"Enquanto um sábio negro não puder ser
nosso embaixador em Paris, nós seremos o pré-Brasil.” (Nelson Rodrigues)
Reggae e ritmos
jamaicanos
Estilo musical originário da Jamaica, caracterizado pela estrutura de
banda pop; pelas letras ligadas aos movimentos de afirmação dos negros, ao amor
e a paz; pela ligação com o Rastafarismo e pelo ritmo envolvente. Originou-se
da união de influências da música tradicional africana e caribenha (Mento), do
Ska, do Rocksteady e do R&B norte-americano. Posteriormente, deu origem a
ritmos como o Dub, o Dancehall e o Ragga. Bob Marley é o maior representante do
gênero em função da qualidade da sua vasta obra e da grande repercussão
internacional dela. No Brasil, desenvolveu-se vigorosamente em muitas cidades
da região Norte, muito em função da proximidade geográfica e étnica com a
Jamaica, em especial, na cidade de São Luís do Maranhão, onde há uma cena
popular, madura e bem desenvolvida de ritmos jamaicanos. São expoentes desse ritmo musical Peter Tosh, Jimmy
Cliff, The Wailers, Big Mountain, etc. No Brasil, há uma grande variedade de grupos
dedicados ao Reggae, são exemplos: Maskavo, Cidade Negra, Natiruts, Chimarruts,
Tribo de Jah, Ponto de Equilíbrio, etc.
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Soul e
Funk (Black Music)
Da união entre as tradições musicais
afro-americanas com a música sacra de origem protestante, mais elementos do
Blues e, mais tarde, do R&B, na transição da década de 1950 para a de 1960,
desenvolveu-se uma música profana notabilizada pelas harmonias elegantes e
pelos vocais angelicais, além das letras ora políticas, ora sentimentais.
Portanto, o Soul é resultado da união das experiências profanas e envolventes
da versão acelerada e festiva do Blues, o Rhythm and Blues; com o Gospel, a
música protestante negra, consequência eletrificada e pungente dos Spirituals,
quase sempre cantada por coros efusivos e vibrantes com o intuito de adorar a
Deus. Tal processo cultural é a prova das infinitas e imprevisíveis
possibilidades de aproximação entre as referências culturais ou ideológicas
mais distintas. São exemplos:
Ray Charles, Otis Redding, Sam Cooke, Curtis Mayfield, Smokey Robinson, The
Temptations, The Comodores, Jackson 5, Marvin Gaye, Gladys Knight & the
Pips, Martha Reeves & The Vandellas, The Marvelettes, Diana Ross (e o grupo
The Supremes), Aretha Franklin, The Four Tops, Booker T and the MGs, Solomon
Burke, Nina Simone, Dusty Springfield, Stevie Wonder, etc.
Ao longo da década de 1960 e 1970, o Soul foi sendo
modificado por várias influências que potencializaram outro ritmo mais
dançante, mais agressivo e com letras politicamente ainda mais engajadas, que
passou a ser chamado mais tarde de Funk. Com batida fortemente sincopada e com
grandes e agitados “nipes” de metais, construiu-se uma música que ao mesmo
tempo que era defensora da causa dos negros nas décadas de 1960 e 1970
especialmente, era um ritmo enérgico, alegre e sedutor, perfeito para
celebrações agitadas, dançantes e vigorosas. Por vezes, é difícil separar as
influências Funk e Soul em uma mesma música, até porque muitos artistas não
tiveram qualquer interesse em separá-los de forma clara ao longo de sua
produção musical. Exemplos:
James Brown, mestre maior desse ritmo; Sly and Family Stone; Funkadelic;
Parliament, Kool and the Gang; Kashmere Stage Band; The Metters; Average White
Band; Maceo Parker; Hank Ballard; Jimmy "Bo" Horne; etc.
No Brasil, esses estilos musicais desenvolvem-se na
periferia de grandes cidades como o Rio de Janeiro e São Paulo, nos famosos
Bailes Black, onde se ouvia uma grande gama de estilos de música de origem
invariavelmente negra como o Funk de Sugarhill Gang, KC and Sunshine Band, War,
Funkadelic, Sly and Family Stone, James Brown, etc.; o Soul de Wilson Pickett,
Otis Redding, The Commodores, Marvin Gaye, etc.; o R&B de Aretha Franklin,
Diana Ross, Jackson 5, etc., o Samba-Rock de Jorge Ben, Bebeto, Trio Mocotó,
etc.; o Samba-Funk de Dom Salvador e Grupo Abolição, Black Rio, etc.; o Miami
Bass de 2 Live Crew, DJ Magic Pike, etc.; e o RAP de Kurtis Blow, Grandmaster
Flash, Afrika Bambaataa, etc.
Assim, os Bailes Black desenvolveram-se velozmente,
ainda que com pouco do aspecto político muito presente no Soul e no Funk
norte-americanos. Além disso, as fronteiras entre esses estilos, em solo
brasileiro, ficaram sutis graças às multifacetadas obras de Tim Maia, Wilson
Simonal, Gerson King Combo, Hyldon, Cassiano, Dom Salvador e Orquestra
Abolição, Sandra Sá, Trio Ternura, etc. Isso porque o que viria a ser chamado
com o intuito simplificador de Black Music, por parte da mídia brasileira e dos
frequentadores dos bailes, seria também influenciado por ritmos brasileiros
como o samba, por exemplo.
Funk Carioca
Primeiramente, esse ritmo musical brasileiro guarda
pouca relação com o Funk do mestre James Brown, porque o Funk Carioca
desenvolveu-se da convivência e da confusão entre muitos ritmos como o Miami
Bass, o Soul, o Samba-Rock, o Charm (Rhytmn’n’Blues) e o próprio Funk, que
animavam os famosos Bailes Black, Bailes da Pesada ou Festas Hi-Fi na virada da década de 1970
para 1980 no Rio de Janeiro. Nessas oportunidades, todas as músicas que eram
executadas pelos DJs, tais como Ademir, Cidinho Cambalhota, Mr. Funk Santos,
Messiê Limá, etc., eram chamadas genericamente de Funk, ainda que o Funk
Carioca seja mais ligado a ritmos como o Miami Bass, ritmo nascido na Flórida
caracterizado por batidas rápidas e graves e letras com apelo sexual. Ao longo
do desenvolvimento do Funk carioca, os bailes - até então, realizados em casas
de show em locais centrais do Rio, mais tarde seriam "banidos" para
as periferias da capital fluminense e da região metropolitana. Mais tarde, expandiriam-se
para áreas onde equipes de som rivais (Soul Grand Prix, Furacão 2000, Black Power, Equipe Modelo, Cash Box, etc.)
enfrentavam-se para saberem quem tinha o som mais potente, o MC mais inspirado,
o melhor DJ ou o “melô” mais popular. Posteriormente, os bailes funk seriam um
fenômeno cultural que alcançaria a classe média, o que permitiu a realização
frequente de bailes também em áreas nobres da cidade. Nesse período, tem grande
destaque o DJ Marlboro, um dos muitos protagonistas do Funk Carioca, o qual
inclusive foi um dos principais responsáveis pela internacionalização desse
ritmo. Atualmente, esse importante fenômeno cultural tem se diversificado por
causa do trabalho de MCs e DJs com produções mais politizadas, que convivem com
outras vertentes como é o caso dos funks hedonistas e de forte apelo sexual; os
que estimulam e defendem o crime organizado, a violência e as drogas
(“Proibidão”); ou mesmo os que, de forma bem humorada ou apológica, tratam do
cotidiano das favelas e das periferias brasileiras. Os primeiros “melôs” foram
“Feira de Acari”, “Melô do tagarela”, etc. São exemplos de diferentes formas
desse ritmo: Latino, Copacabana Beat, MC Marcinho, Claudinho e Bochecha, Mr
Catra, Tati Quebra-Barraco, MC Leozinho, etc.
RAP (“Rhythm and Poetry” ou "Rime and Poetry")
Ritmo nascido na periferia
de cidades norte-americanas, especialmente New York, produto de uma cultura
urbana, negra e periférica que é parte de tradições culturais caracterizadas
por expressões corporais ligadas à dança (Break), musicais (RAP) e visuais
(grafite), as quais são os pilares de movimento cultural chamado Hip Hop. O RAP
é resultado de várias e evidentes influências de tradições musicais e
comportamentais dos chamados “Sistemas de Som” jamaicanos, que nada mais eram
que festas populares feitas na periferia de Kingston, voltadas para um público
jovem sem muitas oportunidades de lazer, que via naquelas grandes aparelhagens
de som comandadas por um Disc-jóquei (DJ) e um Mestre de Cerimônia (MC) tanto
uma oportunidade de diversão como um canal de expressão. Esses DJs e MCs, entre
versos improvisados e discos inicialmente de R&B, conseguiam divertir e
inspirar milhares de pessoas a, mais tarde, construir pontes entre músicas
folclóricas jamaicanas como o Mento e as influências norte-americanas que
ouviam.
Como evento musical, o
RAP consiste no cantar falado e ritmado de um MC acompanhado por DJ que usava
bases presentes em “Long Plays” (LPs) geralmente de bandas e intérpretes
clássicos do Funk como James Brown, Sly and Family Stone, The Metters, Kashmere
Stage Band, etc., ainda que com a aplicação de texturas, novos andamentos e os
famosos “scratches”, para que os MCs "cantassem" sobre essas
construções musicais de intenso e marcado ritmo. No início, a partir de vozes
de Gil Scott-Heron e Kurtis Blow, o RAP foi uma espécie de porta-voz das
angústias, das insatisfações e do estilo de vida dos negros das comunidades
pobres e urbanas dos EUA, ou seja, tinha um componente político indiscutível.
Mais tarde, ao longo da década de 1990, nos EUA, o RAP perdeu em parte seu
aspecto politizado para dar lugar a letras de caráter hedonista, revanchista,
misógino, etc., que foram responsáveis pela consolidação de um subestilo do RAP
chamado Gangsta. Atualmente, o RAP tornou-se um dos elementos mais importante
da cultura pop mundial, a ponto de ser uma forma de inspiração em revoltas
populares em países de culturas aparentemente tão diferentes como os árabes
Tunísia e Egito. Exemplos: DJ Grandmaster Flash, Afrika Bambaataa, DJ Kool Herc, Public
Enemy, Run DMC, De La Soul, N.W.A. - Niggas With Attitude, The Notorious
B.I.G., Tupac Shakur, The Roots, Dr. Dre, etc.
No Brasil, desenvolveu-se a partir dos Bailes Black
ou Festas Hi-Fi na periferia especialmente de São Paulo no início da década de
1980. A cultura Hip-Hop desenvolveu-se em torno do break primeiramente, nas
saídas de estações de metrô paulistanas. Mais tarde, expoentes dessa cultura
como Thaíde e DJ Hum seriam um dos primeiros a cantar o novo ritmo musical em
português, ainda que muito fieis às ideologias que fomentaram o RAP na
periferia de cidades como New York. Atualmente, no Brasil, o RAP continua fiel
aos princípios básicos do ritmo quanto à temática e ao plano melódico e
rítmico, quase sempre politizada a partir de um ponto de vista marcadamente
negro e periférico. Quanto ao som, experiências de união com o samba, como é o
caso de alguns discos de Marcelo D2, apresentaram novas possibilidades para o
desenvolvimento desse gênero musical. São referências fundamentais no RAP
brasileiro: Thaíde e DJ Hum, Racionais MCs, Pavilhão 9, Planet Hemp, Instituto,
Sabotage, Camorra, etc.
Para ouvir:
http://8tracks.com/opera10-estefani/musica-negra-brasileira-influencias-estrangeiras
http://8tracks.com/opera10-estefani/musica-negra-brasileira
Para ver:
http://www.youtube.com/watch?v=-pl-rx5mjcU
http://www.youtube.com/watch?v=tn4WourTVao
http://www.youtube.com/watch?v=VDb44WxnONk
Exercícios
1 – UEL
C4 – H12
Leia o texto
a seguir e atribua V (verdadeiro) ou F (falso) para as afirmativas.
“A relação
entre a música e a juventude é uma construção histórica. A partir da década de
1970 essa relação adquiriu maior visibilidade tanto pela expansão quanto pela
diversificação de estilos. São os punks nas suas diversas variações, como o
trash, o hardcore, o anarco-punk. São os darks, o heavy metal, o reggae. É
nessa esteira que podemos situar o hip hop e o funk.”
(DAYRELL, J.
O rap e o funk na socialização da juventude. São Paulo: Educação e Pesquisa. v.
28, n. 1, 2002.)
( ) Mixando
os mais variados estilos da black music, o rap cria um som próprio, pesado e
arrastado, reduzido ao mínimo, no qual são utilizados apenas toca disco, scratch e
voz.
( ) Tanto os
gêneros musicais rap e funk quanto os seus processos de produção continuam
fiéis à sua origem, tendo como base as batidas, a utilização de instrumentos de
sopro e a prática de apropriação musical.
( ) O
movimento hip hop tem sua filosofia própria, colocando-se como um contraponto à
miséria, às drogas, ao crime e à violência, bem como buscando interpretar a realidade.
( ) O funk e
o rap são herdeiros diretos do soul – trilha sonora dos movimentos civis
americanos da década de 1960.
( ) O hip
hop é composto pelos seguintes elementos: MC (abreviatura de Master of
Ceremony) é o cantor do Rap; DJ (abreviatura de Disc Jockey) é o instrumentista
do hip hop; e Break (que significa “quebra”) é a dança do hip hop.
Assinale a
alternativa que contenha, de cima para baixo, a sequência correta.
a) F, V, F,
V, e F.
b) V, V, F,
V, e V.
c) F, V, V,
F, e V.
d) V, F, V,
V e V.
e) F, V, V,
V, e F.
Gabarito: D
Gabarito: D
2 – Opera10
C4 – H13
O Funk no Rio de Janeiro
Apesar de hoje o circuito funk carioca ser
manifestação cultural predominante suburbana, os primeiros bailes foram
realizados na Zona Sul, no Canecão, aos domingos, no começo dos anos 70. A
festa foi organizada pelo discotecário Ademir Lemos, que até então só
trabalhava em boates, e pelo animador e locutor de rádio Big Boy, duas figuras
consideradas lendárias pelos funkeiros. Big Boy produzia e apresentava um
programa diário (menos aos domingos) na rádio Mundial (uma estação que sempre
tentou atingir um público “jovem”), o horário radiofônico mais popular da
época. Os bailes da pesada, como eram chamadas essas festas domingueiras do
Canecão, atraíam cerca de 5.000 dançarinos de todos os bairros cariocas, tanto
da Zona Sul quanto da Zona Norte. A programação musical também tendia para o
ecletismo: Ademir tocava rock, pop, mas não escondia sua preferência pelo soul
de artistas como James Brown, Wilson Pickett e Kool and The Gang. Ademir comenta
o final do baile no
Canecão:
“As coisas estavam indo muito bem por lá. Os
resultados financeiros estavam correspondendo à expectativa. Porém, começou a
haver falta de liberdade do pessoal que freqüentava. Os diretores começaram a
pichar tudo, a por restrição em tudo. Mas nós íamos levando até que pintou a
idéia da direção do Canecão de fazer um show com Roberto Carlos. Era a
oportunidade deles para intelectualizar a casa, e eles não iam perdê-la, por
isso fomos convidados pela direção a acabar com o baile.” (Jornal de Música, Nº 30,
Fevereiro de 1977:5)
“Intelectualizado ou não, o Canecão passou a ser
considerado o palco nobre da MPB. O Baile da Pesada foi transferido para os
clubes do subúrbio, cada fim de semana em um bairro diferente. Informantes que foram
a estes bailes contam que uma legião fiel de dançarinos ia a todos os lugares, do
Ginásio do América ao Cascadura Tênis Clube. Big Boy, que tinha se separado de
Ademir mas contratava outras pessoas para cuidar dos toca-discos, anunciava seus
bailes no programa da Mundial, cada vez mais influente. Os bailes da pesada
eram também realizados em clubes de outras cidades, chegando até Brasília em
74.
Alguns dos seguidores do Baile da Pesada tomaram a
iniciativa de montar suas próprias equipes de som para animar pequenas festas.
Não se sabe qual foi a primeira equipe. As opiniões a esse respeito divergem
bastante, cada informante querendo dizer que foi o primeiro. As equipes tinham
nomes como Revolução da Mente (inspirado no disco Revolution of The Mind, de James
Brown), Uma Mente Numa Boa, Atabaque, Black Power, Soul Grand Prix. (...)” (“O Baile Funk Carioca:
Festas e Estilos de Vida Metropolitanos”, Hermano Vianna)
Sobre
as origens do Funk Carioca, marque a alternativa correta:
a) As origens do Funk Carioca são
indiscutivelmente periféricas, a ponto de se poder dizer que ele é um ritmo
nascido como voz para os excluídos, pelas mesmas razões do RAP norte-americano.
b) Os bailes que deram origem
ao Funk carioca são alvo de preconceito desde o seu início, já que aconteciam
sempre na periferia em função da ausência de espaços disponíveis e de
receptividade em salões de zonas nobres do Rio de Janeiro.
c) A origem do Funk carioca é
resultado da união de ritmos brasileiros com ritmos norte-americanos.
d) Ironicamente, o Funk Carioca,
que foi alvo de duras críticas originadas de camadas abastadas da sociedade
carioca, um tempo depois seduziria os filhos e netos daqueles que foram potencialmente
seus mais severos críticos.
e) O Funk Carioca é um ritmo
musical urbano, periférico e com forte apelo étnico graças às muitas relações
mantidas por ele com cânticos de religiões afro-brasileiras.
Gabarito: D
Gabarito: D
3 – Opera10
Leia atentamente trecho do texto “A música fora do eixo” de autoria de
Pedro Alexandre Sanches e marque a alternativa correta acerca das ideias
apresentadas nele:
“ Quem pensa que conhece bem a música brasileira precisa reavaliar suas
certezas neste início de século XXI. Basta deixar de lado por um momento o que
está nas lojas, no rádio e na tevê e ouvir um pouco dos sons e das histórias
vindas das periferias (geográficas e econômicas) do Brasil para perceber que
algo novo está em curso.
Os novos
paradigmas parecem se concentrar e se encontrar todos no extremo norte do País,
na pujante cena musical de Belém do Pará. Assim o antropólogo Hermano Vianna
descreveu o ambiente das ‘festas de aparelhagem’ que forjaram o gênero
‘tecnobrega’, uma convergência mestiça de ritmos brasileiros e caribenhos,
música tradicional, "cafona" e eletrônica, romantismo de Roberto Carlos
e tecnologia de DJs: ‘Quando as novidades são apresentadas, os fãs-clubes das
aparelhagens vão ao delírio, com braços para cima, como se estivessem saudando
a aparição de uma divindade, o totem da tribo eletrônica da periferia de
Belém’.
É a periferia da periferia que se move ali.
Todo um mercado informal se desenvolve sem freios a partir dos bailes de
aparelhagem, de artistas pobres que manipulam música em computadores caseiros e
de camelôs que espalham a caudalosa produção em CDs de MP3 em que cabem centenas
de músicas.”
a)
Um dos fatores que propiciaram essa capacidade de a
periferia fomentar suas próprias manifestações culturais foi o barateamento do
acesso a computadores que tornou possível a produção, a gravação e a
distribuição dessas manifestações sem ajuda e mesmo a interferência de grandes
gravadoras e da indústria cultural do Sudeste.
b)
A noção de periferia usada pelo autor é apenas
geográfica e é limitada por conceitos de certa forma preconceituosos do ponto
de vista estético.
c)
As músicas feitas na periferia do Brasil não
alcançam o grande público em função da sua baixa qualidade técnica e estética.
d)
As lojas de discos são fundamentais como pontos de
venda e distribuição da produção musical da periferia no Brasil.
e)
Tais manifestações culturais de periferia não
alcançam os gostos da elite em função da origem social dos seus produtores e
mesmo da qualidade questionável dessas produções quando vistas sob a ótica da
arte.
Gabarito: A
4 – Enem
O movimento hip-hop é tão urbano quanto as
grandes construções de concreto e as estações de metrô, e cada dia se torna
mais presente nas grandes metrópoles mundiais. Nasceu na periferia dos bairros
pobres de Nova Iorque. É formado por três elementos: a música (o rap),
as artes plásticas (o grafite) e a dança (o break). No hip-hop os
jovens usam as expressões artísticas como uma forma de resistência política.
Enraizado nas camadas populares urbanas, o hip-hop
afirmou-se no Brasil e no mundo com um discurso político a favor dos
excluídos, sobretudo dos negros. Apesar de ser um movimento originário das
periferias norte-americanas, não encontrou barreiras no Brasil, onde se
instalou com certa naturalidade – o que, no entanto, não significa que o hip-hop
brasileiro não tenha sofrido influências locais. O movimento no Brasil é
híbrido: rap com um pouco de samba, break parecido com capoeira e
grafite de cores muito vivas.
(Adaptado
de Ciência e Cultura, 2004)
De
acordo com o texto, o hip-hop é uma manifestação artística tipicamente
urbana, que tem como principais características
a)
a ênfase nas artes visuais e a defesa do caráter nacionalista.
b)
a alienação política e a preocupação com o conflito de gerações.
c)
a afirmação dos socialmente excluídos e a combinação de linguagens.
d)
a integração de diferentes classes sociais e a exaltação do progresso.
e)
a valorização da natureza e o compromisso com os ideais norte-americanos.
Gabarito: C
Gabarito: C
Resposta da questão do enem é C?
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