Caras e caros,
Eis os textos da semana, espero que os aproveitem bem, em especial o poema de Konstantinos Kaváfis, que tanto diz sobre o tempo em que vivemos de "bárbaros" tão próximos e tão vorazes.
Indicação 01.
Indicação 02.
Crédito: Paul Hansen, fotojornalista sueco. Ganhador do prêmio World Press Photo 2013.
Nota: "a foto acima foi feita em novembro de 2012, na cidade de Gaza, onde ele congelou a imagem de um grupo de indivíduos que levavam até a mesquita os corpos de dois sobrinhos de 2 e 3 anos de idade, mortos em casa por um míssil israelense."
Fonte: http://www.hypeness.com.br/2013/02/conheca-o-vencedor-e-os-finalistas-do-world-press-photo-2013/
Indicação 03.
Vermeer, Johannes (1632-1675) pintor holandês barroco - 1655-66 - óleo sobre tela - Moça com brinco de pérola.
Nota: também chamado de "Monalisa holandesa", este importante quadro do mestre Vermeer tem origem nebulosa, já que ele surge apenas em 1881 em um Leilão em Haia, Holanda. Esta delicada e sensível composição de um rosto feminino contrasta com a espécie de turbante exótico, ambos destacados pelo fundo negro da pintura.
Indicação 04.
À espera dos bárbaros
Konstantinos Kaváfis
O que esperamos na ágora reunidos?
É que os bárbaros chegam hoje.
Por que tanta apatia no senado?
Os senadores não legislam mais?
É que os bárbaros chegam hoje.
Que leis hão de fazer os senadores?
Os bárbaros que chegam as farão.
Por que o imperador se ergueu tão cedo
e de coroa solene se assentou
em seu trono, à porta magna da cidade?
É que os bárbaros chegam hoje.
O nosso imperador conta saudar
o chefe deles. Tem pronto para dar-lhe
um pergaminho no qual estão escritos
muitos nomes e títulos.
Por que hoje os dois cônsules e os pretores
usam togas de púrpura, bordadas,
e pulseiras com grandes ametistas
e anéis com tais brilhantes e esmeraldas?
Por que hoje empunham bastões tão preciosos
de ouro e prata finamente cravejados?
É que os bárbaros chegam hoje,
tais coisas os deslumbram.
Por que não vêm os dignos oradores
derramar o seu verbo como sempre?
É que os bárbaros chegam hoje
e aborrecem arengas, eloqüências.
Por que subitamente esta inquietude?
(Que seriedade nas fisionomias!)
Por que tão rápido as ruas se esvaziam
e todos voltam para casa preocupados?
Porque é já noite, os bárbaros não vêm
e gente recém-chegada das fronteiras
diz que não há mais bárbaros.
Sem bárbaros o que será de nós?
Ah! eles eram uma solução.
Nota: o poema trata magistralmente sobre o quanto nos reconhecemos e mesmo damos razão a nossa existência por meio do outro e quanto mais estranho e "perigoso" ele for, melhor. Somos, portanto, o que o outro causa e determina em nós. Somos menos eu e mais eles. Somos os nossos próprios e reais bárbaros.
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