando, proporcionar uma saúde de qualidade, são
deveres do Governo do Estado, onde o mesmo libera verba para o Ministério da
Saúde, que são utilizadas para melhoria de estrutura da saúde pública no
Brasil, sendo ela investida em leitos, medicamentos, e hospitais públicos.
No Brasil, a o sistema de saúde pública é o conhecido SUS
(Sistema Único de Saúde). Foi criado em 1988, e é responsável por prestar
atendimento aos mais de 180 milhões de brasileiros. Por ser um sistema
gratuito, há uma grande parte da população que depende exclusivamente desse
sistema para receber atendimento.
O SUS oferece atendimento gratuito em qualquer posto de
saúde, hospitais públicos, clínicas, e todos os outros estabelecimentos de
saúde do governo. Além disso, o cidadão tem direito a medicamentos gratuitos,
internações, transplantes e diversas outras coisas. Porém, como há uma grande
demanda, tudo isso só é possível com agilidade, se o governo investir todas as
verbas corretamente.”
Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online : Mais de 1000
cursos online com certificado
Situação
2016S-1A - Dissertação (USP, Unesp, Uniube, etc.)
Faça uma
dissertação sobre se é possível realmente no Brasil construir-se uma saúde
pública de qualidade e irrestrita para todos os brasileiros.
Instruções:
1. Lembre-se de
que a situação de produção de seu texto requer o uso da norma padrão da língua
portuguesa.
2. A redação
deverá ter entre 25 e 30 linhas.
Proposta 2016S-2
Leia atentamente os textos abaixo.
Texto 01.
“Diariamente, somos submetidos a inúmeras informações na
área da saúde dizendo o que devemos e o que não devemos comer, como devemos nos
portar, que prevenções deveremos fazer para ter uma vida mais saudável. Esta ‘onda
saudável’ se, por um lado, tem possibilitado uma vida mais longa e com melhor
qualidade, por outro tem criado um espaço de utilização de medicamentos que
estão, dia a dia, substituindo a alimentação ou até mudando nossos hábitos. A
indústria das vitaminas, dos medicamentos fitoterápicos, dos medicamentos
alopáticos e dos homeopáticos cresceu vertiginosamente no mundo inteiro. Hoje,
por exemplo, a indústria farmacêutica é a segunda em faturamento no mundo,
perdendo apenas para a indústria bélica. Passamos então a ter um novo elemento
no cardápio da vida: os medicamentos. É comum, no café da manhã, levarmos um
pequeno estojo cheio de pílulas coloridas para cada parte do corpo e que,
pretensamente, nos ajudarão em alguma coisa, ou então, na sala dos professores,
no intervalo de aulas, uma colega solicitar a outra uma pílula que retire um
pouco o seu “stress” da sala de aula. Essas drogas lícitas, pois são vendidas
em farmácias e, na maioria dos casos, compradas com receitas médicas têm
ajudado em determinados casos a nos dar um conforto necessário à vida, mas por
outro, quando utilizadas para fins comportamentais ou para emagrecimento,
principalmente, têm gerado uma série de efeitos colaterais como insônia,
desânimo e até a crença de que os problemas da vida, das relações que
estabelecemos com as pessoas, e que nos incomodam, são inerentes a nós,
transtornos nossos, e estariam sendo resolvidos pelas pílulas que tomamos.”
Texto 02.
“A educação é uma das áreas mais afetadas pela
medicalização da vida, e ao mesmo tempo, é a que mais a alimenta. A dificuldade
de aprendizagem nem sempre está associada a uma patologia, mas ao ambiente em
que a criança vive, podendo estar ligada a questões econômicas ou a
desestruturação da família. A pedagoga Maria Teresa Esteban, professora da
Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), destaca um
modelo de educação em que muitas crianças são invisibilizadas e “deixam de
existir” por não corresponderem ao padrão. Dessa maneira, afirma Maria Teresa,
a educação anula uma diferença que poderia ser rica para o grupo de alunos.
Segundo ela, é necessário criar processos de conexão com a multiplicidade na
sala de aula, para dessa forma permitir que todos aprendam.
Entre 2003 e 2012, o Brasil registrou um aumento de 775%
no consumo de Ritalina, de acordo com um estudo da Universidade Estadual do Rio
de Janeiro (UERJ). ‘Nós temos que transformar o que a criança faz em
desenvolvimento, e não avaliá-la apenas a partir dos nossos padrões’, declarou
Maria Aparecida Moysés.
Além do diagnóstico médico, é visível o papel ativo de
pacientes que se transformam em consumidores de serviços para lidar com
problemas cotidianos que nem sempre foram tratados de forma médica. As
estruturas culturais e sociais demandam a patologia. O médico Pedro Tourinho,
vereador de Campinas e professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas,
aponta que certos meios de comunicação, detentores do “estatuto da verdade”,
reproduzem um olhar medicalizante, como a figura do médico Drauzio Varella.
Para Tourinho, os meios de comunicação têm uma grande responsabilidade na
formação da construção cultural e dos hábitos da sociedade e reforçam a
medicalização.”
Texto 03.
“A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos
Deputados discutiu ontem (12) o uso excessivo de remédios por crianças e
adolescentes com dificuldades de aprendizado ou de comportamento na escola.
A reunião marcou o início da campanha Não à Medicalização
da Vida, encabeçada pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) e pelo Fórum
sobre Medicalização da Educação e da Sociedade.
De acordo com a conselheira do CFP, Marilene Proença,
medicalização é todo tratamento de processos ou comportamentos sociais e
culturais em crianças, adolescentes ou adultos com quadro de patologia
psiquiátrica. Neste caso, o debate foi sobre o tratamento de distúrbios
relacionados à educação - como dislexia, déficit de atenção e hiperatividade.
‘Existe uma métrica social que considera sentimentos e
comportamentos legítimos como sintomas patológicos. Muitas vezes, esses casos
são tratados com os chamados tarja preta, que têm sérias sequelas’, explicou
Proença.
Para a conselheira, há muito alarde em relação a drogas
ilícitas, mas pouco em relação às licitas. Foram apresentados dados à comissão
que, em 2000, eram consumidas 70 mil caixas de medicamentos para o tratamento
de distúrbios relacionados à aprendizagem.
Em 2010, o número cresceu para 2 milhões, o que faz do
Brasil o segundo maior consumidor desse tipo de remédio, apenas atrás dos
Estados Unidos.
‘Em vez de melhorarem a qualidade da escola, estão
criando instâncias de diagnóstico para crianças que têm dificuldade de aprendizado.
Não podemos passar às crianças responsabilidades políticas, sociais e culturais
da sociedade em geral’, disse a conselheira do CFP.”
Situação
2016S-2A - Dissertação (USP, Unesp, Uniube, etc.)
Faça uma
dissertação sobre a tira abaixo:
Fonte: http://www.malvados.com.br/
Instruções:
1. Lembre-se de
que a situação de produção de seu texto requer o uso da norma padrão da língua portuguesa.
2. A redação
deverá ter entre 25 e 30 linhas.
3. Dê um título
a sua redação.
Proposta 2016S-3
Leia atentamente os textos abaixo.
Texto 01.
“Denomina-se obesidade uma enfermidade caracterizada pelo
acúmulo excessivo de gordura corporal, associada a problemas de saúde, ou seja,
que traz prejuízos à saúde do indivíduo.
Texto 02.
Texto 03.
Situação
2016S-4A - Dissertação (USP, Unesp, Uniube, etc.)
Disserte sobre a
charge abaixo.
Instruções:
1. Lembre-se de
que a situação de produção de seu texto requer o uso da norma padrão da língua
portuguesa.
2. A redação
deverá ter entre 25 e 30 linhas.
3. Dê um título
a sua redação.
Proposta 2016S-4
Leia atentamente os textos abaixo.
Texto 01.
“No final do ano passado, foi confirmada pela Ministério
da Saúde a relação entre o vírus zika e a microcefalia, uma má-formação do
cérebro de bebês.
A doença, também transmitida pelo mosquito Aedes aegypti,
provoca sintomas parecidos, porém mais brandos do que os da dengue: febre, dor
de cabeça e no corpo e manchas avermelhadas.
A região Nordeste é a mais afetada pelo surto de
microcefalia – no Brasil ao todo estão sendo investigados 3.448 casos suspeitos
da doença. Outros 270 casos de microcefalia foram confirmados pelo Ministério
da Saúde nesta quarta-feira, e 462 foram descartados.
O avanço do zika e os casos de microcefalia pegaram o
país de surpresa e suscitaram várias dúvidas.”
Texto 02.
“Antigamente, o homem desconhecia a causa das epidemias. Não
se imaginava que, nas poças d’água ou em regiões alagadas, pudessem proliferar
mosquitos transmissores da febre amarela ou moscas que transmitiam diarreia,
nem que os ratos, entrando nas casas, pudessem espalhar pestes. A crença era
que estavam no ar substâncias venenosas que infectavam as pessoas. Alguns
médicos chegaram a dizer que as moscas, ziguezagueando durante o voo, ajudavam
a ventilar o ambiente e a purificá-lo. Não se davam conta de que elas pousavam
no material contaminado e depois nos alimentos que seriam consumidos.
No final do século XIX, descobriu-se que as bactérias eram as
causadoras das epidemias e que era necessário clorar a água, tratar o esgoto,
aterrar as regiões alagadas das cidades. Foi isso que Osvaldo Cruz fez no Rio
de Janeiro para acabar com o mosquito que transmitia a febre amarela.
A impressão que se tem agora é que a era bacteriológica deu
lugar à era virológica. É preciso pesquisar onde os vírus estão e quais
interferências do homem no meio ambiente e com o resto da biosfera favorecem as
infecções virais, sejam elas epidemias novas ou velhas epidemias que retornam.”
Texto 03.
“A dengue é, sem dúvidas, a doença mais grave quando
comparada à chikungunya e à zika. Ela causa febre, dores no corpo, dores de
cabeça e nos olhos, falta de ar, manchas na pele e indisposição. Em casos mais
graves, a dengue pode provocar hemorragias, que, por sua vez, podem ocasionar
óbito.
A chikungunya também causa febre e dores no corpo, mas as
dores concentram-se principalmente nas articulações. Na dengue, as dores são
predominantemente musculares. Alguns sintomas da chikungunya duram em torno de
duas semanas; todavia, as dores articulares podem permanecer por vários meses.
Casos de morte são muito raros, mas a doença, em virtude da persistência da
dor, afeta bastante a qualidade de vida do paciente.
Por fim, temos a febre zika, que é a doença que causa os
sintomas mais leves. Pacientes com essa enfermidade apresentam febre mais baixa
que a da dengue e chikungunya, olhos avermelhados e coceira característica. Em
virtude desses sintomas, muitas vezes a doença é confundida com alergia.
Normalmente a zika não causa morte, e os sintomas não duram mais que sete dias.
Vale frisar, no entanto, que a febre zika relaciona-se com uma síndrome
neurológica que causa paralisia, a Síndrome de Guillain-Barré, e também com
casos de microcefalia.
O tratamento da dengue, chikungunya e zika é praticamente
o mesmo, uma vez que não existem medicamentos específicos para nenhuma dessas
enfermidades. Recomenda-se que o paciente, nos três casos, permaneça em repouso
e beba bastante líquido. Alguns medicamentos são indicados para dor, mas não se
deve fazer uso de remédios que contenham ácido acetilsalicílico, pois eles
podem desencadear hemorragias.
Não existem vacinas contra as doenças citadas no texto.
Assim sendo, a melhor forma de prevenir-se é pela destruição dos locais
propícios à multiplicação do mosquito Aedes, garantindo sempre que não haja
acúmulo de água parada.”
Situação
2016S-4A - Dissertação (USP, Unesp, Uniube, etc.)
Faça uma
dissertação sobre a seguinte consideração abaixo:
Em diversos momentos da História, surtos epidêmicos mataram milhões de
pessoas em curtos períodos de tempo. A sociedade mundial contemporânea está preparada para reagir
adequadamente a uma pandemia global de uma doença que se desenvolva e mate
rapidamente os infectados?
Instruções:
1. Lembre-se de
que a situação de produção de seu texto requer o uso da norma padrão da língua
portuguesa.
2. A redação
deverá ter entre 25 e 30 linhas.
3. Dê um título
a sua redação.
Proposta 2016S-5
Leia atentamente os textos abaixo.
Texto 01.
Texto 02.
“Desde sempre, e sem uma resposta satisfatória, as
pessoas se perguntam quando começa a vida humana - o que teria implicações
importantes na discussão sobre aborto, métodos contraceptivos e fertilização in
vitro. Alguns argumentam que, desde o momento em que o espermatozoide fecunda o
óvulo - processo que dá início à gestação -, já podemos considerar que há
início da vida. Outros defendem que é preciso um coração pulsando e um cérebro
funcionando, ou seja, a presença de sistema circulatório e nervoso - em torno
do segundo mês de gestação -, para que o feto seja considerado um ser vivo.
Entretanto, chegar a um conceito sobre vida parece impossível, porque esse
debate é influenciado por valores religiosos, políticos e morais.”
Texto 03.
“A fecundação é um longo processo, de cerca de 12 horas,
que começa com o reconhecimento específico e a ativação mútua dos gametas
paterno e materno, maduros, e no meio adequado. A partir da região em que o
espermatozoide alcança o ovulo, produz-se uma liberação de íons de cálcio que
se difundem como uma onda, até a área oposta. Esta região do óvulo em
fecundação será o dorso do embrião e o eixo dorso-ventral seguirá a direção da
onda de cálcio. Perpendicular a ele, estabelece-se o eixo cabeça-extremidade. A
concentração de íons de cálcio no espaço celular do óvulo que está sendo
fecundado regula os processos que ocorrem ao longo do tempo da fecundação. O
processo essencial que se regula por estes sinais moleculares é a estrutura do
DNA, que, além de ser mais que a soma dos DNA do seu pai e da sua mãe, tem os
cromossomos alinhados segundo os eixos corporais para dar lugar, sem solução de
continuidade, ao embrião de duas células.” (Natalia López Moratalla, catedrática
de Bioquímica da Universidade de Navarra)
Texto 04.
“Existem cinco argumentos que impedem a certeza
científica que desde a fecundação há pessoa humana: 1) A grande maioria dos
zigotos não se implanta no útero. A pergunta é: Será possível que a natureza
desperdiça tantas pessoas ao eliminar tantos zigotos? 2) Antes da nidação, não
existe individualização não se pode falar de pessoa. 3) Para que haja pessoa,
requerem-se também informações operativas exógenas, e a informação que possui o
zigoto é operativa para gerar os processos ulteriores do desenvolvimento. 4)
Entre o zigoto e a pessoa futura, não existe relação física contínua como da
potência ao ato, porque o zigoto sozinho é potência em termos de informação
genética; se não entram em jogo muitos elementos exógenos, a potência que é o
zigoto nunca passará a ser ato; somente com 6 a 8 semanas, o embrião terá as
características de formação física e fisiológicas; 5) O processo do zigoto para
a pessoa futura não é um contínuo físico senão um desenvolvimento em
continuidade, porque no período inicial embrionário (6 a 8 semanas) sucedem
importantíssimas e decisivas mudanças qualitativas.”
(Alberto D. Munera)
Situação
2015S-5A - Dissertação (USP, Unesp, Uniube, etc.)
Faça uma
dissertação sobre a seguinte pergunta:
Se a morte é
comumente entendida como a falência do sistema nervoso, inclusive para muitos
sistemas jurídicos, esse critério também pode ser usado para determinar a vida
humana?
Instruções:
1. Lembre-se de
que a situação de produção de seu texto requer o uso da norma padrão da língua
portuguesa.
2. A redação
deverá ter entre 25 e 30 linhas.
3. Dê um título
a sua redação.
Proposta 2016-6
Leia atentamente os textos abaixo.
Texto 01.
“Um organismo geneticamente modificado foi submetido a
técnicas laboratoriais que, de alguma forma, modificaram seu genoma, enquanto
que um organismo transgênico foi submetido a técnica específica de inserção de
um trecho de DNA de outra espécie. Assim, o transgênico é um tipo de OGM, mas
nem todo OGM é um transgênico. Devido a relação existente entre esses termos,
frequentemente, eles são utilizados de forma equivocada como sinônimos.
A sigla OGM é muito utilizada, mas hoje vem sendo
simplificada para GM, ou seja, geneticamente modificado. Outro termo muito
utilizado é PGM que significa planta geneticamente modificada.”
Texto 02.
“A área cultivada com soja, milho e algodão transgênicos
deverá aumentar 3,9 por cento em 2014/15 ante a temporada anterior, para 42,2
milhões de hectares, com ganhos de produtividade atraindo agricultores para o
uso da biotecnologia, apontou a consultoria Céleres em sua primeira estimativa
para o ciclo.
Se compiladas as três culturas, a taxa de adoção da
tecnologia transgênica atinge 89,2 por cento, à medida que agricultores buscam
produtos resistentes a insetos e tolerante a herbicidas, disse a Céleres.
A consultoria citou ganhos do lado operacional, "na
medida em que se avança com novas tecnologias, reduzindo aplicações de
defensivos agrícolas e facilitando o manejo".
Sementes transgênicas de soja deverão cobrir uma área de
29,1 milhões de hectares em 2014/15, o aumento de 6,1 por cento ante o ciclo
anterior --93,2 por cento da área plantada no Brasil terá o produto
geneticamente alterado.”
Texto 03.
“Benefícios
• Saúde: podem ser produzidos
alimentos com melhores características nutricionais do que as das espécies
naturais.
• Economia: são conseguidas variedades de cultivos mais resistentes às
adversidades (pragas, seca, geadas, etc.), garantindo a produção.
• Conservação: ao obter cultivos mais resistentes, são reduzidas as
intervenções na terra, evitando seu desgaste e o uso de agrotóxicos.
• Preservação: por meio destas modificações genéticas, pode-se estender a vida
útil do alimento.
Riscos
• Saúde: os produtos podem
produzir alergias em pessoas suscetíveis e resistência aos antibióticos usados
pelos seres humanos.
• Economia: do ponto de vista comercial, estes produtos são os preferidos pelos
agricultores, gerando uma dependência das empresas multinacionais que os
comercializam.
• Conservação: causam contaminação genética irreversível. O aparecimento de
organismos com maiores aptidões provoca o risco de extinção nas variedades
endêmicas ou silvestres.
• Culturais: as técnicas agrícolas milenares que conviviam de forma equilibrada
com o meio ambiente são alteradas.”
Situação
2016S-6A - Dissertação (USP, Unesp, Uniube, etc.)
Faça uma
dissertação sobre a seguinte imagem:
Instruções:
1. Lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da norma padrão da língua portuguesa.
2. A redação deverá ter entre 25 e 30 linhas.
3. Dê um título a sua redação.
Proposta 2016-7
Leia atentamente os textos abaixo.
Texto 01.
Texto 02.
"Sou contra a descriminalização do aborto
porque entendo que a vida humana começa com a fecundação e que, por isso mesmo,
é um direito natural que deve ser juridicamente protegido e garantido.
Portanto, a descriminalização seria uma legalização às avessas, pois, o que o
ordenamento jurídico não tipifica como crime passa a ser permitido. E o que
passa a ser permitido? A prática do aborto. E o que é pior: sem nenhuma
limitação. Seria o pior dos mundos para os nascituros que, sem defesa, estariam
sujeitos a serem eliminados em qualquer fase de sua gestação."
Jaime Ferreira Lopes (Coordenador nacional do Movimento Brasil Sem Aborto) http://www.brasilsemaborto.com.br/noticiavisual.asp?id=187
Texto 03.
“Algumas pessoas acham que o aborto deve continuar sendo
proibido, outras, que deve ser legalizado. Cada um tem seus próprios argumentos
para defender sua posição, e dificilmente um lado um dia conseguirá convencer o
outro, tornando o consenso algo praticamente impossível de atingirmos. Não que
isso represente um problema, pois, na verdade, a opinião pessoal pouco importa
quando tratamos dessa questão. E por quê?
Porque as mulheres já abortam, independentemente do que
pensemos. Segundo o IAG, Instituto Alan Guttmacher, entidade americana que
estuda a questão do aborto no mundo, cerca de 1 milhão de mulheres abortam no
Brasil todos os anos. As católicas e as evangélicas abortam; as loiras, as
morenas, as afrodescendentes, as pobres, as ricas, as adolescentes, as casadas,
as que saem com vários parceiros, as que tiveram apenas uma relação sexual na
vida e as que são mães, também. E vão continuar abortando, pois a decisão de
interromper uma gravidez é pessoal e envolve várias questões que não podemos
controlar.”
Texto 04.
Situação
2016S-7A - Dissertação (Uniube, USP, Unesp, etc.)
Faça sua dissertação sobre o seguinte tema:
Aborto: direito ou crime?
Instruções:
1. Lembre-se de que a situação de produção de seu texto
requer o uso da norma padrão da língua portuguesa.
2. A redação deverá ter entre 25 e 30 linhas.
3. Dê um título a sua redação.
Proposta 2016-8
Leia atentamente os textos abaixo.
Texto 01.
“As notificações de casos de Aids entre os jovens de
Uberlândia aumentaram nos últimos meses, segundo levantamento da Secretaria de
Saúde de Uberlândia. Só em janeiro e fevereiro deste ano, foram registrados
mais de 60 novos casos e o crescimento ocorreu principalmente na faixa etária entre
15 e 21 anos. O crescimento do número de pacientes fez Município contratar
novos médicos infectologistas. O Conselho Municipal de Saúde acompanha a
situação.
No ano passado, nos quatro primeiros meses do ano, as
estatísticas apontavam 43 novos casos no período. Segundo o coordenador
Municipal de DST/AIDS, Marco Aurélio Afonso, comparando ao ano passado, o
aumento do número de casos de pessoas com HIV é nítido.”
Texto 02.
“Segunda-feira (1º) é o Dia Mundial de Luta Contra a
Aids, uma doença que infelizmente ainda precisa ser lembrada. O doutor Dráuzio
Varella explicou por que a Aids voltou a assustar tanto e a preocupar tanto:
“Houve um aumento absurdo dos casos de Aids entre os jovens nos últimos anos.
Neste sentido, nós no Brasil estamos indo na contramão de outros países”,
afirma.
O aumento é de mais de 50% em seis anos. “O principal
motivo é o comportamento sexual dos jovens. Eles acham que ninguém mais morre
de Aids hoje, e que se pegar o vírus é só tomar o remédio que acabou e que está
tudo bem. Está tudo bem, não. É uma doença grave. Vai ter que tomar remédio
pelo resto da vida. E esses remédios provocam efeitos colaterais A Aids não tem
cura, você pega o vírus, o tratamento pode controlar a doença, mas você vai ter
problemas pelo resto da vida”, alerta Dráuzio.”
Texto 03.
“As mortes relacionadas ao
vírus da Aids registraram queda de mais de um terço na última década, uma
diminuição similar a do número de infecções, segundo relatório da ONU
(Organização das Nações Unidas) divulgado nesta quarta-feira (16).
Já no Brasil, o número de
infecções pelo HIV aumentaram 11% entre 2005 e 2013. No ano passado, o país
registrou 47% de todos os novos casos contabilizados na América Latina.
O vírus de imunodeficiência
humana (HIV), que causa a Aids, pode ser transmitido via sangue, amamentação e
por sêmen durante o sexo, mas pode ser controlado com coquetéis de drogas
conhecidas como terapia antirretroviral.
Em 2013, 1,5 milhão de pessoas
morreram vítimas da Aids no mundo, uma queda de 11,8% em comparação com 1,7
milhão de mortes em 2012, segundo os números da ONU. Além disso, o número
representa uma queda de 35% na comparação com as 2,4 milhões de mortes
registradas em 2004 e 2005.”
Situação
2016S-8A - Dissertação (USP, Unesp, Uniube, etc.)
Faça uma
dissertação sobre as razões para o aumento dos casos de aids no Brasil. Quais
são os fatores determinantes para esta questão?
Instruções:
1. Lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da norma padrão da língua portuguesa.
2. A redação deverá ter entre 25 e 30 linhas.
3. Dê um título a sua redação.
Proposta 2016S-9
Texto 01.
O
uso da camisinha não é um assunto novo, mas pesquisas recentes mostram que,
mesmo com todas as campanhas de orientações dos governos, centenas de jovens e
adultos têm negligenciado o preservativo, que ainda é o único meio eficaz de
proteção contra as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), entre elas a
Aids.
Na
semana passada, o 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, elaborado pela
Universidade Federal de São Paulo, que analisou o comportamento de 1.742
pessoas com idades entre 14 e 25 anos de todo o País, apontou que quase 40% das
mulheres entre 14 e 25 anos de idade não usam ou quase nunca usam camisinha em
suas relações sexuais. Entre os homens da mesma faixa etária, um em cada três
declarou não usar o preservativo ou usá-lo poucas vezes.
(...)
Para o urologista Anoar Samad, membro-fundador da Sociedade Brasileira de
Urologia no Amazonas, muitas pessoas, principalmente os mais jovens, estão
banalizando o uso de preservativos por conta do tratamento oferecido na rede
pública.
Além
do risco de uma gravidez indesejada e da Aids, o médico lista algumas das DSTs
mais comuns àqueles que praticam sexo sem proteção: herpes, sífilis, HPV,
gonorreia, hepatite B e clamídia.
Texto 02.
Texto 03.
DST
no Brasil
As doenças sexualmente transmissíveis (DST) são
consideradas como um dos problemas de saúde pública mais comuns em todo o
mundo. Em ambos os sexos, tornam o organismo mais vulnerável a outras doenças,
inclusive a aids, além de terem relação com a mortalidade materna e infantil.
No Brasil, as estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) de infecções de
transmissão sexual na população sexualmente ativa, a cada ano, são:
·
Sífilis: 937.000
·
Gonorreia: 1.541.800
·
Clamídia: 1.967.200
·
Herpes genital: 640.900
·
HPV: 685.400
Desde 1986, a
notificação de casos de aids e sífilis é obrigatória a
médicos e responsáveis por organizações e estabelecimentos públicos e
particulares de saúde, seguindo recomendações do Ministério da Saúde. Com as
mesmas orientações, o registro de HIV em gestantes e
recém-nascidos tornou-se obrigatório desde 2000.
Situação 2016S-9A - Dissertação (USP, Unesp, Uniube, etc.)
Faça uma dissertação sobre a relação entre DSTs e as mudanças culturais na juventude do século XXI que tem sido vistas como responsáveis pelos aumento de doenças sexualmente transmissíveis no Brasil.
Instruções:
1. Lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da norma padrão da língua portuguesa.
2. A redação deverá ter entre 25 e 30 linhas.
3. Dê um título a sua redação.
Proposta 2016S-10
Texto 01.
A favor da Eutanásia porque viver é um direito, não
uma obrigação
Eduardo Patriota Gusmão Soares
Cerca de 3.000 pessoas por dia cometem suicídio no mundo, num total de
pouco mais de 1 milhão por ano. Você e eu podemos lamentar ou relevar este
dado. Talvez, soframos se algum destes suicidas for um ente querido ou amigo e
podemos discordar das razões que os levaram a tal ato extremo. Mas de uma coisa
ninguém poderá discordar: os suicidas estavam em seu pleno direito de tirar sua
própria vida. Seja por razões físicas ou emocionais, estas pessoas conseguiram
concretizar seu último grande ato de vontade própria e se livraram do
sofrimento. Mas e quando as pessoas não podem se matar? E quando nós, pessoas
saudáveis, somos o entrave que prolonga o sofrimento alheio por toda a
eternidade de uma vida miserável?
Estamos numa sociedade com leis sabidamente alicerçada sobre preceitos
religiosos, por mais que estes tenham se perdido no tempo. Um resquício disto
está no fato de que a nossa vida não nos pertence. É como se ela fosse um
presente de alguém que não aceita devolução antes da hora. Mas e quando este
presente estragou? E quando estamos falando de um enfermo com a Síndrome de
Locked-in, que se comunica com o mundo exterior apenas com o piscar de olhos
(ou nem isso)? A despeito de recente pesquisa que mostra que uma parte dos
portadores desta síndrome se consideram felizes, como fica a fração infeliz
aprisionada dentro do próprio corpo? E quanto aos doentes terminais,
principalmente por causa de câncer ou doenças degenerativas?
A mesma medicina que salva vidas, hoje, condena um enfermo a uma
agonizante e tediosa espera pela morte nos leitos dos hospitais. Entra em
debate a questão da eutanásia, ou seja, abreviar a vida de alguém de maneira
controlada, assistida, tranquila. Temos os instrumentos, mas estamos rodeados
por um pensamento atrasado que impede que médicos cumpram a vontade de
pacientes e ponham fim à vida destes. Felizmente, alguns países seculares
evoluíram e permitem o suicídio assistido.
O “Exit – ADMD” (Association pour le Droit de Mourir dans la Dignité, ou
Associação pelo Direito de Morrer com Dignidade), funciona na Suiça desde 1982
e vem praticando o suicídio assistido de enfermos terminais ou em grande
sofrimento psicológico. Segundo as pesquisas, 87% dos suíços aprovam a decisão.
Em 2005, o Exit recebeu 202 pedidos de suicídio assistido e 54 foram
executados. "Para muitos doentes, saber que serão ajudados se quiserem
mesmo partir os acalma, e eles adiam a decisão", diz o doutor Sobel.
"A possibilidade legal de um suicídio assistido não aumentou a demanda,
muito ao contrário — e esse é um dos principais benefícios de uma legislação
liberal”.
Um caso bem tocante, que virou filme, foi o de Ramón Sampedro contado no
filme “Mar Adentro”. Lá vemos a história de um espanhol que ficou tetraplégico
após um mergulho e viveu 29 anos após o acidente sendo cuidado por seus
familiares e lutando pelo direito de “morrer dignamente”, como ele mesmo dizia.
Seu caso foi levado aos tribunais em 1993 para conseguir a legalidade da
eutanásia, mas o pedido foi negado. Na carta de Sampedro destinada aos juízes,
em 13 de novembro de 1996, desdobra-se uma ideia que aparece repetidas vezes no
filme: “viver é um direito, não uma obrigação”. Assim, Ramón coloca em cheque a
regulação da vida e da morte pelo Estado e pela Igreja e acusa “a hipocrisia do
Estado laico diante da moral religiosa”.
Há ainda um ponto muito interessante que Sampedro deixa bem claro em seus
diálogos tensos defendendo o direito de tirar a própria vida. Sempre que lhe
dizem que há outros na mesma condição felizes e querendo viver, ele deixa bem
claro: “Não posso falar por eles, tanto quanto eles não podem falar por mim”,
ou seja, o desejo pela vida é individual. Se você quer manter a sua vida,
façamos de tudo para ajuda-lo. Se você quer tirar, também deveríamos ajuda-lo –
o que não ocorre numa sociedade veladamente religiosa.
Eu vou ainda além da eutanásia que precise ser justificada por alguma
enfermidade. A morte deveria ser um direito e todos que a desejassem deveriam
poder morrer de forma digna. Se não os ajudarmos, continuaremos a ver pessoas
se enforcando, se jogando de prédios e toda a forma de suicídio chocante.
Claro, não devemos criar um abatedouro de seres humanos. Há pessoas que podem
se curar de um grande sofrimento psicológico com o devido apoio. Mas todos, sem
exceção, deveriam ter acesso à morte digna, sem sofrimento.
Texto 02.
Contra a eutanásia e a distanásia
Prof. Dr. André
Marcelo M. Soares
O debate sobre eutanásia tem
recebido destaque da imprensa e a atenção de vários profissionais da saúde,
além de despertar o interesse de membros dos Poderes Legislativo e Judiciário.
A expressão morrer com dignidade
se transformou num slogan
confuso. De um lado, é proclamado por grupos e movimentos favoráveis ao
desligamento de aparelhos que mantém vivo um paciente. De outro, é defendido
por aqueles que, contra a transformação da pessoa humana em mero objeto, se
colocam contra o prolongamento abusivo da vida humana através de tratamentos
fúteis. Como se pode observar, há, para a mesma definição, não só duas, mas uma
variedade de significados. Neste sentido, é necessário afirmar que o termo
eutanásia (do grego boa morte,
que também pode significar morrer com
dignidade ou morrer em paz e
sem dor) é ambíguo e inclui situações distintas e, muitas vezes,
diametralmente opostas. Alguns, por exemplo, incluem no entendimento sobre
eutanásia atos que, embora apresentem um desfecho semelhante, são conceitual e
clinicamente distintos. Assim, pode-se chegar a identificar como eutanásia
tanto a não aplicação de um tratamento como a suspensão deliberada dos meios
utilizados para manter um paciente vivo.
Justamente por apresentar
valorações ética e jurídica distintas, é necessário empreender um esforço para
chegar o mais perto possível de uma definição mais clara e menos equivocada de
eutanásia. A Encíclica Evangelium
Vitae a define assim:
Uma ação ou omissão que, por sua natureza e nas intenções, provoca a
morte com o objetivo de eliminar o sofrimento. A eutanásia situa-se, portanto,
ao nível das intenções e ao nível dos métodos empregados (n. 65).
Atualmente, muitas pessoas,
inclusive cristãos, acreditando defender ideais de humanidade e misericórdia,
acabam caindo na armadilha criada pela multiplicação de terminologias. Os
próprios meios de comunicação social têm contribuído para a difusão de
equívocos cada vez mais complexos. O fator econômico também é um elemento
importante utilizado na defesa da eutanásia. Algumas instituições e alguns
profissionais da saúde acreditam que seria mais eficaz, do ponto de vista
financeiro, limitar o uso dos recursos terapêuticos aos pacientes com maior
possibilidade de recuperação. Em outras palavras, por trás da defesa de uma
morte digna e sem dor encontra-se a intenção de eliminar da prática clínica e
do cuidado a “beneficência sem retorno” e, com isso, evitar custos
desnecessários para o Estado e para as empresas particulares de saúde.
Do ponto de vista moral, a eutanásia
é totalmente condenável. Mas é importante observar que também a distanásia
é também condenável. Ambas possuem em comum o fato de desviar a morte de seu
curso natural. Enquanto a eutanásia antecipa a morte, a distanásia
prorroga sua chegada. As duas encontram-se em extremidades opostas. Entre elas,
encontra-se a ortotanásia. Nesta linha de pensamento, situam-se os
cuidados paliativos ou medicina paliativa.
De acordo com a Evangelium
Vitae,
Nestas situações quando a morte se anuncia iminente e
inevitável, pode-se em consciência renunciar a tratamentos que dariam somente
um prolongamento precário e penoso da vida, sem, contudo, interromper os
cuidados normais devidos ao doente em casos semelhantes (Evangelium
Vitae n. 65 ).
Até o início do século XX, o
médico dispunha de muito poucos recursos terapêuticos efetivos. A era dos
antibióticos só tem início no final da década de 1930, com o advento da
penicilina. O suporte respiratório mecânico, como conhecemos hoje, tem como marco
a epidemia de poliomielite em Copenhague, por volta de 1952. A desfibrilação
cardíaca (choque elétrico no tórax para reverter a parada cardíaca) e as
Uunidades de Tratamento Intensivo (UTI) também só aparecem na segunda metade do
século XX, no início da década de 1960. Sendo assim, não dispondo de outros
recursos, procuravam os médicos estar junto dos seus pacientes, aliviando a dor
e outros sintomas, dando conforto psicológico e espiritual. O médico assumia
uma função sacerdotal. Assim diz o primeiro Código de Ética Médica brasileiro,
publicado em 1867: “Para ser ministro da esperança e conforto para seus
doentes, é preciso que o médico alente o espírito que desfalece, suavize o
leito de morte, reanime a vida que expira e reaja contra a influência deprimente
destas moléstias…“.
A visão médica do sofrimento
começa a mudar em meados do século XX. Com a introdução dos cuidados
intensivos, a Medicina declara guerra contra a doença e a morte. Isto fica
claro no Código de Ética Médica de 1931: “… um dos propósitos mais sublimes
da Medicina é sempre conservar e prolongar a vida“. Observa-se a mudança de
paradigma da Medicina, que passa a dar ênfase progressiva a esfera
científico-tecnológico do cuidado. Surge daí uma competição com a morte e um
esforço desmedido de prolongar, ao máximo e a qualquer preço, os sinais vitais.
Este é o processo intimamente relacionado à distanásia. Em alguns casos, de
modo especial nas UTIs, acaba ocorrendo o inverso: ao invés de prolongar a
vida, prolonga-se o processo da morte.
A proximidade à morte não deve
privar o enfermo de seu protagonismo. Como lembra a Evangelium Vitae: “quando
se aproxima a morte, as pessoas devem estar em condições de poder satisfazer as
suas obrigações morais e familiares, e devem sobretudo poder-se preparar com
plena consciência para o encontro definitivo com Deus” (n. 65). Isto não
significa, entretanto, dar ao enfermo o direito de solicitar procedimentos de
eutanásia. Consciente da frivolidade de seu tratamento, o enfermo tem o direito
de prosseguir com meios paliativos, aguardando o curso natural da própria vida.
Tal como a eutanásia, a
distanásia é irracional e eticamente reprovável. Criar situações nas quais se
prolonga quantitativamente a existência de um enfermo, às custas de obstinação
terapêutica, é inaceitável. A morte de um paciente nem sempre representa o
fracasso de um médico; o verdadeiro fracasso é impor a alguém uma morte
desumanizada. É legitimo morrer dignamente. O que não é legítimo é antecipar ou
retardar o processo de morte. Neste sentido, tanto a eutanásia como a
distanásia são igualmente repudiáveis.
Situação 2016S-10A -
Dissertação (USP, Unesp, etc.)
Faça sua dissertação sobre o
seguinte tema:
Eutanásia: valorização da vida ou do sofrimento
humano?
Instruções:
1. Lembre-se de que
a situação de produção de seu texto requer o uso da norma padrão da língua
portuguesa.
2. A redação deverá
ter entre 25 e 30 linhas.
3. Dê um título a sua
redação.
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