Proposta de
redação
Texto 01.
Entrevista
Obesidade infantil
Sandra Villares é médica, coordenadora do Ambulatório de
Obesidade Infantil do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
Ver os netos gordinhos era a alegria das avós do passado.
Criança rechonchuda era sinônimo de criança saudável. De certa forma, havia
lógica nesse conceito. Numa época em que não existiam antibióticos, crianças
mais nutridas resistiam melhor aos processos infecciosos na infância.
Hoje, a obesidade infantil transformou-se num problema
sério de saúde, numa epidemia que se alastra e já atinge parte expressiva da
população nessa faixa de idade. As causas são muitas, mas pesam os hábitos
alimentares baseados no fast food, salgadinhos e guloseimas e as horas passadas
em frente da televisão ou jogando videogame.
A preocupação não é com a estética. Muitas crianças com
excesso de peso apresentam alterações nos níveis de colesterol, são
descriminadas pelos companheiros e alvo de brincadeiras de mau gosto.
O controle da obesidade infantil começa em casa, com
refeições balanceadas, estímulo à atividade física e mudança dos hábitos
alimentares de toda a família.
IMC INFANTIL
Drauzio – O que diferencia a criança gordinha da criança
obesa?
Sandra Villares – Em geral, a mãe tem sensibilidade para
notar que a criança está um pouco mais forte do que os coleguinhas de mesma
idade. A mãe ou os familiares perceberem esse fato é o primeiro passo para
estabelecer a distinção. Os médicos fazem cálculos um pouco mais complicados.
Dividem o peso pela altura ao quadrado, obtêm o índice de massa corpórea (IMC)
e utilizam gráficos que podem ser encontrados no site www.abeso.org.br.
Resultado acima de 85 percentil caracteriza sobrepeso; acima de 95, obesidade.
Abaixo de 85 percentil, indica que a criança não tem sobrepeso.
Essa curva não é igual a dos adultos porque as crianças
crescem e os números variam conforme a idade.
CAUSAS DA OBESIDADE
Drauzio – Por que alguns bebês que mamam no peito da mãe
são gordinhos e outros são magrinhos? Existe tendência à obesidade que se
manifesta desde o nascimento?
Sandra Villares – Existem muitas causas para a obesidade
infantil, mas não podemos deixar de mencionar as características genéticas.
Milhões e milhões de anos atrás, sobreviveram nossos ancestrais que tinham
genes capazes de estocar calorias e transformá-las em energia. Os que não
tinham, morreram cedo e provavelmente não deixaram descendentes.
Isso quer dizer que a grande maioria dos sobreviventes
tem genes que favorecem o aparecimento da obesidade. Se o ambiente for
favorável, ela irá manifestar-se.
Qual é o ambiente saudável para o bebê? É a mãe. Engordar
muito durante a gestação, favorece o desenvolvimento de tecido adiposo, de
gordura, no primeiro ano de vida da criança.
Drauzio – Esse é um dado importante, porque muitas
mulheres engordam demais durante a gravidez.
Sandra Villares – Na literatura, há trabalhos mostrando
que para o desenvolvimento do tecido adiposo no primeiro ano de vida é
importante não só o peso com que a mãe inicia a gravidez, mas o peso que ganha
durante a gestação.
Drauzio – Que curioso é esse mecanismo. A mãe acumula
gordura no próprio corpo e passa para a criança a tendência a juntar tecido
adiposo.
Sandra Villares – A mãe deve passar algum neuro-hormônio,
que não sabemos qual é, mas que faz com que o hipotálamo mande uma mensagem
para a criança armazenar mais energia e ela estoca gordura.
Drauzio – Então além das características genéticas, de
alguma forma, a obesidade materna durante a gestação influencia a obesidade
infantil.
Sandra Villares – O contrário também é verdadeiro. A
falta de alimentação adequada durante a gestação para um bebê intraútero é
fator para a obesidade no adulto. Prova disso são os indivíduos atualmente
obesos que nasceram na Holanda, no período de falta de alimentação que marcou o
pós Segunda Guerra Mundial.
Drauzio – É fácil de entender que a criança nasça
subnutrida, porque não consegue os nutrientes necessários, quando a mãe passa
fome durante a gravidez. Mas fica mais difícil de entender por que desenvolve
obesidade depois como mecanismo compensatório.
Sandra Villares – Esse é um dado epidemiológico para o
qual não se encontra explicação na literatura. Acredita-se que algum fator
intraútero, ainda não determinado, estimule alimentação mais farta durante a
vida e aumente a facilidade de estocar energia.
Drauzio – Resumindo: são fatores para a tendência à
obesidade infantil a genética, o excesso de peso que a mãe ganhou durante a
gestação e a desnutrição materna durante a gravidez. Há outro?
Sandra Villares – Mãe diabética é também é fator de risco
para a obesidade infantil e para o desenvolvimento de diabetes na fase adulta.
A hipoglicemia da mãe estimula o pâncreas da criança a liberar mais insulina e
a tornar-se mais sujeita a desenvolver diabetes.
Drauzio – Filhos de mães diabéticas, geralmente, nascem
com peso exagerado?
Sandra Villares – Nascem. O aumento da circulação de
insulina na criança provoca aumento da adipogênese, ou seja, maior formação de
células adiposas.
Drauzio – Acima de que peso nasce a criança que faz
suspeitar ser a mãe diabética?
Sandra Villares – Acima de quatro quilos. Sempre que
levanta o histórico de uma criança obesa, o médico deve perguntar como foi a
gestação da mãe e com quantos quilos e centímetros o bebê nasceu.
A criança nasce com mais ou menos 17% de gordura no
corpo. No final do primeiro ano de vida, esse índice sobe para 35% e o peso da
criança triplica. A gordura que estocou nesse período vai ajudá-la a viver no
ano seguinte, quando começa a andar e a brincar e garante a energia necessária
para os anos subsequentes.
Drauzio – E elas precisam de muita energia…
Sandra Villares – As crianças não param quietas e
consomem muita energia, mas por volta dos sete anos começam a fazer novamente
tecido adiposo. Esse é um fato muito importante e a mãe precisa ficar atenta ao
peso da criança nessa idade. Se o peso for normal, uma em dez crianças corre o
risco de ficar obesa na fase adulta. Se for gordinha, esse risco sobe para
quatro em cada dez crianças.
Drauzio – Bebês gordinhos também correm mais esse risco?
Sandra Villares – A princípio, não, mas depende muito do
tipo físico dos pais. Se os pais forem magros, criança fortinha, porém não muito
obesa nos três primeiros anos de vida, não corre risco maior de obesidade na
fase adulta. Ao contrário, se os pais forem obesos, o risco aumenta. No
entanto, com o passar dos anos, essa relação vai perdendo força e desaparece na
adolescência, quando tem importância o excesso de peso do próprio adolescente
como determinante da obesidade na fase adulta.
EPIDEMIA DA OBESIDADE
Drauzio – Estamos vivendo uma verdadeira epidemia da
obesidade. Na população brasileira, 40% dos adultos estão com excesso de peso,
o que significa 50 milhões de pessoas aproximadamente.
Sandra Villares – E as crianças estão indo pelo mesmo
caminho. Dados revelam que 17% dos adolescentes estão com sobrepeso atualmente.
Já nos referimos às razões genéticas para o armazenamento de gordura. No
entanto, a diminuição da atividade física e o aumento de ingestão de comida e
de alimentos não saudáveis têm contribuído muito para a instalação do quadro de
obesidade. (...)
Texto 02.
“Mudança de hábito
Nesses últimos 40 anos, a vida
nas cidades mudou. As mulheres entraram no mercado de trabalho e o hábito de
comer na rua se consolidou. Substituímos os alimentos tradicionais, com
hidratos de carbono complexos, fibras, vitaminas e minerais, por outros com
hidratos de carbono de absorção rápida: alimentos processados, refrigerantes,
salgadinhos com alto teor de gordura saturada e gordura trans – a chamada junk
food, a comida pré-fabricada turbinada por produtos químicos. Mais de 80% dos
brasileiros, de todas as idades, seguem, hoje, dieta inadequada. Ao mesmo
tempo, com a melhoria na distribuição de renda e o aumento da prosperidade, o
consumo per capita de bovinos atingiu 37,5 quilos em 2010, 5% a mais do que em
2009, apesar de uma alta de 38% no preço.
Fiéis às nossas raízes,
felizmente continuamos comendo o tradicional feijão com arroz, uma mistura
proteica rica em minerais e vitaminas. Mas ingerimos carne vermelha em excesso,
e apenas um em cada dez brasileiros se alimenta com frutas, legumes e verduras
recomendáveis. Acrescente-se a isso doses excessivas de gordura saturada, sal e
açúcar – este, usado e abusado no cafezinho, alimento mais ingerido no país. As
informações são da Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil, realizada
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Pesquisa de
Orçamentos Familiares (2008-2009).
As calorias baratas que lotam
os supermercados contribuem com números recorde de doenças relacionadas à
alimentação. “Há hoje mais obesos e pessoas com sobrepeso no mundo do que
famintos. Os custos para o sistema de saúde e o comprometimento da qualidade de
vida são imensos: será que as empresas não têm nada a ver com isso?”, pergunta
o professor da FEA-USP Ricardo Abramovay, autor de Muito Além da Economia
Verde. “Estamos plantando uma bomba-relógio nos corpos das crianças do mundo
inteiro”, afirma Raj Patel, autor de Stuffed & Starved – The Hidden Battle
for the World Food System (Cheios & Famintos – A Batalha Secreta Pelo
Sistema Mundial de Alimentos), de 2007. ‘Hoje, os mexicanos tomam mais
Coca-Cola que leite. O resultado é que um em cada dez mexicanos está
diabético.’”
Texto 03.
Texto 04.
Texto 05.
Fonte:internet
Situação 2014/9/A – Dissertação (Enem)
Em função da leitura dos textos motivadores e dos
conhecimentos assimilados ao longo de sua formação, faça uma dissertação
argumentativa sobre como os hábitos de alimentação da sociedade brasileira
podem tornar-se mais saudáveis e sustentáveis. Selecione, organize e relacione,
de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de
vista.
Instruções Enem:
1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço
apropriado.
2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha
própria, em até 30 linhas.
3. A redação com até 7 (sete) linhas escritas será
considerada “insuficiente” e receberá nota zero.
4. A redação que fugir ao tema ou que não atender ao tipo
dissertativo-argumentativo receberá nota zero.
5. A redação que apresentar proposta de intervenção que
desrespeite os direitos humanos receberá nota zero.
6. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta
de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas
desconsiderado para efeito de correção.
Situação 2014/9/B – Dissertação (USP, Unesp, etc.)
Faça uma dissertação argumentativa sobre a seguinte
afirmação: “você é o que você come”.
Instruções Fuvest:
1. A redação deve obedecer à norma padrão da língua
portuguesa.
2. Escreva, no mínimo, 20 e, no máximo, 30 linhas, com
letra legível.
3. Dê um título a sua redação.
Situação 2014/9/C – Carta argumentativa (UFU, UFGD,
UEL, Unicamp, etc.)
Faça uma carta argumentativa destinada a um deputado de
sua escolha com argumentos sobre o que o Estado deve fazer para combater a
“epidemia” de obesidade infantil em curso no Brasil.
Instruções UFU:
1. Após a escolha de uma das situações, assinale sua
opção no alto da folha de resposta e, ao redigir seu texto, obedeça às normas
do gênero selecionado.
2. Se for o caso, dê um título para sua redação. Esse
título deverá deixar claro o aspecto da situação escolhida que você pretende
abordar.
3. Se a estrutura do gênero selecionado exigir
assinatura, escreva, no lugar da assinatura: JOSÉ OU JOSEFA. Em hipótese alguma
escreva seu nome, pseudônimo, apelido, etc. na folha de prova.
4. Utilize trechos dos textos motivadores (da situação
que você selecionou) e parafraseie-os.
5. Não copie trechos dos textos motivadores, ao fazer sua
redação.
6. ATENÇÃO: se você não seguir as instruções da
orientação geral e as relativas ao tema que escolheu, sua redação será
penalizada.
7. Mínimo de 25 e máximo de 30 linhas.
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