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Carta argumentativa, impessoal ou formal
É um tipo de correspondência enviada em caráter formal para pessoas que não são conhecidas ou não são íntimas do autor dela. Sob alguns aspectos, muito parecida com a dissertação, em especial em função do intuito persuasivo de ambos os textos.
Para efeito de esclarecimento, o que diferencia a carta argumentativa da dissertação é a argumentação que caracteriza cada um desses tipos de texto e algumas especificidades formais e linguísticas que as definem. O texto dissertativo é dirigido a um interlocutor genérico, universal. Por outro lado, a carta argumentativa pressupõe um interlocutor específico para quem a argumentação estará orientada. Essa diferença de interlocutores deve necessariamente levar a uma organização textual, a escolhas linguísticas e a preocupações retóricas também diferentes. Até porque, na carta argumentativa, a intenção é frequentemente a de persuadir um interlocutor específico, a fim de convencê-lo do ponto de vista defendido por quem escreve a carta ou demovê-lo do ponto de vista por ele defendido.
Do ponto de vista técnico, é um tipo de correspondência com linguagem formal, ou seja, exige-se o uso de pronomes de tratamento adequados à posição ocupada pelo destinatário; o emprego da norma padrão; um processo de interlocução respeitoso; etc.
É importante justificar por que se solicita que a argumentação seja feita em forma de carta em situações de avaliação. Isso se dá em função do pressuposto de que, se é definido previamente quem é o interlocutor sobre um determinado assunto, há melhores condições de fundamentar uma argumentação e avaliar a capacidade do candidato de moldar sua linguagem, seus argumentos e a informação de acordo com seu interlocutor.
Embora o foco da carta seja um determinado tipo de argumentação, ela implica também algumas expectativas quanto à forma do texto. Por exemplo, é necessário estabelecer e manter a interlocução, usar uma linguagem compatível com o interlocutor, empregar referenciais espaciais e temporais, usar marcas de autoria ao longo de toda a carta, assinar quando for solicitado, etc.
Para o cumprimento da proposta em que é exigida uma carta argumentativa, não basta dar ao texto a organização de uma carta, mesmo que a interlocução seja natural e coerentemente mantida; é necessário, acima de tudo, argumentar por demanda, que é, em princípio, o entendimento sobre as motivações, as fraquezas e as preferências do destinatário da correspondência.
Características principais da carta
argumentativa em vestibulares:
- Data, vocativos (saudações inicial e final) e assinatura são obrigatórios;
- No corpo do texto, nas saudações e na assinatura, deve-se respeitar o recuo nos parágrafos, portanto apenas a data deve estar junto à margem esquerda;
- O uso da primeira pessoa do
singular deve ser recorrente, ao menos uma vez em cada parágrafo;
- A interlocução com o uso da
segunda pessoa do discurso ou de pronomes de tratamento também deve ser
recorrente, por isso deve haver referências ao interlocutor ao menos uma
vez em cada parágrafo;
- Formas verbais no presente
do indicativo devem predominar;
- Linguagem impessoal e de
acordo com a norma padrão;
- Há a necessidade dos dados
de personificação, ou seja, é importante que seja criado um locutor que
mostre competência para discutir o assunto da carta (máscara);
- O uso adequado de pronomes de tratamento será avaliado;
- Neste gênero textual, as
informalidades, os coloquialismos e os regionalismos são penalizados;
- Devem-se evitar abreviações
de pronomes de tratamento em cartas;
- A paráfrase exigida pela UFU nos gêneros textuais do vestibular deve ter ao menos duas linhas.
Objetivo – comunicar a opinião particular de uma pessoa a respeito de assunto variado por meio de uma correspondência destinada ao um interlocutor com o qual o autor da carta não tem intimidade.
Estrutura – rígida e com presença de datação, saudação inicial, corpo do texto, saudação final e assinatura (quando solicitado).
Argumentação – é construída por demanda, já que o destinatário dela é conhecido, mas via de regra exige-se as mesmas condutas de outros textos argumentativos com a possibilidade de usar relações de causa e consequência, argumentos de autoridade, etc .
Pessoa do discurso – 1ª pessoa do singular é obrigatória para indicar a autoria da carta, tanto quando a 2ª pessoa ou pronome de tratamento devem ser usadas com a frequência de ao menos uma vez por parágrafo .
Linguagem – clara, objetiva e adequada às normas gramaticais por padrão, inclusive com o uso adequado de pronomes de tratamento.
Máscara – obrigatória e capaz de mostrar a qualificação do autor da carta para tratar do assunto abordado nela.
Assinatura – exigida e sem ponto final.
Observação importante: lembro que os exemplos abaixo são oriundos da produção dos alunos ou de veículos midiáticos, assim tem virtudes e defeitos que serão apontados em sala de aula, já que respondem a situações de produção diferentes das de concurso ou mostram dificuldades linguísticas, estruturais e temáticas.
Exemplos:
Texto 01. (padrão de recuos UFU a partir de 2015)
Uberlândia, 11 de setembro de 2013.
Excelentíssimo Senhor Ministro da Educação,
Ao analisar os diversos
problemas enfrentados pelos brasileiros, percebi que a educação apresenta-se
como um dos mais graves. Apesar da queda do analfabetismo na última década, tão
propagandeada pelo Ministério do qual Vossa Excelência é o líder, ainda
assumimos uma posição vergonhosa no “ranking” de desempenho educacional na
América Latina.
Essa questão torna-se
complexa, pois está relacionada a diversos problemas nacionais como a
desigualdade na distribuição de renda, a exploração do trabalho infantil,
dificuldades no acesso às escolas, exploração sexual de crianças e
adolescentes, o que perfaz um conjunto de tristes realidades, que separam cada
vez mais as famílias em situação de vulnerabilidade social do sistema regular
de ensino, como o Senhor Ministro deve saber.
As deficiências no
processo de ensino-aprendizagem também merecem atenção, principalmente nos
primeiros anos escolares, tais como: metodologias de ensino inadequadas,
carências de recursos humanos e materiais, péssimo sistema de transporte escolar,
além de baixos salários dos profissionais da educação. Esses são os elementos mais
importantes que contribuem para a evasão escolar e para a má qualidade do
serviço prestado à população.
Diante de tal situação,
precisamos, ainda, percorrer um árduo caminho para que possamos ter um país que
trate a educação com a seriedade merecida. Sendo assim, a valorização do
magistério, a informatização das escolas, a capacitação profissional, além de
um melhor planejamento dos recursos aparecem como estratégias importantes, para
transformar o sistema educacional em um serviço eficiente e eficaz. Ressalto
que esta carta dirigida à Vossa Excelência é apenas um lembrete sobre o que o
Senhor Ministro já deve estar a par, mas, de toda forma, meu dever como cidadão
e eleitor é reforçar o que entendo que o povo tem como prioridade para os
gastos públicos.
Respeitosamente,
José
Texto 02. (padrão de recuos UFU a partir de 2015)
Uberaba, 12 de fevereiro de 2014.
Caro Edward Snowden,
Tendo em vista o
ocorrido com o acevo de informações da NSA (Agência nacional de Segurança, em
inglês) recentemente, impus-me a tentativa de compreender quais motivos – justificáveis
ou não – levaram-no a evidenciar o ataque ao direito de privacidade provocado pelos
Estados Unidos da América. Minha nacionalidade brasileira, vitalizada pelo
diploma de Medicina Neurocirúrgica, obrigou-me a considerar altamente infame a
invasão da segurança de nossa presidente Dilma Roussef, e não menos alarmante
tal invasão à chanceler alemã, Angela Merkel.
Agradou-me, pois, caro ex-técnico
da NSA, sua coragem ao mostrar ao mundo a situação de falta de privacidade na
qual se encontra. Foi, portanto, fidedigna sua atitude. Vale-se dizer que a
espionagem norte-americana atinge a liberdade de expressão e de privacidade de
milhares de indivíduos. Nesse contexto, sendo o controle total da era digital o
pilar do sistema da agência NSA, há de se rever a fiscalização constante das “ações-unidas”
retificada por Navy Pillay, chefe da ONU (Organização das Nações Unidas) para
direitos humanos - como segurança e privacidade.
No âmbito de tal
assunto, Snowden, aconselho-o a continuar o movimento – o qual talvez não saiba
que iniciou – a favor da segurança e da privacidade na era digital. Soma-se a
isso o fato de os programas norte-americanos acessarem dados quaisquer com a
alegação de necessidade protecionista no que se diz respeito ao terrorismo,
embora tal citação (de origem no século passado, no período da Guerra Fria)
acometa apenas interesses estadunidenses.
Desse modo, caro Edward
Snowden, aprovo o direito da população mundial (internacionalmente ativa ou
não) de manter sua privacidade e aprovando, portanto, ter tornado públicos
documentos tidos como provas de espionagem norte-americana anualmente.
Atenciosamente,
Josefa
Atenciosamente,
Josefa
Professor Estéfani Martins
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