domingo, 5 de junho de 2016

Redação - Proposta 2016-37 - cultura do estupro

Leia atentamente os textos abaixo.

Texto 01.
“O que é a cultura do estupro?
O termo foi cunhado na década de 70 por feministas americanas e, de acordo com o Centro das Mulheres da Universidade Marshall, nos Estados Unidos, é utilizado para descrever um ambiente no qual o estupro é predominante e no qual a violência sexual contra as mulheres é normalizada na mídia e na cultura popular.
Ao disseminar termos que denigrem as mulheres, permitir a objetificação dos corpos delas e glamurizar a violência sexual, a cultura do estupro passa adiante a mensagem de que a mulher não é um ser humano, e sim uma coisa. ‘Vivemos em uma sociedade patriarcal que considera que nós mulheres somos ou sujeitos de segunda categoria, ou em alguns casos, que não somos sujeitos e podemos ser utilizadas ou destruídas’, explica Izabel Solyszko, que é professora, assistente social e doutoranda em Serviço Social na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).”

Texto 01.
“O Brasil teve no ano passado ao menos 47.646 estupros. É o que mostram os dados oficiais das secretarias estaduais da Segurança coletados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
O número representa uma queda de quase 7% em relação ao registrado em 2013 (51.090). Ainda assim, equivale a um caso a cada 11 minutos, em média, no país. Os números incluem também os estupros de vulnerável, crime cometido contra menores de 14 anos.
Para a diretora-executiva do fórum, Samira Bueno, não é possível afirmar se houve realmente uma redução no tipo de crime, já que a subnotificação é extremamente elevada no país. ‘É o crime que apresenta a maior taxa de subnotificação no mundo. Então é difícil avaliar se houve de fato uma redução da incidência’, diz.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública acredita que possam ter ocorrido entre 136 mil e 476 mil casos de estupro no Brasil no ano passado. A projeção mais ‘otimista’ está baseada em estudos internacionais, como o National Crime Victimization Survey, que aponta que apenas 35% das vítimas desse tipo de crime prestam queixa. Já a previsão mais 'pessimista' se apoia no estudo ‘Estupro no Brasil: uma radiografia segundo os dados da Saúde', do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que aponta que apenas 10% dos casos chegam ao conhecimento da polícia.
De acordo com Samira Bueno, a possibilidade de uma subnotificação mais acentuada no Brasil fica mais perceptível quando a taxa nacional é comparada à de outros países do mundo, como a Suécia, onde o índice é 150% superior. O índice brasileiro está em 23,5 casos a cada 100 mil pessoas.”

Texto 03.
“Luci era uma donzela de 13 anos que, no século X, vivia em um importante vilarejo com seus pais. Certo dia de verão, ela saiu para ir à feira com uma amiga quando sentiu uma vontade enorme de ir ao banheiro. Sem ter aonde ir, entrou no primeiro casebre do caminho e resolveu fazer xixi por lá mesmo. Foi quando um homem de 35 anos a encontrou e decidiu que a tomaria à força. O rapaz a prendeu dentro da cabana e a violentou: foi tanta brutalidade que Luci ficou toda ensanguentada e com as vestes rasgadas. Quando a menina chegou em casa, seu pai se encheu de desgosto - não podia acreditar que a filha não era mais virgem. Ainda assim, a família decidiu buscar justiça e foi falar com o mandatário local para mandar prender o criminoso. O oficial logo encontrou o acusado que, depois de muito tempo, acabou confessando o crime. Assim, de acordo com a lei da época, o oficial apresentou duas opções para a família: ou o homem ia preso ou assumia a menina e se casava com Luci para resgatar sua ‘honra’. Como o pai da menina não queria mais saber daquela filha impura, mandou ela se casar com seu estuprador. Foi o que aconteceu. No dia seguinte, Luci se mudou para a cabana onde foi violentada, onde passou 11 anos ao lado de seu monstruoso marido. Ele a engravidou por cinco vezes e bateu nela todos os dias enquanto permaneceram casados.
A história seria apenas mais um terrível conto medieval, se eu não tivesse esquecido um "X" na data lá em cima. O caso de Luci não aconteceu no século X, mas no século XX - em 1982, para ser exato. O importante vilarejo era a cidade de Guarulhos, em São Paulo, e Luci é Lucineide Souza Santos, uma cabeleireira de 46 anos que, hoje, está separada de seu estuprador. (E, se você ficou na dúvida: sim, até 2002 existia na lei brasileira a possibilidade de o estuprador não cumprir pena caso ele se casasse com sua vítima.)”

Texto 04.
“ ‘Há mulheres ‘estupráveis’ e não 'estupráveis'. Depende do comprimento da saia.’ Este pensamento cruel nem sempre é dito em voz alta, mas a falta de esclarecimento ainda faz com que muita gente siga sustentando tal argumentação em rodas de amigos e parentes. Identificou-se? Pois saiba que é este um dos pontos da cultura do estupro.
O termo, que ganhou as redes sociais após uma adolescente de 16 anos ter sido violentada por um grupo de homens no Rio de Janeiro (RJ), é um conjunto de conceitos que normaliza o abuso e é o responsável por ideias como a de que uma mulher que opta por uma minissaia está mais vulnerável a uma violência sexual ou está, até mesmo, ‘pedindo’ para que seja assediada.
Em 2014, a internet ferveu com fotos de mulheres com cartazes com a frase ‘Não Mereço Ser Estuprada’ após o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgar um levantamento no qual 26% dos brasileiros concordam inteira ou parcialmente com a frase ‘Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas’. Na mesma pesquisa, 30% dos entrevistados concordam com a ideia de que ‘se as mulheres soubessem se comportar, haveria menos estupros’.
Por sua vez, o levantamento ‘Violência contra a mulher no ambiente universitário’, feito em 2015 pelo Instituto Avon com o Data Popular, mostrou que 27% dos 1.823 universitários entrevistados não consideram violência abusar de uma garota se ela estiver alcoolizada.
‘Isso vem da concepção machista da sociedade de que a mulher existe como um objeto’, diz a representante no Brasil da ONU Mulheres, Nadine Gasman, ao UOL. ‘Uma mulher deveria poder sair nua na rua sem ser tocada, xingada ou estuprada.’.
De acordo com a diretora de conteúdo do Instituto Patricia Galvão, Marisa Sanematsu, uma lógica antiquada de que o homem "não consegue se controlar" é usada para justificar este tipo de pensamento. "É uma noção que diz que os homens são animais com apetite sexual exacerbado e, por isso, a mulher tem que saber se portar e se vestir de maneiras que não estimulem o homem", fala Sanematsu.”

Situação 2016-37A - Dissertação (USP, Unesp, Uniube, etc.)
Faça uma dissertação sobre as razões e as consequências da existência ou da inexistência de uma cultura do estupro no Brasil.

Instruções:
1. Lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da norma padrão da língua portuguesa.
2. A redação deverá ter entre 25 e 30 linhas.
3. Dê um título a sua redação.

Situação 2016-37B – Outros gêneros textuais - manifesto (Unicamp, UEL, etc.)
Faça um manifesto em prol do combate da cultura do estupro no Brasil.

Instruções gerais:
1. Se for o caso do gênero textual em questão, dê um título para sua redação. Ele deverá deixar claro o aspecto da situação escolhida que você pretende abordar.
2. Não copie trechos dos textos motivadores ao fazer sua redação.
3. Quanto ao número mínimo e máximo de linhas e de acordo com o vestibular pretendido, informe qual o vestibular que você irá prestar para que possamos adequar a correção às exigências do concurso escolhido.

Situação 2016-37F - Dissertação (Enem)
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “as implicações da cultura do estupro no Brasil”, apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Instruções Enem:
1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.
3. A redação com até 7 (sete) linhas escritas será considerada “insuficiente” e receberá nota zero.
4. A redação que fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo receberá nota zero.
5. A redação que apresentar proposta de intervenção que desrespeite os direitos humanos receberá nota zero.
6. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.

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