quarta-feira, 21 de novembro de 2012

ATA - gêneros musicais - resumo (orientação de estudo) - P4 e simulado - 2º ano


Blues
Ritmo nascido no chamado “sul profundo” dos EUA, na área do Delta do Mississipi e nas imediações também rurais dessa região. O Blues constituiu-se como crônica musical da vida de trabalho, pequenas alegrias, humilhações e preconceito dos negros norte-americanos na virada do século XIX para o XX. Além desse, outros temas dominavam as predileções dos primeiros “bluesmen”, a saber: o sexo, o demônio, a bebida, a noite e os relacionamentos afetivos. De modo geral, o Blues é uma música de harmonia simples, de ritmo melancólico e solos de guitarra, gaita e piano comumente, que simulavam um lamento, um choro ancestral – a famosa “blue note” - vindo da África manifestando-se contra a violência, o degredo e as muitas tentativas de aculturamento sofridas pelos negros chegados nos EUA por parte dos brancos norte-americanos. Do ponto de vista musical, é um dos pilares do Jazz e em alguns momentos confunde-se com ele, especialmente nas duas primeiras décadas do século XX. Sobre outro aspecto do  processo de urbanização do Blues com o desenvolvimento do chamado Chicago Blues e, mais tarde, do R&B, é importante perceber a relação direta com o êxodo rural dos negros do sul dos EUA que buscavam as cidades do norte desse país com o intuito de buscar melhores condições de vida, de escapar de leis segregacionistas como as “Jim Crow” e de evitar organizações racistas como a KKK. Em Chicago e em outras cidades do norte, encontrou-se uma parte mais desenvolvida e liberal dos EUA, daí muitos negros do sul procurarem melhores condições de vida e trabalho, além de uma sociedade menos preconceituosa, entretanto quase sempre não a achavam, porque eram obrigados - por questões também econômicas - a morarem em guetos pobres e, portanto, continuavam de certa forma marginalizados na sociedade. A partir de então e com sua aceleração e eletrificação, o Blues passou a influenciar de forma mais contundente no desenvolvimento de ritmos derivados e dependentes dele, tais como: o Rhythm and Blues (R&B), o Rock, o Funk, o Soul e o RAP, os quais são consequências estéticas desse primordial gênero musical norte-americano, que, junto ao samba, influenciou a música mundial numa proporção e abrangência incomparável. O blues ao longo da primeira metade do século XX foi diversificando-se em muitos estilos tais como o Delta Blues, o Piedmont Blues, o Country Blues, o Chicago Blues, o Detroit Blues, o Jump Blues, etc. Exemplos: Son House, Leadbelly, Robert Johnson, Willie Dixon, Muddy Waters, B.B. King, Buddy Guy, Charlie Paton, Pinetop Perkins, Hound Dog Taylor, Koko Taylor, Blind Wille McTell, Blind Lemon Jefferson, Arthur “Big Boy” Crudup, Blind Willie Johnson, Big Mama Thornton, Eddie Boyd, Sonny Terry, Elmore James, Willian Clarke, Fenton Robinson, Howlin' Wolf, J. B. Lenoir, John Lee Hooker, etc.

Jazz
O Jazz é um estilo musical estadunidense oriundo do sul do país e que se consolidou na transição do século XIX para o XX. Grosso modo, é um processo de urbanização e requintamento do Blues rural tocado nos arredores de cidades da estados como a da Lousiana. Os pilares dessa expressão artística fundam-se na fusão das tradições musicais afro-americanas com as europeias, tal mescla é produto da inventividade espontânea da cultura popular de comunidades negras e mestiças (“creoles”) de cidades do sul dos EUA, em especial New Orleans, pela sua histórica vocação libertária, cosmopolita e musical. Esta ousadia estética gestada por negros e mestiços (creoles) muitas vezes com educação musical formal incorporava elementos do canto tribal africano como o canto-resposta, a “blue note” do Blues, o ritmo sincopado herdado dos tambores africanos, a polirritmia, a improvisação e alguns elementos do Ragtime e do Gospel. Os instrumentos usados no Jazz são de espectro amplo, desde o violino de Stephane Grappelli à guitarra de Wes Montgomery, por isso os mais variados instrumentos têm sido empregados na execução desse estilo musical, ainda que mais comumente, metais e piano.
Desde sua origem, o Jazz não se limitou a ser uma manifestação artística monocórdica, previsível ou estagnada, por isso, ao longo do século XX, foram muitas as mudanças, rupturas e revoluções pelas quais passou esse estilo, dentre as quais destaca-se: o Dixieland e o Ragtime de New Orleans, o Swing das Big Bands, o Bebop das grandes metrópoles, o Cool Jazz, o Free Jazz, o Fusion (Samba Jazz, Funk Jazz, Latin Jazz, Acid Jazz, etc.), além, evidentemente, das cada vez mais imprevisíveis tendências contemporâneas. Exemplos: Miles Davis, John Coltrane, Charles Mingus, Herbie Hancock, Horace Silver, Os Cobras, Copa 5, Brasil 66, Moacir Santos, Bill Evans, Milt Jackson, Herbie Mann, Jim Hall, Ron Carter, Jaco Pastorious, Gene Krupa, Hermeto Pascoal, Groove Holmes, Gerry Mulligan, Chet Baker, Buddy Rich, Sivuca, Kenny Burrell, Sonny Rollins, Dexter Gordon, Wynton Marsalis, Ron Carter, US3, James Taylor Quartet, Charlie Parker, Oscar Peterson, Thelonious Monk, Dave Brubeck, Art Blakey, Wes Montgomery, Sonny Rollins, Ray Brown, King Oliver, Louis Armstrong, Weather Report, etc.

Soul
Da união entre as tradições musicais afro-americanas com a música sacra de origem protestante, mais elementos do Blues e, mais tarde, do R&B, na transição da década de 1950 para a de 1960, desenvolveu-se uma música profana notabilizada pelas harmonias elegantes e pelos vocais angelicais, além das letras ora políticas, ora sentimentais. Portanto, o Soul é resultado da união das experiências profanas e envolventes da versão acelerada e festiva do Blues, o Rhythm and Blues; com o Gospel, a música protestante negra, consequência eletrificada e pungente dos Spirituals, quase sempre cantada por coros efusivos e vibrantes com o intuito de adorar a Deus. Tal processo cultural é a prova das infinitas e imprevisíveis possibilidades de aproximação entre as referências culturais ou ideológicas mais distintas. Exemplos: Ray Charles, Otis Redding, Sam Cooke, Curtis Mayfield, Smokey Robinson, The Temptations, The Comodores, Jackson 5, Marvin Gaye, Gladys Knight & the Pips, Martha Reeves & The Vandellas, The Marvelettes, Diana Ross (e o grupo The Supremes), Aretha Franklin, The Four Tops, Booker T and the MGs, Solomon Burke,  Nina Simone, Dusty Springfield, Stevie Wonder, etc.

Funk
Ao longo da década de 1960 e 1970, o Soul foi sendo modificado por várias influências que potencializaram outro ritmo mais dançante, mais agressivo e com letras politicamente ainda mais engajadas, que passou a ser chamado mais tarde de Funk. Com batida fortemente sincopada e com grandes e agitados “nipes” de metais, construiu-se uma música que ao mesmo tempo era defensora da causa dos negros nas décadas de 1960 e 1970 especialmente, era um ritmo enérgico, alegre e sedutor, perfeito para celebrações agitadas, dançantes e vigorosas. Por vezes, é difícil separar as influências Funk e Soul em uma mesma música, até porque muitos artistas não tiveram qualquer interesse em separá-los de forma clara ao longo de sua produção musical. Além disso, o Soul e o Funk foram os ritmos musicais que mobilizaram as questões raciais nos EUA, porque, na maioria das vezes, evocavam a luta pelos direitos civis dos negros pelo caminho da política, da conscientização e da mobilização pacíficas. Exemplos: James Brown, mestre maior desse ritmo; Sly and Family Stone; Funkadelic; Parliament, Kool and the Gang; Kashmere Stage Band; The Metters; Average White Band; Maceo Parker; Hank Ballard; Jimmy "Bo" Horne; etc.

Reggae e ritmos jamaicanos
Estilo musical originário da Jamaica, caracterizado pela estrutura de banda pop; pelas letras ligadas aos movimentos de afirmação dos negros, ao amor e a paz; pela ligação com o Rastafarismo e pelo ritmo envolvente. Originou-se da união de influências da música tradicional africana e caribenha (Mento), do Ska, do Rocksteady e do R&B norte-americano. Posteriormente, deu origem a ritmos como o Dub, o Dancehall e o Ragga. Bob Marley é o maior representante do gênero em função da qualidade da sua vasta obra e da grande repercussão internacional dela. No Brasil, desenvolveu-se vigorosamente em muitas cidades da região Norte, muito em função da proximidade geográfica e étnica com a Jamaica, em especial, na cidade São Luís do Maranhão, onde há uma cena popular, madura e bem desenvolvida de ritmos jamaicanos. São expoentes desse ritmo musical Peter Tosh, Jimmy Cliff, The Wailers, Big Mountain, etc. No Brasil, há uma grande variedade de grupos dedicados ao Reggae, são exemplos: Maskavo, Cidade Negra, Natiruts, Chimarruts, Tribo de Jah, Ponto de Equilíbrio, etc.

RAP (“Rhythm and Poetry” ou "Rime and Poetry") 
Ritmo nascido na periferia de cidades norte-americanas, especialmente New York, produto de uma cultura urbana, negra e periférica que é parte de tradições culturais caracterizadas por expressões corporais ligadas à dança (Break), musicais (RAP) e visuais (grafite), as quais são os pilares de movimento cultural chamado Hip Hop. O RAP é resultado de várias e evidentes influências de tradições musicais e comportamentais dos chamados “Sistemas de Som” jamaicanos, que nada mais eram que festas populares feitas na periferia de Kingston, voltadas para um público jovem sem muitas oportunidades de lazer, que via naquelas grandes aparelhagens de som comandadas por um Disc-jóquei (DJ) e um Mestre de Cerimônia (MC) que entre versos improvisados e discos inicialmente de R&B conseguiam divertir e inspirara milhares de pessoas a, mais tarde, construir pontes entre músicas folclóricas jamaicanas como o Mento e as influências norte-americanas que ouviam.
Como evento musical, o RAP consiste no cantar falado e ritmado de um MC acompanhado por DJ que usava bases presentes em “Long Plays” (LPs) geralmente de bandas e intérpretes clássicos do Funk como James Brown, Sly and Family Stone, The Metters, Kashmere Stage Band, etc., ainda que com a aplicação de texturas, novos andamentos e os famosos “scratches”, para que os MCs "cantassem" sobre essas construções musicais de intenso e marcado ritmo. No início, a partir de vozes de Gil Scott-Heron e Kurtis Blow, o RAP foi uma espécie de porta-voz das angústias, das insatisfações e do estilo de vida dos negros das comunidades pobres dos EUA, ou seja, tinha um componente político indiscutível. Mais tarde, ao longo da década de 1990, o RAP perdeu em parte seu aspecto politizado para dar lugar a letras de caráter hedonista, revanchista, misógino, etc., que foram responsáveis pela consolidação de um sub-estilo do RAP chamado Gangsta. Atualmente, o RAP tornou-se um dos elementos mais importante da cultura pop mundial, a ponto de ser uma forma de inspiração em revoltas populares em países de culturas aparentemente tão diferentes como os árabes Tunísia e Egito. Exemplos: DJ Grandmaster Flash, Afrika Bambaataa, DJ Kool Herc, Public Enemy, Run DMC, De La Soul, N.W.A. - Niggas With Attitude, The Notorious B.I.G., Tupac Shakur, The Roots, Dr. Dre, etc.

Rock’n’Roll
Ritmo musical nascido da união de influências estéticas negras como o Blues e, seu filho de cadência acelerada e letras subversivas, o Rhythm'n'Blues, com ritmos musicais como o Country, o Bluegrass, os quais unidos das mais diversas formas permitiriam o nascimento do Rock’n’Roll na década de 1950 com mais evidência, ainda que já se pudesse antevê-lo em produções anteriores de músicos negros como Chuck Berry ou Little Richards. Nasceu cercado de preconceitos impostos pela sociedade branca, pretestante e conservadora da década de 1950 nos EUA, mas a partir da década de 1960 foi lentamente assimilado pela cultura urbana e jovem que se formava até tornar-se parte da indústria cultural a partir da década de 1970. Quanto à expressão, ela literalmente significa "balançar e rolar" e era uma gíria dos negros norte-americanos do início do século XX, para referir-se comumente ao ato sexual. São nomes representativos do chamado Rock’n’Roll clássico e do Rockabilly: Chuck Berry, Little Richards, Jerry Lee Lewis, Fats Domino, Bill Halley, Roy Orbison, Bo Diddley, Hank Willians, Muddy Waters, Buddy Holly, Johnny Cash, Elvis Presley, etc. A partir da década de 1960, com as influências do Folk, da “Invasão britânica”, do revigorado Blues, das experiências com drogas alucinógenas, do ideário Hippie, do oriente indiano, entre outras, desenvolveram-se inúmeras vertentes do rock como o Blues Rock (Canned Heat, Yardbirds, Taste, Blue Cheer, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Bacon fat, etc.), o Folk Rock (Bob Dylan; The Band; Crosby, Stills, Nash and Young; Buffalo Springfield; etc.), o Rock Progressivo (Pink Floyd, Yes, Jethro Tull, Rush, Van de Graaf, King Crimson, Gentle Giant, etc.), o Rock Psicodélico (Grateful Dead, Jefferson Airplane, etc.), o Hard Rock (Led Zeppelin, Deep Purple, Humble Pie, Free, etc.), o Heavy Metal (Black Sabbath, Dust, Buffalo, etc.), o Punk Rock (Stooges, MC5, etc.), etc.

Bossa Nova
Em 1958, João Gilberto, até então um violonista baiano pouco conhecido, lançou um disco fundamental para a música ocidental que seria o marco de um novo movimento estético na música brasileira: “Chega de Saudade”. Importante salientar que Elizeth Cardoso, Johnny Alf, entre outros já ensaiavam a estética “bossanovista” em espetáculos em boates cariocas ao longo da segunda metade da década de 1950. O ritmo surgiu da união improvável de referências baseadas na música formal e erudita (Debussy, Ravel, etc.); no Jazz norte-americano, não o tradicional, mas o de vanguarda como o Bebop; e em ritmos afro-brasileiros como o Samba. Assim nasceu a Bossa Nova, que, além de mudar os rumos da música brasileira, contribuiu decisivamente para uma renovação da música instrumental em grande parte do mundo, além de ter sido uma referência importante de muitos astros do Jazz a partir de então. Outro destaque desse movimento foi o caráter urbano, individualista e intimista das composições “bossanovistas”, além disso pode-se dizer que foi na e pela classe média, incentivada pelo clima de euforia propiciado pelo governo de Juscelino Kubitschek, que o ritmo foi construído, assim a Bossa Nova constitui-se como um dos poucos ritmos musicais brasileiros com uma decisiva contribuição da classe média em seu desenvolvimento, pois a maioria dos ritmos oriundos do Brasil, especialmente os de mais sucesso no século XX, tem uma estreita relação autoral com a periferia. A Bossa Nova seria reconhecida a partir de então pelas harmonias elaboradas, pelo ritmo sincopado, pela poesia despretensiosa política e socialmente e pelo jeito inovador de tocar de seus violonistas. Além disso, a influência desse movimento é sentida até a atualidade nos inúmeros grupos brasileiros e estrangeiros assumidamente influenciados por essa estética musical. Outros nomes fundamentais desse movimento são Antônio Carlos Jobim, Vinicius de Moraes, Baden Powell, Dóris Monteiro, Nara Leão, Carlos Lyra, Luís Bonfá, Roberto Menescal, Silvia Telles, João Donato, dentre muitos outros.

Festivais de Música Popular Brasileira (“Era dos Festivais”)
Os Festivais, especialmente, os do final da década de 1960 foram responsáveis não só por dar espaço para novos compositores, intérpretes e tendências da música popular brasileira, como também foram responsáveis por definir o conceito de MPB largamente usado mais tarde. Dentre eles, o mais importante foram os quatro festivais da Record entre 1967 e 1969, ainda que várias redes de televisão como a Globo, a Rio e Excelsior tenham tidos os seus festivais de forma intermitente entre 1965 e 1985.
        Além de refirmar a diversidade estética da música brasileira e dar espaço para experimentações inéditas, a “Era dos Festivais” foram responsáveis por tornar notáveis jovens músicos como Tom Zé, Mutantes, Milton Nascimento, Elis Regina, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Geraldo Vandré, Tony Tornado, entre outros. Foram também palco para exposição de muitas ideias estéticas e políticas que o tornaram um porta voz de diversas opiniões durante o conturbado e controverso período posterior ao Golpe Militar de 1964.
        Outro destaque sobre esses eventos é a apaixonada e intensa participação do público que torcia fervorosamente por suas e músicas e intérpretes favoritos, além da grande audiência que as transmissões televisivas alcançavam.

Tropicalismo
Movimento central na história da música popular brasileira. Sintetizado pela gravação de um dos álbuns mais importantes da história da música mundial, porque resultado de criação coletiva inspirada e impulsionada pelo impacto estético e político que Caetano Veloso e Gilberto Gil causaram com suas apresentações no III Festival de Música Popular da Record no ano de 1967 somado a manifestações tradicionais da cultura brasileira como a Música Caipira, o Baião, etc.; a inovações estéticas radicais daquela época, como correntes artísticas de vanguarda da cultura nacional e estrangeira (como o Concretismo, a Bossa Nova e o Rock Psicodélico, absorvido por meio do disco “Sgt Pepper’s of Lonely Hearts Club Band”, dos Beatles). Antes de fins sociais e políticos, a Tropicália foi um movimento nitidamente estético e comportamental. Em maio de 1968, começaram as gravações do disco que seria o manifesto musical do movimento, do qual participaram artistas como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Nara Leão, Os Mutantes, Tom Zé - além dos poetas Capinan e Torquato Neto e dos maestros Rogério Duprat, Damiano Cozzella e Júlio Medaglia (responsáveis pelos arranjos do disco “Tropicália ou Panis et Cirsensis”). Segundo o Dicionário Cravo Albin: “O movimento ressaltou, em sua estética, os contrastes da cultura brasileira, trabalhando com as dicotomias arcaico/moderno, nacional/estrangeiro e cultura de elite/cultura de massas. Absorveu vários gêneros musicais, como samba, bolero, frevo, música de vanguarda e o pop-rock nacional e internacional, e incorporou a utilização da guitarra elétrica. Estabeleceu uma interlocução com a poesia concreta paulista, tendo recebido apoio crítico de seus expoentes, Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari. O histórico remonta a discussões estéticas mantidas entre Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Torquato Neto, Rogério Duarte e o empresário Guilherme Araújo, em que eram colocadas em pauta questões como a necessidade de universalização da música brasileira em um contexto marcado hegemonicamente pela preocupação nacionalista de rechaçar a influência estrangeira.”. O nome do movimento atribui-se à canção “Tropicália”, de Caetano Veloso, que recebeu esse título a partir de uma instalação, com o mesmo nome, do artista Hélio Oiticica.

Xote (Xótis)
Uma versão nordestina do Schottisch – palavra alemã que significa “escocesa” em referência à polca escocês, que no final do século XIX no Brasil era uma dança muito valorizado pelas elites brasileiras. Normalmente, mais lento de que o Baião e Xaxado com o qual mantém muitas semelhanças, inclusive porque junto ao Coco, à Ciranda, etc., são muito executadas em Forrós. Trata-se de uma forma de dança muito comum em bailes na Europa que foram trazidos ao Brasil pelos portugueses e tiveram intenso desenvolvimento especialmente no Nordeste onde evoluiu a partir de passos da polca e da valsa europeias. Além do instrumental típico do Baião, pode ter também solos de rabeca (violino).

Xaxado
Atualmente muito executada em Forrós, Dança popular brasileira originada do sertão pernambucano, criada e inicialmente executada entre cangaceiros, daí ser uma dança por muito tempo exclusivamente masculina. Usada como forma de, com cantos de improviso ou compostos, comemora vitórias, lamentar a perda de companheiros, insultar inimigos, etc. O nome, para muitos, deriva de uma onomatopeia (xa-xa-xa) associada ao barulho repetitivo e compassado das sandálias dos dançarinos no solo seco do sertão.

Baião
Ritmo musical nordestino, com influência do samba e da conga, muito apreciado pelo ritmo alegre e dançante, que se expandiu pelo Brasil a partir de 1946, graças à obra do compositor, cantor e sanfoneiro Luís Gonzaga, criador e intérprete de muitos sucessos como “Asa Branca”, “Juazeiro”, “Paraíba”, “Qui nem Jiló”, “Respeita Januário”, “Sabiá”, “Vem Morena”, “Baião de Dois”, “Noites brasileiras”, etc. Nas últimas décadas, o ritmo conquistou admiradores e outros expoentes, ainda que com repertórios não completamente dedicados ao Baião, tais como Alceu Valença, Gilberto Gil, Elba Ramalho, Jackson do Pandeiro, Hermeto Pascoal, Lenine, etc. Também pode ser entendido como um tipo de dança popular de origem nordestina geralmente acompanhada de viola, sanfona (acordeão), zabumba, triângulo, etc. Também chamado de baiano, lundu-chorado, etc. Outros nomes importantes do Baião são Jackson do Pandeiro, Dominguinhos, etc.

Choro
Ritmo normalmente instrumental de temática melancólica, por vezes pitoresca ou jocosa, que estrutura-se a partir da junção de arranjos densos e ricos com harmonizações complexas e com execuções de grande sofisticação. A instrumentação é baseada em metais e cordas, ainda que se possa notar a presença marcante de instrumentos percussivos como o pandeiro. Os expoentes desse ritmo são Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo, Paulo Moura, Radamés Gnattali, Altamiro Carrilho, Garoto, Rafael Rabello, Hamilton de Holanda, Henrique Cazes, entre muitos outros. Foi criado na transição entre o século XIX e o XX a partir da mistura de elementos musicais de ritmos e danças europeias (como a Mazurca, o Schottisch, a Modinha Portuguesa, a Valsa, o Minueto e, especialmente, a Polca), da música popular portuguesa e, evidentemente, da música afro-brasileira.

Forró
Ainda que uma forma genérica de nomeação de ritmos nordestinos como o Baião, o Xote e o Xaxado, é mais criterioso usar esse termo para se referir a bailes muito populares no Nordeste do Brasil, que, no final do século XX, passaram a ser comuns também no restante do país, especialmente no Sudeste. Neles, casais dançam de forma compassada e muito próxima; também é chamado de “arrasta-pé”, “rala-bucho”, “bate-coxa”, “bate-chinela” ou “forrobodó”. Como ritmo musical, constrói-se em torno da sanfona e da união de gêneros nordestinos como o Coco, o Baião, o Xote, o Xaxado, a Quadrilha, entre outros. A temática da música tem a ver com sentimentos simples, com ideias bucólicas e singelas, com casos famosos da cultura popular e de cordel, etc. Entre os muitos nomes que difundiram essa cultura destacam-se Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Sivuca, Dominguinhos, João do Vale, Genival Lacerda, Elba Ramalho, etc.

Frevo (Marcha nortista ou Marcha pernambucana)
Ritmo carnavalesco instrumental assemelhado a uma marcha, até por sua origem da Polca Militar ou da Polca-marcha, de andamento rapidíssimo e sincopado. Música considerada extremamente contagiante e típica da região de Pernambuco. Provavelmente, a origem do nome Frevo deriva de “frever” (ferver) em função das consequências dela no comportamento e no humor das pessoas e grupos. Como tipo de dança é caracterizado por movimentos frenéticos por parte dos dançarinos, que tradicionalmente usam guarda-chuvas coloridos como forma de compor visualmente os passos elaborados dessa forma de dança. Eles executam comumente coreografias individuais marcadas por intenso movimento de pernas e braços. Para muitos, os passos típicos do Frevo foram inspirados em danças europeias e em movimentos da Capoeira. São expoentes e importantes divulgadores desse ritmo Alceu Valença, Orquestra Popular da Bomba do Hemetério, Spok Frevo Orquestra, Orquestra de Frevos do Recife, etc.

Soul e Funk (Black Music)
No Brasil, esses estilos musicais desenvolvem-se na periferia de grandes cidades como o Rio de Janeiro e São Paulo, nos famosos Bailes Black, onde se ouvia uma grande gama de estilos de música de origem invariavelmente negra como o Funk de Sugarhill Gang, KC and Sunshine Band, War, etc.; o Soul de Wilson Pickett, Otis Redding, The Commodores, Marvin Gaye, etc.; o R&B (Charm) de Aretha Franklin, Diana Ross, Jackson 5, etc., o Samba-Rock de Jorge Bem, Bebeto, Trio Mocotó, etc.; o Samba-Funk de Dom Salvador e Grupo Abolição, Black Rio, etc.; o Miami Bass de 2 Live Crew, DJ Magic Pike, etc.; e o RAP de Kurtis Blow, Grandmaster Flash, Afrika Bambaataa, etc.
        Assim, os Bailes Black desenvolveram-se velozmente, ainda que com pouco do aspecto político muito presente no Soul e no Funk norte-americanos. Além disso, as fronteiras entre esses estilos, em solo brasileiro, ficaram sutis graças às multifacetadas obras de Tim Maia, Wilson Simonal, Gerson King Combo, Hyldon, Cassiano, Dom Salvador e Orquestra Abolição, Sandra Sá, Trio Ternura, etc. Isso porque o que viria a ser chamado com o intuito simplificador de Black Music, por parte da mídia brasileira, seria também influenciado por ritmos brasileiros como o samba, por exemplo.

Funk Carioca
Primeiramente, esse ritmo musical brasileiro guarda pouca relação com o Funk do mestre James Brown, porque o Funk Carioca desenvolveu-se da convivência e da confusão entre muitos ritmos como o Miami Bass, o Freestyle, o Soul, o Samba-Rock, o Charm (Rhytmn’n’Blues) e o próprio Funk, que animavam os famosos Bailes Black ou Festas Hi-Fi na virada da década de 1970 para 1980 no Rio de Janeiro. Nessas oportunidades, todas as músicas que eram executadas pelos DJs (Ademir, Cidinho Cambalhota, Mr. Funk Santos, Messiê Limá, etc.) eram chamadas genericamente de Funk, ainda que o Funk Carioca seja mais ligado a ritmos como o Miami Bass, ritmo nascido na Flórida caracterizado por batidas rápidas e graves e letras com apelo sexual. Ao longo do desenvolvimento do Funk carioca, os bailes - até então, realizados nas periferias da capital fluminense e da região metropolitana - expandiram-se para áreas livres onde equipes de som rivais (Soul Grand Prix, Furacão 2000, etc.) enfrentavam-se para saberem quem tinha o som mais potente, o MC mais inspirado, o melhor DJ ou o “melô” mais popular. Posteriormente, os bailes funk seriam um fenômeno cultural que alcançaria a classe média, o que permitiu a realização frequente de bailes também em áreas nobres da cidade. Nesse período, tem grande destaque o DJ Marlboro, um dos muitos protagonistas do Funk Carioca, o qual inclusive foi um dos principais responsáveis pela internacionalização desse ritmo. Atualmente, esse importante fenômeno cultural tem se diversificado por causa do trabalho de MCs e DJs com produções mais politizadas, que convivem com outras vertentes como é o caso dos funks hedonistas e de forte apelo sexual; os que estimulam e defendem o crime organizado, a violência e as drogas (“Proibidão”); ou mesmo os que, de forma bem humorada ou apológica, tratam do cotidiano das favelas e das periferias brasileiras. Os primeiros “melôs” foram “Feira de Acari”, “Melô do tagarela”, etc. São exemplos de diferentes formas desse ritmo: Latino, Copacabana Beat, MC Marcinho, Claudinho e Bochecha, Mr Catra, Tati Quebra-Barraco, MC Leozinho, etc.

RAP
No Brasil, desenvolveu-se a partir dos Bailes Black ou Festas Hi-Fi na periferia especialmente de São Paulo no início da década de 1980. Continua fiel aos princípios básicos do ritmo quanto à temática e ao plano melódico e rítmico, quase sempre politizada a partir de um ponto de vista marcadamente negro e periférico. Quanto ao som, experiências de união com o samba, como é o caso de alguns discos de Marcelo D2, apresentaram novas possibilidades para o desenvolvimento desse gênero musical. São referências fundamentais no RAP brasileiro: Thaíde e DJ Hum, Racionais MCs, Pavilhão 9, Planet Hemp, Instituto, Sabotage, Camorra, etc.

Rock (Brasil)
O Rock brasileiro nasceu oficialmente com uma versão do clássico de Bill Haley & His Comets: “Rock Around the clock”, que ficou mundialmente conhecida por fazer parte do sucesso do cinema “Blackboard jungle”. Era 1955, quando a cantora Nora Ney lançou “Ronda das horas” em ritmo diferente do original, porque mais parecia um Foxtrot do que um Rock. Mais tarde Cauby Peixoto com “Rock and Roll em Copacabana”; Sérgio Murilo com “Broto legal” e Cely Campelo com os clássicos “Estúpido cupido” e “Banho de lua” seriam transformados em ídolos da juventude brasileira nos anos posteriores. No final da década de 1960, o primeiro movimento organizado desse gênero musical, a Jovem Guarda, seria desenvolvido no Brasil em torno das figuras de Erasmo e Roberto Carlos, ainda que fosse uma música distante do que se fazia à época nos EUA e na Inglaterra, porque ingênua, apolítica e, para muitos, mera cópia do que se fez nesses países dez anos antes. Também vale destacar o Tropicalismo e os Novos Baianos, que dialogariam intensamente com a vanguarda roqueira norte-americana e inglesa; o som de bandas como Secos e Molhados, Mutantes, Som nosso de cada dia, A Barca do Sol, A Banda, Som Imaginário, Ave sangria que tinham claras influências do rock psicodélico e progressivo feito no exterior; o Samba-rock, também chamado sambalanço, samba-soul, suingue, que foi uma associação feita entre o som da guitarra elétrica e a sonoridade do Samba, o que produziu um ritmo único também pelas letras leves e despretensiosas; as influências Punk em diferentes níveis em bandas como Aborto Elétrico, Plebe Rude, Capital inicial, Legião Urbana, Olho Seco, Ratos de porão, Inocentes, etc.; as influências do rock inglês e da cultura Mod em bandas como Ira e Violetas de Outono; as múltiplas influências Rock e Pop de bandas como Titãs, Ultraje a rigor, Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso, RPM, Blitz, etc.; a influência do som de Black Sabbath, Motorhead, Iron Maiden, Metallica, etc. no som de bandas brasileiras como Sarcófago, Sepultura, Angra, Viper, entre muitas outras; e o multiculturalismo e as referências múltiplas e imprevistas em bandas como Nação Zumbi, Mundo Livre S.A., Cordel do Fogo Encantado, Móveis Coloniais de Acaju, Sheik Tosado, Pata de Elefante, Burro Morto, Mombojó. Porcas Borboletas, Macaco Bong, etc.

Manguebeat (Manguebit)
Movimento musical e cultural surgido na cidade de Recife nos primeiros anos da década de 1990, de forma bastante espontânea no início, porque idealizado nas mesas dos bares da orla, por jovens em sua maioria moradores da periferia e influenciados por uma enorme quantidade de referências pop e tradicionais. Posteriormente, o movimento ganha corpo e sentido com o trabalho de bandas como Chico Science & Nação Zumbi e Mundo Livre S/A que passaram a misturar - sem nenhum pudor ou preconceito - o RAP norte-americano; com as guitarras pesadas do Metal; com vertentes eletrônicas da música jamaicana; com temáticas futuristas, tecnológicas e visionárias e com gêneros musicais folclóricos nordestinos como o Maracatu, o Coco, a Ciranda, o Caboclinho, a Embolada, o Baião, etc. Mais tarde, o movimento teve seu primeiro manifesto, “Caranguejos com Cérebro”, escrito por Fred 04, líder da banda Mundo Livre S/A, e Renato L, jornalista recifense, e publicado pela imprensa em 1992. As ideias do movimento misturavam intenções claramente afirmativas da cultura local com um sentimento de universalidade cultural e pop mediado por concepções tropicalistas e antropofágicas. São outros expoentes ou consequências desse movimento bandas como Sheik Tosado, Mestre Ambrósio, Eddie, Via Sat, Querosene Jacaré, Jorge Cabeleira, Arrastamangue, Cordel do Fogo Encantado, Mombojó, etc.


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