“Ópera é quando uma pessoa
recebe uma punhalada nas costas e, em vez de sangrar, canta.”
(Ed Gardner)
“Quem nunca dormiu à noite
e acordou de repente, suando frio e chorando, chorando e chorando? Se isso lhe
aconteceu, então você foi apanhado pelo blues.”
(Robert Johnson)
Neste módulo, começaremos os estudos
sobre historiografia musical, ainda que centrada fundamentalmente em ritmos
populares brasileiros, oriundos do século XIX em diante e de forma a
entendê-los mais como conceitos do que partes de um processo histórico e
cronológico, mesmo porque, em vestibulares como a UEL, UFF, etc., e, em
especial, no Enem, é essa a abordagem mais exigida.
Dentro desse contexto, do diálogo, da interação e da competição entre os
tipos de música nasce uma enorme diversidade de estilos, movimentos ou gêneros
musicais, que se diversificam quanto mais eles se relacionam para produzir sub-estilos,
novas expressões ou mesmo tendências, por vezes, tão fugazes quanto bem
sucedidas, ainda que por um breve período apenas.
:::As referências estrangeiras
A música brasileira, desde sempre, foi produto de diversas influências e
fusões desde os momentos iniciais do processo colonizatório português quando
jesuítas trouxeram a música sacra europeia como recurso de evangelização e
dominação dos índios brasileiros até a miríade de possibilidades ofertadas pela
internet nos tempos atuais. Assim, múltiplas referências estéticas estrangeiras
foram fundadoras da música brasileira, mesmo porque o símbolo que define grande
parte da música feita no Brasil é justamente a mistura, o amálgama, a síntese que
é produto da diversidade étnica e cultural representada primeiro pelos índios,
depois pelos negros africanos e mais tarde, para além da influencia portuguesa,
pelos muitos aventureiros, imigrantes, conquistadores, degredados, fugitivos,
idealistas dos mais diversos confins do planeta que em terras brasileiras, por
escolha ou por falta dela, ajudaram a desenvolver uma cultura estética e artística
híbrida, mestiça e singular.
Dessa forma, não só convém como se justifica o estudo de estilos,
movimentos e concepções musicais estrangeiras para melhor entender a música
brasileira. Abaixo seguem breves definições sobre várias referências músicas
estrangeiras que servem e serviram a esse propósito.
Cantochão
Primeira
influencia musical estrangeira a chegar ao Brasil por obra dos jesuítas. Foi
usado como um mecanismo de evangelização e conversão dos índios brasileiros ao
Catolicismo. É uma espécie de denominação genérica aplicada ao canto coletivo e
monofônico geralmente sem acompanhamento de instrumentos musicais que é
considerado um dos pilares da música europeia e, portanto, ocidental. São
associados tradicionalmente a concepções estéticas e ritualísticas cristãs
distintas como a Moçárabe; Ambrosiana ou Gregoriana, ainda que o Canto
Gregoriano seja aquele que ganhou maior popularidade mundial. As melodias do
Cantochão desenvolvem-se de forma suave, metódica e sustentada na prosódia de
textos sacros em latim.
Polca
A Polca é oriunda
da Boêmia (atualmente, região da Rep. Tcheca) do início do século XIX. Além de
estilo musical, também é uma espécie popular de dança, que tinha como atrativo
na sua origem a proximidade necessária - para a execução da coreografia - entre
os casais. Foi muito difundida mais tarde pela Europa e pela América. Caracteriza-se pelo compasso
binário simples e por ritmo alegre e intenso. No Brasil, alcança grande
popularidade a partir da segunda metade do século XIX como ritmo musical e de
dança. Desenvolve-se com a criação de sub-estilos como a polca militar e a
carnavalesca. Influenciará mais tarde a criação do Choro.
- “Linguagem do
Coração” (Joaquim Antonio da Silva Calado) – Pedro de Alcântara (flautim) e
Ernesto Nazareth (piano).
- “Só Para Moer”
(Viriato Figueira da Silva) – Patápio Silva.
- “E Tome Polca”
(José Maria de Abreu/ Luiz Peixoto) – Marlene.
- “Não Insistas
Rapariga” (Chiquinha Gonzaga) – Grupo instrumental Luiz Gonzaga Carneiro.
- “Atraente”
(Chiquinha Gonzaga) – Antônio Adolfo.
Schottisch
“Gênero musical.
Antiga dança de salão aos pares, que se movimentam sincronicamente, geralmente
em compasso binário. Aproxima-se da polca. No Rio de Janeiro foi apresentada
pela primeira vez em julho de 1851, pelo professor de dança José Maria
Toussaint. De grande aceitação, popularizou-se, sendo adaptada para pequenos
conjuntos instrumentais. Os chorões do século XIX compuseram versos para ela,
transformando-a em um tipo de modinha, denominada na nomenclatura popular
‘canção’. Era tão vulgarizada que, em 1851, deu-se o nome de ‘schottisch’ a uma
epidemia que grassou no Rio de Janeiro. A ‘schottisch’ espalhou-se pelo Brasil
inteiro, do Rio Grande do Sul, onde coincidiu com a difusão da gaita, ao
Nordeste, onde era executada ao som das sanfonas nos forrós. Voltou a brilhar
nos centros urbanos, quando o baião se tornou moda musical, depois da Segunda
Guerra. Integrava o repertório dos conjuntos típicos do Nordeste, com os nomes
aportuguesados: xote, chote, xótis e chótis.”
Modinha
“Nascida no
Brasil no século XVII, a modinha teve seu primeiro momento de glória na década
de 1770, quando foi apresentada na corte de Lisboa pelo poeta, compositor,
cantor e violeiro Domingos Caldas Barbosa (1740-1800). O grande sucesso
alcançado pelo gênero – denominado modinha para diferenciar-se da moda
portuguesa – levou músicos eruditos portugueses a cultivá-lo, só que de forma
requintada, adicionando-lhe características da música de ópera italiana. Assim,
aproximaram a cantiga colonial das árias portuguesas, praticamente
transformando-a em canção camerística. Foi com esse feitio que ela voltou ao
Brasil no início do século XIX.
Ao mesmo tempo suave e romântica, chorosa quase sempre, a modinha seguiu
então pelo resto do século como o nosso melhor meio de expressão
poético-musical da temática amorosa. Composta geralmente em duas partes, com
predominância do modo menor e dos compassos binário e quaternário, a modinha do
período imperial jamais se prendeu a esquemas rígidos, primando pelas
variações.”
Parta ouvir:
- “Quando as
glórias eu gozei” (Cândido Inácio da Silva) – Maria Lúcia Godoy.
- “Casinha pequenina”
(anônimo) – Silvio Caldas.
- “A mulata”
(Xisto Bahia/ Melo Moraes Filho) – Nara Leão.
- “Lua Branca”
(Chiquinha Gonzaga) – Paulo Tapajós.
- “Ontem ao luar”
(Pedro de Alcântara/ Catulo da Paixão Cearense) – Vicente Celestino.
- “Modinha”
(Vinicius de Moraes/ Tom Jobim) – Danilo Caymmi.
- “Até pensei”
(Chico Buarque) – Chico Buarque.
Blues
Ritmo nascido no
chamado “sul profundo” dos EUA, na área do Delta do Mississipi e nas imediações
também rurais dessa região. O Blues constituiu-se como crônica musical da vida
de trabalho, pequenas alegrias, humilhações e preconceito dos negros
norte-americanos na virada do século XIX para o XX. Além desse, outros temas
dominavam as predileções dos primeiros “bluesmen”, a saber: o sexo, o demônio,
a bebida, a noite e os relacionamentos afetivos. De modo geral, o Blues é uma
música de harmonia simples, de ritmo melancólico e solos de guitarra, gaita e
piano comumente, que simulavam um lamento, um choro ancestral – a famosa “blue
note” - vindo da África manifestando-se contra a violência, o degredo e as
muitas tentativas de aculturamento sofridas pelos negros chegados nos EUA por
parte dos brancos norte-americanos. Do ponto de vista musical, é um dos pilares
do Jazz e em alguns momentos confunde-se com ele, especialmente nas duas
primeiras décadas do século XX. Desenvolveu-se e urbanizou-se a partir da ida
em massa de negros para as metrópoles do norte, como Chicago. Nesta cidade
entre outras da parte mais desenvolvida e liberal dos EUA, muitos negros do sul
procuravam melhores condições de vida e trabalho, além de uma sociedade menos
preconceituosa, entretanto quase sempre não a achavam, porque eram obrigados -
por questões também econômicas - a morarem em guetos pobres e, portanto,
continuavam de certa forma marginalizados na sociedade. A partir de então e com
sua aceleração e eletrificação, o Blues passou a influenciar de forma mais
contundente no desenvolvimento de ritmos derivados e dependentes dele, tais
como: o Rhythm and Blues (R&B), o Rock, o Funk, o Soul e o RAP, os quais
são consequências estéticas desse primordial gênero musical norte-americano,
que, junto ao samba, influenciou a música mundial numa proporção e abrangência
incomparável. O blues ao longo da primeira metade do século XX foi
diversificando-se em muitos estilos tais como o Delta Blues, o Piedmont Blues,
o Country Blues, o Chicago Blues, o Detroit Blues, o Jump Blues, etc. Exemplos:
Son House, Leadbelly, Robert Johnson, Willie Dixon, Muddy Waters, B.B. King,
Buddy Guy, Charlie Paton, Pinetop Perkins, Hound Dog Taylor, Koko Taylor, Blind
Wille McTell, Blind Lemon Jefferson, Arthur “Big Boy” Crudup, Blind Willie
Johnson, Big Mama Thornton, Eddie Boyd, Sonny Terry, Elmore James, Willian
Clarke, Fenton Robinson, Howlin' Wolf, J. B. Lenoir, John Lee Hooker, etc.
Jazz
O Jazz é um
estilo musical estadunidense oriundo do sul do país e que se consolidou na transição
do século XIX para o XX. Grosso modo, é um processo de urbanização e
requintamento do Blues rural tocado nos arredores de cidades da estados como a
da Lousiana. Os pilares dessa expressão artística fundam-se na fusão das
tradições musicais afro-americanas com as europeias, tal mescla é produto da
inventividade espontânea da cultura popular de comunidades negras e mestiças
(“creoles”) de cidades do sul dos EUA, em especial New Orleans, pela sua
histórica vocação libertária, cosmopolita e musical. Esta ousadia estética
gestada por negros e mestiços (creoles) muitas vezes com educação musical
formal incorporava elementos do canto tribal africano como o canto-resposta, a
“blue note” do Blues, o ritmo sincopado herdado dos tambores africanos, a
polirritmia, a improvisação e alguns elementos do Ragtime e do Gospel. Os
instrumentos usados no Jazz são de espectro amplo, desde o violino de Stephane
Grappelli à guitarra de Wes Montgomery, por isso os mais variados instrumentos
têm sido empregados na execução desse estilo musical, ainda que mais comumente,
metais e piano.
Desde sua origem, o Jazz não se limitou a ser uma manifestação artística
monocórdica, previsível ou estagnada, por isso, ao longo do século XX, foram
muitas as mudanças, rupturas e revoluções pelas quais passou esse estilo,
dentre as quais destaca-se: o Dixieland e o Ragtime de New Orleans, o Swing das
Big Bands, o Bebop das grandes metrópoles, o Cool Jazz, o Free Jazz, o Fusion
(Samba Jazz, Funk Jazz, Latin Jazz, Acid Jazz, etc.), além, evidentemente, das
cada vez mais imprevisíveis tendências contemporâneas. Exemplos: Miles
Davis, John Coltrane, Charles Mingus, Herbie Hancock, Horace Silver, Os Cobras,
Copa 5, Brasil 66, Moacir Santos, Bill Evans, Milt Jackson, Herbie Mann, Jim
Hall, Ron Carter, Jaco Pastorious, Gene Krupa, Hermeto Pascoal, Groove Holmes,
Gerry Mulligan, Chet Baker, Buddy Rich, Sivuca, Kenny Burrell, Sonny Rollins,
Dexter Gordon, Wynton Marsalis, Ron Carter, US3, James Taylor Quartet, Charlie
Parker, Oscar Peterson, Thelonious Monk, Dave Brubeck, Art Blakey, Wes
Montgomery, Sonny Rollins, Ray Brown, King Oliver, Louis Armstrong, Weather
Report, etc.
Soul
Da união entre
as tradições musicais afro-americanas com a música sacra de origem protestante,
mais elementos do Blues e, mais tarde, do R&B, na transição da década de
1950 para a de 1960, desenvolveu-se uma música profana notabilizada pelas
harmonias elegantes e pelos vocais angelicais, além das letras ora políticas,
ora sentimentais. Portanto, o Soul é resultado da união das experiências
profanas e envolventes da versão acelerada e festiva do Blues, o Rhythm and
Blues; com o Gospel, a música protestante negra, consequência eletrificada e
pungente dos Spirituals, quase sempre cantada por coros efusivos e vibrantes
com o intuito de adorar a Deus. Tal processo cultural é a prova das infinitas e
imprevisíveis possibilidades de aproximação entre as referências culturais ou
ideológicas mais distintas. Exemplos: Ray Charles, Otis Redding, Sam
Cooke, Curtis Mayfield, Smokey Robinson, The Temptations, The Comodores,
Jackson 5, Marvin Gaye, Gladys Knight & the Pips, Martha Reeves & The
Vandellas, The Marvelettes, Diana Ross (e o grupo The Supremes), Aretha
Franklin, The Four Tops, Booker T and the MGs, Solomon Burke, Nina Simone, Dusty Springfield, Stevie
Wonder, etc.
Funk
Ao longo da
década de 1960 e 1970, o Soul foi sendo modificado por várias influências que
potencializaram outro ritmo mais dançante, mais agressivo e com letras
politicamente ainda mais engajadas, que passou a ser chamado mais tarde de
Funk. Com batida fortemente sincopada e com grandes e agitados “nipes” de
metais, construiu-se uma música que ao mesmo tempo era defensora da causa dos
negros nas décadas de 1960 e 1970 especialmente, era um ritmo enérgico, alegre
e sedutor, perfeito para celebrações agitadas, dançantes e vigorosas. Por vezes,
é difícil separar as influências Funk e Soul em uma mesma música, até porque
muitos artistas não tiveram qualquer interesse em separá-los de forma clara ao
longo de sua produção musical. Exemplos: James Brown, mestre maior desse
ritmo; Sly and Family Stone; Funkadelic; Parliament, Kool and the Gang; Kashmere
Stage Band; The Metters; Average White Band; Maceo Parker; Hank Ballard; Jimmy
"Bo" Horne; etc.
Reggae e
ritmos jamaicanos
Estilo musical
originário da Jamaica, caracterizado pela estrutura de banda pop; pelas letras
ligadas aos movimentos de afirmação dos negros, ao amor e a paz; pela ligação
com o Rastafarismo e pelo ritmo envolvente. Originou-se da união de influências
da música tradicional africana e caribenha (Mento), do Ska, do Rocksteady e do
R&B norte-americano. Posteriormente, deu origem a ritmos como o Dub, o
Dancehall e o Ragga. Bob Marley é o maior representante do gênero em função da
qualidade da sua vasta obra e da grande repercussão internacional dela. No
Brasil, desenvolveu-se vigorosamente em muitas cidades da região Norte, muito
em função da proximidade geográfica e étnica com a Jamaica, em especial, na
cidade São Luís do Maranhão, onde há uma cena popular, madura e bem
desenvolvida de ritmos jamaicanos. São expoentes desse ritmo musical Peter Tosh,
Jimmy Cliff, The Wailers, Big Mountain, etc. No Brasil, há uma grande variedade de grupos
dedicados ao Reggae, são exemplos: Maskavo, Cidade Negra, Natiruts, Chimarruts,
Tribo de Jah, Ponto de Equilíbrio, etc.
RAP (“Rhythm and Poetry” ou "Rime and
Poetry")
Ritmo nascido na
periferia de cidades norte-americanas, especialmente New York, produto de uma
cultura urbana, negra e periférica que é parte de tradições culturais caracterizadas
por expressões corporais ligadas à dança (Break), musicais (RAP) e visuais
(grafite), as quais são os pilares de movimento cultural chamado Hip Hop. O RAP
é resultado de várias e evidentes influências de tradições musicais e
comportamentais dos chamados “Sistemas de Som” jamaicanos, que nada mais eram
que festas populares feitas na periferia de Kingston, voltadas para um público
jovem sem muitas oportunidades de lazer, que via naquelas grandes aparelhagens
de som comandadas por um Disc-jóquei (DJ) e um Mestre de Cerimônia (MC) que
entre versos improvisados e discos inicialmente de R&B conseguiam divertir
e inspirara milhares de pessoas a, mais tarde, construir pontes entre músicas
folclóricas jamaicanas como o Mento e as influências norte-americanas que
ouviam.
Como evento musical, o RAP consiste no cantar falado e ritmado de um MC
acompanhado por DJ que usava bases presentes em “Long Plays” (LPs) geralmente
de bandas e intérpretes clássicos do Funk como James Brown, Sly and Family
Stone, The Metters, Kashmere Stage Band, etc., ainda que com a aplicação de
texturas, novos andamentos e os famosos “scratches”, para que os MCs
"cantassem" sobre essas construções musicais de intenso e marcado
ritmo. No início, a partir de vozes de Gil Scott-Heron e Kurtis Blow, o RAP foi
uma espécie de porta-voz das angústias, das insatisfações e do estilo de vida
dos negros das comunidades pobres dos EUA, ou seja, tinha um componente
político indiscutível. Mais tarde, ao longo da década de 1990, o RAP perdeu em
parte seu aspecto politizado para dar lugar a letras de caráter hedonista,
revanchista, misógino, etc., que foram responsáveis pela consolidação de um sub-estilo
do RAP chamado Gangsta. Atualmente, o RAP tornou-se um dos elementos mais
importante da cultura pop mundial, a ponto de ser uma forma de inspiração em
revoltas populares em países de culturas aparentemente tão diferentes como os
árabes Tunísia e Egito. Exemplos: DJ Grandmaster Flash, Afrika Bambaataa,
DJ Kool Herc, Public Enemy, Run DMC, De La Soul, N.W.A. - Niggas With Attitude,
The Notorious B.I.G., Tupac Shakur, The Roots, Dr. Dre, etc.
Rock’n’Roll
Ritmo musical
nascido da união de influências estéticas negras como o Blues e, seu filho de
cadência acelerada e letras subversivas, o Rhythm'n'Blues, com ritmos musicais
como o Country, o Bluegrass, os quais unidos das mais diversas formas
permitiriam o nascimento do Rock’n’Roll na década de 1950 com mais evidência,
ainda que já se pudesse antevê-lo em produções anteriores de músicos negros
como Chuck Berry ou Little Richards. Quanto à expressão, ela literalmente
significa "balançar e rolar" e era uma gíria dos negros
norte-americanos do início do século XX, para referir-se comumente ao ato
sexual. São nomes representativos do chamado Rock’n’Roll clássico e do
Rockabilly: Chuck Berry, Little Richards, Jerry Lee Lewis, Fats Domino, Bill
Halley, Roy Orbison, Bo Diddley, Hank Willians, Muddy Waters, Buddy Holly, Johnny
Cash, Elvis Presley, etc. A partir da década de 1960, com as influências do
Folk, da “Invasão britânica”, do revigorado Blues, das experiências com drogas
alucinógenas, do ideário Hippie, do oriente indiano, entre outras,
desenvolveram-se inúmeras vertentes do rock como o Blues Rock (Canned Heat,
Yardbirds, Taste, Blue Cheer, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Bacon fat, etc.), o
Folk Rock (Bob Dylan; The Band; Crosby, Stills, Nash and Young; Buffalo
Springfield; etc.), o Rock Progressivo (Pink Floyd, Yes, Jethro Tull, Rush, Van
de Graaf, King Crimson, Gentle Giant, etc.), o Rock Psicodélico (Grateful Dead,
Jefferson Airplane, etc.), o Hard Rock (Led Zeppelin, Deep Purple, Humble Pie,
Free, etc.), o Heavy Metal (Black Sabbath, Dust, Buffalo, etc.), o Punk Rock
(Stooges, MC5, etc.), etc.
Eletrônica
(Música)
É de forma geral toda música criada ou modificada por
meio de equipamentos, processos e instrumentos eletrônicos, tais como
sintetizadores, “samplers”, gravadores digitais, computadores ou “softwares” de
áudio, ainda que, em última instância, a música eletrônica remeta-se ao século
XIX quando foram criadas as primeiras formas de gravação de sons. Em função
dessas possibilidades e meios instrumentais, as formas e os processos de
composição desse estilo de música são relativamente democráticos, porque muitas
vezes intuitivas, o que garante que pessoas com tímido domínio de tecnologia e
teoria musical possam criar obras musicais. O desenvolvimento dessa música como
gênero tem relação direta com a rápida evolução tecnológica do pós-2ª Guerra
Mundial; com ideais de vanguardas artísticas como o Futurismo; com ideias de
artistas concretistas como Pierre Schaeffer e com as experiências de
compositores eruditos de vanguarda com aparatos eletrônicos como meios de
composição, a saber: o trabalho de músicos europeus de vanguarda como Karlheinz
Stockhausen, Henri Pousseur e Edgar Varèse; de alemães na Elektronische Musik
ou mesmo de Wendy Carlos que executou obras barrocas em um sintetizador Moog.
No campo da música pop, destacaram-se as primeiras utilizações de teremins e
sintetizadores em discos dos Beach Boys e Beatles, entretanto o primeiro
trabalho regular e mais conhecido de uma banda associada ao que viria a ser
chamado de Música Eletrônica foi o dos alemães do Kraftwerk. Enfim, a história
desse gênero musical passou de vertente da música erudita de vanguarda a elemento
da cultura popular, primeiramente associado a variações do rock e do jazz e à
psicodelia, para só mais tarde configurar-se como gênero musical específico
fruto da fusão das experimentações do Kraftwerk, da rápida evolução
tecnológica, da figura do DJ oriundo dos “Sound Systens” jamaicanos e do RAP e
de algumas caraterísticas estéticas da música Disco. Daí, surgiram os muitos
subgêneros da Música Eletrônica tais como o Techno, o House, o Acid, o Trance,
o Electro, o Drum'n'bass, etc., e mesmo parte da inspiração para grande parte
da produção musical da década de 1980, são exemplos as bandas Depeche Mode, New
Order, Information Society, A-Ha, Pet Shop Boys, Erasure, Vangelis, John Cage, etc.
Outros expoentes desse gênero musical são os DJs Marky, Goldie, Patife, David
Getta, Tiësto, Paul Van Dyk, Fresh, Yelle e Fatboy Slim, além de bandas como
Chemical Brothers, Portishead, Black Eyed Peas, Gotan Project, Asian Dub
Foundation, US3, James Taylor Quartet, Duo Justice e Prodigy. Em torno dessa
música evoluiu uma cultura urbana definida por determinados tipos de roupas,
corte de cabelo e comportamento associados a nomes como “clubbers”, “raves”,
etc.
Para ver:
-
“Hair”
– É um musical que trata da revolução contracultural da década de 1960, da
revolução sexual, do movimento Hippie, etc.
-
“Woodstock
– 3 dias de paz e música” – Documentário sobre o festival mais importante de música
popular de todos os tempos.
-
Festival
da Ilha de Wight – Filme musical sobre um dos festivais mais importantes para a
música da década de 1960. Tocaram, em especial na edição de 1970, nomes como
Jethro Tull, Taste, Supertrmap, Ten Years After, Miles Davis, etc.
-
“Buena
Vista Social Club” – Filme-documentário sobre o “El son” cubano, uma das
expressão mais originais, inspiradas e esteticamente elaboradas da música
caribenha.
-
It
Might get loud” (“A todo volume”) - Jimmy Page, Jack White e The Edge falam
sobre sua fascinação pela música e pela guitarra.
-
“Global
Metal – O Rock ao redor do mundo” – Documentário sobre como o Heavy Metal e a
sua cultura atingem jovens de culturas e países distintos, a saber: Indonésia,
Japão, Israel, Oriente Médio, etc.
-
“Metal:
Uma viagem headbanger” – Documentário de viés antropológico da cultura “headbanger”
associado aos vários estilos de Metal.
-
“Os
Estados Unidos contra John Lennon” – Documentário que trata da conturbada
relação do ex-beatle com o estado norte-americano em função de suas opiniões
sobre a Guerra no Vietnã, sobre a extensão da fama dos Beatles, sobre o
conservadorismo da sociedade estadunidense, etc.
-
“The
Doors” – Filme biográfico que ilustra o tempo e importância da banda The Doors
para a música pop mundial.
-
“Heavy
Metal – Louden Than Life” – Uma história do Metal contada por aqueles responsáveis
pela sua criação e desenvolvimento.
-
“Soul
Power” - Documentário sobre um festival
realizado na África organizado por Don King, chamado Zaire 74. Foram três
noites da mais pura “soul music”, que reuniram nomes como James Brown & The
JBs, Bill Withers, The Spinners, BB King, Celia Cruz, The Crusaders, Big Black
e Miriam Makeba.
-
“Maestro”
- Documentário sobre cena de música disco e eletrônica underground de Nova
York, no início da década de 1980.
-
“A História do Rock ‘n’ Roll”
-
Monterey
Pop Festival – Filme sobre o festival ocorrido em 1967 em que nada mesmo do que
Jimi Hendrix, Janis Joplin e Tha Who faziam sua primeiras apresentações para
grandes plateias.
-
“Blues:
a musical journey” – Documentário produzido por Martin Scorsese que a partir do
olhar de diretores consagrados de cinema conta a história do ritmo que fundou a
música norte-americna moderna.
-
“Jazz”
(Ken Burns) – Documentário didático sobre a história do Jazz.
-
“Johnny
and June” – Filme sobre a trajetória de um dos músicos mais importantes para a
música popular norte-americana: Johnny Cash.
-
“La
Bamba” – Filme trata do início ingênuo e juvenil do Rock nos EUA.
-
“Bird”-
Filme biográfico sobre um dos mais importantes músicos da história do Jazz e o
saxofonista que revolucionou esse ritmo ao ajudar a estabelecer o Bebop.
-
“Os
hippies” – Documentário do History Channel sobre esse movimento cultural e
social que muito influenciou a música pop do século XX.
-
“Mo'
Better Blues” (“Mais e melhores Blues”) – Filme de Spike Lee sobre o Jazz e
suas motivações mais pessoais.
-
“Cadilac
Records” – Filme que trata da história da mais emblemática gravadora da
história do Blues: a Chess Records.
-
“Festival
Express” – Em 1970, um trem de carga cruzou o Canadá com grupos e intérpretes
de blues e rock como Janis Joplin, The Greatful Dead, The Band e Buddy Guy,
entre outros. A aventura durou uma semana com shows nas maiores cidades
canadenses sintetizados nesse documentário.
Observação
importante: praticamente todos os exemplos citados podem ser ouvidos e vistos
na internet ou lidos de forma mais ampla e profunda nos “site” abaixo.
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