Dissertação
“O
fato de uma opinião ser amplamente compartilhada não é nenhuma evidência de que
não seja completamente absurda; de fato, tendo-se em vista a maioria da
humanidade, é mais provável que uma opinião difundida seja tola do que
sensata.”
(Bertrand Russell)
“O que não sabe é um ignorante, mas o que sabe e não diz nada é um
criminoso.”
(Bertolt Brecht)
:::O
conceito
Dissertação é um
gênero textual produto das interações entre certas tipologias textuais, em
especial a argumentação e a exposição, ainda que descrição e narração possam
ser usadas como recursos para construção particularmente de argumentos. Esse
gênero textual é empregado de forma regular para comunicar e documentar debates
de cunho científico, acadêmico, estético, etc., com o intuito de comunicar a
posição de alguém sobre determinado tema de forma organizada, laica,
contundente e respeitosa em relação a princípios do pensamento lógico e formal.
A forma mais
tradicional de abordar a teoria de gêneros textuais em vestibulares e
destacadamente no Enem é a dissertação argumentativa.
:::Estrutura textual dissertativa
A estrutura textual dissertativa é uma forma de
organização das ideias, dos argumentos e das informações em forma de um gênero
textual pré-concebido e estável quanto aos aspectos que o particularizam, por
isso é amplamente utilizada e é esperada quando se almeja escrever uma
dissertação.
Essas preocupações são muito marcantes em
textos dissertativos em função do caráter científico deles, o que exige procedimentos
organizacionais para que o tema e a hipótese expostos introdução seja comunicados
da forma mais compreensível e convincente para o leitor, a fim de que ele possa
entender com exatidão a razão dos argumentos defendidos no desenvolvimento, que
serão fundamentais para dar relevância e potência conclusão seja nos casos em
que se resumem as ideias do texto, ratificam-se as mais importantes ou são
desenvolvidas propostas de intervenção com o intuito de se solucionar o
problema apresentado na proposta de redação. A estrutura textual dissertativa,
que é base para a maioria dos textos argumentativos de concursos, é, portanto, dividida
em introdução, desenvolvimento, conclusão e título.
:::Introdução: apresentação da tema (assunto) e da hipótese (opinião geral)
Exposição sucinta do assunto a ser abordado
no texto, que pode ser construída com auxílio
de uma exposição breve acerca do assunto, de uma opinião
pessoal , de uma descrição, de uma
narração, etc. É importante que qualquer uma dessas escolhas comunique de forma clara e explícita
o tema do texto em questão. É fundamental que a introdução esclareça para o
leitor sobre qual assunto será lido, se possível, com a focalização do tema, ou
seja, com a apresentação do devido contexto social, político, cultural, etc.,
que será levado em consideração no debate a ser feito ao longo do texto. Um
exemplo disso é, numa discussão sobre eutanásia, a delimitação de que o debate
limita-se ao Brasil e ao século XXI evita que as afirmações sejam encaradas
como generalistas pelo corretor.
Pode também ser o momento de, explicitamente,
o autor do texto – mais que informar e enfocar – expor uma opinião clara e
concisa que norteará e justificará os argumentos utilizados no desenvolvimento,
o que muitos chamam de tese, ainda que seja nesse estágio apenas uma hipótese,
pois é uma afirmação carente de comprovação a ser construída no
desenvolvimento, o qual a sucede e a defende.
Tipos de introdução
para o texto dissertativo
1 -
Conceito/opinião
Caracterização sintética do assunto
a ser tratado ,
a fim de delimitá-lo ou conceitua-lo. Comunica também de forma sucinta a
opinião geral (hipótese) do autor acerca do tema. Exemplo:
A falta
de interesse pelas políticas
públicas por parte
da maioria das lideranças
políticas , a corrupção
na polícia e a miséria
de parte expressiva da população brasileira auxiliaram, decisivamente ,
na consolidação do que se convencionou chamar de “poder
paralelo”. Esse fenômeno soma-se a muitos
outros para denunciar a calamidade social instalada na sociedade brasileira e
a questionável atuação ou mesmo a inexistência do poder
estatal na maioria das áreas menos favorecidas do Brasil.
2 - Comparação
Nesse tipo de
introdução, são estabelecidos
pontos de semelhança
entre elementos
diversos. Modo associativo e analógico
de iniciar a discussão
de um tema, fazendo até mesmo que o
leitor possa ter contato com pontos de convergência entre o assunto do texto e
outros temas. Importante que se tenha cuidado para não desviar do assunto da
proposta de redação. Exemplo:
O poder paralelo não é um problema social e de segurança pública exclusivo
de países subdesenvolvidos
e pobres , ele
também assola os EUA, a Itália, a Rússia
e o Japão. Estes países têm um ou vários grupos criminosos
extremamente organizados atuantes em seu próprio território, com
uma autonomia , algumas vezes , maior do
que a do Comando
Vermelho (CV) e a do Primeiro Comando da Capital (PCC) no Brasil.
3 - Roteiro
Nesse tipo de introdução, o roteiro da
discussão é antecipado com o intuito de fazer uma espécie de prévia sobre o que
será discutido ao longo do desenvolvimento. Normalmente, são antecipados os
argumentos que serão empregados. Exemplo:
O “poder paralelo” é um dos principais
problemas vivenciados pela população e, por vezes, enfrentado pelo Estado tanto
fora quanto dentro dos presídios. Isso se justifica em razão do domínio que
grupos como o Primeiro Comando da Capital (PCC) tem do sistema penitenciário
paulista e pelo gradativo aumento da influência política desses grupos na vida
pública brasileira.
4 - Indagações (perguntas)
Sequência de perguntas que, ao mesmo tempo,
informa os pontos do tema que serão abordados no texto e faz questionamentos
pertinentes os quais nortearão a argumentação posterior. Exemplo:
Qual a razão
para a existência
no Brasil de organizações criminosas tão
ou mais poderosas do que o estado brasileiro? O que
as mantém tão poderosas? Como se consolidou na sociedade
brasileira esse
“poder paralelo”? Eis as perguntas mais comuns feitas
dos bares da periferia até as salas
das universidades . Em resumo ,
como o poder paralelo suplantou o estatal
sem que
a sociedade civil
percebesse a tempo ?
5 - Consideração
histórica ou filosófica
Seleção dos principais pontos ao longo da
trajetória histórica ou filosófica do tema do texto que possam elucidar as
razões, as consequências, os fatos, etc. responsáveis pela situação atual que
envolve e é envolvida pelo assunto do texto. Exemplo:
O poder paralelo tem uma de suas
raízes em tradições
seculares de países
como a Itália e o Japão. Nesses lugares,
a despeito das ações
criminosas, ele cresceu com o referendo
de grande parte da população
carente , sem
heróis e pouco
educada, além disso, contou com períodos de
ausência do Estado
em relação
a políticas públicas e sociais. Nesse hiato , no qual, sob
outras condições, o caso brasileiro está também inserido, desenvolveu estrutura
de empresa e firmou-se como
parte da sociedade
que não
pode, infelizmente , ser
ignorada.
6 - Enumeração de ideias,
impressões ou fatos
Uso de exemplos claros, precisos e
contundentes, normalmente de
conhecimento público , os quais
conduzirão as discussões posteriores ou serão recuperados em outras passagens
do texto.
Exemplo:
A criação de leis ,
a imposição de toque
de recolher , o controle
severo e ditatorial
da vida das pessoas
e o poder de executor
de penas são
atribuições agora
de um “poder paralelo” nas periferias
brasileiras. As organizações criminosas são responsáveis por
tornar a vida em muitas cidades, especialmente
para os mais pobres, caótica e anômica.
7 - Citação
Uso de citação de
autoridade que auxilia na assimilação do tema por parte dos leitores, pelo fato
de usar passagem breve de texto alheio com o intuito de apresentar o tema do
texto ou mesmo a hipótese. Exemplo:
“Paz sem voz , não é paz , é medo .”. O verso contundente retirado de uma música
do grupo O Rappa oferece uma explicação para o assombro
chamado “poder paralelo”; notícia na mídia , terror para as comunidades
mais pobres e ameaça onipresente
para as mais
favorecidas. Essa é a resposta para os séculos de omissão e silêncio
das autoridades e dos cidadãos “cordiais”
da sociedade brasileira .
8 - Ressalva ou
contestação
Tipo de introdução em que se
contesta uma ideia recorrente e normalmente decorrente do senso comum acerca do
assunto ou mesmo um aforismo conhecido sobre o tema. Exemplo:
Ao contrário do que muitos afirmam, o “poder
paralelo” não é produto da má fé ou da índole duvidosa dos moradores da
periferia. Essa série ameaça ao bem estar social é produto do interesse das
elites na maior parte do lucro tráfico de drogas, na manipulação eleitoral, na
exploração imobiliária, etc.
9 - Narração ou
descrição
Consiste em iniciar um texto com uma
breve descrição ou narração de um evento hipotético ou verídico que possa
ilustrar o tema e a hipótese a serem debatidos e defendidos ao longo do texto. Exemplo:
Ainda na infância foi recrutado para ser
soldado do tráfico, aceitou para ajudar a família e para comprar aquilo que
toda criança sonha estimulada pelas insistentes propagandas de brinquedos,
tênis, etc. Morreu antes de chegar a maioridade vítima mais da sociedade, do
que de suas escolhas. Essa é a história de muitos garotos da periferia que são
convencidos a entrar no tráfico e se tornam os vilões fabricados e responsáveis
por um “poder paralelo” que tanto aflige a sociedade, mas que ela própria é
culpada pela existência desse mundo a parte das leis constitucionais.
:::Desenvolvimento: comprovação da hipótese (argumentação )
Em princípio, no desenvolvimento do texto
dissertativo, deve ser articulada uma fundamentação racional e organizada dos pontos de vista
do autor por intermédio de argumentos preferencialmente validados pela
razoabilidade, pela ciência ou pela experiência e análise coletiva (consenso).
Tal procedimento confere ao texto dissertativo a condição de espaço
privilegiado de debate sobre as principais questões de qualquer tempo.
É no desenvolvimento que se mede a capacidade
intelectual e cultural do autor do texto para, a partir de raciocínios, fatos,
intertextualidades e analogias verossímeis, defender seu ponto de vista a
respeito de um determinado assunto.
Nessa parte do texto, é muito importante o
uso de recursos retóricos capazes de dar mais visibilidade e contundência para
o melhor da argumentação do autor a respeito do tema que será selecionada para
estar presente no texto.
Sob uma perspectiva mais formal e
mais conectada às necessidades daqueles que precisam escrever textos
argumentativos escritos, é importante perceber as diferentes formas de
construir argumentos, os quais são a realização concreta das intenções
argumentativas. Tais estruturas lógico-discursivas podem ser divididas em
tipos, em função da técnica ou estratégia argumentativa empregada como meio de dar
solidez e coerência a um determinado argumento, o que, em última instância,
deverá contribuir positivamente para a defesa de uma hipótese, proposição ou
ponto de vista. Dessa maneira, eis os tipos de argumentos:
1 - Causa
e consequência
Principal
meio lógico-discursivo empregado em textos argumentativos para construir um
argumento. Baseia-se na enunciação de uma causa e na discussão sobre as
potenciais consequências dessa afirmativa. Exemplo:
“O que é
preciso lembrar é que a consolidação da indústria cultural brasileira trouxe
com ela uma segmentação do mercado que não pode ser evitada. Ainda mais, porque
essa segmentação levou a uma segregação por parte dos setores dominantes da
indústria daquela parcela da MPB comprometida com a conservação e renovação da
tradição da canção.” (Coletivo
MPB, em “A morte e a morte da canção”)
2 - Exemplificação
O exemplo,
tomado como fidedigno à realidade, é um dos mais potentes mecanismos
argumentativos, visto que faz com que o argumento se torne mais sólido, em
princípio, porque se sustenta em fatos demonstrados com isenção. Exemplos podem
ser construídos de várias formas, desde a simples utilização de fatos
jornalísticos de conhecimento amplo até o uso de abordagens estatísticas com as
devidas referências capazes de atestar a elas a necessária confiabilidade. Exemplo:
“A
amnésia e recusa em aceitar responsabilidades históricas, tão frequentes entre
as potências européias, é rara em países que foram derrotados de forma tão
contundente como aconteceu com o Japão. Ainda mais estranho é que essa
insensibilidade em relação às vítimas estrangeiras seja compatível com Abe e
seu governo, que fizeram do caso dos 16 cidadãos japoneses sequestrados nos
anos 1970 e 1980 pelos serviços secretos norte-coreanos, um de seus principais
temas diplomáticos.” (Rafael
Poch, La Vanguardia )
3 - Indução
Esse tipo
de argumento fundamenta-se em informações relativas a particularidades ou a
detalhes acerca do assunto em questão (estatísticas, dados, etc.), com o
intuito de induzir o leitor a concordar com conclusões generalistas, sempre em
sintonia com a hipótese defendida ao longo do processo argumentativo.
São muitos os problemas
potenciais dessa estratégia argumentativa, tais como a insuficiência
e a confiabilidade dos dados para serem acatadas determinadas conclusões a
partir deles; a escolha tendenciosa dos dados utilizados; o uso tendencioso ou
mesmo mal intencionado dos dados a fim de forçar uma conclusão impossível
segundo parâmetros racionais e científicos; etc. Exemplo:
“No Brasil, o Funk popularizou-se com os bailes
da pesada organizados pelos DJs Big Boy e Ademir Lemos nos anos 70, no Canecão,
com a popularização de alguns artistas como Tony Tornado. Na época, a música
era conhecida como soul, shaft ou soul-funk, derivando depois para simplesmente
funk. Os bailes eram conhecidos como bailes black.” (Manoela
Ebert)
4 - Dedução
Em tese, a dedução deve ser
entendida como o contrário da indução. Normalmente, a argumentação dedutiva é a
mais comum no discurso científico, ou seja, naqueles textos ou debates que
pretendem ser obras abertas para a crítica e a análise de quaisquer pessoas
interessadas neles. Exemplo:
“Os novos
paradigmas [da música brasileira] parecem se concentrar e se encontrar todos no
extremo norte do País, na pujante cena musical de Belém do Pará. Assim o
antropólogo Hermano Vianna descreveu o ambiente das ‘festas de aparelhagem’ que
forjaram o gênero ‘tecnobrega’, uma convergência mestiça de ritmos brasileiros
e caribenhos, música tradicional, ‘cafona’ e eletrônica, romantismo de Roberto
Carlos e tecnologia de DJs: ‘Quando as novidades são apresentadas, os
fãs-clubes das aparelhagens vão ao delírio, com braços para cima, como se
estivessem saudando a aparição de uma divindade, o totem da tribo eletrônica da
periferia de Belém’.” (Pedro Alexandre Sanches, em “A música fora
do eixo”)
5 - Perguntas, questionamentos
O uso de perguntas como norteadoras de um argumento
tem como mais recorrente objetivo tornar a ordem das ideias em um texto mais
fácil de ser compreendida, já que a relação entre pergunta e resposta é mais
natural para quaisquer leitores, o que facilita o entendimento do leitor.
É importante apenas que sejam evitadas
perguntas muito elaboradas que não possam ser respondidas por falta de
discussão sobre o assunto pelo autor ou mesmo porque o espaço médio do
parágrafo não comportaria a resposta. Exemplo:
“Dentro desse contexto, até quando vamos esperar
para que um novo Nirvana, um novo Sex Pistols e um novo Beatles apareça? Parece
impossível, mas não é. Se não me falha a memória, o último grande movimento que
realmente redirecionou o ‘rock and roll’ para um caminho até agora ilimitado
foi o ‘grunge’. Conhecido após a ascensão do Nirvana, no começo da década de
90, mas impulsionado anteriormente por bandas como Mother Love Bone, L7,
Mudhoney e, posteriormente, por Pearl Jam, Sound Garden, Stone Temple Pilots e
Alice In Chains, essa corrente trouxe uma nova forma peculiar de se fazer rock,
juntamente com toda uma energia acumulada de uma geração (dos anos 80)
completamente angustiada e sem rumo.” (Marina Castellan
Sinhorini)
6 - Analogia
(comparação, relação por semelhança )
Analogias
e comparações são construídas a fim de, por semelhança, propor que determinadas
causas ou consequências para um fato sirvam para se entender questão semelhante
noutro contexto. Tal prática tem como intuito evidenciar diferenças
ou semelhanças capazes de contribuir no
processo argumentativo do texto no sentido de se construir uma tese sólida e
confiável.
Um dos senões desse mecanismo retórico são as
inadequações quanto aos universos comparados que, em alguns casos, podem
denunciar intenções de se construir especialmente semelhanças entre pontos em
que foram ignoradas especificidades responsáveis por torná-los, muitas vezes,
tão diferentes que eles se tornam incomparáveis. Exemplo:
“A música
jovem brasileira dos anos sessenta foi marcada, principalmente, pelos
movimentos Jovem Guarda e Tropicália, ambos fundamentais para o desenvolvimento
de uma linguagem musical jovem no país. A Jovem Guarda, diretamente derivada do
rock, apesar de uma certa resistência inicial, significou a mais profunda
tradução da invasão britânica, patrocinada pelos Beatles, Rolling Stones e
companhia. A Tropicália, por sua vez, mais ampla, introduziu a guitarra na
tradicional MPB e o discurso político no rock, alargando os horizontes da
música brasileira.” (Fernando
Rosa, em “História do rock nacional”)
7 - Discurso
de autoridade, citação (recorrência ao testemunho de alguma autoridade no assunto em questão)
Nesse procedimento, destaca-se o uso, geralmente , de citação
ou da paráfrase assumida das ideias de uma autoridade
no tema em questão que possa conferir credibilidade
ao posicionamento do autor do texto.
Um dos problemas mais
comuns encontrados em argumentos sustentados por citações é a escolha
equivocada do recurso intertextual ou do autor dele, o que pode produzir inadequação do aforismo em
relação à idéia defendida no argumento, invalidação do argumento por o aforismo
ser improcedente, etc. Exemplo:
“Sobre as
origens africanas do samba, veja-se que, no início do século XX, a partir da
Bahia, circulava uma lenda, gostosamente narrada pelo cronista Francisco
Guimarães, o Vagalume, no clássico “Na roda do samba”, de 1933, segundo o qual
o vocábulo teria nascido de dois verbos da língua iorubá: “san”, pagar, e
“gbà”, receber. Depois de Vagalume, muito se tentou explicar a origem da
palavra, alguém até lhe atribuindo uma estranha procedência indígena. Mas o
vocábulo é, sem dúvida, africaníssimo. E não iorubano, mas legitimamente
banto.” (Nei
Lopes, em “A presença africana na música popular brasileira”)
:::Conclusão: resumo, reafirmação, proposição de solução ou
síntese das ideias do texto
Consiste na enunciação de uma hipótese
defendida ao longo de toda ou de parte da dissertação por meio do
desenvolvimento organizado em função de posturas argumentativas que permitem ao
autor do texto reafirmar, resumir ou concluir o que disse ao longo dele. Tal
procedimento só é possível graças à pertinência e à qualidade dos argumentos e
das ideias concatenadas ao longo do desenvolvimento.
Como resultado desses argumentos, também se
pode apresentar, na conclusão, uma solução viável para a questão quando
solicitado ou quando o autor julgar possível ou condizente com a discussão. É importante lembrar que as soluções
apresentadas pelo autor
não devem ser
“mágicas ”, ou
seja, devem possuir uma viabilidade
concreta .
A conclusão
é o momento em
que o autor
ratificará seu julgamento
acerca do assunto sobre o qual
dissertou. Por isso, nessa parte do texto, não são possíveis perguntas
destinadas ao leitor, até porque, no caso de processos seletivos, ele é um
corretor com o qual não se pode estabelecer qualquer tipo de comunicação.
Por causa da função clara e restrita que a
conclusão tem em relação ao restante do texto, que é, em última análise,
reafirmar, sintetizar ou ressaltar as passagens mais importantes dele, não há
razão alguma para informações novas serem incluídas justamente nessa parte da
estrutura de um texto dissertativo.
No contexto do Enem, entende-se como uma
postura muito interessante para a confecção de ótimas conclusões a defesa das
propostas de intervenção nessa parte do texto. Embora não haja nada documentado
que confirme essa obrigatoriedade, é cauteloso e razoável que se desenvolvam
duas soluções para o problema apresentado no texto ao longo da conclusão,
preferencialmente em períodos diferentes. Sobre o desenvolvimento das soluções,
é fundamental que elas não sejam apenas citadas, porque a correção do Enem irá
pontuar as propostas de intervenção não só quanto à existência, mas também
quanto ao desenvolvimento delas, daí a necessidade de que o meio pelo qual ela
será implementada e objetivo pretendido sejam explicitados na conclusão para
configurar uma solução mais bem avaliada porque melhor e mais pertinentemente
desenvolvida.
Abaixo seguem exemplos de conclusão que são satisfatórios diante do que é exigido no Enem e, por isso, fazem parte das dissertações entendidas como exemplos para os candiatos nos manuais de redação de 2012 e 2013 do Enem.
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