O texto jornalístico é por
excelência fundado na função referencial da linguagem, porque, na maioria das
vezes, deve ser objetivo, imparcial e denotativo. A linguagem jornalística utiliza
a variante padrão da língua, ainda que sem uso de termos eruditos ou
requintados, ao contrário, busca-se o texto acessível e fácil de ser lido.
Neles, são construídos geralmente períodos e parágrafos curtos, particularmente
na confecção de notícias. Eis alguns conceitos e exemplos de textos jornalísticos
em prosa para estudo e comparação.
1 - Artigo
jornalístico, artigo de opinião ou texto de opinião - é um texto opinativo normalmente assinado e muito
assemelhado estruturalmente à dissertação, ainda que permita algumas liberdades
linguísticas impossíveis em um texto dissertativo científico. Por ser atribuído
a uma pessoa, comunica um ponto de vista particular acerca de um assunto.
Objetivo –
comunicar a opinião particular de um articulista contratado por veículo de
comunicação contratado pela relevância dessa pessoa para um determinado grupo
de pessoas.
Estrutura –
dissertativa-argumentativa.
Argumentação –
pode ser construída de diversas maneiras, desde abordagens mais científicas e
fundadas em estatísticas e discursos de autoridade até formas mais
personalistas em que experiências pessoais, viagens, vivência profissional,
etc., possam ser usadas para defender uma tese a respeito de um assunto atual e
normalmente de alta relevância midiática.
Pessoa do discurso
– 1ª pessoa do singular é obrigatória para explicitar o aspecto personalista do
discurso e da argumentação do texto.
Linguagem –
clara, objetiva e adequada às normas gramaticais por padrão, ainda que se
aceite pontualmente o uso de expressões como gírias, coloquialidades e
oralidades como forma de personalizar o discurso do articulista. Verbos
predominantemente no presente do indicativo.
Máscara –
obrigatória e qualificadora (“como médico”).
Assinatura – exigida.
Texto 01. (redação de aluno)
Estado laico: uma necessidade
O Estado
laico tem sido nos últimos anos uma discussão frequente em algumas esferas sociais
em função de decisões do Superior Tribunal Federal (STF) em favor do direito ao
aborto de anencefálicos e da união civil entre homossexuais. Como antropólogo,
entendo que ainda deve ser considerada a atuação nada laica de políticos de
bancadas religiosas na Câmara Federal contra os interesses da maioria da
população. Por isso, defendo a necessidade da reafirmação de um pacto civil em
defesa da laicidade do Governo.
Essa
defesa sustenta-se não só no fato de muitos países tornados teocracias terem
tido perdas significativas de garantias presentes na Declaração Universal dos
Direitos Humanos, mas também no fato de haver perda considerável na diversidade
de ideias artísticas, políticas e, evidentemente, religiosas, quando um Estado
deixa de ser laico. Afirmo isso porque a laicidade de instituições é uma defesa
vigorosa da liberdade religiosa, pois, via de regra, todo estado laico de fato
é multireligioso como ainda é o caso do Brasil.
Defender
esse estado laico é, dessa forma, uma forma de defender a liberdade religiosa,
que, apesar de não ser uma pessoa religiosa, entendo ser uma conquista das
sociedades democráticas que deve ser defendida por todos. Vejo essa questão
assim pois reconheço o quanto que a diversidade religiosa é influente no campo
das artes, dos costumes, da gastronomia, etc., ou seja, suprimi-la seria o
mesmo que suprimir um dos principais geradores de manifestações culturais que
se tem notícia. Seria indiscutivelmente um golpe duro contra várias etnias e
culturas, contra milhões de pessoas e contra a cultura brasileira.
Logo,
defendo o Estado laico não por ser contra quaisquer religiões, mas, ao
contrário, por defendê-las como um direito de escolha de todas as pessoas, para
que possamos continuar a ter um país marcado por tradições democráticas,
diversidade cultural e liberdade de pensamento e expressão.
Texto 02.
Ele não sabe o que faz
Ruth de Aquino
Mais um assassino covarde tira proveito da lei
paternalista no Brasil, que considera os menores de 18 anos incapazes de
responder criminalmente por seus atos. Como não sentir vergonha diante dos pais
do universitário Victor Hugo Deppman, assaltado e morto na calçada de casa em
São Paulo? Como convencê-los a se conformar com o Estatuto da Criança e do
Adolescente, que protege o homicida de 17 anos que deu um tiro na cabeça de seu
filho após roubar seu celular? Como conviver com a perda brutal de um filho e
saber que seu algoz será internado por no máximo três anos porque “não sabia o
que estava fazendo”?
Não consigo enxergar jovens de 16 anos como
“adolescentes” ou “menores”. Eles votam, fazem sexo, chegam em casa de
madrugada ou de manhã. Por que considerá-los incapazes de discernir o certo do
errado? Ao tornar jovens de 16 anos responsáveis por seus atos diante da
Justiça, o objetivo não é encarcerar todos os delinquentes dessa idade, mas,
quem sabe, reduzir os crimes hediondos juvenis. A mudança na lei reforçaria o
status que eles próprios já reivindicam em casa diante dos pais: “Eu não sou
mais criança”. E não é mesmo.
Para quem argumenta que de nada adiantará reduzir a
maioridade penal para 16 anos, respondo com uma pergunta: longas penas para
assassinos adultos acabam com o crime bárbaro? Não, claro. Então, vamos acabar
com as cadeias porque elas são custosas e inócuas? Não, claro. Longas penas
servem para reduzir a impunidade e dar às famílias de vítimas a sensação de que
foi feita justiça. Não se trata de “vingança”. É um ritual civilizatório.
Matou? E ainda por cima por motivo torpe? Tem de pagar.
Um argumento popular contra a redução da maioridade penal
para 16 anos é: e se um adolescente de 14 ou 15 anos matar alguém, mudaremos de
novo a legislação? Sempre que escuto isso, lembro um caso na Inglaterra, em
1993. Dois garotos ingleses de 10 anos foram condenados à prisão perpétua por ter
mutilado e matado um menino de 2 anos. A repercussão foi tremenda. Os
assassinos foram soltos após oito anos de prisão. Mas não foram tratados com
benevolência no julgamento. O recado para a sociedade era claro: não se passa a
mão na cabeça de quem comete um crime monstruoso. Mesmo aos 10 anos de idade.
Outro argumento comum no Brasil contra a redução da
maioridade penal afirma que só com boa educação e menos desigualdade social
poderemos reduzir a criminalidade juvenil. Essa é uma verdade parcial. Há
muitos países pobres em que jovens assaltam, mas não matam por um celular ou
uma bicicleta. Eles têm medo da punição, medo da Justiça. Também acho injusto
atribuir aos pobres uma maior tendência ao crime bárbaro. Tantos ricos são
bandidos de primeira grandeza... Melhorar a educação e reduzir a pobreza são
obrigações. Isso não exclui outra obrigação nossa: uma sociedade que valoriza a
vida e a honestidade precisa acabar com a sensação de que o crime compensa.
Para menores e maiores de 18 anos.
Os filósofos de plantão que nunca perderam o filho num
assalto apelam à razão. Dizem que não se pode legislar sob impacto emocional.
Ah, sim. Quero ver falar isso diante de Marisa e José Valdir Deppman, pais
enlutados de Victor Hugo, que ouviram o tiro de seu apartamento, no 9o andar.
Uma família de classe média que livrou o filho da asma com plano de saúde
privado e investiu com esforço em seus estudos. A mãe falava com Victor Hugo
todos os dias pelo celular. “Eu sempre falava para ele não reagir, porque a
vida não vale um celular ou um carro. Ele não reagiu, mas foi morto. Estou
estraçalhada por dentro.”
Victor Hugo, o Vitão, era santista fanático, um dos
artilheiros do “Inferno vermelho”, apelido do time da Faculdade Cásper Líbero,
onde estudava rádio e TV. Sonhava em virar locutor esportivo e estava
apaixonado. A câmera do prédio mostra o momento em que sua vida acabou. Mostra
a covardia do rapaz, cujo nome nem pôde ser divulgado por ser “inimputável”. Na
sexta-feira passada, o assassino de Vitão, infrator conhecido na Febem,
completou 18 anos.
Seu futuro pode ser o mesmo do menor E., que, aos 16
anos, ajudou a matar no Rio de Janeiro, em 2007, o menino João Hélio. Ele
pertencia ao bando que arrastou João Hélio pelas ruas, pendurado na porta de um
carro que havia sido roubado de sua mãe. Após três anos numa instituição para
jovens infratores, foi libertado. A Justiça o incluiu temporariamente num
programa de proteção a adolescentes ameaçados de morte, o PPCAAM. Ridículo.
Ezequiel Toledo de Lima foi preso em março de 2012, aos 21 anos, por posse
ilegal de arma, tráfico e corrupção ativa. Ezequiel não tinha antecedentes
criminais como adulto – apesar de ter matado com requintes de crueldade um
menino de 6 anos. É ou não é uma inversão total de valores?
Texto 03. (redação de aluno)
A importância d’água para a espécie humana
A água
tem vital importância para os seres humanos, além de nos nutrir, precisamos
dela para várias ocasiões, como no transporte e na obtenção da caça e da pesca.
Porém, a sociedade moderna vem poluindo os rios, destruindo recursos hídricos
que causam um desequilíbrio no meio ambiente e preocupam grande parcela da
comunidade científica da qual faço parte.
Os
indivíduos urbanos como eu tem geralmente pouco conhecimento sobre a
preservação da água, por pensarem que esta é uma riqueza inesgotável. A falta
de saneamento básico também contribui para a poluição dos rios. Outra forma de
poluição seria a mineração, que utiliza produtos químicos, poluentes d’água,
como mercúrio. Estas águas contribuem para a mortalidade infantil.
Muitos
das grandes partes do mundo sofrem com a desertificação que atinge 70% das
terras secas do planeta. Países cujas reservas de água são mínimas sofrem com
sua escassez. Na África, milhões de famílias precisam percorrer longas
distâncias para achar água e carregá-las. A principal causa desta questão não é
só a irradiação de reservas hídricas, mas também o desmatamento das matas
ciliares.
Embora o
Brasil e a América do Sul estejam entre as terras com maior disponibilidade de
água, sua distribuição é muito desigual, com a maior parte, no caso brasileiro,
concentrada na região amazônica, onde está a menor fatia da população.
A
agricultura responde hoje por mais de 70% do consumo de água no mundo e no
Brasil. A produção de alimentos já é realizada com abuso d’água, as áreas de
grãos, por exemplo, está exigindo mil toneladas de água, mais do que uma
família de classe media nos Estados Unidos.
Observamos,
que o maior beneficio pela abundância em água do planeta é na atividade pesqueira,
nos transportes marítimos e fluviais, possíveis graças à disponibilidade
natural, tomando por base os parâmetros da conjuntura atual. A formação de uma
Contracultura baseada na utilização consciente da natureza a fim de um colapso
no sistema de distribuição e utilização da água, para a perpetuação da espécie
humana.
O suicídio incentivado pela internet
No atual
mundo moderno e globalizado, a era digital é amplamente incluída na vida dos
jovens de diferentes classes sociais. Houve uma disseminação da cultura de
páginas na internet de conversação on line, em que há uma grande facilidade de
comunicação e trocas de informações. Por conseguinte, tenho lido com cada vez
mais frequência sobre suicídios estimulados por conversas na internet.
Um problema
alarmante de âmbito mundial, têm preocupado familiares e autoridades públicas.
Um dos primeiros casos foi registrado na Grã-Bretanha em 2001, de um garoto de
18 anos, que na ausência dos pais, acessou “sites” que davam ênfase nas formas
de suicídio. Na frente das câmeras de seu computador, morreu agonizando-se em
overdose. E desde então tem se tornado um modismo entre os jovens do mundo
todo, abrangendo todas as classes sociais. Essas situações são cada vez mais
comuns, penso eu, porque suas vidas são expostas na rede e estimulados ao ato
cruel do suicídio.
É
preocupante algo como o uso da internet, possa causar um estrago em nível
mundial, o que, como filósofo, tenho temido. A influência desta na vida de
pessoas mais vulneráveis é uma grande e crescente evolução no sentido
pejorativo. Impreterivelmente, atitudes negativas são propagadas numa grande
velocidade, quando que não quem discuta o contrário, na tentativa persuasiva da
mudança de opinião. O que acontece é justamente o oposto, os internautas incentivam
o acontecimento tráfico da morte.
Acontecimentos
como estes, aterrorizam os pais, familiares e as autoridades. Perante uma
atrocidade como esta, quase nada pode ser feito para a amenização ou
erradicação de tal situação.
Texto 05. (redação de aluno)
Profissão e tempo livre: questões de escolha
Uma pergunta que é feita a crianças com frequência é:
"o que você quer ser quando crescer?". De acordo com a minha
experiência de terapeuta de crianças, isso ocorre porque a sociedade atual
valoriza tanto o trabalho que é comum as pessoas serem socialmente classificadas
de acordo com a profissão que exercem. Por isso, desde a infância, todos nós
geralmente somos estimulados a almejar uma carreira. Contudo, muitas vezes,
para fazer a escolha, a maioria leva em consideração apenas a ocupação que será
exercida, e, em alguns casos, a remuneração e o "status" do cargo.
Porém, penso que é necessário ponderar outro fator importante: a profissão
escolhida favorecerá a existência de tempo livre para a vida pessoal?
Existem ofícios em que o horário de trabalho é pré-estabelecido
e fixo. Nesses casos, a conciliação de trabalho e tempo livre não costuma gerar
muitas dificuldades. Porém, mesmo nessas profissões, há casos em que clientes,
patrões e até colegas de trabalho, não respeitam tais limites e podem fazer com
que o trabalhador exerça sua função em horários que não são programados. Para
evitar isso, é necessário que o indivíduo saiba exigir seus direitos, e
trabalhe somente dentro do horário de serviço para que possa cumprir o tempo
livre com lazer, descanso e dedicação à vida pessoal.
Porém, existem algumas profissões em que há a necessidade
de dedicação em tempo integral, como a área médica, seja ela veterinária ou
humana. Nesses casos, ao optar pela carreira, é preciso considerar que a
escolha implicará em situações nas quais a vida profissional poderá se sobrepor
à vida pessoal. E, escolhida alguma dessas profissões, será necessário usar o
bom senso para lidar com cada situação. Por exemplo, uma mãe que liga para o
pediatra em um domingo de madrugada, apenas porque a criança caiu da cama e
esfolou o joelho, não costuma ser uma circunstância crítica. Logo, nem sempre
uma ligação recebida em horário inusitado será necessariamente uma emergência.
Nesses casos, o profissional deve orientar a pessoa que espere até o horário
normal de atendimento, e que retorne a ligar fora dele apenas se ocorrer algo
grave de fato.
Portanto, cada profissão possui diferentes exigências de
dedicação. Assim, algumas possibilitarão maior tempo livre que outras. De
qualquer forma, para que se consiga conciliar o trabalho com tempo livre, é
preciso usar a ponderação e também saber exigir que as horas livres que forem
possíveis àquela carreira sejam respeitadas.
2 - Editorial - também chamado artigo de fundo, é um texto tipicamente
jornalístico que exprime a opinião de um veículo de informação. Em geral, é
escrito pelo redator-chefe e publicado nas primeiras páginas de revistas ou
jornais, e ele nunca é assinado por exprimir uma espécie de opinião
institucional de um determinado jornal, por exemplo.
Objetivo –
comunicar a opinião institucional de um veículo de comunicação e buscar a
adesão do leitor à posição defendida ao longo do editorial.
Estrutura –
dissertativa-argumentativa (ainda que seja interessante justificar a razão do
assunto abordado no editorial pelo destaque dado no veículo de comunicação.).
Argumentação –
normalmente, mais branda do que num artigo de opinião, por causa das
implicações institucionais e jurídicas de um editorial que culpe ou julgue
alguém sem provas ou fundamento.
Pessoa do discurso
– ainda que historicamente seja comum encontrar editoriais em 1ª pessoa do
plural, no caso da UFU, exige-se o uso de uma linguagem impessoal, portanto em
3ª pessoa.
Linguagem –
clara, objetiva e adequada à norma padrão. Verbos predominantemente no presente
do indicativo. É desaconselhável o uso de gírias, coloquialidades e oralidades
mesmo entre aspas.
Máscara –
obrigatória e institucional (“este jornal”).
Assinatura –
proibida, tal como é praxe nos jornais diários.
Texto 01.
Editorial:
De quem é a culpa?
O nosso
tempo é o da diluição, é o da vida em rede, é o da mobilização social
espontânea e instantânea, é o tempo das reivindicações inocentemente apartidárias.
Neste contexto, este jornal entende e assume a obrigação de se posicionar
diante de tais fatos pelo risco que eles representam para a democracia, a
liberdade de expressão, o direito à manifestação e a liberdade de imprensa.
Sobre as
razões para tudo que os brasileiros têm vivido de bom ou ruim nos últimos meses
ligados a manifestações, é importante entender que Black Blocs, mortes
violentas, destruição repetida de patrimônio público e particular, etc., são na
verdade antes de tudo produto do imobilismo político; da incapacidade dos
Governos darem respostas às muitas críticas da maioria da população à qualidade
precária dos serviços públicos, dos gastos faraônicos com a Copa, etc.; da
crise de representatividade; e da corrupção generalizada. Todavia, nada disso
justifica os mortos e os feridos que se somam entre alvejados por rojões;
atropelados em fuga da repressão policial; acometidos pelo gás lacrimogênio,
pelas balas de borracha ou pelas bombas de efeito moral; feridos em cumprimento
de ordens e do trabalho de policial.
São
todos vítimas de uma elite econômica e política que não tem mais lugar no
Brasil, não por conta da ascensão de uma esquerda revolucionária que jamais
esteve no poder no Brasil e jamais estará, mas por ser uma classe que parece incapaz
de responder aos anseios mínimos da população e tampouco calá-la por meio da
repressão ideológica, institucional, velada ou mesmo policial. A elite que
comanda o Brasil é um anacronismo, uma oligarquia saudosa de tempos mais
“fáceis” quando as cidades eram bem divididas entre os ricos e os pobres que
moravam bem distantes uns dos outros, que locais públicos como shoppings não
eram tomados por “rolezinhos”, que aviões eram um meio de transporte de luxo,
etc.
Portanto,
este jornal, não desresponsabiliza o cidadão que escolheu acender um rojão que
matou um cinegrafista trabalhando, não defende Black Blocs como se fossem uma
expressão legítima da revolta do povo e não defende a PM em ações nas quais
atua de forma indiscriminada e violenta de acordo com a herança repressora de
outros tempos. Por outro lado, não se deve simplificar a complexa situação
social de nosso país com juízos maniqueístas, pouco informados e
fundamentalistas que nada contribuem para que o Brasil seja de fato um país
democrático, laico e justo socialmente.
Texto 02.
Editorial – Rede Globo
Não é só a imprensa que está
de luto com a morte do nosso colega da TV Bandeirantes Santiago Andrade. É a
sociedade.
Jornalistas não são pessoas
especiais, não são melhores nem piores do que os outros profissionais. Mas é
essencial, numa democracia, um jornalismo profissional, que busque sempre a
isenção e a correção para informar o cidadão sobre o que está acontecendo. E o
cidadão, informado de maneira ampla e plural, escolha o caminho que quer seguir.
Sem cidadãos informados não existe democracia.
Desde as primeiras grandes
manifestações de junho, que reuniram milhões de cidadãos pacificamente no
Brasil todo, grupos minoritários acrescentaram a elas o ingrediente desastroso
da violência. E a cada nova manifestação, passaram a hostilizar jornalistas
profissionais.
Foi uma atitude autoritária,
porque atacou a liberdade de expressão; e foi uma atitude suicida, porque sem
os jornalistas profissionais, a nação não tem como tomar conhecimento amplo das
manifestações que promove.
Também a polícia errou - e
muitas vezes. Em algumas, se excedeu de uma forma inaceitável contra os
manifestantes; em outras, simplesmente decidiu se omitir. E, em todos esses
casos, a imprensa denunciou. Ou o excesso ou a omissão.
A violência é condenável
sempre, venha de onde vier. Ela pode atingir um manifestante, um policial, um
cidadão que está na rua e que não tem nada tem a ver com a manifestação. E pode
atingir os jornalistas, que são os olhos e os ouvidos da sociedade. Toda vez
que isso acontece, a sociedade perde, porque a violência resulta num
cerceamento à liberdade de imprensa.
Como um jornalista pode colher
e divulgar as informações quando se vê entre paus e pedras e rojões de um lado,
e bombas de efeito moral e bala de borracha de outro?
Os brasileiros têm o direito
de se manifestar, sem violência, quando quiserem, contra isso ou a favor
daquilo. E o jornalismo profissional vai estar lá - sem tomar posição a favor
de lado nenhum.
Exatamente como o nosso colega
Santiago Andrade estava fazendo na quinta-feira passada. Ele não estava ali
protestando, nem combatendo o protesto. Ele estava trabalhando, para que os
brasileiros fossem informados da manifestação contra o aumento das passagens de
ônibus e pudessem formar, com suas próprias cabeças, uma opinião sobre o
assunto.
Mas a violência o feriu de
morte aos 49 anos, no auge da experiência, cumprindo o dever profissional.
O que se espera, agora, é que
essa morte absurda leve racionalidade aos que contaminam as manifestações com a
violência. A violência tira a vida de pessoas, machuca pessoas inocentes e
impede o trabalho jornalístico, que é essencial - nós repetimos - essencial
numa democracia.
A Rede Globo se solidariza com
a família de Santiago, lamenta a sua morte, e se junta a todos que exigem que
os culpados sejam identificados, exemplarmente punidos. E que a polícia
investigue se, por trás da violência, existe algo mais do que a pura
irracionalidade.
Texto 03.
3 - Notícia - texto narrativo e expositivo - de caráter
informativo e pretensamente neutro - desenvolvido sobre quaisquer assuntos de
forma imparcial em função do interesse que podem potencialmente provocar nos
leitores de um jornal. É publicada nos mais variados veículos de informação,
tais como jornais, revistas, zines, “sites”, etc. A linguagem da reportagem é
direta, clara e objetiva, com o intuito de permitir fácil leitura e assimilação
da informação. Geralmente, contém citação de falas dos envolvidos, as quais se
integram ao texto do próprio jornalista.
Características principais da
notícia em vestibulares:
1. Esse
gênero é axiomático, ou seja, afirma-se como verdadeiro;
2. O
jornalista não argumenta, somente expõe os fatos;
3. Predomínio
da 3ª pessoa;
4. Verbos
no passado;
5. Título
no presente;
6. Texto
sintético com orações e períodos escritos preferencialmente curtos e na ordem
direta;
7. Pode
ter a presença de um discurso citado, que é a reprodução da fala da pessoa
envolvida (discurso direto), ou de um discurso reportado, que significa o
relato da fala feito pelo jornalista (discurso indireto).
8. A
paráfrase exigida pela UFU nos gêneros textuais do vestibular deve ter ao menos
2 linhas.
Estrutura textual
• Manchete: título principal do
assunto;
• “Olho da notícia”: é uma espécie de
pequeno texto, que pode funcionar como subtítulo. Essa estrutura não é
obrigatória neste gênero;
• “Lead” (Lide): é o primeiro parágrafo
da notícia e deve conter uma síntese do que há de maior importância no
acontecimento, desenvolvendo também as informações da manchete. Nele são
respondidas invariavelmente questões como: quem? O quê? Quando? Onde? Como? Por
quê?;
• Sublide: é o parágrafo seguinte ao
lide. Ele continua a dar as informações mais importantes para a compreensão do
fato que virou notícia;
• Corpo: é necessário mostrar os
efeitos e consequências do fato narrado, no entanto isso deve ser feito de
forma breve e objetiva. Além disso, nesse momento é fundamental a citação das
partes envolvidas no evento noticiado com igual espaço e abordagem para
garantir a imparcialidade da notícia. A presença das falas de testemunhas na
notícia pode ser também importante;
• Assinatura: esse gênero textual pode
ser assinado - caso venha orientações na prova para isso - ainda que seja muito
pouco observado esse comportamento nos veículos regulares e de maior
visibilidade da imprensa brasileira.
Exemplos:
Texto 01.
Macaco invade casa próxima a
zoológico em Guarulhos
Animal
ficou sobre cortina da sala e depois subiu escada.
Ele fugiu
pela janela do banheiro e desapareceu.
Uma família que mora em Guarulhos,
na Grande São Paulo, levou um susto neste domingo (9) depois do almoço: um
pequeno macaco entrou no imóvel, que fica próximo ao zoológico da cidade.
Quando os bombeiros chegaram, o
animal estava na sala, sobre a cortina. Foram várias tentativas de captura, mas
nada deu certo. Até que o macaquinho pulou e assustou o cinegrafista amador que
fazia as imagens.
O animal subiu pela escada, foi
parar no andar de cima da casa e conseguiu sair pela janela do banheiro.
Depois, andou pelo telhado e pelo muro das casas vizinhas até desaparecer.
(G1 SP -
10/01/2011 06h57 - Atualizado em 10/01/2011 08h00)
Texto 02.
Menina morre asfixiada dentro de
carro no litoral de SP
Criança
de 3 anos foi encontrada desacordada neste domingo. Segundo a família, ela
tinha o costume de brincar dentro do carro.
Uma menina de 3 anos morreu
asfixiada dentro de um carro em Caraguatatuba, no litoral norte de São Paulo,
neste domingo (9). O acidente aconteceu no bairro Indaiá.
De acordo com a polícia, a família
percebeu que a menina havia sumido na hora do almoço. A criança foi encontrada
já desacordada dentro do carro. Um bombeiro que estava de folga tentou
reanimá-la, mas não foi possível.
Um inquérito foi aberto para apurar
o caso. Parentes da menina prestaram depoimento. A família disse que a criança
tinha o hábito de brincar dentro do carro.
(www.g1.com.br
- 10/01/2011 07h45 - Atualizado em 10/01/2011 08h07)
Texto 03.
Indústria
da música alega que 95% dos downloads são ilegais enquanto cai venda de CDs
Financial
Times
Salamander
Davoudi
Um quarto de toda a receita da indústria
fonográfica vem dos canais digitais, mas compartilhamento de arquivos online
continua a minar a indústria fonográfica global, com as vendas de música física
ou digital caindo no ano passado.
A Federação Internacional da Indústria Fonográfica
(IFPI), uma entidade setorial, estima que 95% dos downloads de música em todo o
mundo são ilegais.
A IFPI disse que as vendas de música física, como
CDs, caíram 16%, para US$ 11,6 bilhões. O crescimento das vendas digitais
desacelerou para 12%, chegando a US$ 4,2 bilhões.
As gravadoras têm lutado para compensar o declínio
acentuado na venda de CDs ao longo dos últimos 10 anos. O crescimento digital
está desacelerando, apesar dos novos serviços online legais como o Spotify e do
número crescente de países adotando legislação para proteção do direito
autoral.
A taxa de crescimento digital caiu de 25% em 2008
para 12% no ano passado, deixando as vendas de música em geral em queda pelo
10º ano consecutivo.
John Kennedy, presidente executivo da IFPI, disse:
"Seria ótimo poder relatar que essas inovações foram recompensadas com
crescimento do mercado, mais investimento em artistas, mais empregos. Infelizmente,
este não é o caso".
"A pirataria digital continua sendo uma enorme
barreira para o crescimento do mercado."
As vendas globais da indústria fonográfica -tanto
física quanto digital- caíram 30% ao longo dos últimos cinco anos apesar do
crescimento de 940% nas vendas digitais, segundo a IFPI.
A IFPI disse que países como a Suécia, Taiwan e
Coreia do Sul conseguiram certo sucesso após introduzir uma legislação de
direitos autorais, com aumento nas vendas de CDs.
A Espanha foi apontada e descrita como correndo o
risco de se transformar em um "deserto cultural", em parte pela
"apatia tolerada pelo Estado" em relação ao compartilhamento de
arquivos.
"A Espanha tem o pior problema de pirataria
dentre todos os grandes mercados da Europa. Em 2009, nenhum novo artista
espanhol figurava nos 50 álbuns mais vendidos, em comparação a 10 em
2003", disse Kennedy.
(Tradução: George El Khouri Andolfato)
4 - Crítica - texto opinativo em que um especialista em um determinado assunto de áreas como a Literatura, Cinema, Música, etc.Tem como intuito recomendar ou não uma obra. Portanto, é um texto caracterizado por estratégias argumentativas como a comparação, a hierarquização, a qualificação, etc.
Texto 01.
Vitrolla 70
Rock Samba
Style
Elemess
Por Marcos
Lauro
15 de Agosto
de 2014
“Nosso nome
nos explica.” A frase, presente na faixa “Vitrolla 70’ e que abre Rock Samba Style(Elemess), disco de estreia
do Vitrolla 70, já entrega a intenção do trio: homenagear os grandes nomes da
década de 1970 por meio do samba- -rock e do samba-soul. O que chama atenção é
a composição instrumental da formação: o trio, formado por Mateus Machado
(voz), Digão (baixo)
e Dada Soul (teclados), abre mão dos tradicionais naipes de metais do gênero
para criar uma sonoridade mais limpa, mas não menos contagiante. A banda já
está nos palcos paulistanos desde 2009, mas finalmente conseguiu afinar um
repertório para debutar em disco. Talvez por isso a necessidade de se explicar
em algumas faixas (como na canção de abertura do disco e em “Swinga”, em que a
banda fala sobre parte da história dos bailes paulistanos). Mas isso não
atrapalha o ritmo e o disco segue com boas melodias, como em “Preta Rara”, “Se
For Meu” (com a belíssima voz de Tereza Gama) e “Eu Não Sei Dançar” (outra
faixa explicativa, que conta um pouco sobre o surgimento do samba-rock). Rock
Samba Style é um bom disco para suingar e também para aprender sobre o
samba-rock e gêneros afins.
Texto 02.
Retrato de um
artista
Por Francisco
Russo
Mike Leigh é um diretor peculiar, que gosta de trabalhar com o
mesmo grupo de atores e, muitas vezes, define o roteiro no próprio set de
filmagens. Seu método de filmar costuma resultar em longas bastante humanos,
como Segredos e Mentiras, Simplesmente Feliz e O Segredo de Vera Drake, que muitas
vezes apostam na sensibilidade e na emoção. Mr. Turner retoma uma outra faceta
do diretor, menos vista, que é a do rigor estético ao retratar o universo
artístico. No caso, a vida do pintor inglês J.M.W. Turner, que se notabilizou
pelo uso da cor e da luz em suas obras.
Diante desta proposta, Mr. Turner remete a um trabalho mais antigo
do diretor, Topsy-Turvy - O Espetáculo, que abordava os palcos de ópera
ingleses. Em seu novo filme, Leigh busca não apenas apresentar a rude personalidade
do cinebiografado mas também expor o ponto de vista de sua obra – daí vem a
importância do rigor estético. Em vários momentos a narrativa é deslocada para
que o espectador possa apreciar a obra de Turner, não apenas através de suas
pinturas mas especialmente através da belíssima fotografia de Dick Pope, que
busca recriar o tom de luminosidade e as condições atmosféricas presentes nas
principais obras do homenageado. A importância de tal recriação é tamanha que
Leigh, de vez em quando, chega a paralisar o andamento da narrativa apenas para
que o espectador possa apreciar a beleza da imagem.
Mr. Turner - FotoCom tanto interesse nos traços de J.M.W. Turner,
o filme como um todo acaba sendo muito mais voltado para seu lado artístico e
deixa um pouco de lado a vida do pintor. Que até é apresentada através de
características peculiares, como a rabugice e a importância dada ao dinheiro, e
o modo como Turner trata as pessoas à sua volta, com uma agressividade típica
da primeira metade do século XIX, especialmente em relação às mulheres. É neste
ponto que brilha Timothy Spall, com uma recriação precisa que ressalta os
maneirismos tão marcantes na personalidade de Turner. Seu tradicional grunhido
acaba se tornando uma marca registrada do filme, até mesmo pela forma como é
utilizado para substituir diálogos. Entretanto, a grande atuação do
longa-metragem é de Dorothy Atkinson, que impressiona pelas dificuldades
físicas e a ternura demonstrada pela empregada Hannah.
Por mais que seja um filme bastante interessante pelo lado
estético, e conte também com boas atuações, o grande pecado de Mr. Turner é o
exagero. Os 150 minutos (2h30) soam longos demais para um filme cujo interesse
está bem mais em ressaltar as qualidades artísticas de J.M.W. Turner do que em
propriamente contar uma história. Ainda assim, é um filme para ser apreciado:
por Spall, por Atkinson e, principalmente, por Dick Pope, que merece – e muito
– uma indicação ao Oscar por seu trabalho neste filme.
5 - Reportagem - é uma variação da notícia, contudo difere difere quanto ao conteúdo, a extensão e a profundidade do texto, que via de regra é produto de uma extensa e rica pesquisa sobre o assunto. Além disso, é normalmente muito bem documentada para que possa ter não só contundência quanto também gerar confiabilidade. No caso desse testo, o repórter ou jornalista investiga, apura e expõe fatos, razões e efeitos de um determinado evento ou assunto de interesse jornalístico com o intuito de esclarecer com profundidade os eleitores a respeito de um tema, assim cumpre um objetivo muito além da mera exposição de uma informação. Tal como no caso da notícia, espera-se absoluta imparcialidade por parte do autor do texto.
Texto 01.
Inimigo
Insuspeito
Um novo padrão
de resistência a antibióticos poderá nos expor a uma enorme variedade de
infecções bacterianas
Texto 02.
Pobres
herdeiros ricos
As disputas
pelo patrimônio, as dificuldades de preservar a obra dos artistas e os méritos
de quem sabe dividir o legado com a sociedade.
6 - Obituário - comunicado ou informe simples publicado em jornais como anúncio
pago ou em seções de utilidades públicas sobre a morte de um indivíduo em
particular. Nos casos de pessoas famosas ou destacadas em alguma área da
atuação humana, é comum que sejam escritos obituários mais elaborados com um resumo
das realizações do falecido além de elogios e considerações sobre a relevância
dele. Há nessa variante desse gênero textual destaque especial para os
episódios que o tornaram notável.
Texto 01.
Obituário de
Chico Anysio
Texto 02.
Obituário de Eric
Hobsbawn
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/10/morre-aos-95-anos-o-historiador-eric-hobsbawm.html
7 - Entrevista - normalmente é realizada de forma presencial e oral, ainda que
seja cada vez mais comum o uso do e-mail para se responder às perguntas de um
repórter como forma de aumentar a chance de que o texto publicado seja exatamente aquilo que o entrevistado escreveu. É caracterizada pela linguagem acessível, rápida e norma padrão
típica do discurso jornalístico, em especial, nos momentos em que o texto é do
entrevistador, a saber: título, apresentação e perguntas.
O estudo a respeito do que se quer saber do entrevistado
e mesmo a respeito dele é crucial para se fazer uma entrevista satisfatória. Outra questão
importante em entrevistas é a ética, pois o entrevistador deve ter o
compromisso de transcrever exatamente o que foi dito pelo entrevistado, sem
qualquer alteração ou edição. Estruturalmente, divide-se em título, quando se
comunica de forma de preferência criativa algo sobre o entrevistado ou a razão
de entrevista-lo; apresentação, é a parte em que se traça um breve perfil do
entrevistado e se destacam aspectos da atuação dele que justifiquem a
entrevista; e perguntas e respostas, quando a entrevista realiza-se
propriamente como um texto em turnos, injuntivo, em que um entrevistador faz perguntas que
serão respondidas ou não pelo entrevistado.
Texto 01.
Entrevista Wagner Moura
Texto 02.
Entrevista Chico Buarque
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