As correspondências são formas de comunicação escrita entre pessoas físicas ou jurídicas com a qual são estabelecidas ou são mantidas relações comerciais, pessoais ou institucionais. Normalmente, necessitam de informações a respeito de remetentes e destinatários, data e local do qual é enviada, convém que tenham saudações iniciais ou finais. São gêneros textuais associados ao universo das cartas e correspondências.:
1 - Carta argumentativa (impessoal ou
formal) - para efeito de esclarecimento, o que diferencia a
carta argumentativa da dissertação é a argumentação que caracteriza cada um
desses tipos de texto e algumas especificidades formais e linguísticas que as
definem. O texto dissertativo é dirigido a um interlocutor genérico, universal.
Por outro lado, a carta argumentativa pressupõe um interlocutor específico para
quem a argumentação estará orientada. Essa diferença de interlocutores deve
necessariamente levar a uma organização textual, a escolhas linguísticas e a
preocupações retóricas também diferentes. Até porque, na carta argumentativa, a
intenção é frequentemente a de persuadir um interlocutor específico, a fim de convencê-lo
do ponto de vista defendido por quem escreve a carta ou demovê-lo do ponto de
vista por ele defendido.
Do ponto de vista técnico, é um tipo de
correspondência com linguagem formal, ou seja, exige-se o uso de pronomes de
tratamento adequados à posição ocupada pelo destinatário; o emprego da norma
padrão; um processo de interlocução respeitoso; etc.
É importante justificar por que se solicita que a
argumentação seja feita em forma de carta em situações de avaliação. Isso se dá
em função do pressuposto de que, se é definido previamente quem é o interlocutor
sobre um determinado assunto, há melhores condições de fundamentar uma
argumentação e avaliar a capacidade do candidato de moldar sua linguagem, seus
argumentos e a informação de acordo com seu interlocutor.
Embora o foco da carta seja um determinado tipo de
argumentação, ela implica também algumas expectativas quanto à forma do texto.
Por exemplo, é necessário estabelecer e manter a interlocução, usar uma
linguagem compatível com o interlocutor, empregar referenciais espaciais e
temporais, usar marcas de autoria ao longo de toda a carta, assinar quando for
solicitado, etc.
Para o cumprimento da proposta em que é exigida uma
carta argumentativa, não basta dar ao texto a organização de uma carta, mesmo
que a interlocução seja natural e coerentemente mantida; é necessário, acima de
tudo, argumentar por demanda, que é,
em princípio, o entendimento sobre as motivações, as fraquezas e as
preferências do destinatário da correspondência.
Características principais da carta
argumentativa em vestibulares:
- Data, vocativos (saudações
inicial e final) e assinatura são obrigatórios;
- No corpo do texto, deve-se
respeitar o recuo nos parágrafos.
- O uso da primeira pessoa do
singular deve ser recorrente, ao menos uma vez em cada parágrafo;
- A interlocução com o uso da
segunda pessoa do discurso ou de pronomes de tratamento também deve ser
recorrente, por isso deve haver referências ao interlocutor ao menos uma
vez em cada parágrafo;
- Formas verbais no presente
do indicativo devem predominar;
- Linguagem impessoal e de
acordo com a norma padrão;
- Há a necessidade dos dados
de personificação, ou seja, é importante que seja criado um locutor que
mostre competência para discutir o assunto da carta (máscara);
- O uso adequado de pronomes
de tratamento será avaliado;
- Neste gênero textual, as
informalidades, os coloquialismos e os regionalismos são penalizados;
- Devem-se evitar abreviações
de pronomes de tratamento em cartas;
- No caso da UFU, a paráfrase exigida nos gêneros textuais do vestibular deve ter ao menos duas linhas.
Texto 01. (texto de aluno)
Uberlândia, 11 de setembro de 2013.
Excelentíssimo Senhor Ministro da Educação,
Ao analisar os diversos
problemas enfrentados pelos brasileiros, percebi que a educação apresenta-se
como um dos mais graves. Apesar da queda do analfabetismo na última década, tão
propagandeada pelo Ministério do qual Vossa Excelência é o líder, ainda
assumimos uma posição vergonhosa no “ranking” de desempenho educacional na América
Latina.
Essa questão torna-se
complexa, pois está relacionada a diversos problemas nacionais como a
desigualdade na distribuição de renda, a exploração do trabalho infantil,
dificuldades no acesso às escolas, exploração sexual de crianças e adolescentes,
o que perfaz um conjunto de tristes realidades, que separam cada vez mais as
famílias em situação de vulnerabilidade social do sistema regular de ensino,
como o Senhor Ministro deve saber.
As deficiências no
processo de ensino-aprendizagem também merecem atenção, principalmente nos
primeiros anos escolares, tais como: metodologias de ensino inadequadas,
carências de recursos humanos e materiais, péssimo sistema de transporte escolar,
além de baixos salários dos profissionais da educação. Esses são os elementos mais
importantes que contribuem para a evasão escolar e para a má qualidade do
serviço prestado à população.
Diante de tal situação,
precisamos, ainda, percorrer um árduo caminho para que possamos ter um país que
trate a educação com a seriedade merecida. Sendo assim, a valorização do
magistério, a informatização das escolas, a capacitação profissional, além de
um melhor planejamento dos recursos aparecem como estratégias importantes, para
transformar o sistema educacional em um serviço eficiente e eficaz. Ressalto
que esta carta dirigida à Vossa Excelência é apenas um lembrete sobre o que o
Senhor Ministro já deve estar a par, mas, de toda forma, meu dever como cidadão
e eleitor é reforçar o que entendo que o povo tem como prioridade para os gastos
públicos.
Respeitosamente,
José
Texto 02. (texto de aluno)
Uberaba, 12 de fevereiro de 2014.
Caro Edward Snowden,
Tendo em vista o
ocorrido com o acevo de informações da NSA (Agência nacional de Segurança, em
inglês) recentemente, impus-me a tentativa de compreender quais motivos –
justificáveis ou não – levaram-no a evidenciar o ataque ao direito de
privacidade provocado pelos Estados Unidos da América. Minha nacionalidade
brasileira, vitalizada pelo diploma de Medicina Neurocirúrgica, obrigou-me a
considerar altamente infame a invasão da segurança de nossa presidente Dilma
Roussef, e não menos alarmante tal invasão à chanceler alemã, Angela Merkel.
Agradou-me, pois, caro
ex-técnico da NSA, sua coragem ao mostrar ao mundo a situação de falta de
privacidade na qual se encontra. Foi, portanto, fidedigna sua atitude. Vale-se
dizer que a espionagem norte-americana atinge a liberdade de expressão e de
privacidade de milhares de indivíduos. Nesse contexto, sendo o controle total
da era digital o pilar do sistema da agência NSA, há de se rever a fiscalização
constante das “ações-unidas” retificada por Navy Pillay, chefe da ONU
(Organização das Nações Unidas) para direitos humanos - como segurança e
privacidade.
No âmbito de tal
assunto, Snowden, aconselho-o a continuar o movimento – o qual talvez não saiba
que iniciou – a favor da segurança e da privacidade na era digital. Soma-se a
isso o fato de os programas norte-americanos acessarem dados quaisquer com a
alegação de necessidade protecionista no que se diz respeito ao terrorismo,
embora tal citação (de origem no século passado, no período da Guerra Fria)
acometa apenas interesses estadunidenses.
Desse modo, caro Edward
Snowden, aprovo o direito da população mundial (internacionalmente ativa ou
não) de manter sua privacidade e aprovando, portanto, ter tornado públicos
documentos tidos como provas de espionagem norte-americana anualmente.
Atenciosamente,
Josefa
2 - Carta pessoal (informal) - forma de correspondência
caracterizada pelo tom informal, pelo envio de correspondência geralmente para
uma pessoa conhecida ou íntima e pelo descompromisso com algumas convenções
formais típicas de cartas remetidas a desconhecidos ou produzidas em um
ambiente profissional ou acadêmico.
Esse subtipo de gênero textual é de
difícil definição porque oscila em termos técnicos de acordo com o
interlocutor, pois se o destinatário for irmão do remetente a proximidade entre
os dois será expressa por meio da linguagem de forma distinta de uma carta
endereçada a um pai ou avô, ou seja, exige-se a modulação do discurso em função
do interlocutor em uma específica situação comunicativa.
Quanto a questões estruturais como
datação, saudações, etc., é importante que, em concursos, sejam respeitadas
essas necessidades, visto que as mudanças na carta pessoal comparada à
impessoal ou argumentativa são apenas de cunho linguístico.
Características principais da
carta pessoal em vestibulares:
- Data, vocativos (saudações
inicial e final) e assinatura são obrigatórios;
- No corpo do texto, deve-se
respeitar o recuo nos parágrafos.
- O uso da primeira pessoa do
singular deve ser recorrente, ao menos uma vez em cada parágrafo;
- A interlocução com o uso da
segunda pessoa também deve ser recorrente, por isso deve haver referências
ao interlocutor ao menos uma vez em cada parágrafo;
- Formas verbais no presente
do indicativo devem predominar;
- Uso de uma linguagem pessoal
é aconselhável para mostrar algum nível de intimidade com o interlocutor
(destinatário) da carta;
- O texto deve também respeitar a norma
padrão, ainda que gírias e oralidades possam ser aceitas pontualmente se a
relação entre os interlocutores permitir;
- Há a necessidade dos dados
de personificação, ou seja, é importante que seja criado um locutor que
mostre qual a relação que existe entre os interlocutores, no caso da carta
pessoal, preferencialmente, com algum nível de intimidade;
- O uso adequado de pronomes
de tratamento será avaliado, ainda que senhor e você sejam os mais
esperados;
- Nesse gênero, as
informalidades, os coloquialismos e os regionalismos são possíveis, embora
seja aconselhável cuidado para não exagerar em seu uso;
- Devem-se evitar abreviações
de pronomes de tratamento em cartas;
- No caso da UFU, a paráfrase exigida nos gêneros textuais do vestibular deve ter ao menos 2 linhas.
Texto 01.
Londres,
3 de janeiro de 1945.
Meu
caro Mário,
Coincidência: sua carta me chega na manhã mesma em
que lhe estou mandando seus três Mirós. Portanto, a pergunta última que você me
fez está respondida. Botei dedicatória no seu e deixei os outros em branco.
Como você os oferece, você é que deve dedicá-los.
Vejo que você continua o mesmo lírico de
antigamente. Como já o conhecia, sei que o atual lirismo não é questão de
cerveja. Aliás: há cerveja aí?
Vejo também que você continua adiando o nosso
encontro. O Geraldo, com quem estive há dois dias em Paris, também prometeu vir
e não veio. Veja se se decide, hombre!
Grande
abraço. (...)
Do
seu
João
Cabral de Melo Neto
Texto 02.
Meu
Bebé pequeno e rabino,
Cá estou em casa, sozinho, salvo o intelectual que
está pondo o papel nas paredes (pudera! havia de ser no tecto ou no chão!); e
esse não conta. E, conforme prometi, vou escrever ao meu Bebezinho para lhe
dizer, pelo menos, que ela é muito má, excepto numa coisa, que é na arte de
fingir, em que vejo que é mestra.
Sabes? Estou-te escrevendo mas não estou pensando
em ti . Estou pensando nas saudades que tenho do meu tempo da caça aos pombos ;
e isto é uma coisa, como tu sabes, com que tu não tens nada...
Foi agradável hoje o nosso passeio — não foi? Tu
estavas bem disposta, e eu estava bem disposto, e o dia estava bem disposto
também (O meu amigo, não. A. A. Crosse: está de saúde — uma libra de saúde por
enquanto, o bastante para não estar constipado).
Não te admires de a minha letra ser um pouco
esquisita. Há para isso duas razões. A primeira é a de este papel (o único
acessível agora) ser muito corredio, e a pena passar por ele muito depressa; a
segunda é a de eu ter descoberto aqui em casa um vinho do Porto esplêndido, de
que abri uma garrafa, de que já bebi metade. A terceira razão é haver só duas
razões, e portanto não haver terceira razão nenhuma. (Álvaro de Campos,
engenheiro).
Quando nos poderemos nós encontrar a sós em
qualquer parte, meu amor? Sinto a boca estranha, sabes, por não ter beijinhos
há tanto tempo... Meu Bebé para sentar ao colo! Meu Bebé para dar dentadas! Meu
Bebé para... (e depois o Bebé é mau e bate-me...) «Corpinho de tentação» te
chamei eu; e assim continuarás sendo, mas longe de mim.
Bebé, vem cá; vem para o pé do Nininho; vem para os
braços do Nininho; põe a tua boquinha contra a boca do Nininho... Vem... Estou
tão só, tão só de beijinhos ...
Quem me dera ter a certeza de tu teres saudades de
mim a valer . Ao menos isso era uma consolação... Mas tu, se calhar, pensas
menos em mim que no rapaz do gargarejo, e no D. A. F. e no guarda-livros da C.
D. & C.! Má, má, má, má, má...!!!!!
Açoites é que tu precisas.
Adeus; vou-me deitar dentro de um balde de cabeça
para baixo para descansar o espírito. Assim fazem todos os grandes homens —
pelo menos quando têm — 1º espírito, 2º cabeça, 3º balde onde meter a cabeça.
Um
beijo só durando todo o tempo que ainda o mundo tem que durar, do teu, sempre e
muito teu,
Fernando
(Nininho).
5.4.1920
Texto 03.
Texto 03.
Carta para Ariano,
Quem te escreve agora é o
Cavalo do teu Grilo. Um dos cavalos do teu Grilo. Aquele que te sente todos os
dias, nas ruas, nos bares, nas casas. Toda vez que alguém, homem, mulher, criança ou velho, me acena
sorrindo e nos olhos contentes me salva da morte ao me ver Grilo.
Esse que te escreve já foi
cavalgado por loucos caubóis: por Jó, cavaleiro sábio que insistia na pergunta
primordial. Por Trepliev, infantil édipo de talento transbordante e
melancólicas desculpas. Fui domado por cavaleiros de Sheakespeare, de Nelson,
de Tchekov. Fui duas vezes cavalgado por Dias Gomes. Adentrei perigosas veredas
guiado por Carrière, por Büchner e Yeats. Mas de todos eles, meu favorito foi
teu Grilo.
O Grilo colocou em mim rédeas
de sisal, sem forçar com ferros minha boca cansada. Sentou-se sem cela e
estribo, à pelo e sem chicote, no lombo dolorido de mim e nele descansou. Não
corria em cavalgada. Buscava sem fim uma paragem de bom pasto, uma várzea verde
entre a secura dos nossos caminhos. Me fazia sorrir tanto que eu, cavalo, não
notava a aridez da caminhada. Eu era feliz e magro e desdentado e inteligente.
Eu deixava o cavaleiro guiar a marcha e mal percebia a beleza da dor dele. O
tamanho da dor dele. O amor que já sentia por ele, e por você, Ariano.
Depois do Grilo de você, e que
é você, virei cavalo mimado, que não aceita ser domado, que encontra saídas
pelas cêrcas de arame farpado, e encontra sempre uma sombra, um riachinho, um
capim bom. Você Ariano, e teu João Grilo, me levaram para onde há verde
gramagem eterna. Fui com vocês para a morada dos corações de toda gente daqui
desse país bonito e duro.
Depois do Grilo de você, que é
você também, que sou eu, fui morar lá no rancho dos arquétipos, onde tem néctar
de mel, água fresca e uma sombra brasileira, com rede de chita e tudo. De lá,
vê-se a pedra do reino, uns cariris secos e coloridos, uns reis e uns santos.
De lá, vejo você na cadeira de balanço de palhinha, contando, todo elegante,
uma mesma linda estória pra nós. Um beijo, meu melhor cavaleiro.
Teu,
Matheus Nachtergaele
Texto 04. (texto de aluno)
Uberlândia, 30 de abril de 2013.
Querido amigo,
Só eu
sei como você é desatento e despreocupado com as regras de boas maneiras.
Conforme nossa amizade foi solidificando-se, acostumei-me com o seu jeito e
aprendi que quando você esquece das datas de aniversário de seus amigos ou não
responde alguns “emails” não tem a intenção de magoar ninguém, pois por trás
desses descuidos não há desavenças pessoais. No entanto, agora você está com um
“smartphone” posso tentar lhe ajudar a romper com essa falta de gentileza mais
facilmente.
Sei que
a sociedade moderna capitalista, na qual vivemos, contribui sobremaneira para acentuar em nós sentimentos
individualistas. Logo, as pessoas estão quase sempre apressadas para cumprirem
seus muitos afazeres. Nesse sentido, a preça favorece que sejamos, por vezes,
deseducados e grosseiros, por exemplo, no trânsito. Porém, eu quero lhe mostrar
que todo esse estresse só tende a lhe fazer mal, tornando-o um cara agressivo e
desequilibrado.
Para sua
própria saúde física e mental é importante que você mantenha com as pessoas
próximas relações harmoniosas portanto, responda, mesmo na internet, os
convites de seus amigos até quando não houver meios de vir aos encontros
propostos por eles. Além disso, pare com essa sua mania de atender o celular
durante o almoço ou no meio de conversas. Entenda que a pessoa ao seu lado quer
a sua companhia e atenção. Garanto lhe que o mundo não acabará se seu telefone
ficar desligado por poucos minutos.
Espero, querido, que você
compreenda minha iniciativa, pois não pretendo-lhe dar lições de moral, mas
somente demonstrar a você que a convivência com aqueles que gostamos pode ser
bem mais agradável. Olha só! Você não precisa e nem deve ser falso na tentativa
de ser mais gentil. Só seja mais gentil com aquelas pessoas, pelos quais tem
apreço. Até porque, creio que a gentileza só faz sentido quando parte de
intenções genuínas e sinceras. Não se esqueça! Estou aguardando notícias suas,
mas se quiser pode responder via SMS.
Com muitas saudades.
Josefa
3 - Carta
de reclamação - tipo de correspondência com o objetivo de
informar a respeito de um problema ocorrido com o autor dela ou com alguém que
ele represente, a fim de que ele seja resolvido de alguma forma. Quanto à
estrutura assemelha-se muito com a carta formal.
É considerado um texto
persuasivo e argumentativo, ainda que muito dependa da capacidade de expor de
forma clara e precisa o problema para que o interlocutor entenda a razão da
reclamação. Apenas depois disso, a argumentação justifica-se com o intuito de
convencer o destinatário a, por algum meio, contribuir para a solução do
problema relatado na carta.
Texto 01.
Belo Horizonte,
29 de Fevereiro de 2009.
Assunto:
computador entregue com estragos aparentes.
Aos Senhor (es)
diretores da Empresa Y,
No último dia 05 de Fevereiro, dirigi-me ao seu estabelecimento, situado
na Rua do equívoco, nº 2, como endereçado, a fim de comprar um computador. Após
escolher o modelo que me interessou, solicitei que a mercadoria fosse entregue
na minha casa. Para tanto, assinei a nota de encomenda e paguei a taxa para que
fosse realizado o serviço.
No dia 10 do mesmo mês, foi-me entregue o computador encomendado, no
entanto, após ligar o aparelho na tomada constatei que o mesmo emitia mais de 8
apitos e não funcionava. Diante deste fato, recusei o computador e solicitei
que me fosse enviado outro exemplar em excelente estado, o que faria jus ao
valor já pago. Entretanto, até a presente data continuo à espera.
O atraso na resolução do problema vem ocasionado vários transtornos ao
meu cotidiano. Por este motivo, demando que outro computador de mesma marca e
modelo seja entregue, sem falta, dentro de 3 dias úteis. Caso contrário,
anularei a compra e exijo o dinheiro do pagamento de volta.
Cordialmente,
João da Silva
(Se necessário o
envio de anexos, é interesse informar na carta como exemplificado abaixo.)
Anexos: fotocópias
da nota fiscal de compra e do recibo da taxa de entrega.
4 - Carta
de leitor é um tipo de correspondência com o objetivo de demonstrar
apoio, discordar, corrigir, em suma, comentar de alguma forma uma matéria,
reportagem, artigo, etc., que foi publicado no veículo de informação.
Normalmente, tem uma estrutura muito parecida com a carta formal, ainda que a
parte publicada seja sempre pouco maior que um parágrafo em virtude do espaço
limitado.
Esse tipo de correspondência é normalmente direcionada aos editores ou redatores-chefes do veículo de comunicação em questão. Ela deve citar a reportagem, crônica, linha editorial, etc., sobre a qual trata a carta e deve muito clara e educadamente argumentar em favor de sua tese, pois, do contrário, nem mesmo um trecho da carta será publicado. Quando cartas de leitores são postadas na íntegra, o são em função da relevância institucional, da fama ou da competência profissional do autor dela ou mesmo da qualidade da discussão feita pelo leitor, o que é mais raro.
É considerado um texto persuasivo e argumentativo, ainda que muito dependa da capacidade de expor de forma clara e precisa o problema para que o interlocutor entenda a razão da reclamação. Apenas depois disso, a argumentação justifica-se com o intuito de convencer o destinatário a, por algum meio, contribuir para a solução do problema relatado na carta.
Segue o link de exemplos de trechos de cartas provavelmente muito
maiores enviadas ao jornal Folha de São Paulo:
Texto 01.
Texto 02.
Texto 03.
Prezados Senhores,
Desde maio de 2000, o filósofo
Olavo de Carvalho tem escrito semanalmente artigos para o jornal O Globo e para
a revistaÉpoca, nos quais tem abordado, de forma cristalina e muitas
vezes contundente, sempre com impressionantes inteligência e erudição, temas
fundamentais para o homem moderno, e principalmente pontos cruciais da história
e da política nacional e internacional. Olavo tem sido um dos poucos se não o
único intelectual brasileiro a analisar os problemas e a história do pensamento
nacional por um ângulo que não seja o esquerdista, normalmente unilateral e
engessado pelos dogmas marxistas. Se seu texto só tivesse essa única qualidade,
já mereceria nosso louvor, ou no mínimo nossa atenção. Mas Olavo tem sido uma
"vox clamantis in deserto". Em vez de encetar diálogos honestos e
dignos, como convêm a todo intelectual digno do nome, seus artigos tem sido
solenemente ignorados pela intelligentsia esquerdista,
por motivos que podemos detectar mas que não vêm ao caso agora. E, para nossa
surpresa, justamente a revista Época,
que vinha possibilitando a um número expressivo de leitores a oportunidade de
ler os excelentes textos de O. de Carvalho, parece ter decidido impor-lhe o
mesmo silêncio com que nossaintelligentsia tem
"reagido" aos seus textos, vetando-lhe o artigo que seria publicado
na edição de 03/11. Não podemos aceitar que uma revista prestigiosa como a Época,
que vinha demonstrando ser imparcial e aberta às diversas tendências e enfoques
de análise jornalística e intelectual, venha perpetrar tal censura (essa é a
palavra) a um de seus mais importantes articulistas. Ressalte-se o fato de que
na Época (e
também em O Globo) os textos de Olavo saem (ou saíam?) sempre na sessão
"Opinião", o que exime a revista de qualquer responsabilidade ou
compromisso com as idéias do articulista. Ainda assim seu último texto foi
proibido. O que (ou quem) levou Época a
tal decisão? Reconhecemos que os editores (e os donos) de um veículo de
imprensa devem ter autonomia para decidir o que publicar, mas nos causa espécie
o fato de um articulista acima da média ser sumariamente censurado, sobretudo
nesse país em que a palavra "censura" se tornou um verdadeiro
anátema, principalmente nos meios esquerdistas. Manifesto aqui o meu repúdio à
censura imposta por Época ao
filósofo Olavo de Carvalho, na esperança de que não percamos o privilégio e a
oportunidade de ler, nessa conceituada revista, os textos de um dos maiores
intelectuais que o Brasil já teve. Pois não será outro o requisito que
diferencia um veículo de imprensa dos demais se não a imparcialidade.
Cordialmente,
Fulano de tal, RJ.
5 - Carta
de solicitação - tipo de correspondência com o objetivo de solicitar
algo a alguém ou a uma instituição. É mais comum no âmbito comercial. Quanto à
estrutura assemelha-se muito com a carta formal,
É considerado um texto
persuasivo e argumentativo, ainda que muito dependa da capacidade de expor de
forma clara e precisa o que está sendo solicitado pelo autor da carta.
Normalmente, são solicitados por meio desse tipo de carta: pareceres
profissionais, documentos, explicações, etc. É fundamental que a solicitação
seja feita com polidez e clareza, porque, sem essa preocupação, mesmo que haja
razão e bom senso no que é solicitado, não será atendida pelo destinatário da
correspondência.
Texto 01.
Texto 02.
6 - Carta aberta - tipo de correspondência que trata de assuntos de interesse coletivo de forma pública. Quanto à linguagem e à estrutura, assemelha-se à carta formal, mas o conteúdo é restrito a assuntos que ou são de interesse público ou deveriam ser. É frequentemente usada como forma de protesto, como alerta, por isso são utilizados na construção dela recursos fortemente argumentativos.
Texto 01.
Carta aberta de artistas brasileiros sobre a devastação
da Amazônia,
Acabamos de comemorar o menor
desmatamento da Floresta Amazônica dos últimos três anos: 17 mil quilômetros
quadrados. É quase a metade da Holanda. Da área total já desmatamos 16%, o
equivalente a duas vezes a Alemanha e três estados de São Paulo. Não há motivo
para comemorações. A Amazônia não é o pulmão do mundo, mas presta serviços
ambientais importantíssimos ao Brasil e ao Planeta. Essa vastidão verde que se
estende por mais de cinco milhões de quilômetros quadrados é um lençol térmico
engendrado pela natureza para que os raios solares não atinjam o solo,
propiciando a vida da mais exuberante floresta da terra e auxiliando na
regulação da temperatura do Planeta.
Depois de tombada na sua
pujança, estuprada por madeireiros sem escrúpulos, ateiam fogo às suas vestes
de esmeralda abrindo passagem aos forasteiros que a humilham ao semear capim e
soja nas cinzas de castanheiras centenárias. Apesar do extraordinário esforço
de implantarmos unidades de conservação como alternativas de desenvolvimento
sustentável, a devastação continua. Mesmo depois do sangue de Chico Mendes ter
selado o pacto de harmonia homem/natureza, entre seringueiros e indígenas,
mesmo depois da aliança dos povos da floresta “pelo direito de manter nossas
florestas em pé, porque delas dependemos para viver”, mesmo depois de inúmeras
sagas cheias de heroísmo, morte e paixão pela Amazônia, a devastação continua.
Como no passado, enxergamos a
Floresta como um obstáculo ao progresso, como área a ser vencida e conquistada.
Um imenso estoque de terras a se tornarem pastos pouco produtivos, campos de
soja e espécies vegetais para combustíveis alternativos ou então uma fonte
inesgotável de madeira, peixe, ouro, minerais e energia elétrica. Continuamos
um povo irresponsável. O desmatamento e o incêndio são o símbolo da nossa
incapacidade de compreender a delicadeza e a instabilidade do ecossistema
amazônico e como tratá-lo.
Um país que tem 165.000 km2 de
área desflorestada, abandonada ou semiabandonada, pode dobrar a sua produção de
grãos sem a necessidade de derrubar uma única árvore. É urgente que nos
tornemos responsáveis pelo gerenciamento do que resta dos nossos valiosos
recursos naturais.
Portanto, a nosso ver, como
único procedimento cabível para desacelerar os efeitos quase irreversíveis da
devastação, segundo o que determina o § 4º, do Artigo 225 da Constituição
Federal, onde se lê:
"A Floresta Amazônica é
patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de
condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso
dos recursos naturais"
Assim, deve-se implementar em
níveis Federal, Estadual e Municipal: a
interrupção imediata do desmatamento da floresta amazônica. Já!
É hora de enxergarmos nossas
árvores como monumentos de nossa cultura e história.
Somos um povo da floresta!
Texto 02.