Caras e caros,
Boa noite, espero que todos vocês tenham a
tido um excelente recesso. Eis a nossa décima sétima coletânea feita com um
foco especial nas questões em torno da Olimpíada de Londres 2012 como o os
casos de atletas expulsos por atitudes preconceituosas, pelas suspeitas de
dopping, pela luta pela hegemonia olímpica entre China e EUA que traduz outro
conflito de caráter geopolítico entre essas potências. Em função da importância
desses assuntos, os sete textos serão obrigatórios para todas as séries do
Ensino Médio.
Abraços e boa leitura,
Professor Estéfani Martins
opera10.blogspot.com
sambluesoul.blogspot.com
idearium.com.br
Twitter - @opera10
Facebook e Orkut - Estéfani Martins
1 - 1ª anos, 2º anos, 3º anos e PV
Sobre a cegueira de uma sociedade
Massacre no Colorado:
O debate sobre o controle de armas
José Renato Salatiel
Especial para a Página 3
Pedagogia & Comunicação
O
atentado que matou 12 pessoas nos Estados Unidos reabriu, em ano eleitoral, a
discussão sobre o comércio de armas no país. James E. Holmes, 24 anos, atirou
contra o público de um cinema na cidade de Aurora, no Estado do Colorado, no
dia 20 de julho, durante a sessão de pré-estreia do novo filme do Batman.
Outras 58 pessoas ficaram feridas.
Ele
comprou seis mil balas pela internet e o arsenal (duas pistolas Glock e um
rifle AR-15) em lojas no Colorado. Tudo adquirido legalmente.
Os
Estados Unidos são um dos poucos países desenvolvidos onde a venda de armas é
irrestrita à população. O porte de arma é um direito garantido pela Segunda
Emenda da Constituição. O texto diz: "Sendo necessária à segurança de um
Estado livre a existência de uma milícia bem organizada, o direito do povo de
possuir e usar armas não poderá ser impedido".
A
Suprema Corte decidiu, em 2008, que essa emenda constitucional permite que
qualquer cidadão mantenha em casa uma arma de fogo carregada para se proteger.
É comum, principalmente em estados mais conservadores e rurais, que famílias
tenham armas em casa. O próprio país e identificado por sua cultura bélica,
retratada em filmes de Hollywood.
Na
política, o Partido Democrata apoia o controle da venda de armas, com o
argumento de que isso impediria ataques como o ocorrido no Colorado. Hoje,
nenhuma empresa é obrigada a comunicar ao governo a compra de milhares de
balas, como o fez o atirador do cinema.
Já
o Partido Republicano é contrário à proibição. Os republicanos entendem que os
cidadãos têm o direito de se defenderem. Além disso, desconfiam da correlação
entre venda de armas e os massacres cometidos nos últimos anos. Citam, por
exemplo, o caso do atirador da Noruega, país com legislação de armas bem mais
rigorosa que a americana e que, nem por isso, impediu a morte de 77 pessoas.
Nos
últimos dias, o debate predominou em jornais e TVs dos Estados Unidos. Apesar
disso, os governantes evitaram o assunto polêmico, de olho nas eleições
presidenciais de novembro. Tanto o presidente Barack Obama quanto o
pré-candidato republicano Mitt Romney se esquivaram do tema.
O
lobby dos fabricantes de armas é um dos mais fortes no país. A última lei de
controle de armas foi aprovada no Congresso em 1994, durante o governo do
democrata Bill Clinton. A lei proibia o uso das chamadas ?armas de assalto?,
como rifles AR-15 e pistolas semiautomáticas. O veto, contudo, expirou em 2004,
no mandato do republicano George W. Bush.
Proteção
Desde
então, a legislação permaneceu inalterada, mesmo com os sucessivos casos de
ataques a escolas e outros locais públicos. Um dos mais famosos aconteceu em 20
de abril de 1999 na escola Columbine, também no Colorado, e vitimou 15 pessoas.
O
mais violento ocorreu em 16 de abril de 2007, quando 33 pessoas foram
assassinadas por um aluno na universidade Virginia Tech. Em 8 de janeiro de
2011, um tiroteio em Tucson, no Arizona, deixou seis mortos e 20 feridos, entre
eles a congressista Gabrielle Giffords, do Partido Democrata.
Depois
desse atentado contra a congressista, houve uma nova ofensiva dos grupos que
apoiam o controle. Mas nenhuma lei nesse sentido foi aprovada, principalmente
porque os políticos não querem contrariar os eleitores.
Uma
pesquisa do Instituto Gallup apontou, no ano passado, que 73% dos americanos
eram contrários à proibição da posse de armas de fogo por pessoas que não sejam
policiais ou que não tenham autorização especial. Um total de 26% de americanos
foi favorável ao veto.
O
índice de americanos que se dizem favoráveis à restrição da venda de armamentos
vem caindo nas duas últimas décadas: eram 78% em 1990, 62% em 1995, 51% em 2007
e 44% em 2010.
Em
2005, uma pesquisa nacional do Instituto Gallup indicou que 4 em cada 10
americanos possuem uma arma de fogo em casa, incluindo 30% que disseram ter uma
arma de uso pessoal. Quanto aos motivos, 67% alegaram defesa contra crimes, 66%
prática esportiva e 41% caça.
Estima-se
que, em 2009, havia 300 milhões de armas nas mãos de civis nos Estados Unidos,
que possui uma população de 308 milhões de habitantes.
Brasil
No
Brasil entrou em vigor em 2003 o Estatuto do Desarmamento, uma lei federal que
tornou mais severa a regulamentação da posse e da comercialização de armas de
fogo e munição. Foi também realizada a Campanha do Desarmamento, incentivando
pessoas a entregarem armas de fogo à Polícia Federal, em troca de indenizações.
O
Estatuto proíbe o porte de armas por civis, a não ser que seja provada a
necessidade do uso. Neste caso, o cidadão deve ainda se submeter a exame
psicotécnico. A autorização provisória é emitida pela Polícia Federal ou pelo
Exército.
A
compra, de acordo com o Estatuto, só pode ser feita mediante a concessão do
porte e por maiores de 25 anos. O porte ilegal de arma também foi transformado
em crime inafiançável.
O
governo brasileiro fez um referendo popular em 23 de outubro de 2005,
consultando a população a respeito da proibição da venda de arma de fogo e
munição. O resultado foi 63,94% de votos contrários e 36,06% favoráveis à
proibição.
DIRETO AO PONTO
O atentado que matou 12 pessoas nos Estados Unidos reabriu a discussão
sobre o comércio de armas no país. James E. Holmes, 24 anos, atirou contra o
público em um cinema na cidade de Aurora, no Estado do Colorado, no dia 20 de
julho. Cinquenta e oito pessoas ficaram feridas.
O atirador comprou legalmente seis mil balas pela internet e as armas
em lojas no Colorado. Nos Estados Unidos o comércio e o porte de armas são
permitidos. A Segunda Emenda da Constituição dá ao cidadão o direito de ter
armas de fogo. Quatro em cada dez americanos possuem armas em casa.
A última lei de controle de armas foi aprovada no Congresso em 1994,
durante o governo do democrata Bill Clinton. O veto, contudo, expirou em
2004, no mandato do republicano George W. Bush.
Em ano de eleições presidenciais, os políticos evitaram tratar a
polêmica do controle de armas, que dominou debates nos jornais e TVs do país
após o massacre. De acordo com o Instituto Gallup, 73% dos americanos são
contrários à proibição e apenas 26% favoráveis.
No Brasil, o Estatuto do Desarmamento proíbe o porte de armas por
civis. A compra só pode ser feita mediante a concessão do porte e por maiores
de 25 anos. A posse ilegal de armas é um crime inafiançável.
|
José Renato Salatiel é jornalista e professor.
|
Bibliografia
Tiros em Columbine (2002): documentário de Michael
Moore que discute, após os atentados de Columbine, a cultura das armas de fogo
nos Estados Unidos.
O Senhor das Armas (2005): filme baseada na
história do traficante de armas Yuri Orlov (Nicolas Cage), que vendia
armamentos para países em guerra e ditadores.
2 - 1ª anos, 2º anos, 3º anos e PV
Guerra civil síria?
Crise na Síria: Atentado aumenta tensão em
Damasco
José Renato Salatiel
Especial para a Página 3 Pedagogia &
Comunicação
Os conflitos na Síria
agravaram-se nesta semana com a chegada de forças rebeldes à capital Damasco e
a morte de autoridades do primeiro escalão do governo. Quase um ano e meio após
o início das manifestações pró-democracia, mais de 10 mil pessoas já morreram
em confrontos que a Cruz Vermelha classifica agora como guerra civil.
A ONU tenta negociar uma saída diplomática para a
crise. Porém, todas as propostas de sanções para forçar a renúncia do
presidente Bashar Al Assad foram emperradas pela Rússia, que tem poder de veto
no Conselho de Segurança.
Os protestos na Síria começaram
em 15 de março de 2011, na sequência de revoltas conhecidas como Primavera
Árabe, que
derrubaram ditadores na Tunísia e no Egito. Na época, os sírios manifestaram-se
contra a prisão e tortura de estudantes que grafitaram um muro com críticas ao
regime de Al Assad.
A repressão do Exército só
aumentou a revolta da população. O governo fez algumas concessões, como o fim
do estado de emergência, que vigorava há 48 anos, e a aprovação de uma nova
constituição. Mas os manifestantes, que no começo pediam democracia, passaram a
exigir a renúncia do presidente, há 11 anos no poder.
A oposição ao regime
organizou-se em duas frentes principais: o Conselho Nacional Sírio (CNS),
ligado ao fundamentalismo islâmico, e o Exército Livre da Síria (ELS), braço
armado composto por militares desertores.
O Exército passou a usar
artilharia pesada contra o povo, promovendo massacres. Em maio, mais de 100
pessoas foram mortas na cidade de Houla, a maioria mulheres e crianças. Na
semana passada, outras 200 morreram em um ataque militar à aldeia de Tremseh.
A ONU estima em mais de 10 mil
o número de mortos, enquanto ativistas de direitos humanos calculam 17 mil.
No dia 15 de julho, o Comitê
Internacional da Cruz Vermelha declarou que o país se encontra em guerra civil.
Com isso, passa a valer a Convenção de Genebra, tratado que garante a proteção
dos civis e possibilita a abertura de processos por crimes contra a humanidade.
No dia 18, um atentado em
Damasco matou o ministro da Defesa e outros dois generais que compunham a
cúpula de segurança do ditador (um deles cunhado de Al Assad). O ataque,
reivindicado pelo ELS, causou as primeiras mortes de autoridades do regime.
Diferenças étnicas
O que torna a crise na Síria
mais difícil, em relação aos outros países afetados pela Primavera Árabe, são
as diferenças étnicas e religiosas. A população de 23 milhões de habitantes
divide-se em uma maioria sunita (74%) e minorias alauítas (12%), cristãos
ortodoxos (10%) e drusos (3%).
Durante séculos, os sunitas formaram a elite
política, econômica e militar do país. Em 1960, contudo, golpes de Estado
colocaram os alauítas no poder. Em 1971, o alauíta Hafez Assad, pai do atual
líder sírio, assumiu a Presidência e permaneceu no cargo por 30 anos.
Nesse período, Assad concedeu
privilégios às demais minorias étnicas do país – cristãos e drusos –, gerando
descontentamento entre os sunitas. No começo dos anos 1980, a ditadura reprimiu
de forma violenta protestos organizados pela Irmandade Muçulmana. Temendo novas
revoltas, o governo aparelhou as Forças Armadas e o serviço secreto, que hoje
reprimem os rebeldes.
O medo de um massacre étnico
também explica o porquê do presidente Al Assad se recusar a deixar a
Presidência.
Rússia
A situação geopolítica da Síria
é outro fator que dificulta uma solução para o caos nas ruas de Damasco. Por
que não há uma ofensiva militar como ocorreu, por exemplo, na Líbia, que depôs
o líder Muammar Gaddafi em agosto do ano passado?
A Síria, aliada do Irã, é uma
das poucas nações árabes que se opõem aos interesses dos Estados Unidos e de
Israel no Oriente Médio. Uma intervenção direta de Washington traria mais
instabilidade política à região, já conturbada por guerras entre israelenses e
palestinos.
Pelo mesmo motivo, o Conselho
de Segurança da ONU não consegue aprovar resoluções mais duras contra Al Assad.
A Rússia tem recusado qualquer
plano de afastamento do ditador sírio. Não somente por interesses comerciais
(contratos bilionários de venda de armamentos à Síria), mas também políticos.
De um lado, países como Estados
Unidos, França e Reino Unido querem forçar o governo sírio a aceitar uma
proposta de cessar-fogo e a renúncia de Al Assad, que teria como consequência o
isolamento do Irã. Do outro, China e Rússia querem manter o presidente,
alegando que as razões humanitárias são um pretexto para a hegemonia ocidental
no mundo muçulmano.
DIRETO
AO PONTO
Os conflitos na Síria agravaram-se nesta semana com a chegada de forças rebeldes à capital Damasco e a morte de autoridades do primeiro escalão do governo, entre elas o ministro da Defesa e o cunhado do presidente Bashar Al Assad.
Os confrontos entre rebeldes e governo começaram em março de 2011, na continuidade da Primavera Árabe. Mais de 10 mil pessoas morreram, segundo a ONU, ou 17 mil, de acordo com ativistas dos direitos humanos. A Cruz Vermelha declarou que o país vive uma guerra civil.
O que torna a crise na Síria mais difícil são as diferenças étnicas e religiosas. Os sunitas, que formam a maioria da população (74%) são governados pela minoria alauíta (12%).
A ONU tenta negociar uma saída diplomática para a crise. Porém, todas as propostas de sanções para forçar a renúncia do presidente foram emperradas pela Rússia, que tem poder de veto no Conselho de Segurança.
|
José Renato Salatiel é jornalista e professor.
Bibliografia
A Primavera Árabe: Entre a nova
democracia e a velha geopolítica (Leitura XXI): livro de Paulo Fagundes
Visentini que discute os desdobramentos das revoltas árabes de 2011.
A Noiva Síria (2004): filme
sobre casal de noivos de minoria drusa que vive em lados opostos da fronteira
entre Síria e Israel.
3 - 1ª anos, 2º anos, 3º anos e PV
Algumas perguntas sobre doping
4 - 1ª anos, 2º anos, 3º anos e PV
Olimpíadas e meio ambiente
5 - 1ª anos, 2º anos, 3º anos e PV
Os porões dos Jogos
6 - 1ª anos, 2º anos, 3º anos e PV
Paradoxos olímpicos
7 - 1ª anos, 2º anos, 3º anos e PV
Olimpíadas políticas
Nenhum comentário:
Postar um comentário