segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Redação - Proposta 2014-9 - alimentação-obesidade - dissertação-carta

Proposta de redação

Texto 01.
Entrevista
Obesidade infantil
Sandra Villares é médica, coordenadora do Ambulatório de Obesidade Infantil do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.

Ver os netos gordinhos era a alegria das avós do passado. Criança rechonchuda era sinônimo de criança saudável. De certa forma, havia lógica nesse conceito. Numa época em que não existiam antibióticos, crianças mais nutridas resistiam melhor aos processos infecciosos na infância.
Hoje, a obesidade infantil transformou-se num problema sério de saúde, numa epidemia que se alastra e já atinge parte expressiva da população nessa faixa de idade. As causas são muitas, mas pesam os hábitos alimentares baseados no fast food, salgadinhos e guloseimas e as horas passadas em frente da televisão ou jogando videogame.
A preocupação não é com a estética. Muitas crianças com excesso de peso apresentam alterações nos níveis de colesterol, são descriminadas pelos companheiros e alvo de brincadeiras de mau gosto.
O controle da obesidade infantil começa em casa, com refeições balanceadas, estímulo à atividade física e mudança dos hábitos alimentares de toda a família.

IMC INFANTIL
Drauzio – O que diferencia a criança gordinha da criança obesa?

Sandra Villares – Em geral, a mãe tem sensibilidade para notar que a criança está um pouco mais forte do que os coleguinhas de mesma idade. A mãe ou os familiares perceberem esse fato é o primeiro passo para estabelecer a distinção. Os médicos fazem cálculos um pouco mais complicados. Dividem o peso pela altura ao quadrado, obtêm o índice de massa corpórea (IMC) e utilizam gráficos que podem ser encontrados no site www.abeso.org.br. Resultado acima de 85 percentil caracteriza sobrepeso; acima de 95, obesidade. Abaixo de 85 percentil, indica que a criança não tem sobrepeso.
Essa curva não é igual a dos adultos porque as crianças crescem e os números variam conforme a idade.

CAUSAS DA OBESIDADE
Drauzio – Por que alguns bebês que mamam no peito da mãe são gordinhos e outros são magrinhos? Existe tendência à obesidade que se manifesta desde o nascimento?

Sandra Villares – Existem muitas causas para a obesidade infantil, mas não podemos deixar de mencionar as características genéticas. Milhões e milhões de anos atrás, sobreviveram nossos ancestrais que tinham genes capazes de estocar calorias e transformá-las em energia. Os que não tinham, morreram cedo e provavelmente não deixaram descendentes.
Isso quer dizer que a grande maioria dos sobreviventes tem genes que favorecem o aparecimento da obesidade. Se o ambiente for favorável, ela irá manifestar-se.
Qual é o ambiente saudável para o bebê? É a mãe. Engordar muito durante a gestação, favorece o desenvolvimento de tecido adiposo, de gordura, no primeiro ano de vida da criança.

Drauzio – Esse é um dado importante, porque muitas mulheres engordam demais durante a gravidez.

Sandra Villares – Na literatura, há trabalhos mostrando que para o desenvolvimento do tecido adiposo no primeiro ano de vida é importante não só o peso com que a mãe inicia a gravidez, mas o peso que ganha durante a gestação.

Drauzio – Que curioso é esse mecanismo. A mãe acumula gordura no próprio corpo e passa para a criança a tendência a juntar tecido adiposo.

Sandra Villares – A mãe deve passar algum neuro-hormônio, que não sabemos qual é, mas que faz com que o hipotálamo mande uma mensagem para a criança armazenar mais energia e ela estoca gordura.

Drauzio – Então além das características genéticas, de alguma forma, a obesidade materna durante a gestação influencia a obesidade infantil.

Sandra Villares – O contrário também é verdadeiro. A falta de alimentação adequada durante a gestação para um bebê intraútero é fator para a obesidade no adulto. Prova disso são os indivíduos atualmente obesos que nasceram na Holanda, no período de falta de alimentação que marcou o pós Segunda Guerra Mundial.

Drauzio – É fácil de entender que a criança nasça subnutrida, porque não consegue os nutrientes necessários, quando a mãe passa fome durante a gravidez. Mas fica mais difícil de entender por que desenvolve obesidade depois como mecanismo compensatório.

Sandra Villares – Esse é um dado epidemiológico para o qual não se encontra explicação na literatura. Acredita-se que algum fator intraútero, ainda não determinado, estimule alimentação mais farta durante a vida e aumente a facilidade de estocar energia.

Drauzio – Resumindo: são fatores para a tendência à obesidade infantil a genética, o excesso de peso que a mãe ganhou durante a gestação e a desnutrição materna durante a gravidez. Há outro?

Sandra Villares – Mãe diabética é também é fator de risco para a obesidade infantil e para o desenvolvimento de diabetes na fase adulta. A hipoglicemia da mãe estimula o pâncreas da criança a liberar mais insulina e a tornar-se mais sujeita a desenvolver diabetes.

Drauzio – Filhos de mães diabéticas, geralmente, nascem com peso exagerado?

Sandra Villares – Nascem. O aumento da circulação de insulina na criança provoca aumento da adipogênese, ou seja, maior formação de células adiposas.

Drauzio – Acima de que peso nasce a criança que faz suspeitar ser a mãe diabética?

Sandra Villares – Acima de quatro quilos. Sempre que levanta o histórico de uma criança obesa, o médico deve perguntar como foi a gestação da mãe e com quantos quilos e centímetros o bebê nasceu.
A criança nasce com mais ou menos 17% de gordura no corpo. No final do primeiro ano de vida, esse índice sobe para 35% e o peso da criança triplica. A gordura que estocou nesse período vai ajudá-la a viver no ano seguinte, quando começa a andar e a brincar e garante a energia necessária para os anos subsequentes.

Drauzio – E elas precisam de muita energia…

Sandra Villares – As crianças não param quietas e consomem muita energia, mas por volta dos sete anos começam a fazer novamente tecido adiposo. Esse é um fato muito importante e a mãe precisa ficar atenta ao peso da criança nessa idade. Se o peso for normal, uma em dez crianças corre o risco de ficar obesa na fase adulta. Se for gordinha, esse risco sobe para quatro em cada dez crianças.

Drauzio – Bebês gordinhos também correm mais esse risco?

Sandra Villares – A princípio, não, mas depende muito do tipo físico dos pais. Se os pais forem magros, criança fortinha, porém não muito obesa nos três primeiros anos de vida, não corre risco maior de obesidade na fase adulta. Ao contrário, se os pais forem obesos, o risco aumenta. No entanto, com o passar dos anos, essa relação vai perdendo força e desaparece na adolescência, quando tem importância o excesso de peso do próprio adolescente como determinante da obesidade na fase adulta.

EPIDEMIA DA OBESIDADE

Drauzio – Estamos vivendo uma verdadeira epidemia da obesidade. Na população brasileira, 40% dos adultos estão com excesso de peso, o que significa 50 milhões de pessoas aproximadamente.

Sandra Villares – E as crianças estão indo pelo mesmo caminho. Dados revelam que 17% dos adolescentes estão com sobrepeso atualmente. Já nos referimos às razões genéticas para o armazenamento de gordura. No entanto, a diminuição da atividade física e o aumento de ingestão de comida e de alimentos não saudáveis têm contribuído muito para a instalação do quadro de obesidade. (...)


Texto 02.
“Mudança de hábito

Nesses últimos 40 anos, a vida nas cidades mudou. As mulheres entraram no mercado de trabalho e o hábito de comer na rua se consolidou. Substituímos os alimentos tradicionais, com hidratos de carbono complexos, fibras, vitaminas e minerais, por outros com hidratos de carbono de absorção rápida: alimentos processados, refrigerantes, salgadinhos com alto teor de gordura saturada e gordura trans – a chamada junk food, a comida pré-fabricada turbinada por produtos químicos. Mais de 80% dos brasileiros, de todas as idades, seguem, hoje, dieta inadequada. Ao mesmo tempo, com a melhoria na distribuição de renda e o aumento da prosperidade, o consumo per capita de bovinos atingiu 37,5 quilos em 2010, 5% a mais do que em 2009, apesar de uma alta de 38% no preço.
Fiéis às nossas raízes, felizmente continuamos comendo o tradicional feijão com arroz, uma mistura proteica rica em minerais e vitaminas. Mas ingerimos carne vermelha em excesso, e apenas um em cada dez brasileiros se alimenta com frutas, legumes e verduras recomendáveis. Acrescente-se a isso doses excessivas de gordura saturada, sal e açúcar – este, usado e abusado no cafezinho, alimento mais ingerido no país. As informações são da Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Pesquisa de Orçamentos Familiares (2008-2009).
As calorias baratas que lotam os supermercados contribuem com números recorde de doenças relacionadas à alimentação. “Há hoje mais obesos e pessoas com sobrepeso no mundo do que famintos. Os custos para o sistema de saúde e o comprometimento da qualidade de vida são imensos: será que as empresas não têm nada a ver com isso?”, pergunta o professor da FEA-USP Ricardo Abramovay, autor de Muito Além da Economia Verde. “Estamos plantando uma bomba-relógio nos corpos das crianças do mundo inteiro”, afirma Raj Patel, autor de Stuffed & Starved – The Hidden Battle for the World Food System (Cheios & Famintos – A Batalha Secreta Pelo Sistema Mundial de Alimentos), de 2007. ‘Hoje, os mexicanos tomam mais Coca-Cola que leite. O resultado é que um em cada dez mexicanos está diabético.’”


Texto 03.

Texto 04.

Texto 05.

Fonte:internet

Situação 2014/9/A – Dissertação (Enem)
Em função da leitura dos textos motivadores e dos conhecimentos assimilados ao longo de sua formação, faça uma dissertação argumentativa sobre como os hábitos de alimentação da sociedade brasileira podem tornar-se mais saudáveis e sustentáveis. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Instruções Enem:

1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.
3. A redação com até 7 (sete) linhas escritas será considerada “insuficiente” e receberá nota zero.
4. A redação que fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo receberá nota zero.
5. A redação que apresentar proposta de intervenção que desrespeite os direitos humanos receberá nota zero.
6. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.

Situação 2014/9/B – Dissertação (USP, Unesp, etc.)
Faça uma dissertação argumentativa sobre a seguinte afirmação: “você é o que você come”.

Instruções Fuvest:

1. A redação deve obedecer à norma padrão da língua portuguesa.
2. Escreva, no mínimo, 20 e, no máximo, 30 linhas, com letra legível.
3. Dê um título a sua redação.

Situação 2014/9/C – Carta argumentativa (UFU, UFGD, UEL, Unicamp, etc.)
Faça uma carta argumentativa destinada a um deputado de sua escolha com argumentos sobre o que o Estado deve fazer para combater a “epidemia” de obesidade infantil em curso no Brasil.

Instruções UFU:

1. Após a escolha de uma das situações, assinale sua opção no alto da folha de resposta e, ao redigir seu texto, obedeça às normas do gênero selecionado.
2. Se for o caso, dê um título para sua redação. Esse título deverá deixar claro o aspecto da situação escolhida que você pretende abordar.
3. Se a estrutura do gênero selecionado exigir assinatura, escreva, no lugar da assinatura: JOSÉ OU JOSEFA. Em hipótese alguma escreva seu nome, pseudônimo, apelido, etc. na folha de prova.
4. Utilize trechos dos textos motivadores (da situação que você selecionou) e parafraseie-os.
5. Não copie trechos dos textos motivadores, ao fazer sua redação.
6. ATENÇÃO: se você não seguir as instruções da orientação geral e as relativas ao tema que escolheu, sua redação será penalizada.
7. Mínimo de 25 e máximo de 30 linhas.

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