Leia atentamente os textos abaixo.
Texto 01.
“morte no século XXI é vista como tabu, interdita,
vergonhosa; por outro lado, o grande desenvolvimento da medicina permitiu a
cura de várias doenças e um prolongamento da vida. Entretanto, este
desenvolvimento pode levar a um impasse quando se trata de buscar a cura e
salvar uma vida, com todo o empenho possível, num contexto de missão
impossível: manter uma vida na qual a morte já está presente. Esta atitude de
tentar preservar a vida a todo custo é responsável por um dos maiores temores
do ser humano na atualidade, que é o de ter a sua vida mantida às custas de
muito sofrimento, solitário numa UTI, ou quarto de hospital, tendo por
companhia apenas tubos e máquinas. É neste contexto que surge a questão: é
possível escolher a forma de morrer? Observa-se o desenvolvimento de um
movimento que busca a dignidade no processo de morrer, que não é o apressamento
da morte, a eutanásia, nem o prolongamento do processo de morrer com intenso
sofrimento, a distanásia.”
Texto 02.
“A poltrona preta no fim do corredor está vazia. Há uma
calmaria incomum pela casa e uma inquietação profunda dentro do peito. Não há
copos de leite tampados sobre a mesa da copa. Nem de café. Nenhuma cinza de
cigarro suja o chão. Ninguém está ali para reclamar de bobagens. Nem pra
debater com o fervor que uma boa discussão merece. O frio, agora, vai parecer
menos intenso para tantos cobertores dobrados no armário. O sol do quintal não
será refúgio. A batida forte no portão não provocará qualquer corrida à janela.
Da rua, o olhar direcionado à sacada da casa agora é triste. Ninguém mais acena
de lá com as mãos. E as primeiras notícias da manhã, descritas nos jornais
recém-jogados pelo entregador, já não virão do mesmo portador.
Assim vão passando os dias... Apesar de parecem lentos,
suas horas seguem impiedosas e mostram que já faz um mês. Vão passar dois, três
e sabe-se lá quantos meses mais. O tempo não para nem espera as dores cessarem.
Em alguns momentos, ele não é gentil o bastante para aguardar a tristeza
transformar-se em saudade, como dizem por aí. Tampouco paciente. O tempo é como
as pessoas, sempre correndo. Com ele, na mesma batida, seguem, então, novos e
velhos hábitos. Reinvenções. E se adapte quem quiser, quem puder. Ou quem for
forte.
A morte, senhora dos destinos, é certeira e certeza. Leva
quem tem que levar. Dia desses foi meu velho pai. Amanhã, quem vai saber... A
quem fica, além da ruptura dolorosa, ela oferece a chance de pensar e repensar
sobre a vida. A danada te dá um soco na cara, te derruba no chão, te reduz de
forma devastadora. Depois, delicadamente, pergunta se você está bem, se está
amando o suficiente e como pretende seguir. Antes de sumir, lembra que irá
voltar sem data marcada. E sempre deixa o alerta de que tudo passa
rapidamente.”
Texto 03.
“Libertação
A morte é a libertação total:
A morte é quando a gente pode, afinal, estar deitado de
sapato.” (Mario Quintana)
Texto 04.
“É a Morte — esta carnívora assanhada —
Serpente má de língua envenenada
Que tudo que acha no caminho, come...
— Faminta e atra mulher que, a 1 de janeiro,
Sai para assassinar o mundo inteiro,
E o mundo inteiro não lhe mata a fome!” (Augusto dos
Anjos, “Poema negro”)
Texto 05.
“O tratamento que cada país oferece ao direito de morrer
com dignidade revela as marcas impressas em seu povo pelo seu peculiar processo
de desenvolvimento histórico e cultural. E nem poderia ser diferente.
Encarando a realidade brasileira e a nossa jovem
democracia, talvez seja o momento de tratar os assuntos que revolvem valores
históricos e religiosos, profundamente arraigados, com o merecido debate
público e uma deliberação mais democrática, de preferência sob a forma de
plebiscito. Até porque é preciso chegar-se a um meio termo ético que fuja das
convicções pessoais ou daquelas de determinados setores isolados da sociedade.
O assunto merece uma maturação melhor antes de ser passado à letra da lei.
As novas disposições sobre eutanásia, mesmo numa visão
mais liberal, não podem ser simplistas como desejam os juristas pátrios a
compor o anteprojeto do novo Código Penal, tendo em vista os perigos inerentes
à prática, como, por exemplo, o uso da eutanásia a pretexto de descendentes
aniquilarem ascendentes no afã de se apropriar de seus bens. Ou ainda, a
temeridade de se abrir espaços para uma máfia de tráfico de órgãos atuante nos
hospitais brasileiros. Não há espaço para a inocência.”
Texto 06.
“Não se pode olhar de frente nem o Sol nem a morte",
afirmou La Rochefoucauld no século XVII. Olhar o Sol ofusca a vista; encarar a
morte perturba a vida. Assim o pensador francês acredita que vida e morte se
acham completamente separadas.
Mas os antigos pensavam de outro modo. Tanto é que
entendiam a Filosofia como uma longa meditação sobre a morte. Preocupar-se em
morrer, julgava Platão na Grécia do século IV a.C., era uma boa via para
filosofar. Em seu diálogo Fédon, ele retrata Sócrates na prisão, à espera do
momento em que terá de beber a cicuta. Rodeado de amigos, com eles Sócrates
debate sobre uma questão que se faz presente e se mostra inadiável: a morte.
(...)
Na Antiguidade greco-romana, de várias formas, a morte
aparece imbricada à vida. O filósofo Michel Serres bem mostra que, no
paganismo, se está diante de outra maneira de pensar, agir e sentir. Ele faz
ver que, etimologicamente, o termo pagão (em latim, paganus, que significa camponês) provém do vocábulo latino pagus,
que deu origem também às palavras país e paisagem. Pagus queria dizer campo de
lavoura; e tanto podia designar um campo de trigo como um pedaço de vinhedo ou
uma pequena horta.
Cada pagus, cada campo de lavoura, possuía algo sagrado:
o espírito que o governava; e este era o ancestral que nele havia sido
enterrado. Isso garantia que determinado pagus fosse propriedade de determinada
família, mas também assegurava que este pagus constituísse o lugar dos ritos
que essa família realizava.
Enterrar os corpos dos seres amados tornava a terra
sagrada; em contrapartida, devolver à terra os corpos dos ancestrais fazia que
eles mesmos se tornassem sagrados, pois se acreditava que o homem (termo que
deriva do latim homo) era nascido da terra. Nessa época, era costume construir
as casas ao lado dos túmulos; era habitual entender a vida e a morte como
intimamente ligadas.”
Situação
2015-62A - Dissertação (USP, Unesp, Uniube, etc.)
Faça uma
dissertação sobre os motivos que possam explicar a dificuldade e mesmo a fobia tão
comum na sociedade ocidental em relação à morte, em especial, na brasileira.
Instruções:
1. Lembre-se de
que a situação de produção de seu texto requer o uso da norma padrão da língua
portuguesa.
2. A redação
deverá ter entre 25 e 30 linhas.
3. Dê um título
a sua redação.
Situação
2015-62B – Outros gêneros textuais - Relato (UFU, Unicamp, UEL, etc.)
Escreva um
relato sobre as experiências de alguém que tenha perdido uma pessoa querida
recentemente.
Instruções gerais:
1. Se for o caso
do gênero textual em questão, dê um título para sua redação. Esse título deverá
deixar claro o aspecto da situação escolhida que você pretende abordar.
3. Se a
estrutura do gênero selecionado exigir assinatura, escreva, no lugar da assinatura:
José ou Josefa. Em hipótese alguma escreva seu nome, pseudônimo, apelido, etc.
na folha de prova.
4. Utilize
trechos dos textos motivadores (da situação que você selecionou) e
parafraseie-os.
5. Não copie
trechos dos textos motivadores ao fazer sua redação.
6. Quanto ao
número mínimo e máximo de linhas e de acordo com o vestibular pretendido,
informe qual o vestibular que você irá prestar para que possamos adequar a
correção às exigências do concurso escolhido.
Situação 2015-62C - Carta argumentativa (UFU, Unicamp,
UEL, etc.)
Escreva uma carta argumentativa para um político que
julgar pertinente a fim de convencê-lo a defender a sua posição sobre uma
possível legalização da eutanásia no Brasil.
Situação 2015-62D – Artigo de opinião (UFU, Unicamp,
UEL, etc.)
Faça um artigo de opinião em que você comunique a sua
posição sobre a legalização da eutanásia no Brasil.
Situação 2015-62E – Editorial (UFU, Unicamp, UEL,
etc.)
Faça um editorial sobre as seguintes questões:
Uma pessoa deve ter o direito de decidir sobre sua
própria morte?
É ético e razoável alguém planejar a própria morte?
Instruções UFU:
1. Após a
escolha de uma das situações, assinale sua opção no alto da folha de resposta
e, ao redigir seu texto, obedeça às normas do gênero selecionado.
2. Se for o
caso, dê um título para sua redação. Esse título deverá deixar claro o aspecto
da situação escolhida que você pretende abordar.
3. Se a
estrutura do gênero selecionado exigir assinatura, escreva, no lugar da
assinatura: JOSÉ OU JOSEFA. Em hipótese alguma escreva seu nome, pseudônimo,
apelido, etc. na folha de prova.
4. Utilize
trechos dos textos motivadores (da situação que você selecionou) e
parafraseie-os.
5. Não copie
trechos dos textos motivadores, ao fazer sua redação.
6. Mínimo de 25
e máximo de 30 linhas.
7. ATENÇÃO: se
você não seguir as instruções da orientação geral e as relativas ao tema que
escolheu, sua redação será penalizada.
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