Caras e caros,
Boa tarde. Esta é
a primeira coletânea do ano. Espero que todos nós tenhamos um ano fantástico.
Abraços a todos,
Professor Estéfani Martins
01. Sobre os rolezinhos e a
sociedade de classes.
02. Desmilitarização da polícia:
solução?
03. Homenagem a um dos grandes
nomes do cinema e um manifesto pela tolerância e pelo respeito às escolhas do
próximo.
04. A lei e a maconha.
05. Um nobel para o combate à
espionagem?
06. Nova onda de fundamentalismo.
A história é mais cíclica do que pensávamos.
Polêmica universitária:
Estudantes neonazistas devem ser denunciados?
Philipp Alvares de Souza Soares e Maximilian Popp
Der Spiegel
31/01/2014
O
professor falava sobre "lições básicas do direito civil" para
estudantes calouros na Universidade de Bochum, na Alemanha, quando um grupo de
ativistas "Antifa" (antifascistas) de esquerda irrompeu na sala.
Vestidos como Papai Noel, eles correram até um estudante e o apontaram.
Poucos
na sala conheciam o rapaz, que tinha cabelo cortado rente e rosto rechonchudo.
Mas Michael Brück, 23, é bem conhecido nos círculos de extrema-direita. Ele foi
membro do grupo neonazista Resistência Nacional Dortmund até que este foi
proibido, há um ano e meio. Seus membros atemorizavam pessoas contrárias a
eles, realizavam festas em comemoração a Adolf Hitler e atacavam imigrantes e
policiais com facas e spray de pimenta. Brück é vice-presidente regional do
partido extremista Die Rechte --ou A Direita.
O
palestrante gritou "Saiam! Saiam!" Os ativistas gritaram: "Seu
aluno é um neonazista!" Então o professor Borges se aproximou deles,
segurou um Papai Noel pelo braço e o empurrou para a porta. Houve empurrões e
golpes. Borges disse mais tarde que foi atacado e agredido por pessoas
mascaradas. Mas um vídeo gravado com celular não confirma que os ativistas
iniciaram a briga. "Eu não pude aceitar que tomassem atitudes contra um
dos meus alunos", disse Borges. Ele retomou a palestra com o nariz
sangrando.
A
operação da Antifa levanta uma questão que muitas universidades e faculdades da
Alemanha estão enfrentando. Como as universidades devem reagir quando
extremistas de direita estudam nos campi? E como alguém deve reagir se for
publicamente denunciado?
Em
novembro passado, ativistas de esquerda na Universidade de Hanôver
desmascararam uma estudante como um membro graduado do Partido Nacional
Democrático (NPD) de extrema-direita. O instituto de ciência política da
universidade condenou o comportamento da Antifa como uma "forma de
protesto denunciatória". E Marian Döhler, diretora do instituto, disse:
"Nós ensinamos independentemente da opinião política, afiliação religiosa
ou outras características". A estudante do NPD postou uma mensagem no
Facebook dizendo que a ação foi "a melhor publicidade para o
partido".
Abordagens diferentes
Outras
universidades reagem de modo diferente. A Universidade de Potsdam tentou
impedir que um estudante contasse seu período no NPD como um de seus estágios
de trabalho obrigatórios. O estudante moveu uma ação legal contra a decisão e
venceu.
Órgãos
estudantis também reagem de modos diferentes. Em Leipzig e Bielefeld,
neonazistas foram denunciados em salas de aula. Mas em Trier e Colônia,
extremistas de direita foram eleitos para comitês estudantis. Os neonazistas
com frequência estudam direito para que possam representar seus camaradas como
advogados mais tarde. Segundo Marc Brandstetter, do grupo antinazista
Endstation Rechts, as mulheres muitas vezes estudam para ser professoras
--possivelmente para poderem transmitir a ideologia nazista para as crianças.
Mas
isso não é motivo para impedi-las de entrar nas universidades. O reitor da
Universidade de Bochum, Elmar Weiler, criticou "o pensamento extremista de
direita" depois do incidente na sala de aula, mas disse que o estudante de
direito não deveria ter sido denunciado. O professor Borges disse que ninguém
que cumpra as exigências formais da universidade deve ser privado de seu
direito de estudar. Ele acrescentou que, se encontrar Brück, lhe dará um
"conselho urgente" para repensar sua ideologia.
O
órgão representativo dos estudantes da faculdade de direito emitiu uma
declaração condenando "a discriminação com base no envolvimento em
partidos políticos", mas salientou mais tarde que não havia espaço para a
ideologia de extrema-direita entre os estudantes. O conselho não quis responder
a mais perguntas, dizendo que qualquer debate adicional "prejudicaria a
reputação da faculdade".
Mas
o silêncio resolve o problema? Andreas Zick, diretor do Instituto de Pesquisa
de Conflitos em Bielefeld, disse que as universidades precisam lidar com o
problema de maneira mais firme. "Não podemos expulsá-los, mas podemos
claramente expressar nossa posição", disse Zick.
No
início do semestre de inverno, a Universidade de Bielefeld distribuiu
distintivos e cartões-postais para os estudantes do primeiro ano com o slogan
"Uni Ohne Nazis" (universidade sem nazistas). Zick organizou uma
palestra sobre o tema e convidou palestrantes contrários ao racismo assim como
um dos advogados que representam os parentes das vítimas da célula terrorista
neonazista NSU. "Não podemos deixar só para a Antifa lidar com isso",
disse Zick.
Expulsar
os estudantes de extrema-direita é polêmico mesmo entre os grupos
antifascistas. O método se assemelha ao comportamento dos neonazistas que
agridem pessoas que discordam deles, disse um ativista baseado em Berlim.
Depois
da briga na Universidade de Bochum, a ira da maioria dos estudantes na página
da universidade no Facebook foi dirigida contra a Antifa --e não contra o aluno
neonazista.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
Fonte:
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/derspiegel/2014/01/31/polemica-universitaria-estudantes-neonazistas-devem-ser-denunciados.htm
07. Liberdade de
expressão
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