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sexta-feira, 30 de novembro de 2012
terça-feira, 27 de novembro de 2012
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
ATA - gêneros musicais - resumo (orientação de estudo) - P4 e simulado - 2º ano
Blues
Ritmo nascido no
chamado “sul profundo” dos EUA, na área do Delta do Mississipi e nas imediações
também rurais dessa região. O Blues constituiu-se como crônica musical da vida
de trabalho, pequenas alegrias, humilhações e preconceito dos negros norte-americanos
na virada do século XIX para o XX. Além desse, outros temas dominavam as
predileções dos primeiros “bluesmen”, a saber: o sexo, o demônio, a bebida, a
noite e os relacionamentos afetivos. De modo geral, o Blues é uma música de
harmonia simples, de ritmo melancólico e solos de guitarra, gaita e piano
comumente, que simulavam um lamento, um choro ancestral – a famosa “blue note”
- vindo da África manifestando-se contra a violência, o degredo e as muitas
tentativas de aculturamento sofridas pelos negros chegados nos EUA por parte
dos brancos norte-americanos. Do ponto de vista musical, é um dos pilares do
Jazz e em alguns momentos confunde-se com ele, especialmente nas duas primeiras
décadas do século XX. Sobre outro aspecto do processo de urbanização do Blues com o
desenvolvimento do chamado Chicago Blues e, mais tarde, do R&B, é
importante perceber a relação direta com o êxodo rural dos negros do sul dos
EUA que buscavam as cidades do norte desse país com o intuito de buscar
melhores condições de vida, de escapar de leis segregacionistas como as “Jim
Crow” e de evitar organizações racistas como a KKK. Em Chicago e em outras
cidades do norte, encontrou-se uma parte mais desenvolvida e liberal dos EUA, daí
muitos negros do sul procurarem melhores condições de vida e trabalho, além de
uma sociedade menos preconceituosa, entretanto quase sempre não a achavam,
porque eram obrigados - por questões também econômicas - a morarem em guetos
pobres e, portanto, continuavam de certa forma marginalizados na sociedade. A
partir de então e com sua aceleração e eletrificação, o Blues passou a
influenciar de forma mais contundente no desenvolvimento de ritmos derivados e
dependentes dele, tais como: o Rhythm and Blues (R&B), o Rock, o Funk, o
Soul e o RAP, os quais são consequências estéticas desse primordial gênero
musical norte-americano, que, junto ao samba, influenciou a música mundial numa
proporção e abrangência incomparável. O blues ao longo da primeira metade do
século XX foi diversificando-se em muitos estilos tais como o Delta Blues, o
Piedmont Blues, o Country Blues, o Chicago Blues, o Detroit Blues, o Jump
Blues, etc. Exemplos: Son House, Leadbelly, Robert Johnson, Willie Dixon, Muddy
Waters, B.B. King, Buddy Guy, Charlie Paton, Pinetop Perkins, Hound Dog Taylor,
Koko Taylor, Blind Wille McTell, Blind Lemon Jefferson, Arthur “Big Boy”
Crudup, Blind Willie Johnson, Big Mama Thornton, Eddie Boyd, Sonny Terry,
Elmore James, Willian Clarke, Fenton Robinson, Howlin' Wolf, J. B. Lenoir, John
Lee Hooker, etc.
Jazz
O Jazz é um
estilo musical estadunidense oriundo do sul do país e que se consolidou na
transição do século XIX para o XX. Grosso modo, é um processo de urbanização e
requintamento do Blues rural tocado nos arredores de cidades da estados como a
da Lousiana. Os pilares dessa expressão artística fundam-se na fusão das
tradições musicais afro-americanas com as europeias, tal mescla é produto da
inventividade espontânea da cultura popular de comunidades negras e mestiças
(“creoles”) de cidades do sul dos EUA, em especial New Orleans, pela sua
histórica vocação libertária, cosmopolita e musical. Esta ousadia estética
gestada por negros e mestiços (creoles) muitas vezes com educação musical
formal incorporava elementos do canto tribal africano como o canto-resposta, a
“blue note” do Blues, o ritmo sincopado herdado dos tambores africanos, a
polirritmia, a improvisação e alguns elementos do Ragtime e do Gospel. Os
instrumentos usados no Jazz são de espectro amplo, desde o violino de Stephane
Grappelli à guitarra de Wes Montgomery, por isso os mais variados instrumentos
têm sido empregados na execução desse estilo musical, ainda que mais comumente,
metais e piano.
Desde sua origem, o Jazz não se limitou a ser uma manifestação artística
monocórdica, previsível ou estagnada, por isso, ao longo do século XX, foram
muitas as mudanças, rupturas e revoluções pelas quais passou esse estilo,
dentre as quais destaca-se: o Dixieland e o Ragtime de New Orleans, o Swing das
Big Bands, o Bebop das grandes metrópoles, o Cool Jazz, o Free Jazz, o Fusion
(Samba Jazz, Funk Jazz, Latin Jazz, Acid Jazz, etc.), além, evidentemente, das
cada vez mais imprevisíveis tendências contemporâneas. Exemplos: Miles
Davis, John Coltrane, Charles Mingus, Herbie Hancock, Horace Silver, Os Cobras,
Copa 5, Brasil 66, Moacir Santos, Bill Evans, Milt Jackson, Herbie Mann, Jim
Hall, Ron Carter, Jaco Pastorious, Gene Krupa, Hermeto Pascoal, Groove Holmes,
Gerry Mulligan, Chet Baker, Buddy Rich, Sivuca, Kenny Burrell, Sonny Rollins,
Dexter Gordon, Wynton Marsalis, Ron Carter, US3, James Taylor Quartet, Charlie
Parker, Oscar Peterson, Thelonious Monk, Dave Brubeck, Art Blakey, Wes
Montgomery, Sonny Rollins, Ray Brown, King Oliver, Louis Armstrong, Weather
Report, etc.
Soul
Da união entre
as tradições musicais afro-americanas com a música sacra de origem protestante,
mais elementos do Blues e, mais tarde, do R&B, na transição da década de
1950 para a de 1960, desenvolveu-se uma música profana notabilizada pelas
harmonias elegantes e pelos vocais angelicais, além das letras ora políticas,
ora sentimentais. Portanto, o Soul é resultado da união das experiências
profanas e envolventes da versão acelerada e festiva do Blues, o Rhythm and
Blues; com o Gospel, a música protestante negra, consequência eletrificada e
pungente dos Spirituals, quase sempre cantada por coros efusivos e vibrantes com
o intuito de adorar a Deus. Tal processo cultural é a prova das infinitas e
imprevisíveis possibilidades de aproximação entre as referências culturais ou
ideológicas mais distintas. Exemplos: Ray Charles, Otis Redding, Sam
Cooke, Curtis Mayfield, Smokey Robinson, The Temptations, The Comodores,
Jackson 5, Marvin Gaye, Gladys Knight & the Pips, Martha Reeves & The
Vandellas, The Marvelettes, Diana Ross (e o grupo The Supremes), Aretha
Franklin, The Four Tops, Booker T and the MGs, Solomon Burke, Nina Simone, Dusty Springfield, Stevie
Wonder, etc.
Funk
Ao longo da
década de 1960 e 1970, o Soul foi sendo modificado por várias influências que
potencializaram outro ritmo mais dançante, mais agressivo e com letras
politicamente ainda mais engajadas, que passou a ser chamado mais tarde de
Funk. Com batida fortemente sincopada e com grandes e agitados “nipes” de
metais, construiu-se uma música que ao mesmo tempo era defensora da causa dos
negros nas décadas de 1960 e 1970 especialmente, era um ritmo enérgico, alegre
e sedutor, perfeito para celebrações agitadas, dançantes e vigorosas. Por vezes,
é difícil separar as influências Funk e Soul em uma mesma música, até porque
muitos artistas não tiveram qualquer interesse em separá-los de forma clara ao
longo de sua produção musical. Além disso, o Soul e o Funk foram os ritmos
musicais que mobilizaram as questões raciais nos EUA, porque, na maioria das
vezes, evocavam a luta pelos direitos civis dos negros pelo caminho da
política, da conscientização e da mobilização pacíficas. Exemplos:
James Brown, mestre maior desse ritmo; Sly and Family Stone; Funkadelic; Parliament,
Kool and the Gang; Kashmere Stage Band; The Metters; Average White Band; Maceo
Parker; Hank Ballard; Jimmy "Bo" Horne; etc.
Reggae e
ritmos jamaicanos
Estilo musical
originário da Jamaica, caracterizado pela estrutura de banda pop; pelas letras
ligadas aos movimentos de afirmação dos negros, ao amor e a paz; pela ligação
com o Rastafarismo e pelo ritmo envolvente. Originou-se da união de influências
da música tradicional africana e caribenha (Mento), do Ska, do Rocksteady e do
R&B norte-americano. Posteriormente, deu origem a ritmos como o Dub, o
Dancehall e o Ragga. Bob Marley é o maior representante do gênero em função da
qualidade da sua vasta obra e da grande repercussão internacional dela. No
Brasil, desenvolveu-se vigorosamente em muitas cidades da região Norte, muito
em função da proximidade geográfica e étnica com a Jamaica, em especial, na
cidade São Luís do Maranhão, onde há uma cena popular, madura e bem
desenvolvida de ritmos jamaicanos. São expoentes desse ritmo musical Peter Tosh,
Jimmy Cliff, The Wailers, Big Mountain, etc. No Brasil, há uma grande variedade de grupos
dedicados ao Reggae, são exemplos: Maskavo, Cidade Negra, Natiruts, Chimarruts,
Tribo de Jah, Ponto de Equilíbrio, etc.
RAP (“Rhythm and Poetry” ou "Rime and
Poetry")
Ritmo nascido na
periferia de cidades norte-americanas, especialmente New York, produto de uma
cultura urbana, negra e periférica que é parte de tradições culturais caracterizadas
por expressões corporais ligadas à dança (Break), musicais (RAP) e visuais
(grafite), as quais são os pilares de movimento cultural chamado Hip Hop. O RAP
é resultado de várias e evidentes influências de tradições musicais e comportamentais
dos chamados “Sistemas de Som” jamaicanos, que nada mais eram que festas
populares feitas na periferia de Kingston, voltadas para um público jovem sem
muitas oportunidades de lazer, que via naquelas grandes aparelhagens de som
comandadas por um Disc-jóquei (DJ) e um Mestre de Cerimônia (MC) que entre
versos improvisados e discos inicialmente de R&B conseguiam divertir e
inspirara milhares de pessoas a, mais tarde, construir pontes entre músicas
folclóricas jamaicanas como o Mento e as influências norte-americanas que
ouviam.
Como evento musical, o RAP consiste no cantar falado e ritmado de um MC
acompanhado por DJ que usava bases presentes em “Long Plays” (LPs) geralmente
de bandas e intérpretes clássicos do Funk como James Brown, Sly and Family Stone,
The Metters, Kashmere Stage Band, etc., ainda que com a aplicação de texturas,
novos andamentos e os famosos “scratches”, para que os MCs
"cantassem" sobre essas construções musicais de intenso e marcado
ritmo. No início, a partir de vozes de Gil Scott-Heron e Kurtis Blow, o RAP foi
uma espécie de porta-voz das angústias, das insatisfações e do estilo de vida
dos negros das comunidades pobres dos EUA, ou seja, tinha um componente
político indiscutível. Mais tarde, ao longo da década de 1990, o RAP perdeu em
parte seu aspecto politizado para dar lugar a letras de caráter hedonista,
revanchista, misógino, etc., que foram responsáveis pela consolidação de um sub-estilo
do RAP chamado Gangsta. Atualmente, o RAP tornou-se um dos elementos mais
importante da cultura pop mundial, a ponto de ser uma forma de inspiração em
revoltas populares em países de culturas aparentemente tão diferentes como os
árabes Tunísia e Egito. Exemplos: DJ Grandmaster Flash, Afrika Bambaataa,
DJ Kool Herc, Public Enemy, Run DMC, De La Soul, N.W.A. - Niggas With Attitude,
The Notorious B.I.G., Tupac Shakur, The Roots, Dr. Dre, etc.
Rock’n’Roll
Ritmo musical
nascido da união de influências estéticas negras como o Blues e, seu filho de
cadência acelerada e letras subversivas, o Rhythm'n'Blues, com ritmos musicais
como o Country, o Bluegrass, os quais unidos das mais diversas formas
permitiriam o nascimento do Rock’n’Roll na década de 1950 com mais evidência,
ainda que já se pudesse antevê-lo em produções anteriores de músicos negros como
Chuck Berry ou Little Richards. Nasceu cercado de preconceitos impostos pela
sociedade branca, pretestante e conservadora da década de 1950 nos EUA, mas a
partir da década de 1960 foi lentamente assimilado pela cultura urbana e jovem
que se formava até tornar-se parte da indústria cultural a partir da década de
1970. Quanto à expressão, ela literalmente significa "balançar e
rolar" e era uma gíria dos negros norte-americanos do início do século XX,
para referir-se comumente ao ato sexual. São nomes representativos
do chamado Rock’n’Roll clássico e do Rockabilly: Chuck Berry, Little Richards,
Jerry Lee Lewis, Fats Domino, Bill Halley, Roy Orbison, Bo Diddley, Hank
Willians, Muddy Waters, Buddy Holly, Johnny Cash, Elvis Presley, etc. A partir
da década de 1960, com as influências do Folk, da “Invasão britânica”, do
revigorado Blues, das experiências com drogas alucinógenas, do ideário Hippie,
do oriente indiano, entre outras, desenvolveram-se inúmeras vertentes do rock
como o Blues Rock (Canned Heat, Yardbirds, Taste, Blue Cheer, Janis Joplin,
Jimi Hendrix, Bacon fat, etc.), o Folk Rock (Bob Dylan; The Band; Crosby,
Stills, Nash and Young; Buffalo Springfield; etc.), o Rock Progressivo (Pink
Floyd, Yes, Jethro Tull, Rush, Van de Graaf, King Crimson, Gentle Giant, etc.),
o Rock Psicodélico (Grateful Dead, Jefferson Airplane, etc.), o Hard Rock (Led
Zeppelin, Deep Purple, Humble Pie, Free, etc.), o Heavy Metal (Black Sabbath,
Dust, Buffalo, etc.), o Punk Rock (Stooges, MC5, etc.), etc.
Bossa Nova
Em 1958, João Gilberto, até então um violonista baiano pouco conhecido,
lançou um disco fundamental para a música ocidental que seria o marco de um
novo movimento estético na música brasileira: “Chega de Saudade”. Importante
salientar que Elizeth Cardoso, Johnny Alf, entre outros já ensaiavam a estética
“bossanovista” em espetáculos em boates cariocas ao longo da segunda metade da
década de 1950. O ritmo surgiu da união improvável de referências baseadas na
música formal e erudita (Debussy, Ravel, etc.); no Jazz norte-americano, não o
tradicional, mas o de vanguarda como o Bebop; e em ritmos afro-brasileiros como
o Samba. Assim nasceu a Bossa Nova, que, além de mudar os rumos da música
brasileira, contribuiu decisivamente para uma renovação da música instrumental
em grande parte do mundo, além de ter sido uma referência importante de muitos
astros do Jazz a partir de então. Outro destaque desse movimento foi o caráter
urbano, individualista e intimista das composições “bossanovistas”, além disso
pode-se dizer que foi na e pela classe média, incentivada pelo clima de euforia
propiciado pelo governo de Juscelino Kubitschek, que o ritmo foi construído,
assim a Bossa Nova constitui-se como um dos poucos ritmos musicais brasileiros
com uma decisiva contribuição da classe média em seu desenvolvimento, pois a
maioria dos ritmos oriundos do Brasil, especialmente os de mais sucesso no
século XX, tem uma estreita relação autoral com a periferia. A Bossa Nova seria
reconhecida a partir de então pelas harmonias elaboradas, pelo ritmo sincopado,
pela poesia despretensiosa política e socialmente e pelo jeito inovador de
tocar de seus violonistas. Além disso, a influência desse movimento é sentida
até a atualidade nos inúmeros grupos brasileiros e estrangeiros assumidamente
influenciados por essa estética musical. Outros nomes fundamentais desse
movimento são Antônio Carlos Jobim, Vinicius de Moraes, Baden Powell, Dóris
Monteiro, Nara Leão, Carlos Lyra, Luís Bonfá, Roberto Menescal, Silvia Telles,
João Donato, dentre muitos outros.
Festivais de Música
Popular Brasileira (“Era dos Festivais”)
Os
Festivais, especialmente, os do final da década de 1960 foram responsáveis não
só por dar espaço para novos compositores, intérpretes e tendências da música
popular brasileira, como também foram responsáveis por definir o conceito de
MPB largamente usado mais tarde. Dentre eles, o mais importante foram os quatro
festivais da Record entre 1967 e 1969, ainda que várias redes de televisão como
a Globo, a Rio e Excelsior tenham tidos os seus festivais de forma intermitente
entre 1965 e 1985.
Além de refirmar a diversidade estética
da música brasileira e dar espaço para experimentações inéditas, a “Era dos
Festivais” foram responsáveis por tornar notáveis jovens músicos como Tom Zé,
Mutantes, Milton Nascimento, Elis Regina, Chico Buarque, Caetano Veloso,
Gilberto Gil, Geraldo Vandré, Tony Tornado, entre outros. Foram também palco
para exposição de muitas ideias estéticas e políticas que o tornaram um porta
voz de diversas opiniões durante o conturbado e controverso período posterior
ao Golpe Militar de 1964.
Outro destaque sobre esses eventos é a
apaixonada e intensa participação do público que torcia fervorosamente por suas
e músicas e intérpretes favoritos, além da grande audiência que as transmissões
televisivas alcançavam.
Tropicalismo
Movimento
central na história da música popular brasileira. Sintetizado pela gravação de
um dos álbuns mais importantes da história da música mundial, porque resultado
de criação coletiva inspirada e impulsionada pelo impacto estético e político
que Caetano Veloso e Gilberto Gil causaram com suas apresentações no III
Festival de Música Popular da Record no ano de 1967 somado a manifestações
tradicionais da cultura brasileira como a Música Caipira, o Baião, etc.; a
inovações estéticas radicais daquela época, como correntes artísticas de
vanguarda da cultura nacional e estrangeira (como o Concretismo, a Bossa Nova e
o Rock Psicodélico, absorvido por meio do disco “Sgt Pepper’s of Lonely Hearts
Club Band”, dos Beatles). Antes de fins sociais e políticos, a Tropicália foi
um movimento nitidamente estético e comportamental. Em maio de 1968, começaram
as gravações do disco que seria o manifesto musical do movimento, do qual
participaram artistas como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Nara Leão, Os
Mutantes, Tom Zé - além dos poetas Capinan e Torquato Neto e dos maestros
Rogério Duprat, Damiano Cozzella e Júlio Medaglia (responsáveis pelos arranjos
do disco “Tropicália ou Panis et Cirsensis”). Segundo o Dicionário Cravo Albin:
“O movimento ressaltou, em sua estética, os contrastes da cultura brasileira,
trabalhando com as dicotomias arcaico/moderno, nacional/estrangeiro e cultura
de elite/cultura de massas. Absorveu vários gêneros musicais, como samba,
bolero, frevo, música de vanguarda e o pop-rock nacional e internacional, e
incorporou a utilização da guitarra elétrica. Estabeleceu uma interlocução com
a poesia concreta paulista, tendo recebido apoio crítico de seus expoentes,
Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari. O histórico remonta a
discussões estéticas mantidas entre Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria
Bethânia, Torquato Neto, Rogério Duarte e o empresário Guilherme Araújo, em que
eram colocadas em pauta questões como a necessidade de universalização da
música brasileira em um contexto marcado hegemonicamente pela preocupação
nacionalista de rechaçar a influência estrangeira.”. O nome do movimento
atribui-se à canção “Tropicália”, de Caetano Veloso, que recebeu esse título a
partir de uma instalação, com o mesmo nome, do artista Hélio Oiticica.
Xote (Xótis)
Uma versão
nordestina do Schottisch – palavra alemã que significa “escocesa” em referência
à polca escocês, que no final do século XIX no Brasil era uma dança muito
valorizado pelas elites brasileiras. Normalmente, mais lento de que o Baião e
Xaxado com o qual mantém muitas semelhanças, inclusive porque junto ao Coco, à
Ciranda, etc., são muito executadas em Forrós. Trata-se de uma forma de dança
muito comum em bailes na Europa que foram trazidos ao Brasil pelos portugueses
e tiveram intenso desenvolvimento especialmente no Nordeste onde evoluiu a
partir de passos da polca e da valsa europeias. Além do instrumental típico do
Baião, pode ter também solos de rabeca (violino).
Xaxado
Atualmente muito
executada em Forrós, Dança popular brasileira originada do sertão pernambucano,
criada e inicialmente executada entre cangaceiros, daí ser uma dança por muito
tempo exclusivamente masculina. Usada como forma de, com cantos de improviso ou
compostos, comemora vitórias, lamentar a perda de companheiros, insultar inimigos,
etc. O nome, para muitos, deriva de uma onomatopeia (xa-xa-xa) associada ao barulho
repetitivo e compassado das sandálias dos dançarinos no solo seco do sertão.
Baião
Ritmo musical nordestino, com influência do samba e da conga, muito
apreciado pelo ritmo alegre e dançante, que se expandiu pelo Brasil a partir de
1946, graças à obra do compositor, cantor e sanfoneiro Luís Gonzaga, criador e
intérprete de muitos sucessos como “Asa Branca”, “Juazeiro”, “Paraíba”, “Qui
nem Jiló”, “Respeita Januário”, “Sabiá”, “Vem Morena”, “Baião de Dois”, “Noites
brasileiras”, etc. Nas últimas décadas, o ritmo conquistou admiradores e outros
expoentes, ainda que com repertórios não completamente dedicados ao Baião, tais
como Alceu Valença, Gilberto Gil, Elba Ramalho, Jackson do Pandeiro, Hermeto
Pascoal, Lenine, etc. Também pode ser entendido como um tipo de dança popular
de origem nordestina geralmente acompanhada de viola, sanfona (acordeão),
zabumba, triângulo, etc. Também chamado de baiano, lundu-chorado, etc. Outros
nomes importantes do Baião são Jackson do Pandeiro, Dominguinhos, etc.
Choro
Ritmo normalmente instrumental de temática melancólica, por vezes
pitoresca ou jocosa, que estrutura-se a partir da junção de arranjos densos e
ricos com harmonizações complexas e com execuções de grande sofisticação. A
instrumentação é baseada em metais e cordas, ainda que se possa notar a
presença marcante de instrumentos percussivos como o pandeiro. Os expoentes
desse ritmo são Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo, Paulo Moura,
Radamés Gnattali, Altamiro Carrilho, Garoto, Rafael Rabello, Hamilton de
Holanda, Henrique Cazes, entre muitos outros. Foi criado na transição entre o
século XIX e o XX a partir da mistura de elementos musicais de ritmos e danças europeias
(como a Mazurca, o Schottisch, a
Modinha Portuguesa, a Valsa, o Minueto e, especialmente, a Polca), da música popular
portuguesa e, evidentemente, da música afro-brasileira.
Forró
Ainda que uma forma genérica de nomeação de ritmos nordestinos como o
Baião, o Xote e o Xaxado, é mais criterioso usar esse termo para se referir a
bailes muito populares no Nordeste do Brasil, que, no final do século XX,
passaram a ser comuns também no restante do país, especialmente no Sudeste.
Neles, casais dançam de forma compassada e muito próxima; também é chamado de
“arrasta-pé”, “rala-bucho”, “bate-coxa”, “bate-chinela” ou “forrobodó”. Como
ritmo musical, constrói-se em torno da sanfona e da união de gêneros
nordestinos como o Coco, o Baião, o Xote, o Xaxado, a Quadrilha, entre outros.
A temática da música tem a ver com sentimentos simples, com ideias bucólicas e
singelas, com casos famosos da cultura popular e de cordel, etc. Entre os
muitos nomes que difundiram essa cultura destacam-se Luiz Gonzaga, Jackson do
Pandeiro, Sivuca, Dominguinhos, João do Vale, Genival Lacerda, Elba Ramalho,
etc.
Frevo (Marcha
nortista ou Marcha pernambucana)
Ritmo carnavalesco instrumental assemelhado a uma marcha, até por sua
origem da Polca Militar ou da Polca-marcha, de andamento rapidíssimo e
sincopado. Música considerada extremamente contagiante e típica da região de
Pernambuco. Provavelmente, a origem do nome Frevo deriva de “frever” (ferver)
em função das consequências dela no comportamento e no humor das pessoas e
grupos. Como tipo de dança é caracterizado por movimentos frenéticos por parte
dos dançarinos, que tradicionalmente usam guarda-chuvas coloridos como forma de
compor visualmente os passos elaborados dessa forma de dança. Eles executam
comumente coreografias individuais marcadas por intenso movimento de pernas e
braços. Para muitos, os passos típicos do Frevo foram inspirados em danças
europeias e em movimentos da Capoeira. São expoentes e importantes divulgadores
desse ritmo Alceu Valença, Orquestra Popular da Bomba do Hemetério, Spok Frevo
Orquestra, Orquestra de Frevos do Recife, etc.
Soul e Funk (Black Music)
No
Brasil, esses estilos musicais desenvolvem-se na periferia de grandes cidades
como o Rio de Janeiro e São Paulo, nos famosos Bailes Black, onde se ouvia uma
grande gama de estilos de música de origem invariavelmente negra como o Funk de
Sugarhill Gang, KC and Sunshine Band, War, etc.; o Soul de Wilson Pickett, Otis
Redding, The Commodores, Marvin Gaye, etc.; o R&B (Charm) de Aretha
Franklin, Diana Ross, Jackson 5, etc., o Samba-Rock de Jorge Bem, Bebeto, Trio
Mocotó, etc.; o Samba-Funk de Dom Salvador e Grupo Abolição, Black Rio, etc.; o
Miami Bass de 2 Live Crew, DJ Magic Pike, etc.; e o RAP de Kurtis Blow,
Grandmaster Flash, Afrika Bambaataa, etc.
Assim, os Bailes Black desenvolveram-se
velozmente, ainda que com pouco do aspecto político muito presente no Soul e no
Funk norte-americanos. Além disso, as fronteiras entre esses estilos, em solo
brasileiro, ficaram sutis graças às multifacetadas obras de Tim Maia, Wilson
Simonal, Gerson King Combo, Hyldon, Cassiano, Dom Salvador e Orquestra
Abolição, Sandra Sá, Trio Ternura, etc. Isso porque o que viria a ser chamado
com o intuito simplificador de Black Music, por parte da mídia brasileira,
seria também influenciado por ritmos brasileiros como o samba, por exemplo.
Funk Carioca
Primeiramente, esse ritmo musical brasileiro guarda pouca relação com o
Funk do mestre James Brown, porque o Funk Carioca desenvolveu-se da convivência
e da confusão entre muitos ritmos como o Miami Bass, o Freestyle, o Soul, o
Samba-Rock, o Charm (Rhytmn’n’Blues) e o próprio Funk, que animavam os famosos
Bailes Black ou Festas Hi-Fi na virada da década de 1970 para 1980 no Rio de
Janeiro. Nessas oportunidades, todas as músicas que eram executadas pelos DJs
(Ademir, Cidinho Cambalhota, Mr. Funk Santos, Messiê Limá, etc.) eram chamadas
genericamente de Funk, ainda que o Funk Carioca seja mais ligado a ritmos como
o Miami Bass, ritmo nascido na Flórida caracterizado por batidas rápidas e
graves e letras com apelo sexual. Ao longo do desenvolvimento do Funk carioca,
os bailes - até então, realizados nas periferias da capital fluminense e da
região metropolitana - expandiram-se para áreas livres onde equipes de som
rivais (Soul Grand Prix, Furacão 2000, etc.) enfrentavam-se para saberem quem
tinha o som mais potente, o MC mais inspirado, o melhor DJ ou o “melô” mais
popular. Posteriormente, os bailes funk seriam um fenômeno cultural que
alcançaria a classe média, o que permitiu a realização frequente de bailes
também em áreas nobres da cidade. Nesse período, tem grande destaque o DJ
Marlboro, um dos muitos protagonistas do Funk Carioca, o qual inclusive foi um
dos principais responsáveis pela internacionalização desse ritmo. Atualmente,
esse importante fenômeno cultural tem se diversificado por causa do trabalho de
MCs e DJs com produções mais politizadas, que convivem com outras vertentes
como é o caso dos funks hedonistas e de forte apelo sexual; os que estimulam e
defendem o crime organizado, a violência e as drogas (“Proibidão”); ou mesmo os
que, de forma bem humorada ou apológica, tratam do cotidiano das favelas e das
periferias brasileiras. Os primeiros “melôs” foram “Feira de Acari”, “Melô do
tagarela”, etc. São exemplos de diferentes formas desse ritmo: Latino,
Copacabana Beat, MC Marcinho, Claudinho e Bochecha, Mr Catra, Tati
Quebra-Barraco, MC Leozinho, etc.
RAP
No
Brasil, desenvolveu-se a partir dos Bailes Black ou Festas Hi-Fi na periferia
especialmente de São Paulo no início da década de 1980. Continua fiel aos
princípios básicos do ritmo quanto à temática e ao plano melódico e rítmico,
quase sempre politizada a partir de um ponto de vista marcadamente negro e
periférico. Quanto ao som, experiências de união com o samba, como é o caso de
alguns discos de Marcelo D2, apresentaram novas possibilidades para o
desenvolvimento desse gênero musical. São referências fundamentais no RAP
brasileiro: Thaíde e DJ Hum, Racionais MCs, Pavilhão 9, Planet Hemp, Instituto,
Sabotage, Camorra, etc.
Rock (Brasil)
O
Rock brasileiro nasceu oficialmente com uma versão do clássico de Bill Haley
& His Comets: “Rock Around the clock”, que ficou mundialmente conhecida por
fazer parte do sucesso do cinema “Blackboard jungle”. Era 1955, quando a
cantora Nora Ney lançou “Ronda das horas” em ritmo diferente do original,
porque mais parecia um Foxtrot do que um Rock. Mais tarde Cauby Peixoto com
“Rock and Roll em Copacabana”; Sérgio Murilo com “Broto legal” e Cely Campelo
com os clássicos “Estúpido cupido” e “Banho de lua” seriam transformados em
ídolos da juventude brasileira nos anos posteriores. No final da década de
1960, o primeiro movimento organizado desse gênero musical, a Jovem Guarda,
seria desenvolvido no Brasil em torno das figuras de Erasmo e Roberto Carlos,
ainda que fosse uma música distante do que se fazia à época nos EUA e na
Inglaterra, porque ingênua, apolítica e, para muitos, mera cópia do que se fez
nesses países dez anos antes. Também vale destacar o Tropicalismo e os Novos Baianos,
que dialogariam intensamente com a vanguarda roqueira norte-americana e
inglesa; o som de bandas como Secos e Molhados, Mutantes, Som nosso de cada
dia, A Barca do Sol, A Banda, Som Imaginário, Ave sangria que tinham claras
influências do rock psicodélico e progressivo feito no exterior; o Samba-rock,
também chamado sambalanço, samba-soul, suingue, que foi uma associação feita
entre o som da guitarra elétrica e a sonoridade do Samba, o que produziu um
ritmo único também pelas letras leves e despretensiosas; as influências Punk em
diferentes níveis em bandas como Aborto Elétrico, Plebe Rude, Capital inicial,
Legião Urbana, Olho Seco, Ratos de porão, Inocentes, etc.; as influências do
rock inglês e da cultura Mod em bandas como Ira e Violetas de Outono; as
múltiplas influências Rock e Pop de bandas como Titãs, Ultraje a rigor, Barão Vermelho,
Paralamas do Sucesso, RPM, Blitz, etc.; a influência do som de Black Sabbath,
Motorhead, Iron Maiden, Metallica, etc. no som de bandas brasileiras como
Sarcófago, Sepultura, Angra, Viper, entre muitas outras; e o multiculturalismo
e as referências múltiplas e imprevistas em bandas como Nação Zumbi, Mundo
Livre S.A., Cordel do Fogo Encantado, Móveis Coloniais de Acaju, Sheik Tosado,
Pata de Elefante, Burro Morto, Mombojó. Porcas Borboletas, Macaco Bong, etc.
Manguebeat (Manguebit)
Movimento
musical e cultural surgido na cidade de Recife nos primeiros anos da década de
1990, de forma bastante espontânea no início, porque idealizado nas mesas dos
bares da orla, por jovens em sua maioria moradores da periferia e influenciados
por uma enorme quantidade de referências pop e tradicionais. Posteriormente, o
movimento ganha corpo e sentido com o trabalho de bandas como Chico Science
& Nação Zumbi e Mundo Livre S/A que passaram a misturar - sem nenhum pudor
ou preconceito - o RAP norte-americano; com as guitarras pesadas do Metal; com
vertentes eletrônicas da música jamaicana; com temáticas futuristas,
tecnológicas e visionárias e com gêneros musicais folclóricos nordestinos como
o Maracatu, o Coco, a Ciranda, o Caboclinho, a Embolada, o Baião, etc. Mais tarde,
o movimento teve seu primeiro manifesto, “Caranguejos com Cérebro”, escrito por
Fred 04, líder da banda Mundo Livre S/A, e Renato L, jornalista recifense, e
publicado pela imprensa em 1992. As ideias do movimento misturavam intenções
claramente afirmativas da cultura local com um sentimento de universalidade
cultural e pop mediado por concepções tropicalistas e antropofágicas. São
outros expoentes ou consequências desse movimento bandas como Sheik Tosado,
Mestre Ambrósio, Eddie, Via Sat, Querosene Jacaré, Jorge Cabeleira,
Arrastamangue, Cordel do Fogo Encantado, Mombojó, etc.
terça-feira, 20 de novembro de 2012
Proposta 2012-28 - Uberaba - todas as turmas (entrega - 29-11-2012)
Texto 1: A favor da Eutanásia
porque viver é um direito, não uma obrigação
Eduardo Patriota Gusmão Soares
Cerca de 3.000 pessoas por dia cometem suicídio no mundo, num total de pouco mais de 1 milhão por ano. Você e eu
podemos lamentar ou relevar este dado. Talvez, soframos se algum destes
suicidas for um ente querido ou amigo e podemos discordar das razões que os
levaram a tal ato extremo. Mas de uma coisa ninguém poderá discordar: os
suicidas estavam em seu pleno direito de tirar sua própria vida. Seja por
razões físicas ou emocionais, estas pessoas conseguiram concretizar seu último
grande ato de vontade própria e se livraram do sofrimento. Mas e quando as
pessoas não podem se matar? E quando nós, pessoas saudáveis, somos o entrave
que prolonga o sofrimento alheio por toda a eternidade de uma vida miserável?
Estamos numa
sociedade com leis sabidamente alicerçada sobre preceitos religiosos, por mais
que estes tenham se perdido no tempo. Um resquício disto está no fato de que a
nossa vida não nos pertence. É como se ela fosse um presente de alguém que não
aceita devolução antes da hora. Mas e quando este presente estragou? E quando
estamos falando de um enfermo com a Síndrome de Locked-in, que se comunica com
o mundo exterior apenas com o piscar de olhos (ou nem isso)? A despeito de
recente pesquisa que mostra que uma parte dos portadores desta síndrome se
consideram felizes, como fica a fração infeliz aprisionada dentro do próprio
corpo? E quanto aos doentes terminais, principalmente por causa de câncer ou
doenças degenerativas?
A mesma medicina
que salva vidas, hoje, condena um enfermo a uma agonizante e tediosa espera
pela morte nos leitos dos hospitais. Entra em debate a questão da eutanásia, ou
seja, abreviar a vida de alguém de maneira controlada, assistida, tranquila.
Temos os instrumentos, mas estamos rodeados por um pensamento atrasado que
impede que médicos cumpram a vontade de pacientes e ponham fim à vida destes.
Felizmente, alguns países seculares
evoluíram e permitem o suicídio assistido.
O “Exit – ADMD” (Association pour
le Droit de Mourir dans la Dignité, ou Associação pelo Direito de Morrer com
Dignidade), funciona na Suiça desde 1982 e vem praticando o suicídio assistido
de enfermos terminais ou em grande sofrimento psicológico. Segundo as
pesquisas, 87% dos suíços aprovam a decisão. Em 2005, o Exit recebeu 202
pedidos de suicídio assistido e 54 foram executados. "Para muitos doentes,
saber que serão ajudados se quiserem mesmo partir os acalma, e eles adiam a
decisão", diz o doutor Sobel. "A possibilidade legal de um suicídio
assistido não aumentou a demanda, muito ao contrário — e esse é um dos
principais benefícios de uma legislação liberal”.
Um caso bem tocante, que virou
filme, foi o de Ramón Sampedro contado no filme “Mar Adentro”. Lá vemos a
história de um espanhol que ficou tetraplégico após um mergulho e viveu 29 anos
após o acidente sendo cuidado por seus familiares e lutando pelo direito de
“morrer dignamente”, como ele mesmo dizia. Seu caso foi levado aos tribunais em
1993 para conseguir a legalidade da eutanásia, mas o pedido foi negado. Na
carta de Sampedro destinada aos juízes, em 13 de novembro de 1996, desdobra-se
uma ideia que aparece repetidas vezes no filme: “viver é um direito, não uma
obrigação”. Assim, Ramón coloca em cheque a regulação da vida e da morte pelo
Estado e pela Igreja e acusa “a hipocrisia do Estado laico diante da moral
religiosa”.
Há ainda um ponto muito
interessante que Sampedro deixa bem claro em seus diálogos tensos defendendo o
direito de tirar a própria vida. Sempre que lhe dizem que há outros na mesma
condição felizes e querendo viver, ele deixa bem claro: “Não posso falar por
eles, tanto quanto eles não podem falar por mim”, ou seja, o desejo pela vida é
individual. Se você quer manter a sua vida, façamos de tudo para ajuda-lo. Se
você quer tirar, também deveríamos ajuda-lo – o que não ocorre numa sociedade
veladamente religiosa.
Eu vou ainda além da eutanásia
que precise ser justificada por alguma enfermidade. A morte deveria ser um
direito e todos que a desejassem deveriam poder morrer de forma digna. Se não
os ajudarmos, continuaremos a ver pessoas se enforcando, se jogando de prédios e
toda a forma de suicídio chocante. Claro, não devemos criar um abatedouro de
seres humanos. Há pessoas que podem se curar de um grande sofrimento
psicológico com o devido apoio. Mas todos, sem exceção, deveriam ter acesso à
morte digna, sem sofrimento.
http://www.umavisaodomundo.com/2011/03/favor-eutanasia-viver-direito-obrigacao.html
Texto 2: Contra a eutanásia e a distanásia
O debate sobre eutanásia tem recebido destaque da
imprensa e a atenção de vários profissionais da saúde, além de despertar o
interesse de membros dos Poderes Legislativo e Judiciário. A expressão morrer
com dignidade se transformou num slogan confuso. De um lado, é
proclamado por grupos e movimentos favoráveis ao desligamento de aparelhos que
mantém vivo um paciente. De outro, é defendido por aqueles que, contra a
transformação da pessoa humana em mero objeto, se colocam contra o
prolongamento abusivo da vida humana através de tratamentos fúteis. Como se
pode observar, há, para a mesma definição, não só duas, mas uma variedade de
significados. Neste sentido, é necessário afirmar que o termo eutanásia (do
grego boa morte, que também pode significar morrer com dignidade
ou morrer em paz e sem dor) é ambíguo e inclui situações distintas e,
muitas vezes, diametralmente opostas. Alguns, por exemplo, incluem no
entendimento sobre eutanásia atos que, embora apresentem um desfecho
semelhante, são conceitual e clinicamente distintos. Assim, pode-se chegar a
identificar como eutanásia tanto a não aplicação de um tratamento como a
suspensão deliberada dos meios utilizados para manter um paciente vivo.
Justamente por apresentar valorações ética e jurídica
distintas, é necessário empreender um esforço para chegar o mais perto possível
de uma definição mais clara e menos equivocada de eutanásia. A Encíclica Evangelium
Vitae a define assim:
Uma ação ou omissão que, por sua natureza e nas
intenções, provoca a morte com o objetivo de eliminar o sofrimento. A eutanásia
situa-se, portanto, ao nível das intenções e ao nível dos métodos empregados (n. 65).
Atualmente, muitas pessoas, inclusive cristãos,
acreditando defender ideais de humanidade e misericórdia, acabam caindo na
armadilha criada pela multiplicação de terminologias. Os próprios meios de
comunicação social têm contribuído para a difusão de equívocos cada vez mais
complexos. O fator econômico também é um elemento importante utilizado na
defesa da eutanásia. Algumas instituições e alguns profissionais da saúde
acreditam que seria mais eficaz, do ponto de vista financeiro, limitar o uso
dos recursos terapêuticos aos pacientes com maior possibilidade de recuperação.
Em outras palavras, por trás da defesa de uma morte digna e sem dor encontra-se
a intenção de eliminar da prática clínica e do cuidado a “beneficência sem
retorno” e, com isso, evitar custos desnecessários para o Estado e para as
empresas particulares de saúde.
Do ponto de vista moral, a eutanásia é
totalmente condenável. Mas é importante observar que também a distanásia
é também condenável. Ambas possuem em comum o fato de desviar a morte de seu
curso natural. Enquanto a eutanásia antecipa a morte, a distanásia
prorroga sua chegada. As duas encontram-se em extremidades opostas. Entre elas,
encontra-se a ortotanásia. Nesta linha de pensamento, situam-se os cuidados
paliativos ou medicina paliativa.
De
acordo com a Evangelium Vitae,
Nestas situações quando a morte se anuncia iminente e
inevitável, pode-se em consciência renunciar a tratamentos que dariam somente
um prolongamento precário e penoso da vida, sem, contudo, interromper os
cuidados normais devidos ao doente em casos semelhantes (Evangelium Vitae n. 65 ).
Até o início do século XX, o médico dispunha de muito
poucos recursos terapêuticos efetivos. A era dos antibióticos só tem início no
final da década de 1930, com o advento da penicilina. O suporte respiratório
mecânico, como conhecemos hoje, tem como marco a epidemia de poliomielite em
Copenhague, por volta de 1952. A desfibrilação cardíaca (choque elétrico no
tórax para reverter a parada cardíaca) e as Uunidades de Tratamento Intensivo
(UTI) também só aparecem na segunda metade do século XX, no início da década de
1960. Sendo assim, não dispondo de outros recursos, procuravam os médicos estar
junto dos seus pacientes, aliviando a dor e outros sintomas, dando conforto
psicológico e espiritual. O médico assumia uma função sacerdotal. Assim diz o
primeiro Código de Ética Médica brasileiro, publicado em 1867: “Para ser
ministro da esperança e conforto para seus doentes, é preciso que o médico alente
o espírito que desfalece, suavize o leito de morte, reanime a vida que expira e
reaja contra a influência deprimente destas moléstias…“.
A visão médica do sofrimento começa a mudar em meados
do século XX. Com a introdução dos cuidados intensivos, a Medicina declara
guerra contra a doença e a morte. Isto fica claro no Código de Ética Médica de
1931: “… um dos propósitos mais sublimes da Medicina é sempre conservar e
prolongar a vida“. Observa-se a mudança de paradigma da Medicina, que
passa a dar ênfase progressiva a esfera científico-tecnológico do cuidado.
Surge daí uma competição com a morte e um esforço desmedido de prolongar, ao
máximo e a qualquer preço, os sinais vitais. Este é o processo intimamente
relacionado à distanásia. Em alguns casos, de modo especial nas UTIs, acaba
ocorrendo o inverso: ao invés de prolongar a vida, prolonga-se o processo da
morte.
A proximidade à morte não deve privar o enfermo de seu
protagonismo. Como lembra a Evangelium Vitae: “quando se aproxima
a morte, as pessoas devem estar em condições de poder satisfazer as suas
obrigações morais e familiares, e devem sobretudo poder-se preparar com plena
consciência para o encontro definitivo com Deus” (n. 65). Isto não
significa, entretanto, dar ao enfermo o direito de solicitar procedimentos de
eutanásia. Consciente da frivolidade de seu tratamento, o enfermo tem o direito
de prosseguir com meios paliativos, aguardando o curso natural da própria vida.
Tal como a eutanásia, a distanásia é irracional e
eticamente reprovável. Criar situações nas quais se prolonga quantitativamente
a existência de um enfermo, às custas de obstinação terapêutica, é inaceitável.
A morte de um paciente nem sempre representa o fracasso de um médico; o
verdadeiro fracasso é impor a alguém uma morte desumanizada. É legitimo morrer
dignamente. O que não é legítimo é antecipar ou retardar o processo de morte.
Neste sentido, tanto a eutanásia como a distanásia são igualmente repudiáveis.
http://www.clfc.puc-rio.br/pdf/fc35.pdf
Depois da leitura atenta dos textos motivadores, faça uma dissertação argumentativa sobre o tema:
Eutanásia: um direito do indivíduo ou um crime contra a vida?
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
Proposta 2012-27 - Uberaba - todas as turmas (entrega - 22-11-2012)
Texto 1: Quem quer ser professor?
Historicamente pressionados por salários baixos, condições adversas
de trabalho e sem um plano de carreira efetivo, cursos de Pedagogia e
Licenciatura – como Português ou Matemática – são cada vez menos procurados por
jovens recém-saídos do Ensino Médio. Em sete anos, nos cursos de formação em
Educação Básica, o número de matriculados caiu 58%, ao passar de 101.276 para
42.441.
Atrair novas gerações para a carreira de professor está se
firmando como um dos maiores desafios a ser enfrentado pela Educação no Brasil.
Não por acaso, a valorização do educador é uma das principais metas do novo
Plano Nacional de Educação. Uma olhadela na história da educação mostra que não
é de hoje que a figura do professor é institucionalmente desvalorizada. “Há
textos de governadores de província do século XIX que já falavam que ia ser professor
aquele que não sabia ser outra coisa”, explica Bernardete Gatti, da Fundação
Carlos Chagas, coordenadora da pesquisa Professores do Brasil: Impasses e
desafios. No entanto, entre as décadas de 1930 e 1950, a figura do professor
passou a ter um valor social maior. Tal perspectiva, porém, modificou-se
novamente a partir da expansão do sistema de ensino no Brasil, que deixou de
atender apenas a elite e passou a buscar uma universalização da educação.
Desordenada, a expansão acabou aligeirando a formação do professor, recrutando
muitos docentes leigos e achatando brutalmente os salários da categoria como um
todo.
[...] Essa visão enraizada na cultura brasileira
de que ser professor é uma missão ou vocação – e não uma profissão – acaba
contribuindo para a desvalorização do profissional. “Socialmente, a
representação do professor não é a de um profissional. É a de um cuidador,
quase um sacerdote, que faz seu trabalho por amor. Claro que todo mundo tem de
ter amor, mas é preciso aliar isso a uma competência específica para a função,
ou seja, uma profissionalização”, resume Bernardete.
Contra a corrente
Ainda assim, o idealismo e a vontade de mudar o mundo ainda
permanecem como fortes componentes na hora de optar pelo magistério. Anderson
Mizael, de 32 anos, teve uma trajetória diferente da maioria dos seus colegas
da PUC-SP. Criado na periferia de São Paulo, Anderson sempre estudou em escolas
públicas. Adulto, trabalhou durante cinco anos como designer gráfico antes de
resolver voltar a estudar. Bolsista do ProUni, que ajuda a financiar a
mensalidade, Anderson é um dos poucos do curso de Letras que almejam a posição
de professor de Literatura. “Eu tenho esse lado social da profissão. O ensino
público está precisando de bons professores, de gente nova”, explica ele, que
acaba de conseguir o primeiro estágio em sala de aula, em uma escola no Campo
Limpo, zona sul da capital. Ana, que hoje trabalha em uma escola de elite,
sonha em dar aula na rede pública. “São os que mais precisam.” “Eu sempre quis
ser professora, desde criança”, arremata Ligia.
A empolgação é atenuada pela realidade da escola – com as já
conhecidas salas lotadas, falta de material e muita burocracia. Ligia Reis
reclama. “Cheguei, ganhei um apagador e só. Não existe nenhum roteiro, nenhum
amparo”, conta. “Às vezes, você é um ótimo professor, tem várias ideias, mas a
escola não ajuda em nada”, desabafa. Ligia também conta que, para grande parte
de seus colegas de graduação, dar aula é a última opção. “A maioria quer ser
tradutor ou trabalhar em editoras. É um quadro muito triste.”
A busca pela valorização da carreira de professor passa também,
mas não somente, por políticas de aumento salarial. Além de pagar mais, é
preciso que o magistério tenha uma formação mais sólida e, principalmente, um
plano de carreira efetivo. “Um plano em que o professor sinta que pode
progredir salarialmente, a partir de alguns quesitos. Mas que ele, com essa
dedicação, possa vir a ter uma recompensa salarial forte”, conclui a
pesquisadora.
Tory Oliveira. Carta Capital.
26/04/2011.
Texto 2: Assessor de tucano provoca
professores em MG: “Se eu ganhasse 712, ia ser servente de pedreiro”
O jornalista
Flávio Castro, assessor do deputado estadual Luis Humberto Carneiro (PSDB),
provocou os professores acampados na Assembleia Legislativa de Minas Gerais
(ALMG), dizendo: “Se eu ganhasse 712 [reais], ia ser servente de
pedreiro”.
De quebra,
ofendeu os professores — há mais de 100 dias em greve pelo pagamento do piso da
categoria estabelecido pelo Ministério da Educação (MEC) — e os serventes de
pedreiro.
O jornalista
Flávio Pena é tucano e o deputado Luis Humberto Carneiro, o líder do governo
Antonio Anastasia na Assembleia Legislativa mineira.
Conceição
Lemes. Viomundo. 23/09/2011.
Texto
3: O professor
está sempre errado...
Jô Soares
O material
escolar mais barato que existe na praça é o professor!
É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado.
Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Tem automóvel, chora de "barriga cheia'.
Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.
Não falta ao colégio, é um 'caxias'.
Precisa faltar, é um 'turista'.
Conversa com os outros professores, está 'malhando' os alunos.
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama a atenção, é um grosso.
Não chama a atenção, não sabe se impor.
A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as chances do aluno.
Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala corretamente, ninguém entende.
Fala a 'língua' do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é debochado.
O aluno é reprovado, é perseguição.
O aluno é aprovado, deu 'mole'.
É, o professor está sempre errado, mas, se conseguiu ler até aqui, agradeça a ele!
É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado.
Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Tem automóvel, chora de "barriga cheia'.
Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.
Não falta ao colégio, é um 'caxias'.
Precisa faltar, é um 'turista'.
Conversa com os outros professores, está 'malhando' os alunos.
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama a atenção, é um grosso.
Não chama a atenção, não sabe se impor.
A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as chances do aluno.
Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala corretamente, ninguém entende.
Fala a 'língua' do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é debochado.
O aluno é reprovado, é perseguição.
O aluno é aprovado, deu 'mole'.
É, o professor está sempre errado, mas, se conseguiu ler até aqui, agradeça a ele!
Proposta: Após analisar o tema acima, escreva uma dissertação
sobre: quais são as razões que
contribuem para a desvalorização do professor, de modo que a procura pelos
cursos de licenciatura e pela efetiva realização desse trabalho tenham sido tão
minimizadas?
ou
medidas a serem tomadas para tornar a carreira de professor novamente atrativa para jovens brasileiros.
Uberlândia - Ensino Médio - 4º bimestre - Matérias para Simulado Fuvest, P4 e P4(rec)
1º ano - P4
Artes - Música brasileira e estrangeira (módulos já postados no blogue).
Atualidades/Pró-Enem - Coesão e Coerência Textuais, Funções da Linguagem e Figuras de linguagem.
2º ano - P4
Atualidades/Pró-Enem - Coesão e Coerência Textuais, Funções da Linguagem e Figuras de linguagem.
2º ano - Fuvest
Artes - Música brasileira e estrangeira (módulos já postados no blogue).
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Redações da Fuvest 2012 (serão discutidas em sala de aula)
Tema 2012
http://www.fuvest.br/vest2012/bestred/temared.html
Redação 1
http://www.fuvest.br/vest2012/bestred/127933.html
Redação 2
http://www.fuvest.br/vest2012/bestred/129020.html
Redação 3
http://www.fuvest.br/vest2012/bestred/126060.html
http://www.fuvest.br/vest2012/bestred/temared.html
Redação 1
http://www.fuvest.br/vest2012/bestred/127933.html
Redação 2
http://www.fuvest.br/vest2012/bestred/129020.html
Redação 3
http://www.fuvest.br/vest2012/bestred/126060.html
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
Uberlândia - Ensino Médio - 4º bimestre - Matérias para a P3 e P3(rec)
Matéria P3
1º ano - integral
- Atualidades - textos sobre o marco civil da internet e a vitória de Barack Obama já postados no blogue.
- Linguagem - Funções e figuras de linguagem.
2º ano - integral
- Atualidades - textos sobre o marco civil da internet e a vitória de Barack Obama já postados no blogue.
- Linguagem - Funções e figuras de linguagem.
- Arte - Referências estrangeiras para a música brasileira (aula já postada no blogue).
2º ano - regular
- Arte - Referências estrangeiras para a música brasileira (aula já postada no blogue).
terça-feira, 6 de novembro de 2012
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