domingo, 31 de julho de 2016

Redação - Proposta 2016E-19 (2 de 20) - refugiados

Leia atentamente os textos abaixo.

Texto 01.
“De acordo com a Convenção de 1951 relativa ao Estatuto dos Refugiados (de 1951), são refugiados as pessoas que se encontram fora do seu país por causa de fundado temor de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, opinião política ou participação em grupos sociais, e que não possa (ou não queira) voltar para casa.
Posteriormente, definições mais amplas passaram a considerar como refugiados as pessoas obrigadas a deixar seu país devido a conflitos armados, violência generalizada e violação massiva dos direitos humanos.”

Texto 02.

Texto 03.
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Situação 2016E-19A – dissertação (Enem)
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “a crise de refugiados mundial e o Brasil, entre dificuldades e deveres”, apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Instruções Enem:
1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.
3. A redação com até 7 (sete) linhas escritas será considerada “insuficiente” e receberá nota zero.
4. A redação que fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo receberá nota zero.
5. A redação que apresentar proposta de intervenção que desrespeite os direitos humanos receberá nota zero.
6. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.

Situação 2016E-19B – dissertação (Fuvest, Vunesp, Uniube, etc.)
Redija uma dissertação argumentativa sobre a imagem abaixo.


Instruções:
1. Lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da norma padrão da língua portuguesa.
2. A redação deverá ter entre 25 e 30 linhas.
3. Dê um título a sua redação.

Situação 2016E-19C – Outros gêneros textuais - Notícia (Unicamp, UEL, etc.)
Redija uma notícia em que você informe sobre a situação atual dos refugiados no Brasil a partir dos dados contidos na coletânea e daqueles que você conhecer.

Instruções gerais:
1. Se for o caso do gênero textual em questão, dê um título para sua redação. Esse título deverá deixar claro o aspecto da situação escolhida que você pretende abordar.
3. Se a estrutura do gênero selecionado exigir assinatura, escreva, no lugar da assinatura um nome fictício e comum. Em hipótese alguma escreva seu nome, pseudônimo, apelido, etc. na folha de prova.
4. Não copie trechos dos textos motivadores ao fazer sua redação.
5. Quanto ao número mínimo e máximo de linhas, de acordo com o vestibular pretendido, informe qual o vestibular que você irá prestar para que possamos adequar a correção às exigências do concurso escolhido.

Redação - Proposta 2016E-20 (1 de 20) - corrupção

Leia atentamente os textos abaixo.

Texto 01.
“Assim se designa o fenômeno pelo qual um funcionário público é levado a agir de modo diverso dos padrões normativos do sistema, favorecendo interesses particulares em troco de recompensa. Corrupto é, portanto, o comportamento ilegal de quem desempenha um papel na estrutura estadual. Podemos distinguir três tipos de Corrupção: a prática da peita ou uso da recompensa escondida para mudar a seu favor o sentir de um funcionário público; o nepotismo, ou concessão de empregos ou contratos públicos baseada não no mérito, mas nas relações de parentela; o peculato por desvio ou apropriação e destinação de fundos públicos ao uso privado. A Corrupção é considerada em termos de legalidade e ilegalidade e não de moralidade e imoralidade; tem de levar em conta as diferenças que existem entre práticas sociais e normas legais e a diversidade de avaliação dos comportamentos que se revela no setor privado e no setor público. Por exemplo: o diretor de uma empresa privada que chamasse o seu filho para um posto de responsabilidade não cometeria um ato de nepotismo, mesmo que o filho não possuísse os requisitos necessários; mas cometê-lo-ia o diretor de uma empresa pública.
Corrupção significa transação ou troca entre quem corrompe e quem se deixa corromper. Trata-se normalmente de uma promessa de recompensa em troca de um comportamento que favoreça os interesses do corruptor; raramente se ameaça com punição a quem lese os interesses dos corruptores. Esta reciprocidade negativa é melhor definida como coerção. A Corrupção é uma alternativa da coerção, posta em prática quando as duas partes são bastante poderosas para tornar a coerção muito custosa, ou são incapazes de a usar.
A Corrupção é uma forma particular de exercer influência: influência ilícita, ilegal e ilegítima. Amolda-se ao funcionamento de um sistema, em particular ao modo como se tomam as decisões. A primeira consideração diz respeito ao âmbito da institucionalização de certas práticas: quanto maior for o âmbito de institucionalização, tanto maiores serão as possibilidades do comportamento corrupto. Por isso, a ampliação do setor público cm relação ao privado provoca o aumento das possibilidades de Corrupção. Mas não é só a amplitude do setor público que influi nessas possibilidades; também, o ritmo com que ele se expande. Em ambientes estavelmente institucionalizados, os comportamentos corruptos tendem a ser, ao mesmo tempo, menos freqüentes e mais visíveis que em ambientes de institucionalização parcial ou flutuante. A Corrupção não está ligada apenas ao grau de institucionalização, à amplitude do setor público e ao ritmo das mudanças sociais; está também relacionada com a cultura das elites e das massas. Depende da percepção que tende a variar no tempo e no espaço.”

Texto 02.

Texto 03.

Situação 2016E-20A - Dissertação (Enem)
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “a amplitude da corrupção na sociedade brasileira”, apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Instruções Enem:
1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.
3. A redação com até 7 (sete) linhas escritas será considerada “insuficiente” e receberá nota zero.
4. A redação que fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo receberá nota zero.
5. A redação que apresentar proposta de intervenção que desrespeite os direitos humanos receberá nota zero.
6. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.

Situação 2016E-20B – Dissertação (Fuvest, Vunesp, Uniube, etc.)
Faça uma dissertação sobre a relação entre corrupção na política e no cotidiano das pessoas no Brasil.

Instruções:
1. Lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da norma padrão da língua portuguesa.
2. A redação deverá ter entre 25 e 30 linhas.
3. Dê um título a sua redação.

Situação 2016E-20C – Outros gêneros textuais – manifesto (Unicamp, UEL, etc.)
Faça um manifesto contra a corrupção no Brasil.

Instruções gerais:
1. Se for o caso do gênero textual em questão, dê um título para sua redação. Esse título deverá deixar claro o aspecto da situação escolhida que você pretende abordar.
3. Se a estrutura do gênero selecionado exigir assinatura, escreva, no lugar da assinatura um nome fictício e comum. Em hipótese alguma escreva seu nome, pseudônimo, apelido, etc. na folha de prova.
4. Não copie trechos dos textos motivadores ao fazer sua redação.

5. Quanto ao número mínimo e máximo de linhas, de acordo com o vestibular pretendido, informe qual o vestibular que você irá prestar para que possamos adequar a correção às exigências do concurso escolhido.

Atualidades - Leituras e indicações 2016E-1 - Propostas 2016E-20 (corrupção e política) e 2016-E19 (refugiados)

Caras e caros,

Bom dia. Que todos tenhamos um segundo semestre maravilhoso, repleto de sucessos, mas também de respeito pela diferença e pluralidade, pela Arte e pelo pensamento científico, enfim respeito pelo conhecimento diverso, plural e multifacetado.
Lembro que, como falei em sala de aula, esta é a primeira lista associada à serie de 10 semanas em que publicarei os 20 abordagens de temas que penso serem mais prováveis para o Enem 2016. Nesta semana, publico os temas 20 e 19. Espero que seja proveitoso para todos.

Corrupção e política (20º)

Refugiados (19º)




Indicação 01.
Nota: prêmio mais importante do mundo de fotojornalismo. Vale muito a pena ver as fotos, são muitas vezes inacreditáveis.

Indicação 02.
Nota: documentário "Por que a beleza importa?" trata da importância da beleza e do questionamento feito pela Arte Moderna e Contemporânea a respeito dela.

Abraços,

Professor Estéfani Martins

Olimpíadas, política e competição, por Estéfani Martins (parte 2)

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(Leia a parte 1 aqui)


1952 – Helsinque - Alemanha e Japão voltam a participar dos Jogos. Pela primeira vez, a União Soviética participa de uma Olimpíada, o que criou mais um cenário para a competição entre duas superpotências que até o fim da década de 1980 travariam no campo político, ideológico, militar e estratégico o que se convencionou chamar de Guerra Fria, que, em desacordo com qualquer abordagem dos ideais olímpicos, transferiu-se para o universo dos Jogos, o que rendeu momentos de exuberância técnica de ambas as partes, ainda que condicionados a um tipo de competição entre os países que os organizadores das Olimpíadas, desde a Antiguidade, julgavam evitar, são eles a União Soviética (URSS) e os EUA. Nesta Olimpíada, por receio de problemas diplomáticos, a URSS ficou em uma vila olímpica exclusiva, sem nenhuma relação cotidiana com o restante dos atletas. No estádio olímpico, uma pacifista alemã correu aos microfones com o intuito de pedir a unificação da Alemanha, mas foi contida por seguranças. Pela primeira, uma delegação israelense participou dos Jogos. Participaram desta edição 4955 atletas de 69 países, 519 eram mulheres.



1956 - Melbourne – Tempos agitados eram aqueles, quando o mundo estava claramente dividido entre os blocos socialista e capitalista; em meio a isso ocorria o processo de descolonização de muitos países africanos e asiáticos. Nesse contexto, a Austrália, por causa de sua localização, pareceu uma escolha razoável em função de todas as incertezas e agitações pelas quais passava a humanidade à época. Esta foi a primeira Olimpíada realizada no hemisfério sul. Concomitante a invasão da Hungria por tanques soviéticos, houve, nesta edição dos Jogos, a disputa pela medalha de ouro no pólo aquático entre a Hungria e a União Soviética, que de todas as formas possíveis transferiram para as piscinas as rivalidades e animosidades da política, o que produziu um jogo violento, em que vários atletas foram alvo de violência dos oponentes. Apesar da vitória húngara, nenhum jogador quis voltar ao país ocupado pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). No último momento, a China decidiu não competir em protesto contra a entrada de Taiwan para o COI. Além disso, Países Baixos, Espanha e Suíça recusaram-se a mandar delegações em protesto contra a invasão da Hungria pela União Soviética. Camboja, Egito, Iraque e Líbano boicotaram também em protesto contra a crise do canal de Suez em função da França e da Inglaterra na gestão do canal. Alemanha ocidental e oriental , recém-separadas, competiram juntas sob a bandeira olímpica e tiveram como hino "Ode à alegria" da "Nona sinfonia" de Beethoven. Os Jogos quase não aconteceram tal o atraso nas obras que foram custeadas quase totalmente por capital privado. Participaram desta edição 3314 atletas de 72 países, 376 eram mulheres.



1960 – Roma – Uma das Olimpíadas mais bem realizadas até então, apesar do custo exorbitante para a época de 45 milhões de dólares, o resultado foi positivo, já que o número de expectadores e turistas foi imenso e os atletas ficaram muito satisfeitos com a organização dos Jogos. Foram as primeiras Olimpíadas a serem massivamente transmitidas pela televisão já que houve transmissão ao vivo por mais de 100 canais, além de emissão por videotape em 18 países europeus mais Canadá, Estados Unidos e Japão. Os Jogos começavam a parecer com o grandioso evento que ele tornou-se na atualidade. Participaram desses Jogos mais países que o número de membros da ONU na época.  Pela primeira vez, o "doping" é comprovado numa Olimpíada com a morte do ciclista dinamarquês Knud Jensen, que morreu em função da grande quantidade de anfetaminas que tomara para melhorar seu desempenho nas provas. Foi a última participação da África do Sul em Jogos até 1992, ela foi suspensa em função do Apartheid. Participaram desta edição 5338 atletas de 83 países, 611 eram mulheres.


 

1964 – Tóquio – A primeira Olimpíada na Ásia foi marcada pela organização impecável e pela evolução tecnológica dos processos de aferição de tempos, confirmação de marcas, etc. esta Olimpíada custou cerca de três bilhões de dólares, custeados pelo Japão e pelos EUA, que investia no Japão desde o fim da Segunda Guerra a fim de reconstruí-lo e de reforçar a influência estadunidense no continente asiático. Transmissões televisivas via satélite não eram mais obras de ficção científica e as tensões nucleares e geopolíticas tomavam decisivamente os Jogos. A cerimônia de abertura foi um ato simbólico pela paz e uma homenagem aos milhares de mortos no bombardeio atômico a Hiroshima e a Nagasaki, representados pelo jovem Yoshiori Sakai – nascido em seis de agosto de 1945, dia da bomba atômica de Hiroshima – que fora escolhido para acender a pira olímpica. Indonésia e Coréia do Norte foram banidas do Comitê Olímpico Internacional (COI). A África do Sul tem o banimento confirmado do COI por causa do regime de “apartheid” imposto naquele país, sob a justificativa de que “qualquer forma de discriminação contra um país ou uma pessoa baseada em considerações de raça, de religião, de política, de sexo ou outras é incompatível com a participação no movimento olímpico.”. Participaram desta edição 5151 atletas de 93 países, 678 eram mulheres.



Century Olympic posters: 1968 Mexico Olympic Games
1968 – Cidade do México – Primeiros Jogos na América Latina, num tempo conturbado e repleto de circunstâncias históricas de grande relevância como o auge da Guerra no Vietnã; a China que ainda vivia intensamente as conseqüências da Revolução Cultural; na Tchecoslováquia, a Primavera de Praga chegava ao fim; em Paris, acontecia o impensável no mês de maio mais famoso da História; Martin Luther King Jr. e Bob Kennedy foram assassinados nos EUA e o movimento hippie propunha ideias agressivamente libertárias numa sociedade estadunidense altamente conservadora. Além disso, dias antes do início dos Jogos, o governo mexicano autorizou o que foi chamado de Massacre de Tlatelolco, quando milhares de estudantes protestavam contra o Governo e a precária qualidade da educação mexicana, nessa ocasião passaram a ser alvo de atiradores das forças policiais e militares daquele país, até hoje não há números confiáveis sobre a quantidade de mortos que podem chegar às centenas, segundo correspondentes internacionais já presentes no México para a cobertura dos Jogos. Além disso, esta edição dos Jogos Olímpicos ficaria marcada pelos punhos levantados e as luvas negras dos medalhistas olímpicos nos 200 metros rasos John Carlos e Tommie Smith (saudação associada a um grupo chamado Panteras Negras, contrário à situação precária e injusta dos negros na sociedade estadunidense da época). Com esse gesto, protestavam contra a desigualdade racial nos Estados Unidos, o que os fez perderem as medalhas e serem expulsos da vila olímpica, já que o COI, especialmente desde então, não tolerava manifestações políticas ou ideológicas no pódio por parte dos atletas. Esta foi a primeira Olimpíada em que os exames "antidoping" passaram a ser padrão durante os Jogos. Participaram desta edição 5516 atletas de 112 países, 781 eram mulheres.



1972 – Munique – Até então a Olimpíada com o maior número de atletas participantes, era um sucesso de público e de organização, quando ocorreu o pior incidente da história dos Jogos Olímpico: um grupo terrorista de origem palestina chamado Setembro Negro sequestrou 11 atletas e técnicos israelenses, para negociar a libertação de cerca de 200 prisioneiros palestinos detidos em Israel. Após negociações fracassadas e intervenções equivocadas de forças de segurança alemãs, os 11 israelenses foram mortos, além de cinco sequestradores, um policial alemão e um piloto. Os Jogos foram suspensos por 34 horas, entretanto o COI decidiu permitir a continuação dos Jogos. Tal atentado foi tão marcante que superou em atenção a marca histórica do nadador Mark Spitz: sete medalhas de ouro nestes Jogos. Nesta edição, é introduzido oficialmente a ideia de mascote dos Jogos, foi um cachorro dachsund chamado Waldi. Participaram desta edição 7134 atletas de 121 países, 1059 eram mulheres.



Century Olympic posters: 1976 Montreal Olympic Games
1976 – Montreal – Esta edição dos Jogos foi considerada a Olimpíada mais cara da História, em função dos custos de cerca de dois bilhões de dólares acima do esperado, que só foram saneados pelos cofres públicos por meio de imposto especial no ano de 2000. Além disso, 24 países africanos boicotaram os Jogos de Montreal em protesto contra a presença da Nova Zelândia, cujo time de rúgbi havia jogado contra o da África do Sul, excluído do mundo esportivo devido ao regime do "apartheid" instalado no país. Nesta Olimpíada, o "doping" passou a ser prática relativamente comum em países como a Alemanha Oriental, que dopava suas nadadoras mesmo sem o conhecimento ou o desejo delas. Participaram desta edição 6084 atletas de 92 países, 1260 eram mulheres.



Century Olympic posters: 1980 Moscow Olympic Games
1980 – Moscou – A União Soviética invadiu o Afeganistão em 24 de dezembro de 1979. Em função disso, 64 países, liderados pelos Estados Unidos, protagonizaram o maior boicote da história olímpica. Apesar disso, esta edição foi vista como um sucesso técnico, de público e de organização, além disso, se a atitude norte-americana tivesse como intuito fazer estes Jogos serem marcados pela pouca expressão, a cerimônia de encerramento mostra porque esta Olimpíada, ao contrário, é uma das mais lembradas, especialmente pela cena em que o mascote (o urso Misha) chora por meio de um dos painéis humanos que ficaram famosos nesta Olimpíada. Participaram desta edição 6084 atletas de 92 países, 1260 eram mulheres. Participaram desta edição 5179 atletas de 80 países, 1115 eram mulheres.


1984 – Los Angeles – Mais uma vez, tal como em Moscou, Los Angeles foi candidatura única para sede dos Jogos, graças ao fiasco financeiro de Montreal, oito anos antes. Depois do sucesso econômico sem precedentes desta edição, voltou a haver intensa disputa entre cidades para sediar as Olimpíadas. No campo da política, em represália ao boicote de 1980, a União Soviética e 13 outros países sob influência soviética negaram-se a participar dos Jogos, apesar disso esta edição foi um sucesso comercial e de propaganda grandioso, o que revitalizou o interesse mundial pelas Olimpíadas. O lucro obtido com o evento foi de 26 milhões de dólares. Nestes Jogos, Carl Lewis repetiria o feito de Jesse Owens em 1936 ao ganhar quatro medalhas de ouro e China voltaria a disputa mesmo com a presença da delegação de Taiwan. Participaram desta edição 6829 atletas de 140 países, 1566 eram mulheres. 


1988 – Seul – Influenciada pelo fim próximo da Guerra Fria e pelo receio de boicotes em massa como nos dois Jogos anteriores, a Olimpíada de Seul, a segunda disputada na Ásia, foi muito bem usada para que a Coréia do Sul passasse por um processo de democratização política, mesmo porque a crise do regime ditatorial de Chun Doo Hwan poderia prejudicar a organização dos Jogos e a imagem do país diante de um mundo atento e interessado em tudo que se relacionasse com a Olimpíada. Em função disso, o processo de deposição do ditador sul-coreano foi acelerado, com o intuito de que se fizessem eleições diretas ainda antes das Olimpíadas, o que aconteceu em dezembro de 1987. Esta Olimpíada foi para a Coréia do Sul, tal como será o intento da China em 2008, um meio de mudar uma imagem negativa de grande parte do mundo sobre o país, para mostrar-se um país industrializado, moderno, organizado e de pessoas educadas. Entretanto, Coréia do Norte, Nicarágua, Cuba e Etiópia boicotaram os Jogos em protesto contra divisão da Coréia duas décadas antes. Nestes Jogos, ocorreu o caso de "doping" mais famoso da história do esporte mundial, o velocista canadense Ben Johnson, recordista e ganhador da medalha de ouro nesses Jogos, correu dopado por esteroides, por isso foi desclassificado e perdeu a medalha de ouro. Participaram desta edição 8391 atletas de 159 países, 2194 eram mulheres.



1992 – Barcelona – Nesta edição dos Jogos, o mundo mostrou uma nova configuração geopolítica: a Alemanha competiu unificada; muitos países como a Letônia, antes parte da URSS, levaram sua própria delegação e 12 repúblicas da ex-URSS competiram unidas como a Comunidade dos Estados Independentes (CEI) - que acabou vitoriosa no quadro de medalhas. Numa retaliação da Organização das Nações Unidas (ONU) às guerras contra bósnios e croatas, os iugoslavos foram proibidos de mandar equipes nacionais, ainda que seus atletas individuais pudessem inscrever-se nos Jogos como “participantes olímpicos independentes”. Esta também foi a Olimpíada em que os atletas profissionais foram pela primeira vez aceitos oficialmente nos Jogos, o que pôs fim a hipocrisia do amadorismo olímpico. Foi a consagração do chamado “Dream Team” que reunia um grupo brilhante de jogadores de basquete profissionais norte-americanos. Naturalmente, conseguiram o ouro, sempre com apresentações memoráveis que aproximaram o esporte, mais uma vez, da arte. Com o fim do “apartheid”, a África do Sul volta a ter representação no COI e participar de eventos esportivos internacionais organizados por essa instituição. Esta edição dos Jogos foram vistas como um modelo para os eventos posteriores não só pela organização profissional, pelo público entusiasmado, mas pela revitalização da cidade associado ao legado que a Olimpíada deixou em relação à melhoria evidente dos serviços públicos, da infraestrutura urbana, da percepção do mundo sobre a cidade, etc., tal feito passou a ser chamado "efeito Barcelona". Além disso, a capital da Catalunha passou de 13º para quinto destino turístico da Europa. Participaram desta edição 9356 atletas de 169 países, 2704 eram mulheres.

1996 – Atlanta – Sede da Coca-Cola, muitos afirmam ter sido esta uma Olimpíada mais preocupada com a propaganda e com os lucros, do que propriamente com o esporte, muito porque esta edição é questionada até hoje pela estrutura deficitária de transporte público, venda de ingressos desorganizada e segurança ineficiente. Relaciona-se a isso o fato de esta ter sido a primeira edição dos Jogos totalmente financiada por capital privado, o que talvez explique o fato de ter sido em Atlanta e não em Atenas essa Olimpíada, pois a capital da Grécia despontava como candidata natural em função da comemoração dos 100 anos dos Jogos da Era Moderna que recomeçaram justamente em Atenas. O evento mais marcante desta Olimpíada, infelizmente, foi o atentado à bomba realizado no Centennial Olympic Park por um extremista norte-americano na Vila Olímpica, que causou a morte de duas pessoas e ferimentos em 110. Em 2005, Eric Robert Rudolph, membro de um grupo conservador e fundamentalista chamado Exército de Deus, assumiu  a autoria do atentado e foi preso. Participaram desta edição 10318 atletas de 197 países, 3512 eram mulheres.


2000 – Sidney – No meio da polêmica sobre quando se iniciaria o novo milênio, esta edição dos Jogos ficou conhecida como os primeiros do novo século, ainda que ele só começasse em 2001. Esta foi a Olimpíada considerada a mais bem organizada, sustentável e próspera da história olímpica, além disso 199 dos 200 membros do COI participaram, além de quatro atletas do Timor Leste. Coreias do Norte e do Sul desfilaram sob uma mesma bandeira na cerimônia de abertura. O Afeganistão foi proibido de participar numa retaliação ao regime do Talibã, considerado terrorista e fundamentalista pelo Ocidente. Em função do compromisso ecológico da organização dos Jogos, quatro milhões de árvores foram plantadas em toda a Austrália. Participaram desta edição 10651 atletas de 199 países, 4069 eram mulheres.


2004 – Atenas – Com oito anos de atraso, graças à interferência de grandes grupos econômicos na escolha de Atlanta para sediar a edição de 1996, os Jogos Olímpicos retornaram a Atenas. Com cronograma de obras muito atrasado, a organização do evento foi muito criticada, inclusive porque algumas construções como o complexo aquático não foram terminados a tempo, daí as competições de natação terem ocorrido ao ar livre, porque o teto do local não havia ficado pronto. Cerca de quatro bilhões de pessoas assistiram aos Jogos pela televisão, pela primeira vez uma mulher foi presidente do Comitê Olímpico Organizador e cerca de 20 por cento do orçamento do evento foi gasto em segurança, muito em função dos atentados de 11 de setembro nos EUA, mas mesmo assim, preocupados com falhas de segurança, levaram 538 atletas e 600 militares para protegê-los. Mais de 6 por cento dos habitantes do planeta acompanharam algum dos 301 eventos esportivos do programa olímpico em 2004. Participaram desta edição 10625 atletas de 201 países, 4329 eram mulheres.



2008 – Pequim – Apesar dos intensos protestos nos mais diversos lugares do globo, as Olimpíadas de Pequim foram um sucesso ao menos técnico, porque elevaram os Jogos Olímpicos a um novo padrão organizacional e estrutural. As competições transcorreram de forma tranquila, ainda que garantida pela enormidade de forças de segurança chinesas presentes em todos os eventos. Houve muitas reclamações de jornalistas pela censura à informação e à internet durante o evento por força do governo chinês. As cerimônias de abertura e fechamento foram os espetáculos mais grandiosos deste gênero até então segundo muitos, embora importantes passagens da história chinesa não tenham sido abordadas, como a Revolução Chinesa e a Revolução Cultural, o que se configurou como um claro recado ao Ocidente de uma China que se vê em condições de disputar, inclusive no campo cultural, a liderança mundial. Manifestação contrárias à presença chinesa no Tibete foram registradas em muitos lugares do mundo por onde a tocha olímpica passou. A questão da poluição do ar foi extremamente polêmica, pois muitos defendiam que o nível dela era tal que seria capaz de comprometer o desempenho de maratonistas, por exemplo. Um evento terrorista foi registrado na província de Xinjiang, 16 policiais morreram e 16 outras pessoas ficaram feridas. O nadador estadunidense Michael Phelps consagrou-se como o maior medalhista olímpico de todos os tempos: 14 medalhas de ouro em duas Olimpíadas, oito na de Pequim. Participaram desta edição em 28 esportes 11990 atletas de 204 países, 4637 eram mulheres.



2012 - Londres -  Pela primeira vez na História, mulheres participaram de todos os esportes olímpicos em uma edição dos Jogos e todos os países participantes tinha presenças femininas entre os atletas. Outros destaques no campo das questões de gênero foram o fato de a Arábia Saudita ter enviado duas atletas para competirem nesses Jogos, apesar de grande relutância inicial e a maioria feminina na delegação norte-americana (268/261). Os Jogos aconteceram durante o nono mês do calendário islâmico, paralelamente ao Ramadã, o que, segundo autoridades islâmicas do mundo inteiro, prejudicaram os atletas islâmicos. Não houve nenhum incidente grave e estranho ao espírito olímpico nessa edição, exceto atletas punidos por "doping", manipulação de resultados e atitudes preconceituosas. Participaram em 26 modalidades desta edição 10500 atletas de 204 países, 4620 eram mulheres.


2016 – Rio de Janeiro - Os primeiros Jogos na América do Sul produziram grande expectativa no Brasil em função das profundas mudanças prometidas para a cidade do Rio de Janeiro como um legado que o evento deixaria, o que aparentemente não acontecerá, já que a alguns meses dos jogos, problemas muito graves na qualidade da água em locais de competição de remo e vela, no sistema de transporte público, na infraestrutura, na segurança pública, etc., lançam muitas suspeitas sobre o sucesso desta edição dos Jogos, em especial em relação ao legado dos Jogos Olímpicos para os brasileiros . A ambição do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) de que o Brasil esteja entre os dez primeiros países no Quadro de Medalhas também parece equivocada dada a preparação inadequada ou insuficiente de muitas modalidades em que muitas medalhas são disputadas como no atletismo e na natação, nas quais a chance de haver pódios, segundo muitos analistas, é bem abaixo das expectativas do COB. A ameaça de atentados terroristas é também uma questão relevante desses Jogos como foi em outros, a questão é que as fronteiras brasileiras enormes e a experiência modesta das forças de segurança brasileiras com o contraterrorismo lançam suspeitas sobre a capacidade dessas organizações de evitar um evento dessa natureza durante as competições. Importante destacar que no ano de 2016, dezenas de serviços secretos de diversos países já atuavam em território brasileiros em parceria com forças de segurança do Brasil e a expectativa é que haja mais de uma centena de organizações desse tipo em atuação no Rio durante os Jogos, o que, para muitos analistas, pode ser pouco para frear ou mesmo impedir o ataque de um "lobo solitário" ou até do Estado Islâmico.

Professor Estéfani Martins


Outras referências
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2012/07/120720_olympics_modulo_mulheres_olimpiadas_rw.shtml

http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2016/04/14/abin-identifica-ameaca-terrorista-no-brasil.htm

http://www.brasil.gov.br/esporte/2014/07/especial-da-grecia-antiga-para-a-era-moderna-conheca-a-historia-dos-jogos-olimpicos

http://esporte.hsw.uol.com.br/jogos-olimpicos1.htm


http://www.travessa.com.br/ODISSEIA_OLIMPICA_A_HISTORIA_DAS_OLIMPIADAS_E_SEUS_HEROIS/artigo/04379b76-6066-4b40-9ef6-02fcfcff1b11


http://www.submarino.com.br/produto/111063637/guia-dos-curiosos-o-jogos-olimpicos


http://www.estantevirtual.com.br/b/eduardo-colli/universo-olimpico-uma-enciclopedia-das-olimpiadas/2333229558?q=olimp%EDadas

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Olimpíadas, política e competição, por Estéfani Martins (parte 1)

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Olimpíadas, política e competição


Por Estéfani Martins



“Na Olimpíada, o importante não é ganhar, mas competir.”

(Barão de Coubertin, 1908, Londres)



“Os Jogos têm que continuar.”
(Avery Brundage, presidente do COI em 1972)

A cada quatro anos, atletas de centenas de países reúnem-se numa cidade para disputarem um conjunto de modalidades esportivas, com o intuito de celebrarem a paz, a amizade, a competitividade civilizada e o bom relacionamento entre os diferentes povos são os princípios dos Jogos Olímpicos.
Criação grega que remonta a 2500 a.C., nesse evento, os gregos faziam homenagens aos deuses, em especial para Zeus. Atletas das cidades-estados gregas reuniam-se na cidade de Olímpia para disputarem diversas competições, dentre elas: atletismo, luta, boxe, corrida de cavalo e pentatlo (luta, corrida, salto em distância, arremesso de dardo e de disco). Os vencedores eram considerados heróis em suas cidades, por isso ganhavam uma coroa de louros, ainda símbolo da vitória em praticamente todo o mundo.
Além da religiosidade, os gregos buscavam fomentar por meio desse evento a convivência civilizada, respeitosa e pacífica entre os cidadãos das cidades que compunham a civilização grega. Os Jogos Olímpicos também evidenciavam a grande importância que os gregos davam aos esportes e à manutenção de um corpo saudável.
Posteriormente, os Jogos Olímpicos e quaisquer manifestações religiosas do politeísmo grego foram proibidos no Império Romano convertido ao cristianismo no século IV.
Os chamados Jogos Olímpicos da Era Moderna, ou seja, a reedição das ideias helênicas sobre competitividade só foram retomadas em 1896, em Atenas, por iniciativa do francês Pierre de Fredy, conhecido com o barão de Coubertin. Nesta primeira Olimpíada, participaram cerca de 280 atletas de 13 países, eles disputaram provas de atletismo, esgrima, luta livre, ginástica, halterofilismo, ciclismo, natação e tênis. Os vencedores das provas foram premiados com medalhas de ouro e um ramo de oliveira.
Desde a sua primeira edição, em 1896, os Jogos Olímpicos modernos raramente ignoraram o sempre agitado contexto político, cultural e econômico mundial, embora o COI tenha sempre se esforçado para desestimular ou mesmo esconder esses aspectos dos Jogos, ao contrário do que a polêmica sobre a realização dos Jogos em Pequim no ano de 2008 faz concluir; já que países acusados de crimes contra a humanidade, de desrespeitar o espaço geográfico de nações soberanas, etc., são lugar comum na história das Olimpíadas. Aliás, pode-se afirmar que aconteceram edições dos Jogos Olímpicos em muitos aspectos muito mais polêmicas.

1896 – Atenas – Em 1894, o nobre francês Pierre de Coubertin constituiu o Comitê Olímpico Internacional. Em 1896, ocorre a bem sucedida primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna que marcou o início do chamado movimento olímpico, apesar da falta de apoio estatal do governo do primeiro-ministro grego da época, Charilos Tricoupis, e da situação precária da Grécia naquele momento. Em contrapartida, a população grega participou com entusiasmo dos Jogos e o milionário grego Giorgios Averoff pagou a construção de várias áreas de competição para esta edição dos Jogos. A Turquia, em crise com a Grécia, não enviou atletas. A equipe de ginástica francesa não embarcou para os Jogos por se negar a competir contra os alemães. Por outro lado, os idealizadores do evento ingenuamente acreditavam que “o objetivo do movimento olímpico é colocar o esporte a serviço do desenvolvimento harmonioso da humanidade, visando a promover uma sociedade pacífica, empenhada em preservar a dignidade humana.”. Participaram desta edição 241 atletas de 14 países. Esta foi a única edição dos Jogos sem participação feminina entre os atletas.


1900 – Paris – O Barão de Coubertin queria os jogos de quatro em quatro anos e escolheu Paris para sediar a segunda edição das Olimpíadas modernas, ainda que houvesse um grande interesse por parte dos gregos e de seu rei, George 1º, e sediar a competição novamente. Durante cerca de cinco meses, foram disputados os Jogos de 1900, os quais marcados pela péssima organização e pelo improviso, além da concorrência com a famosa e impressionante Feira Mundial, que acabou por concentrar o interesse das pessoas, até porque nela foram apresentadas ao mundo novidades como o filme falado, a escada rolante e as sopas enlatadas Campbell. Pela primeira vez, não houve cerimônia de abertura e encerramento numa edição dos Jogos, além disso foram registradas as primeiras participações femininas (22), que, junto aos homens, somaram 997 atletas olímpicos. As precárias e improvisadas condições materiais das competição impediram grandes feitos dos atletas e mesmo qualquer conforto para o quase sempre pequeno público de entusiastas, que foram obrigados a competir em situações absurdas, tais como nadar no Rio Sena em meio ao trânsito fluvial ou correr em campos lamacentos e impróprios. Muitos atletas campeões, inclusive, não receberam medalhas, ao invés disso foram premiados com guardas-chuvas, pratos, talheres, etc. Foi o primeiro evento com a participação de esportes coletivos, que foram algumas responsáveis por espelhar tensões de origem não esportiva, como no caso da final do rúgbi entre Alemanha e França, com vitória desta e a hostilização agressiva daquela em função das conquistas pelos alemães dos territórios de Alsácia e Lorena. Participaram desta edição 997 atletas, 22 eram mulheres.

1904 – St. Louis – Concomitantemente à realização da Feira Mundial de 1904, em Saint Louis, mais uma vez a precariedade da organização depôs contra os Jogos, além da ínfima participação de atletas que não fossem norte-americanos, pois apenas 12 países mandaram representantes. Esta edição foi tão ignorada e desprestigiada por outras nações porque era cara e demorada a viagem para cruzar o Oceano Atlântico e era sem sentido a concorrência mais uma vez com uma feira internacional. Isso explica a pouquíssima participação de atletas europeus e o entendimento generalizado que esta foi a pior edição dos Jogos. Até mesmo o Barão Pierre de Coubertin não compareceu. Pela primeira vez, campeões ganharam medalhas de ouro; segundos lugares, prata; e terceiros, bronze. Participaram desta edição 651 atletas de 12 países, seis eram mulheres.

1908 – Londres – Antes de mais nada, os Jogos de 1908 seriam em Roma se a erupção do vulcão Vesúvio, em 1906, não houvesse impedido a realização na Itália de uma Olimpíada, até porque o dinheiro destinado aos Jogos foi usado na reconstrução de Nápoles, por isso os ingleses tiveram apenas dois anos para viabilizar o evento. Os promotores dessa edição tiveram um orçamento inicial de 15 mil libras e arrecadaram cerca de 21 mil libras para realizá-los com forte apoio da família real britânica, que além de apoiar também impôs à organização caprichos como a mudança do percurso da maratona para que os netos de Eduardo 7º pudessem ver o evento. Depois de duas edições desastrosas, o COI começava a entender o que era necessário para que os Jogos Olímpicos fossem um evento de sucesso: grande público, países dedicados ao evento e estrutura adequada para favorecer os atletas e ao público. Estes Jogos foram disputados em dois momentos: Jogos de Verão (atletismo, natação, ciclismo e remo) e Jogos de Outono (patinação no gelo, boxe, futebol e rúgbi). A partir de então, as Olimpíadas passam também a contar com regras mais claras tanto para a condução das competições quanto para o próprio credenciamento de atletas para participar do evento. Dentre elas, a arbitragem dos Jogos saem do controle do país sede para o do COI, pois houve muitas suspeitas de favorecimento dos árbitros ingleses aos atletas compatriotas deles. Paralelamente aos Jogos, ocorreu a Heraea, que eram competições exclusivas para mulheres com túnicas curtas e cabelos soltos e ocorreram pela primeira vez na Grécia Antiga, quando apenas mulheres podiam competir numa data diferente da que era realizada a Olimpíada. Dois anos antes de Londres, ocorreram em Atenas Jogos alternativos ou extraordinários para comemorar os 10 anos dos Jogos de 1896, mas que não são reconhecidos hoje como parte da história oficial das Olimpíadas. Participaram dos Jogos de Londres 2008 atletas de 22 países, 37 eram mulheres.

1912 – Estocolmo – Nesta Olimpíada, pela primeira vez, o símbolo olímpico ainda não oficial dos cinco anéis entrelaçados como referência aos cinco continentes fez sentido, já que atletas de todos os continentes participaram dos Jogos, naquela ocasião considerados de alto padrão organizacional, já que os suecos conseguiram superar o excelente nível de organização das Olimpíadas de Londres. A proibição da presença de atletas profissionais nas competições fez uma vítima muito conveniente: o índio norte-americano Jim Thorpe, vencedor do pentatlo e decatlo, que teve suas medalhas cassadas, ainda que posteriormente devolvidas a sua família em 1983, 30 anos depois da morte desse campeão olímpico injustiçado. Nesta edição, houve inclusive competições artísticas de Literatura, Música, Pintura e Arquitetura. Esta Olimpíada marca pioneiramente a presença efetiva e em grande número de mulheres  como atletas no Jogos Olímpicos. Esta edição contou com 2407 atletas de 28 países e 14 esportes no programa, 48 desses eram mulheres.

1916 – Berlim – O ciclo olímpico moderno foi interrompido pela primeira vez. Os Jogos Olímpicos de Berlim foram cancelados devido à Primeira Guerra Mundial. Havia um grande interesse do Barão de Coubertin nessa edição alemã, já que ele esperava contribuir para a paz na Europa, o que não surtiu nenhum efeito com a eclosão da Primeira Grande Guerra em 1914. Mesmo assim, este evento é visto como a sexta Olimpíada da Era Moderna.


1920 – Antuérpia – A princípio, Budapeste seria a sede dos Jogos. Entretanto, por causa do Tratado de Versalhes e de uma condição do governo belga, pela primeira vez países eram banidos dos Jogos. Assim, a Hungria, a Alemanha, a Áustria, a Bulgária e a Turquia foram banidas de todas as competições esportivas internacionais. Daí, a honra de receber a sétima edição das Olimpíadas modernas ser de Antuérpia, na Bélgica, segundo o COI, “para homenagear o sofrimento do povo belga durante a Guerra”. Pela primeira vez, foi usada oficialmente a bandeira dos cinco arcos olímpicos na cerimônia de abertura. A Bélgica realizou com muita dificuldade e precariedade os Jogos por ainda estar sendo reconstruída em função da Primeira Guerra. A partir de 1920, apenas os comitês olímpicos nacionais puderam inscrever atletas, assim federações e clubes perderam o direito de fazê-lo. Esta foi a primeira participação brasileira nos Jogos Olímpicos com 29 atletas, já com conquista de medalha, foram três, todas no tiro, dentre elas, uma de ouro, pelo atirador brasileiro Guilherme Paraense. Nesta edição dos Jogos, pode-se afirmar que ascendia um dos heróis e ídolos olímpicos mais icônicos da História, Paavo Nurmi, o finlandês voador, ganhador de quatro medalhas nesta edição em provas de meio-fundo e fundo no atletismo, três delas foram de ouro. Pela primeira vez em uma edição oficial, fez-se o juramento olímpico: "Em nome de todos os competidores prometo que participaremos nestes Jogos Olímpicos respeitando e cumprindo suas regras, com verdadeiro espírito esportivo, para maior glória do esporte e honra de nossas equipes.". O texto foi proferido pela primeira vez em 1906 em Atenas, mas com uma pequena alteração, no lugar de "equipes" havia o termo "países", retirado em 1920 como forma de atenuar ânimos nacionalistas ainda exaltados pela Guerra recém acabada. Participaram desses Jogos 65 mulheres, o maior número da história, mas organizações feministas entenderam que seria necessário organizar jogos exclusivamente para mulheres, que ocorreram em 1921 na cidade de Morte Carlo. A modalidade cabo de guerra foi descontinuada após 1920, por causa do interesse dos europeus de suprimir qualquer lembrança da guerra no Jogos e para atenuar hostilidades entre atletas de países diferentes muito comuns no Jogos até então. Participaram 2626 atletas de 29 países, 65 eram mulheres.





1924 – Paris – Última edição dos Jogos organizada pelo Barão Pierre de Coubertin, pela segunda vez em Paris, mesmo depois do fiasco 24 anos antes na mesma cidade. Pela primeira vez, além de uma participação expressiva de países, atletas, jornalistas e público, uma vila olímpica foi disponibilizada aos atletas, ainda que não passasse de um conjunto de bangalôs de madeira, apesar desses esforços, houve muitos problemas na preparação e na organização do evento, inclusive o maior entusiasta desse Jogos, o Barão de Coubertin, ameaçou levar os Jogos para Lyon em função disso. Nesta Olimpíada, houve prejuízo por parte dos organizadores, já que se gastou quase o dobro do dinheiro arrecadado nos Jogos. Foi ainda nesta edição que o Comitê Olímpico Internacional (COI) estabeleceu o uso de seu lema (em latim): “Citius, Altius, Fortius” ou “Mais Rápido, Mais Alto, Mais Forte”. Participaram 44 países, mas a Alemanha mais uma vez foi impedida de participar dos Jogos por questões políticas. Ainda nesse contexto, a equipe italiana de ginástica saia dos locais de competição cantando hinos fascistas, o que era repudiado pela maioria do presentes. Pela primeira vez, parte dos Jogos foi transmitida pelo rádio. Em função de uma crise econômica na Confederação Brasileira de Desportos (CBD), apenas de última hora e por obra da Federação de Atletismo Paulista, que levou 11 atletas para essa edição, mas com a condição de não levar ninguém do Rio de Janeiro em função de disputas políticas entre os estados. Nessa edição, os franceses vaiariam diversos hinos de delegações e times que eles repudiavam por razões via de regra políticas. Têm início dos Jogos Olímpicos de Inverno em Chamonix, França. Participaram 3089 atletas de 44 países, 135 eram mulheres.




1928 – Amsterdã – As mulheres passam a ser aceitas oficialmente em competições de atletismo e ginástica muito em função da saída do Barão de Coubertin do COI, que achava um desvirtuamento do espírito original dos Jogos a participação feminina. Estas Olimpíadas marcariam o fim de certa aura de inocência em torno dos Jogos, porque as próximas edições seriam afetadas ou influenciadas por eventos históricos como o Crash da 1929, a ascensão do Nazismo, a Segunda Guerra Mundial e tudo mais que tornaria ainda mais conturbado o século que mal se iniciara. Os Jogos foram realizados apesar do veto da rainha holandesa Guilhermina, que entendia o evento como uma manifestação pagã. Nenhum país foi barrado nessa edição, por isso a Alemanha entre outros voltou a ser representada. Pela primeira vez o símbolo da pomba branca da paz foi usado na cerimônia de abertura. A Coca-Cola aparece pela primeira vez nos Jogos como empresa entusiasta em função de ter doado milhares de caixas de refrigerante para a organização dessa Olimpíada, mais tarde se tornaria patrocinadora do evento. Muitas mulheres desmaiaram ao fim de provas de corrida de fundo, o que fez o Papa Pio XI colocar-se em público contra a participação feminina nos Jogos, por achá-la desumana. No ano seguinte, as corridas femininas foram proibidas em Olimpíadas quando superiores a 200 metros rasos, maiores distância só voltaram ao programa olímpico feminino em Roma no ano de 1960.  Participaram 2883 atletas, destes 277 eram mulheres, que competiram em 16 esportes diferentes.

1932 – Los Angeles – Pela primeira vez, os Jogos assumem o formato de uma competição curta, em torno de 20 dias, visto que até então eles tinham uma duração média de dois ou três meses. Em função do período de recessão pelo qual passava a maioria dos países à época, graças ao Crash da bolsa de valores e da recessão decorrente dele, o número de participantes foi muito abaixo do esperado, ainda que isso não tenha determinado uma Olimpíada de fracos resultados. Ao contrário, 18 recordes foram quebrados, o público compareceu em número expressivo e houve nível técnico satisfatório em muitas modalidades. Apesar da Lei Seca que vigorava nos EUA, as delegações da França e da Itália argumentaram que precisavam de vinho para se recuperar das competições e porque fazia parte da dieta normal deles; foram atendidos. Participaram desta edição 1332 atletas de 37 países, 126 eram mulheres.

1936 - Berlim – Esta foi a edição mais contestada dos Jogos, até pelas muitas ameaças de boicote de vários países, não concretizadas, que foram justificadas pelas posições contrárias de muitos frente aos ideais nazistas claramente misturados ao próprio evento, que, a bem da verdade, teve uma organização impecável por causa da mobilização do terceiro Reich para tanto, o que incluiu uma maciça participação de inúmeras indústrias alemãs em vários campos da da preparação e da organização da Olimpíada de 1936. A contestação contra o fato de Berlim ser sede do evento foi grande, o que motivou países como os EUA a sugerirem outras sedes e mesmo Jogos alternativos que seriam realizados em Barcelona, os quais foram cancelados devido à Guerra Civil Espanhola. Durante a cerimônia de abertura desfilaram as juventudes hitlerianas. A delegação francesa, ao passar diante de Hitler, levantou o braço em um gesto ambíguo, mais tarde asseguraria que foi uma "saudação olímpica", mas a multidão presente a considerou uma saudação nazista e os aplaudiram. Esta Olimpíada foi vista por muitos como parte da propaganda nazista para celebrar a pretensa superioridade do povo alemão, o que se constituiu um fracasso diante das múltiplas conquistas do atleta negro estadunidense Jesse Owens, ganhador de quatro medalhas de ouro (100m rasos, 200m rasos, revezamento quatro por 100m e salto em distância), o que contrariava todas as teses de superioridade branca e germânica sugeridas em vários momentos desta edição dos Jogos. Mais de quatro milhões de ingressos foram vendidos, o que fez com que a Olimpíada de Berlim fosse um sucesso financeiro, organizacional e de público. Pela primeira vez, as imagens de uma Olimpíada foram transmitidas para 25 televisores gigantescos instalados em vários pontos da cidade sede. Além disso, o Reich encomendou à genial cineasta Leni Riefenstahl a criação de um documentário sobre os Jogos chamado de "Olympia, heróis do estádio". Dentre outras polêmicas, coreanos competiram pelo Japão nesses jogos, em função da ocupação japonesa da Coreia. O Partido Nazista tentou de várias maneiras substituir o membro alemão do COI, Theodore Lewald, por Hans von Taschmmer, pois este era membro do partido e aquele era judeu. Por razões semelhantes, diversos atletas judeus alemães foram impedidos de participar dos Jogos. A Irlanda boicotou essa edição, por considerar injusta a posição do COI a respeito da questão do Estado Livre Irlandês. O Brasil participou com 95 atletas. Participaram 3963 atletas de 49 países, 331 eram mulheres.
"Olympia, heróis do estádio", Leni Riefenstahl.

1940 – A terceira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna previstos primeiramente para Tóquio e depois para Helsinki foi cancelada. Em 1944, em plena Segunda Grande Guerra, não houve países que postulassem seriamente candidaturas, ainda que Londres muito antes tivesse se colocado como pretendente. 


1948 - Londres – Simbolicamente, essa edição dos Jogos foi importante para marcar a volta de um sentimento genuinamente civilizado para um continente devastado pela Guerra, ainda que financeiramente não houvesse condições ideais para realizá-la, tanto que as instalações eram muito precárias e poucos recordes foram superados. A nascente União Soviética não participou dos Jogos. Alemanha, Itália e Japão tiveram a presença muito contestada nessa edição dos Jogos, mas não foram exatamente proibidos de participar, pois a Itália participou, o Japão preferiu não ter representação e a Alemanha foi impedida sob a alegação de que não tinha um governo próprio constituído; isso era um reflexo do recente conflito em que se envolveram e saíram derrotados. Muitos campeões da última Olimpíada morreram na Guerra como o nadador húngaro Ferenc Csik (100 m livre e 4 x 200 m livre) e os alemães Carl Long (salto em distância), Wilhelm Leichum (4 x 100 m), Rudolph Harbig (4 x 400 m) e Hans Woelke (arremesso de peso). Nesses Jogos, houve a primeira deserção de um atleta de uma país comunista para o Ocidente, foi a ginasta checa Marie Provaznikova. Em paralelo aos Jogos, ocorreu a competição que seria o embrião dos Jogos Paralímpicos, que foi um evento organizado por Sir Ludwig Guttman como forma de ajudar na reabilitação dos soldados mutilados na Segunda Grande Guerra. Depois de 28 anos, o Brasil ganha de novo uma medalha, desta vez no basquete. Participaram 4104 atletas de 59 países, 390 eram mulheres.

(Aqui, leia a segunda parte deste artigo.)