O trabalho Opera10 de Estéfani Martins está licenciado com uma Licença
Baseado no trabalho disponível em www.opera10.com.br.
Podem estar disponíveis autorizações adicionais às concedidas no âmbito desta licença em www.opera10.com.br.
Editorial
Também chamado artigo de fundo, é um texto tipicamente jornalístico que exprime a opinião de um veículo de informação. Em geral, é escrito pelo redator-chefe e publicado nas primeiras páginas de revistas ou jornais, e ele nunca é assinado por exprimir uma espécie de opinião institucional de um determinado jornal, por exemplo.
Objetivo –
comunicar a opinião institucional de um veículo de comunicação e buscar a
adesão do leitor à posição defendida ao longo do editorial.
Estrutura –
dissertativa-argumentativa (ainda que seja interessante justificar a razão do
assunto abordado no editorial pelo destaque dado no veículo de comunicação.).
Argumentação –
normalmente, mais branda do que num artigo de opinião, por causa das
implicações institucionais e jurídicas de um editorial que culpe ou julgue
alguém sem provas ou fundamento.
Pessoa do discurso
– ainda que historicamente seja comum encontrar editoriais em 1ª pessoa do
plural, no caso da UFU, exige-se o uso de uma linguagem impessoal, portanto em
3ª pessoa.
Linguagem –
clara, objetiva e adequada à norma padrão. Verbos predominantemente no presente
do indicativo. É desaconselhável o uso de gírias, coloquialidades e oralidades
mesmo entre aspas.
Máscara –
obrigatória e institucional (“este jornal”).
Assinatura –
proibida, tal como é praxe nos jornais diários.
Observação importante: lembro que os exemplos abaixo são oriundos da produção dos alunos ou de veículos midiáticos, assim tem virtudes e defeitos que serão apontados em sala de aula, já que respondem a situações de produção diferentes das de concurso ou mostram dificuldades linguísticas, estruturais e temáticas.
Exemplos:
Texto 01.
Editorial:
De quem é a culpa?
O nosso
tempo é o da diluição, é o da vida em rede, é o da mobilização social
espontânea e instantânea, é o tempo das reivindicações inocentemente apartidárias.
Neste contexto, este jornal entende e assume a obrigação de se posicionar
diante de tais fatos pelo risco que eles representam para a democracia, a
liberdade de expressão, o direito à manifestação e a liberdade de imprensa.
Sobre as
razões para tudo que os brasileiros têm vivido de bom ou ruim nos últimos meses
ligados a manifestações, é importante entender que Black Blocs, mortes
violentas, destruição repetida de patrimônio público e particular, etc., são na
verdade antes de tudo produto do imobilismo político; da incapacidade dos
Governos darem respostas às muitas críticas da maioria da população à qualidade
precária dos serviços públicos, dos gastos faraônicos com a Copa, etc.; da
crise de representatividade; e da corrupção generalizada. Todavia, nada disso
justifica os mortos e os feridos que se somam entre alvejados por rojões;
atropelados em fuga da repressão policial; acometidos pelo gás lacrimogênio,
pelas balas de borracha ou pelas bombas de efeito moral; feridos em cumprimento
de ordens e do trabalho de policial.
São
todos vítimas de uma elite econômica e política que não tem mais lugar no
Brasil, não por conta da ascensão de uma esquerda revolucionária que jamais
esteve no poder no Brasil e jamais estará, mas por ser uma classe que parece incapaz
de responder aos anseios mínimos da população e tampouco calá-la por meio da
repressão ideológica, institucional, velada ou mesmo policial. A elite que
comanda o Brasil é um anacronismo, uma oligarquia saudosa de tempos mais
“fáceis” quando as cidades eram bem divididas entre os ricos e os pobres que
moravam bem distantes uns dos outros, que locais públicos como shoppings não
eram tomados por “rolezinhos”, que aviões eram um meio de transporte de luxo,
etc.
Portanto,
este jornal, não desresponsabiliza o cidadão que escolheu acender um rojão que
matou um cinegrafista trabalhando, não defende Black Blocs como se fossem uma
expressão legítima da revolta do povo e não defende a PM em ações nas quais
atua de forma indiscriminada e violenta de acordo com a herança repressora de
outros tempos. Por outro lado, não se deve simplificar a complexa situação
social de nosso país com juízos maniqueístas, pouco informados e
fundamentalistas que nada contribuem para que o Brasil seja de fato um país
democrático, laico e justo socialmente.
Texto 02.
Editorial – Rede Globo
Não é só a imprensa que está
de luto com a morte do nosso colega da TV Bandeirantes Santiago Andrade. É a
sociedade.
Jornalistas não são pessoas
especiais, não são melhores nem piores do que os outros profissionais. Mas é
essencial, numa democracia, um jornalismo profissional, que busque sempre a
isenção e a correção para informar o cidadão sobre o que está acontecendo. E o
cidadão, informado de maneira ampla e plural, escolha o caminho que quer seguir.
Sem cidadãos informados não existe democracia.
Desde as primeiras grandes
manifestações de junho, que reuniram milhões de cidadãos pacificamente no
Brasil todo, grupos minoritários acrescentaram a elas o ingrediente desastroso
da violência. E a cada nova manifestação, passaram a hostilizar jornalistas
profissionais.
Foi uma atitude autoritária,
porque atacou a liberdade de expressão; e foi uma atitude suicida, porque sem
os jornalistas profissionais, a nação não tem como tomar conhecimento amplo das
manifestações que promove.
Também a polícia errou - e
muitas vezes. Em algumas, se excedeu de uma forma inaceitável contra os
manifestantes; em outras, simplesmente decidiu se omitir. E, em todos esses
casos, a imprensa denunciou. Ou o excesso ou a omissão.
A violência é condenável
sempre, venha de onde vier. Ela pode atingir um manifestante, um policial, um
cidadão que está na rua e que não tem nada tem a ver com a manifestação. E pode
atingir os jornalistas, que são os olhos e os ouvidos da sociedade. Toda vez
que isso acontece, a sociedade perde, porque a violência resulta num
cerceamento à liberdade de imprensa.
Como um jornalista pode colher
e divulgar as informações quando se vê entre paus e pedras e rojões de um lado,
e bombas de efeito moral e bala de borracha de outro?
Os brasileiros têm o direito
de se manifestar, sem violência, quando quiserem, contra isso ou a favor
daquilo. E o jornalismo profissional vai estar lá - sem tomar posição a favor
de lado nenhum.
Exatamente como o nosso colega
Santiago Andrade estava fazendo na quinta-feira passada. Ele não estava ali
protestando, nem combatendo o protesto. Ele estava trabalhando, para que os
brasileiros fossem informados da manifestação contra o aumento das passagens de
ônibus e pudessem formar, com suas próprias cabeças, uma opinião sobre o
assunto.
Mas a violência o feriu de
morte aos 49 anos, no auge da experiência, cumprindo o dever profissional.
O que se espera, agora, é que
essa morte absurda leve racionalidade aos que contaminam as manifestações com a
violência. A violência tira a vida de pessoas, machuca pessoas inocentes e
impede o trabalho jornalístico, que é essencial - nós repetimos - essencial
numa democracia.
A Rede Globo se solidariza com
a família de Santiago, lamenta a sua morte, e se junta a todos que exigem que
os culpados sejam identificados, exemplarmente punidos. E que a polícia
investigue se, por trás da violência, existe algo mais do que a pura
irracionalidade.
Texto 03.
http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/02/1413216-editorial-venezuela-no-abismo.shtml
Professor Estéfani Martins
Pela própria definição, editorial traz a opinião do jornal. Assim, vejo como absolutamente redundante e desnecessária a colocação e repetição das expressões "este jornal" e similar.
ResponderExcluir