Proposta de redação
Texto 01.
Texto 02.
Texto 03.
Texto 04.
Brasil vive
barbárie em série com linchamentos e espancamentos
Brasil assiste a uma escalada de linchamentos e
espancamentos coletivos. Para especialistas, a onda revela descrença na Justiça
e se alimenta da divulgação
Alessandra Mello
Publicação: 04/05/2014 00:12 Atualização: 04/05/2014
07:10
Osvaldo Bachinam, de 32 anos,
e os irmãos Ivacir Garcia dos Santos, de 31, e Arci Garcia dos Santos, de 28,
mantiveram refém, sob a mira de um revólver, uma família em Matupá, cidade de
14 mil habitantes, no Mato Grosso. Depois de horas de negociação eles se
renderam. Mas não chegaram a ser presos, muito menos condenados pela Justiça.
Foram linchados pela população da cidade. Um cinegrafista amador, que vivia de
filmar casamentos, gravou toda a violência. As cenas são chocantes. Depois do
espancamento, um homem joga gasolina nos três. Em seguida, alguém ateia fogo.
Um deles, ainda vivo, se debate enquanto tem o corpo incendiado. O crime
aconteceu no fim de 1990. Poucos meses depois, as imagens vieram a público e
correram o mundo. E o número de linchamentos no Brasil bateu recorde. Foram 148
casos em 1992, contra 48 do ano anterior, segundo dados do Núcleo de Estudos da
Violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP).
A dinâmica “notícia de
linchamento-explosão de casos” parece se repetir este ano. No rastro da
metodologia adotada nas pesquisas do NEV/USP, cujos dados são baseados em
notícias publicadas na imprensa, a reportagem do Estado de Minas levantou, por
meio de informações divulgadas em portais de notícias, 36 casos de linchamentos
e espancamentos coletivos neste ano em 15 dos 26 estados e no Distrito Federal.
Dezenove deles resultaram na morte da vítima. A média é de um caso a cada oito
dias. A maioria absoluta aconteceu a partir de fevereiro, logo depois que um
adolescente foi espancado por cerca de 15 homens e amarrado nu a um poste no
Bairro Flamengo, Zona Sul do Rio de Janeiro, em 31 de janeiro, com repercussão
nos portais de notícias e redes sociais.
Para a socióloga e
pesquisadora do NEV/USP Ariadne Natal, autora de uma tese de mestrado sobre
linchamentos em São Paulo, é preciso ter cuidado ao falar de aumento ou
decréscimo de casos ao longo do tempo, pois a variação no total de notícias
pode ser decorrência somente de um maior ou menor interesse da imprensa pelo
tema em determinado momento. Uma elevação nos registros pode, ainda, segundo a
pesquisadora, resultar da maior publicidade dos casos, que teria como efeito
colateral a difusão do linchamento no imaginário da população como um recurso
de justiça em situações de aumento de criminalidade e fraca resposta do Estado.
Ariadne Natal ressalta,
entretanto, que independentemente dos motivos, não há dúvida de que multidões
fazendo “justiça com as próprias mãos” revelam um descrédito da população com
as instituições responsáveis pela manutenção do estado de direito. “A linguagem
do linchamento é pública. A intenção é ir ao extremo da violência para mostrar
descontentamento com o Estado, por isso não basta espancar, matar. Tem que
expor o corpo em praça pública e, nos tempos atuais, nas redes sociais”,
analisa. Isso explica, segundo a pesquisadora, o fato de muitos casos de
linchamento serem fotografados e filmados e depois compartilhados nas redes
sociais.
Dados sobre linchamentos
levantados pelo NEV/USP em uma série histórica que cobre os períodos de 1980 a
2006 são praticamente os únicos disponíveis no Brasil com abrangência nacional.
No período estudado, ocorreram no país 1.179 casos de linchamentos, definidos
pelo núcleo como ações coletivas de justiçamento, mesmo em casos em que a
violência não resulta em morte. Em 2006, foram seis registros. Os dados mais
atuais são de São Paulo, onde a série histórica do núcleo seguiu até 2010,
quando ocorreram 10 casos no estado, com três mortes. Os números, entretanto,
não são precisos, uma vez que linchamentos e espancamentos coletivos não são
caracterizados como um tipo penal (descrição pela legislação de um ato ilícito)
e, por isso, não fazem parte das estatísticas de crimes feitas pelos órgãos de
segurança.
Milícias
O sociólogo Rudá Ricci lembra
que, no Brasil, fazer justiça com as próprias mãos não é um ato restrito aos
linchamentos. Ele cita os casos das milícias ou justiceiros que atuam em diversas
regiões do país, principalmente nas periferias. “O motivo disso é a ausência
simbólica ou concreta do Estado, ou a desconfiança de que a justiça não vai ser
feita ou será tardia”. Como agravante do quadro, ele aponta a crise de
representação que o Brasil enfrenta e que ficou muito evidente nas
manifestações de junho.
Segundo o Índice de Confiança
na Justiça, elaborado pela Fundação Getulio Vargas, só 5% dos cidadãos confiam
nos partidos políticos. No Poder Judiciário (42%), no Congresso (40%) e no governo
federal (40%) a confiança é maior, mas o descrédito é majoritário. O sociólogo
e ex-secretário-adjunto de Defesa Social de Minas Gerais Luis Flávio Sapori
também corrobora a tese de que esse tipo de violência é uma “sinalização clara
da sociedade, em todos os sentidos, de que a segurança pública e a Justiça
estão em xeque”.
Veredicto
Durou 21 anos, mas os acusados
da morte de Ivacir e Arci Garcia dos Santos e de Osvaldo Bachinan foram
condenados pelo Tribunal do Juri em 2011. Em um julgamento que durou quatro
sessões, Luiz Alberto Donin recebeu a pena de cinco anos e quatro meses de
reclusão, em regime inicial semi-aberto, e Mario Nicolau Schorr de quatro anos
e oito meses de reclusão, em regime semi-aberto. Valdemir Pereira Bueno, que
admitiu ter jogado combustível nas vítimas, foi condenado a oito anos de
reclusão em regime inicialmente fechado. Os outros 15 réus foram inocentados
por falta de provas. O caso ficou conhecido como a “Chacina de Matupá”.
Cenas de Injustiça e Dor
O soldador Jevanilson Rios
Santos, de 20 anos, carinhosamente chamado pela família de Sinho, chegou do
trabalho e resolveu tarde da noite ir atrás de uma moça que tinha conhecido
havia pouco tempo em um povoado perto da cidade onde ele mora com a família. Um
amigo deu carona de moto para ele e ficou de buscá-lo mais tarde. Como
Jevanilson não apareceu no local combinado, ele resolveu procurá-lo. Encontrou
o soldador desacordado, sangrando e deformado por chutes e pancadas em todo o
corpo. Segundo a mãe do rapaz, a dona de casa Zenilda Rios, de 42, ele foi
espancado por moradores que o confundiram com um assaltante. Segundo
informações da Polícia Militar repassadas à família, na localidade conhecida
como Humildes, distrito do município de São Gonçalo dos Campos, a 108
quilômetros de Salvador, estavam ocorrendo diversos roubos de motocicletas, e a
população, ao ver uma pessoa desconhecida no povoado, suspeitou que ele pudesse
ser o responsável pelo crime e o espancou barbaramente. Sinho está internado no
Hospital Cleriston Andrade, em Feira de Santana, cidade onde mora com a
família.
Dona Zenilda não se conforma
com o que ela classifica como “barbaridade”. “Sinho ficou deformado. Não fala e
não se mexe. A maioria dos chutes e pauladas que ele levou foi na cabeça. Uma
violência que nunca vi na vida e contra um menino muito bom.” Segundo ela, seu
filho nunca teve passagem pela polícia, começou a trabalhar aos 16 anos e, no
ano passado, concluiu o ensino médio e começou a trabalhar de soldador em uma empresa
de Feira de Santana. “Ele nunca me deu trabalho, não tenho uma reclamação,
sempre foi um ótimo filho”, conta a mãe, que disse estar “sofrendo muito” com o
que aconteceu. “Aonde isso vai? Aquilo não poderia nunca ter acontecido com
ninguém. Nem com um inocente, nem com um bandido. Não é assim que se faz justiça”,
defende a dona de casa.
Ela conta que os médicos não
têm previsão de alta da unidade de tratamento intensivo nem sabem dizer se ele
terá sequelas. Ele teve fraturas, passou por uma traqueostomia e uma cirurgia.
A assessoria de comunicação do hospital não dá detalhes do quadro dele. Diz
apenas que seu estado de saúde é “estável”. De acordo com dona Zenilda, a
delegada que investiga o caso, Cristiane Oliveira, disse que na semana que vem
terá novidades sobre o caso. “Mas ela pediu paciência, pois é uma investigação
difícil.” É que, de acordo com Ariadne Natal, socióloga que estuda linchamentos
no Brasil, os casos não costumam ter desfecho, pois a justiça é feita com a
descrição individual das condutas de homicídio, tortura e lesão corporal, que é
como são definidos os casos de linchamento na legislação brasileira. “Isso
também favorece condutas desse tipo”, destaca.
Jevanilson está em estado grave, mas tem chances de
sobreviver e se recuperar da barbaridade. Quatro anos mais velho que o baiano,
Isaias dos Santos Novaes, morador de Nova Crixás, a 380 quilômetros da capital,
não. No dia 5, ele foi preso, acusado de estupro, e levado pela polícia para
fazer exame de corpo de delito no hospital. A população revoltada invadiu e
quebrou o hospital, pegou Isaias, espancou-o e o esfaqueou até a morte. Tudo
foi filmado e colocado nas redes sociais. Outros casos como esse foram
registrados em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Sergipe,
Pernambuco, Paraíba, Acre, Ceará, Maranhão, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Justiçamento em grupo
O QUE É
Os linchamentos são ações que contam com a participação
de um grupo efêmero e sem organização prévia, que age geralmente em local
público, com o objetivo de fazer justiçamento sumário, sem a mediação do
Estado, contra pessoas suspeitas de cometer crimes e violências de toda sorte.
No estudo do Núcleo de Violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP) são
considerados linchamentos inclusive os casos em que as vítimas não morreram,
mas em que houve espancamentos e agressões coletivas.
ORIGEM DA PALAVRA
Há controvérsia sobre a origem da palavra linchar.
Surgida nos Estados Unidos, ela deriva do nome Lynch, que pode ser uma
referência ao coronel Charles Lynch, que fazia justiça com as próprias mãos,
por volta de 1782, durante a guerra da independência, ou uma derivação do nome
do capitão William Lynch, que mantinha um comitê independente encarregado de
preservar a ordem e a justiça em um condado no estado da Virgínia, no período
de 1870. Nos EUA, o termo é usado somente quando o espancamento resulta em
morte.
ESTATÍSTICAS NO BRASIL
O auge desse tipo de ação foi
em 1991, quando ocorreram 148 casos. Naquele ano, um caso de linchamento em
Matupá, no Mato Grosso, teve repercussão nacional.
O menor número de registros
foi em 2006, com cinco casos.
Em todos os outros estados,
foram registrados menos de 15 casos entre 1980 e 2006.
No estado recordista de casos,
São Paulo, os principais motivos de linchamento foram roubo/sequestro,
homicídio e estupro e atentado violento ao pudor envolvendo crianças.
Números mais recentes do
NEV/SP trazem dados apenas de SP e RJ. Em SP, em 201O, foram 10 casos. No RJ,
no mesmo período, foi registrado um caso.
Fonte: Núcleo de Estudos da Violência da Universidade
Federal de São Paulo.
Fonte da reportagem: http://www.em.com.br/app/noticia/nacional/2014/05/04/interna_nacional,525092/brasil-vive-barbarie-em-serie-com-linchamentos-e-espancamentos.shtml
Situação
2014-27A - Dissertação (Enem)
A partir da
leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao
longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade
escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “barbárie e civilização no
Brasil contemporâneo”, apresentando proposta de intervenção, que respeite os
direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa,
argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
Instruções Enem:
1. O rascunho da
redação deve ser feito no espaço apropriado.
2. O texto
definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.
3. A redação com
até 7 (sete) linhas escritas será considerada “insuficiente” e receberá nota
zero.
4. A redação que
fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo receberá
nota zero.
5. A redação que
apresentar proposta de intervenção que desrespeite os direitos humanos receberá
nota zero.
6. A redação que
apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões
terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.
Situação
2014-27B - Dissertação (USP, Unesp, etc.)
Faça uma dissertação-argumentativa
as causas e as consequências da recente onda de linchamentos e justiçamentos
ocorrida no Brasil.
Instruções:
1. Lembre-se de
que a situação de produção de seu texto requer o uso da norma padrão da língua
portuguesa.
2. A redação
deverá ter entre 25 e 30 linhas.
3. Dê um título
a sua redação.
Situação
2014/27/C – Resumo (UFU, Unicamp, UEL, etc.)
Faça um resumo
do texto 4 da coletânea.
Instruções UFU:
1. Após a
escolha de uma das situações, assinale sua opção no alto da folha de resposta
e, ao redigir seu texto, obedeça às normas do gênero selecionado.
2. Se for o
caso, dê um título para sua redação. Esse título deverá deixar claro o aspecto
da situação escolhida que você pretende abordar.
3. Se a
estrutura do gênero selecionado exigir assinatura, escreva, no lugar da
assinatura: JOSÉ OU JOSEFA. Em hipótese alguma escreva seu nome, pseudônimo,
apelido, etc. na folha de prova.
4. Utilize
trechos dos textos motivadores (da situação que você selecionou) e
parafraseie-os.
5. Não copie
trechos dos textos motivadores, ao fazer sua redação.
6. ATENÇÃO: se
você não seguir as instruções da orientação geral e as relativas ao tema que
escolheu, sua redação será penalizada.
7. Mínimo de 25
e máximo de 30 linhas.
Situação
2014/27/D – Outros gêneros textuais – Crônica (Unicamp, UEL, etc.)
Escreva uma
crônica a respeito dos recentes eventos ocorridos no Brasil associados a
linchamentos, justiçamentos, etc., praticados contra pessoas inocentes.
Instruções:
1. Seu texto
deve ter título.
2. Seu texto
deve ter no mínimo 15 e no máximo 20 linhas.
Situação
2014/27/E - Carta argumentativa (UFU, Uniube, Unicamp, UEL, etc.)
Escreva uma
carta argumentativa para uma juíza com o intuito de defender ou condenar os
atos de um grupo de justiceiros que será julgado por ela em poucos dias.
Instruções UFU:
1. Após a
escolha de uma das situações, assinale sua opção no alto da folha de resposta
e, ao redigir seu texto, obedeça às normas do gênero selecionado.
2. Se for o
caso, dê um título para sua redação. Esse título deverá deixar claro o aspecto
da situação escolhida que você pretende abordar.
3. Se a
estrutura do gênero selecionado exigir assinatura, escreva, no lugar da
assinatura: JOSÉ OU JOSEFA. Em hipótese alguma escreva seu nome, pseudônimo,
apelido, etc. na folha de prova.
4. Utilize trechos
dos textos motivadores (da situação que você selecionou) e parafraseie-os.
5. Não copie
trechos dos textos motivadores, ao fazer sua redação.
6. ATENÇÃO: se
você não seguir as instruções da orientação geral e as relativas ao tema que
escolheu, sua redação será penalizada.
7. Mínimo de 25
e máximo de 30 linhas.
Instruções
Uniube:
- no lugar da
assinatura, coloque um traço.
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