domingo, 28 de junho de 2015

ATA - módulo 0 - As artes visuais I – linguagem, conceitos e elementos (Teoria)

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As artes visuais I – linguagem, conceitos e elementos

"Aprender a ver é a mais longa aprendizagem de todas as artes."
(A.Graf)

Estilo é a incorporação da alma do artista à obra. Sem estilo nãoarte.”
(Carl Dreyer)

“A arte é um compêndio da natureza escrito pela imaginação.”
(Eça de Queiroz)

As artes que têm o sentido da visão como principal elemento utilizado na composição e observação delas são as visuais. São exemplos a pintura, o desenho, a gravura, a fotografia, o cinema, a arquitetura, o “webdesign”, a moda, a decoração, o paisagismo, o grafite, etc.
O olhar é o ponto central e organizador dessas formas de arte, tanto no que concerne a produção delas, quanto especialmente na recepção delas por parte dos espectadores que têm a visão como principal meio de decodificar as informações e as linguagens de tais produções artísticas.

:::Fundamentos da linguagem/leitura visual

Os elementos que estruturam a linguagem visual são chamados de elementos formais, porque são responsáveis por compor as imagens e artes visuais, são exemplos as pinturas, as esculturas, os edifícios, etc. A relação entre eles transmite ideias, visões de mundo, utopias, entropias, caos e todos os tipos de sensações, ideias e sentimentos previsíveis e conhecidos ou não. Esses elementos relacionam-se para emprestar a uma imagem uma série de sensações percebidas ou não pelos observadores como equilíbrio, variedade, padrão, etc.

- Suporte
            É a base, superfície ou material sobre ou com o qual o artista produz a obra artística. Pode ser a parede, o corpo, a tela, o mármore, etc.

- Material
            São as substâncias usadas para se produzir a imagem, normalmente usadas na pintura e na gravura, são exemplos a terra, o carvão, o grafite, o pastel, a tinta (acrílica, óleo, etc.), etc.

- Ponto
Unidade de comunicação visual mais simples e mínima. É o menor sinal gráfico visível e uma referência ou um indicador de espaço. Quando sozinho, produz a sensação de unidade. Quando em conjunto, os pontos podem delinear, contornar ou criar a ilusão de tom, de cor, de sombra, de profundidade, etc.

Muniz, Vik (1961-) artista plástico brasileiro - 1996 – “Sugar children” (série de fotografias).

- Linha
Quando os pontos estão tão próximos que se torna impossível identificá-los individualmente, daí a sensação de direção, isso os transforma em outro elemento visual: a linha, que pode ser considerada um ponto em movimento. Pode ser imprecisa e falha nos esboços, delicada e ondulada ou nítida e grosseira em função das motivações de quem a produz. A linha expressa a intenção, os sentimentos e a emoção associada à visão do artista. Por isso, as linhas podem ser descritas segundo uma tipificação:
1 - As linhas retas verticais ou horizontais são responsáveis por remeter a sensações de formalidade, poder, limite, ordem, austeridade, precisão, etc.
2 - As linhas quebradas em ângulos diversos podem remeter a variadas ideias associadas ao movimento de lento a rápido, de calmo e colérico, etc. Elas aludem a sensações de raiva, intensidade, vigor e força.
3 - As linhas diagonais são responsáveis diretas pela construção da perspectiva. Nas composições bidimensionais, simulam profundidade. Podem ainda representar dinamismo, excitação, etc.
4 - As linhas curvas ou espirais criam movimento e fluidez. Também remetem ao onírico, à loucura, à viagem, a digressões temporais, etc.
5 - As linhas sinuosas são sensuais e suaves, podem também transmitir também sensações relativas ao sonho, à trapaça, à falta de sentidos, ou mesmo à graça, à beleza, à elegância, etc.

Muniz, Vik (1961-) artista plástico brasileiro – 1997 - “Medusa marinara”.

- Forma e figura
A linha descreve ou sugere uma forma. Existem três formas básicas, que são o quadrado que pode evocar alguns significados como honestidade, esmero, correção, etc. O triângulo pode sugerir ação, conflito, tensão, agudez, agressividade, etc. O círculo pode simbolizar a infinitude, a perfeição, a ideia de proteção, etc. Já a figura é uma forma inserida, aplicada ou feita sobre um fundo com o qual se relaciona e interage. Nesse fundo, uma figura pode ganhar profundidade ou volume, pode ser um simples ponto que atrai a atenção do espectador, pode estar inserida num plano e ter apenas comprimento e largura, pode ser mimética ou abstrata, etc.

Escher, Maurits Cornelis (1898-1972) artista gráfico holandês - 1955 - litogravura - Convexo e côncavo.

- Espaço
O espaço na linguagem visual pode ser bidimensional quando é representado na obra apenas com o uso das variáveis largura e altura como dimensões e limites do suporte para a confecção da imagem, ainda que a profundidade possa ser simulada ou sugerida com linhas diagonais, com a diferença de tamanho dos objetos representados, etc. Pode também ser tridimensional quando as formas têm altura, largura e profundidade, sem a necessidade de técnicas que possam simular a terceira como é o caso da perspectiva na pintura. São bidimensionais a pintura, o desenho, a fotografia, etc., e tridimensionais a escultura, a arquitetura, etc.

Friedrich, Caspar David (1774-1840) pintor, gravurista, desenhista e escultor romântico alemão - 1818 - O viajante sobre o mar de névoa.
- Cor
A cor pode ser vista por causa da luz. As cores têm propriedades associadas ao tom ou matiz, que é o nome da cor; à intensidade, que é construída com a pureza ou a mistura de cores; ao valor, associado à claridade ou escuridão de uma cor; e a gradação, que é a mistura gradativa de cores. As cores podem ser primárias, que não são formadas pela mistura de outras cores (vermelho magenta, azul e amarelo); secundárias, que é o produto da mistura entre duas cores primárias (são exemplos, amarelo mais azul resulta em verde, vermelho mais azul resulta em roxo, etc.) ou terciárias (mistura das cores secundárias entre si).
As cores podem ser ainda frias (azul e verde), as quais despertam as sensações de frio, tristeza, calma, tranquilidade, etc., e quentes (vermelho, laranja e amarelo), as quais despertam as sensações de calor, agitação, alegria, etc. O branco é a mistura de todas as cores e o preto é a ausência de cor. A mistura de ambos cria os mais variados tons de cinza. O branco, o preto e o cinza são chamadas de cores neutras, porque são usadas para clarear ou escurecer outras cores.
As cores são frequentemente utilizadas para transmitir sensações, por isso têm muita influência nas emoções humanas.

Fonte: internet

- Textura
As superfícies têm um relevo chamado de textura, que, para ser percebida de forma mais ampla, tem que ser a princípio tateada. A textura pode ser lida de forma a transmitir informações em função de sua composição, a saber:
1 - Textura lisa: tranquilidade, suavidade, frio, insensibilidade, perfeição, etc.
2 - Textura áspera: raiva, calor, violência, desconforto, ato inacabado, imperfeição, etc.
3 - Textura macia: conforto, aconchego, sonolência, carinho, etc.
4 - Textura enrugada: tristeza, umidade, velhice, etc.

Gogh, Vincent Willem van (1853-1890) pintor pós-impressionista holandês - 1890 - óleo sobre tela - Campo de trigo com corvos.

Claudel, Camille (1864-1943) escultora e artista gráfica francesa - 1891-93 - escultura em bronze - A valsa (Primeira versão).

- Volume
            O volume caracteriza-se por planos relacionados em diagonal, superpostos, que revelam profundidade “e/ou” a ideia de uma forma inserida num espaço em que podem ser percebidas variações entre o cheio e o vazio, sombras, etc.



Observação: as linhas diagonais produzem a percepção das figuras (profundidade ou projeção), pois mudam o contexto espacial.

- Perspectiva
            A perspectiva é uma ferramenta de caráter geométrico capaz de gerar a ilusão da realidade por meio da representação de objetos no espaço com posicionamento e tamanhos corretos. A perspectiva é responsável, ao menos desde a Renascença, por estabilizar a reprodução das imagens de modo que o espectador seja de alguma forma uma referência para a qual o que foi representado na obra converge. Portanto, é uma forma de mimetizar objetos, seres, pessoas, locais, etc., a fim de que eles sejam mais fidedignos a suas formas reais. É uma forma de representar as três dimensões (profundidade, altura e largura) em um suporte que tenha apenas duas (altura e largura). As regras principais da perspectiva são o ponto de fuga (PF) que está situado na linha do horizonte (LH) para a qual convergem todas as paralelas.

Fonte: internet.

 Fonte: internet.

Fonte: internet

Fonte: internet

- Equilíbrio
O equilíbrio produz uma composição que transmite a sensação de estabilidade e organização ou o avesso disso. Para tanto, utiliza princípios como a simetria e a assimetria. A simetria constrói-se pelo equilíbrio projetado e controlado entre o espaço, as formas, as texturas e as cores. Já a assimetria é produto da informalidade e do descompromisso com as formas de organização e composição estética vistas como tradicionais ou comuns.

Basquiat, Jean-Michel (1960-1988) pintor norte-americano (Grafite-Neo-Expressionismo) - 1981 - giclée - Anjo caído.

- Ênfase
A ênfase constrói-se como um meio de o artista controlar o olhar do espectador para uma parte da obra em que elementos como a luz são mais intensamente representados. Pode ainda usar elementos contrastantes da linguagem visual para intensificar e dar mais atenção a um sentimento, uma opinião ou uma sensação transformadas em imagem.

Caravaggio (1571-1610) pintor italiano barroco - 1609 - óleo sobre tela - A extração do dente.

- Proporção
A proporção é o uso de formas em tamanhos contrastantes, com o intuito de dar a impressão de profundidade ou de expressar sentimentos ou mesmo alguma ideologia.

dos Prazeres, Heitor (1898-1966) pintor, cantor e compositor brasileiro (naif) - 1957 - óleo sobre tela - Roda de samba.

Hopper, Edward (1882-1967) pintor norte-americano - 1942 - óleo sobre tela - Falcões da noite.
- Movimento
É o princípio da linguagem visual que cria a sensação de dinâmica e de deslocamento dos corpos em obras artísticas. O movimento pode ser literal, porque real e físico ou apenas a representação dele construído por linhas diagonais, repetição de formas, etc.

Rockwell, Norman (1894-1978) pintor e ilustrador norte-americano - 1964 - ost - O problema com que todos nós vivemos.

- Ritmo
O ritmo é a velocidade e a ordem com as quais o espectador é direcionado por escolhas estéticas e formais do artista para perceber os componentes da composição numa sequencia previamente calculada pelo produtor da obra de arte.

Andreotti, Federico (1847-1930) pintor italiano - sd - óleo sobre tela - A dança.

- Padrão
O padrão é a repetição de unidades de forma ou figura, de linhas, de pontos e de cores em uma dada composição artística. Geralmente são muito utilizados em mosaicos, mandalas, estampas de roupas e tapetes, azulejos, arabescos, grafites, etc.
Haring, Keith (1958-1990) artista gráfico e ativista estadunidense (Grafite) - 1984 - Árvore da vida.

- Harmonia
A harmonia em uma obra de arte visual sustenta-se no equilíbrio entre todos os seus elementos, o que cria coerência para uma obra artística. Esse princípio da linguagem visual é muito dependente de questões de ordem histórica, ideológica, estética e mesmo pessoal, que - ainda – são transitórias temporal e espacialmente.

da Vinci, Leonardo (1452-1519) pintor, engenheiro, matemático, inventor, escultor, etc. italiano (Renascença) - 1472-75 - tinta a óleo, têmpera – Anunciação.

- Variedade
A variedade é a harmonia pela diferença, pelo desequilíbrio, em que se usam formas distorcidas, ilógicas, disformes, etc., para representar pontos de vista, estados de espírito, etc.

Dalí, Salvador - Salvador Domingo Felipe Jacinto Dalí i Domènech (1904-1989) pintor surrealista catalão - 1963 - Cinquenta, tigre real.

:::Manifestações da linguagem visual

O conceito de arte já foi bem diferente do que atualmente entende-se como tal, já que o grupo das artes chamadas “As sete artes liberais clássicas”, eram na Antiguidade Clássica as habilidades ou conhecimentos considerados fundamentais para tornar uma pessoa livre e, por isso, em termos intelectuais, diferente de um escravo. Era composto do “Trivium” e do “Quadrivium”. Durante Idade Média, seriam disciplinas fundamentais para qualquer sacerdote católico com pretensões em subir na hierarquia eclesiástica. O “trivium” era composto de três artes responsáveis por disciplinar e ordenar a mente, a saber: Lógica (ou Dialética), arte responsável por ordenar o discurso de forma a torná-lo sólido e coerente com o intuito de separar o verdadeiro do falso; Gramática, arte capaz de habilitar o indivíduo a usar linguagem de forma correta e eficaz; e a Retórica, arte da persuasão, capaz de tornar mais potente e convincente qualquer discurso. Por sua vez, o “Quadrivium” era formado por Aritmética, que era considerada a arte teórica dos números; Música, que era vista como a aplicação da teoria do número; Geometria, a arte teórica do espaço; e a Astronomia, que era a aplicação da teoria do espaço.


            A partir de mudanças no entendimento do que é a arte, música, dança e artes plásticas passaram a dominar o entendimento da maioria das pessoas sobre linguagens artísticas. Em 1912, o teórico e crítico de cinema ligado ao movimento futurista italiano Ricciotto Canudo, a fim de legitimar o cinema como uma linguagem artística, a qual considerava a “arte total” e “alma da modernidade”, tanto por reunir muitas vezes todas as outras artes em uma só como por ser a forma da arte mais sensível à Modernidade no que ela tem de tecnológica, veloz e dinâmica. Para tanto, propôs o chamado “Manifesto das sete artes” expandindo o conceito de arte de Hegel ao incluir o cinema, são elas: Arquitetura, Escultura, Pintura, Cinema, Dança, Poesia e Cinema. Posteriormente, passaram a ser entendidas como arte em alguns círculos intelectualizados também a Fotografia, a Banda desenhada, os Jogos eletrônicos, a Arte digital.
Portanto, a arte pode ser dividida em várias linguagens as quais podem contemplar diversas formas de expressão que têm características, métodos, suportes e realizações distintas, ainda que possam ser usadas simultaneamente na mesma obra ou ainda conjugadas para se criar outra linguagem artística. Dessa forma, numa visão mais contemporânea e livre de preconceitos acadêmicos ou mesmo de classe, são formas ou manifestações da arte, a saber: pintura, desenho, escultura, arquitetura, música, dança, teatro, pantomima, instalação, vídeo arte, tatuagem, literatura, gravura, fotografia, cinema, cerâmica, tecelagem, grafite, banda desenhada (história em quadrinhos, mangá, tira e cartum), moda, etc. No caso das artes visuais, serão destacadas em nosso estudo a pintura, a gravura, a escultura, a arquitetura e a fotografia.

::Pintura
O termo pintura é de forma inespecífica a diferentes técnicas usadas para aplicar pigmento em forma pastosa, líquida ou em pó sobre um suporte (papel, tela, parede, azulejo, etc.) com o objetivo de imprimir cor à superfície escolhida, o que pode atribuir a ela matizes, efeitos, tons e texturas.

Tipos de técnicas de pintura

Têmpera
A têmpera (este nome deriva em sentido literal da ideia de juntar, misturar, etc.) é uma técnica de pintura que permite uma ótima fixação dos pigmentos no suporte, geralmente afrescos ou painéis de madeira preparados com gesso. Mantém as cores com poucas alterações por longos períodos. É resultado da mistura de pigmentos variados com aglutinantes em emulsão de água como ovo, clara de ovo (albumina), caseína e vários tipos de goma. Produz cores algo brilhantes e translúcidas. Por ser de secagem muita rápida, a graduação de tons, sombras, etc., é prejudicada e, assim, é precária. É chamada têmpera forte quando os pigmentos são menos diluídos. Conhecida desde a Pré-História e usada mais largamente desde a Idade Média no Período Românico, ainda que o auge dessa técnica tenha sido os séculos XIV e XV.

di Paolo, Giovanni (1398-1482) pintor italiano (Arte Medieval-Gótico) - 1445 - têmpera e ouro sobre madeira - A criação do mundo e a expulsão do Paraíso.

Encáustica
A encáustica (deriva do termo grego para “gravar a fogo”) é uma técnica de pintura muito usada na Grécia Antiga, que consiste na união de pigmentos com algum tipo de cera (abelha, parafina, carnaúba, etc.) que resulta em um mistura densa e cremosa, que deve ser aplicada com pincel ou espátula quente. É uma técnica que oferece enorme resistência às obras produzidas por meio dela, daí a quantidade expressiva de obras muito antigas produtos dessa técnica que chegaram à atualidade em boas condições. É caracterizada por produzir imagens com pouco brilho em suportes como alvenaria, placas de madeira e mesmo tela, ainda que apenas mais recentemente este suporte tenha começado a ser utilizado. Foi usada ainda por artistas do século XX como Jasper Johns, Mauricio Toussaint, Diego Rivera, Georges Rouault, entre outros.


Autor desconhecido - Egito antigo - Encáustica sobre madeira - retratos de múmia de Fayum.

Afresco
O afresco é uma técnica de pintura feita em paredes ou tetos. Deve ser executada com a aplicação de tinta sobre a argamassa ou o gesso, que recobrem os suportes, ainda frescos, daí a grande durabilidade das obras criadas com essa técnica, devido à incorporação dos pigmentos à superfície em que são aplicados. É usada desde civilizações egeias como técnica decorativa de paredes, ainda que no Renascimento tenha ganhado sua mais distinta expressão nas obras de Michelangelo, Rafael e Masaccio. O termo é utilizado por extensão de sentido para nomear a pintura mural em geral.

Rafael Sanzio (1483-1520) pintor e arquiteto renascentista italiano - 1509-1511 - afresco - 500x700cm – Escola de Atenas.

Óleo
A pintura a óleo é uma técnica de pintura, que emprega tintas a óleo aplicadas com pincéis, espátulas ou outros instrumentos sobre telas de tecido, superfícies de madeira ou outros suportes. É criada com a mistura de variados tipos de óleo, usados como aglutinantes, com os também mais diversos pigmentos. Sua origem remonta ao Oriente por volta do século VII da Era Cristã, ainda que tenha chegado ao seu ápice ao longo do Renascimento nas obras de mestres como Da Vinci. Sua intensa utilização a partir do Renascimento deve-se a sua durabilidade, mas também às possibilidades técnicas capazes de garantir tons mais brilhantes e realistas a sombreados, gradações de cor e texturas. Enfim, ela oferece grande, se não a maior, versatilidade para os pintores entre as técnicas de pintura conhecidas. Com o tempo, porém, tende a escurecer e craquelar.

da Vinci, Leonardo (1452-1519) pintor italiano (Renascença) - 1503-06 – óleo – Mona Lisa ou La Gioconda.

Aquarela
A aquarela é uma técnica de pintura que emprega tintas brilhantes e transparentes que são misturadas à água em diferentes proporções, para aumentar a transparência e a suavidade do pigmento original. Criada no Oriente, difundiu-se no Ocidente especialmente na Europa a partir da Renascença. O resultado é transparente, suave e luminoso. Os suportes mais usados são os papeis de elevada gramatura; além do cartão, do couro, do papiro e da madeira. É uma técnica que exige agilidade, precisão, segurança e espontaneidade do artista, pois é improvável que qualquer erro cometido no processo de produção possa ser corrigido facilmente. Há um tipo de aquarela opaca chamada guache (do italiano “guazzo”, que significa “tinta de água”), em que a água é misturada à goma arábica (aglutinante) e a um pigmento branco opaco antes de ser unida a pigmentos de diversas cores. O guache era muito usado nas iluminuras na Idade Média.

Debret, Jean-Baptiste (1768-1848) pintor e desenhista francês - 1828 - aquarela - Coroação de D. Pedro I.

Pastel
Técnica de pintura antiga, citada no Renascimento por Leonardo Da Vinci, e usada amplamente na França no século XVIII nas obras barrocas de Fragonard e Chardin. É baseada no uso de bastões cilíndricos, barras ou mesmo lápis em que pigmentos em pó são unidos por uma resina ou goma. O suporte mais comum é o papel de grande gramatura de cor neutra. É usado para produzir imagens muito suaves e envoltas em aparentemente leve esfumaçado. Oferece grande dificuldade de fixação duradoura do que se produz com esse material ao suporte escolhido, daí ser comum o uso de fixadores como o verniz por sobre a obra feita. Dentre outros artistas, destacaram-se por meio dessa técnica Cassat, Degas, Redon, Renoir, Toulosse-Lautrec e Whistler.

Picasso, Pablo (1881-1973) pintor, escultor e desenhista espanhol (Cubismo) - 1920 - Pastel sobre papel – Juan-les-Pins, verão 1920.

Acrílica
            Técnica de pintura baseada em tinta sintética que une propriedades da tinta a óleo e da aquarela. É altamente versátil já que pode ser aplicada em variado número de suportes em camadas finas ou espessas (impasto). É de secagem rápida e é solúvel em água. Muito usada por diversos artistas em especial a partir da década de 1940. Destaca-se como expoente do uso desse tipo de tinta o pintor David Hockney.

Hockney, David (1937-) pintor, cenógrafo, fotógrafo e gravador britânico - 1971 - acrílico – Guarda sol.

:::Gravura
O termo “gravura” refere-se às imagens em geral obtidas por intermédio da impressão de uma matriz produzida artesanalmente com incisões, que, em função da natureza do material no qual elas são feitas, será definido o tipo de gravura ao qual ela pertence. Essa matriz tem sulcos ou superfícies em alto relevo os quais receberão tintas que permitirão a impressão em positivo e negativo respectivamente. A impressão será feita em um suporte geralmente numerado (1/50, por exemplo) e de papel de alta gramatura. Quanto às técnicas, pode-se citar xilogravura, litogravura, serigrafia, entre outras.

Tipos de gravura

Petróglifo
São imagens gravadas em paredes de cavernas desde a Pré-História, normalmente em forma geometrizadas e simbólicas, que registram fatos e mitos de populações desse período. São encontrados em todo o mundo.

Petróglifos Lion Twyfelfontein, Namíbia.

Xilogravura
A matriz nesse caso é a madeira. Essa é a técnica de gravação mais antiga e simples. Consiste em produzir gravuras com o uso de matrizes de madeira nas quais o artista grava a imagem desejada com a retirada de material dessa superfície que será a parte sem cor de sua gravura, pois nessas áreas o papel não receberá tinta.

"Sutra do Diamante", xilogravura de oração Budista impressa na China, 868.

Calcogravura
            A matriz é feita com algum tipo de metal como cobre, zinco, alumínio ou latão. Ela é conhecida na Europa desde o século XV. As gravações são feitas com incisões diretas na superfície ou com banhos de ácidos que corroem partes específicas da matriz. Os processos de aplicação da tinta e de prensagem do papel são muito semelhantes aos da xilogravura.

Dürer, Albrecht (1471-1528) pintor e gravador renascentista alemão - 1514 - gravura em metal – Melancolia.

Litogravura
A matriz da litogravura é a pedra calcária. Esta técnica parte do princípio de que água e gordura repelem-se. Ela consiste na produção de imagens com material gorduroso sobre pedra calcária, para que, posteriormente, seja aplicado ácido sobre essa superfície de maneira que ela seja desgastada quimicamente apenas onde não se aplicou a gordura. Assim como a gravura em metal, essa técnica também necessita de uma prensa para transferir para o papel a imagem gravada na pedra.

Segall, Lasar (1891-1957) pintor e escultor lituano - 1909 - litogravura – Dor.

Serigrafia (silk-screen)
            A matriz nesse caso é feita geralmente de poliéster ou nylon. O processo de impressão consiste na aplicação de tinta numa tela vazada em pontos capazes de formar uma imagem completa ou parte dela. Isso é feito com a ajuda de um rolo ou puxador de madeira, alumínio ou aço. Os suportes podem ser vários como papel, plástico, borracha, madeira, vidro, tecido, etc.

Warhol, Andy - Andrew Warhola (1928-1987) pintor e cineasta norte-americano, idealizador da Pop art - 1962 - serigrafia - Vinte Marilyns.

“Giclée” (“fine-art”)
“Fine-art” ou “Giclée” são palavras que nomeiam o mesmo processo de gravação por meio de microjato de tinta. Representa uma nova forma de produção de gravuras com o uso de um tipo específico de impressora que aplica aproximadamente 4 milhões de microscópicos pingos de tinta por segundo sobre papel artístico ou tela. Podem ser usadas até 16 milhões de cores, daí o fato de ser considerada a forma mais sofisticada de impressão conhecida.

Nota: impressora digital com capacidade para imprimir no padrão de gravação chamado “giclée”.

:::Escultura
Escultura é uma manifestação artística que representa imagens plásticas em relevo total ou parcial, ou seja, em três dimensões. Existem várias técnicas definidas pela forma como se interfere em materiais como mármore ou madeira, normalmente divididas em dois grupos segundo a adição ou a subtração de matéria do suporte escolhido. As técnicas mais comuns são a cinzelação, o desgaste, a fundição, a moldagem ou a aglomeração de partículas. Quanto aos materiais possíveis, eles podem ser de alta durabilidade como o bronze, o ouro, a prata, o aço ou algum tipo mais duro de pedra como o mármore, ou podem ser feito em suportes mais frágeis como a cera, o barro, a madeira ou mesmo o gelo ou chocolate. O suporte escolhido - via de regra - determina qual será a técnica que será empregada para a produção da escultura. O tema mais comum é a forma humana, ainda que qualquer objeto, ideia, sentimento ou ser vivo possa ser representado de alguma forma.

Brecheret, Victor (1894-1955) escultor modernista ítalo-brasileiro- 1935 – escultura em terracota - Santa ceia.

Claudel, Camille (1864-1943) escultora e artista gráfica francesa - 1904 - escultura em bronze - A flautista

Bernini, Lorenzo (1598-1680) escultor italiano barroco - 1623-1624 - escultura em mármore – Davi.

Sobre os fundamentos da linguagem visual, as Orientações Educacionais do Ensino Médio editadas pelo MEC, acrescentam:

“Esses fundamentos da linguagem visual formam um conteúdo já sedimentado no ensino de artes visuais, o qual é normalmente mencionado nos currículos de ensino superior e nos programas dos ensinos fundamental e médio. Existe, também, uma bibliografia sobre o assunto já bastante conhecida, tais como os estudos de Rudolf Arnheim, Donis A. Dondis, Fayga Ostrower (ver referências bibliográficas), além de ser um tema que compõe o sumário da maioria dos livros de introdução à programação visual.
Contudo, resgatando as menções feitas na introdução desse tópico, quer-se frisar que a abordagem desse tema deve ocorrer contextualizada nas manifestações concretas da linguagem. Pois, normalmente, quando esse assunto é tratado estritamente nos seus aspectos formais e abstratos, ele se torna maçante e desinteressante para o aluno, que não entende o seu sentido. Porém, quando o aluno identifica os “truques” que os desenhistas utilizam para criar efeitos de movimento e profundidade espacial nas histórias em quadrinhos e que aqueles e outros efeitos são também utilizados na arte, distinguindo os estilos das diversas tradições, épocas e artistas, o entendimento desses aspectos torna-se mais efetivo e interessante.”

“Canal
- Exploração dos materiais e das técnicas tradicionais (desenho, pintura, gravura, escultura), inclusive o aprendizado sobre a fabricação de tintas e de outros materiais.
- Pesquisa de novos suportes e materiais pela apropriação de elementos do cotidiano e reciclagem.
- Exploração dos recursos das novas tecnologias.

A parede da caverna pintada com terra e gordura animal na pré-história, o corpo pintado e adornado com penas de aves de várias cores, como fazem diversas culturas indígenas brasileiras, são exemplos dos múltiplos materiais e suportes da linguagem visual.
A invenção do papel, das técnicas de impressão (xilo, calco, litogravuras) e posteriormente da prensa de Gutemberg são tecnologias que revolucionaram e ampliaram as possibilidades de construção e veiculação de textos e imagens, tal como provocaram o surgimento da fotografia, do cinema, da televisão e da informática.
Na arte ocidental, os artistas e as academias do passado elegeram certos materiais e suportes como exclusivos, caso especial da tinta a óleo sobre tela, enquanto os artistas modernos e contemporâneos demoliram esses cânones, anexando à arte toda a sorte de materiais e suportes, desde os mais rústicos às tecnologias de ponta.
Em suma, por causa de sua dimensão estética (sensorial) na linguagem e nas artes visuais, a relação entre código, materiais e suportes é muito estreita. Embora configurem temas específicos, esses conteúdos só são efetivamente compreendidos nos usos culturais e históricos das imagens.

Contexto

Do texto da obra
Para representar a aparência física de uma casa, o registro fotográfico ou o desenho em perspectiva são excelentes estratégias. Porém, para construir essa mesma casa, o mestre-de-obras precisa de uma planta baixa, desenho sem qualquer efeito de perspectiva que mostra a exata posição e a medida de cada um de seus cômodos.
Portanto, não existe um modo de representação superior a outro. Ao contrário, os estilos mudam de acordo com sua função, ou seja, o contexto e as intenções de cada obra. É assim nos usos cotidianos e profissionais da linguagem (arquitetura, sinalização, “design” de moda, publicidade, etc.), bem como na arte.
Por isso, é dito que os estilos artísticos representam “visões de mundo”, isto é, diferentes intenções e valores ligados a convicções e necessidades espirituais, políticas, econômicas e sociais das diversas culturas e épocas.

Do aluno, do professor, da escola, da comunidade

A cultura de uma nação estrutura-se na interligação de inúmeras microculturas relacionadas a diferenças regionais, sociais, econômicas, dos papéis sociais (masculino, feminino, transgênero), das referências étnicas, religiosas e também de idade.
Os jovens articulam uma cultura própria. Embora dirigida a eles, a escola costuma negligenciar esse repertório cultural presente nas diversas linguagens
(verbal, visual, musical, corporal e suas mixagens).

No campo da linguagem visual, isso é perceptível nos modos de vestir, nas estampas das camisetas, das capas dos cadernos, dos CDs, nas imagens dos vídeoclipes, nas histórias em quadrinhos, nos grafites urbanos, entre outros exemplos.”

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