Leia atentamente os textos abaixo e faça o que se pede.
Texto 1. 21
de Março - Dia Internacional contra a Discriminação Racial
Hoje, 21 de março, é comemorado o Dia Internacional
Contra a Discriminação Racial. Atualmente, o Brasil possui duras leis contra
esse preconceito, que ainda existe – seja explicitamente ou de forma velada. A
lei pune quem declara o seu desprezo por determinadas raças, mas não é capaz de
estabelecer penas contra quem pratica o preconceito velado, aquele que não se
evidencia com palavras, mas que vez ou outra aparece em forma de reações, como
pode exemplificar o dentista Alessandro Menezes.
Alessandro é um negro de 31 anos, que mora no Leblon
desde que nasceu. Outro dia, ele andava na rua com um amigo – branco e morador
da Vila da Penha – quando uma senhora perguntou: “Você sabe para que lado fica
a Rua Dias Ferreira?”. Óbvio que a indagação foi direcionada ao amigo, que não
sabia a resposta. Alessandro, então, se prontificou a responder à senhora, que
ficou o olhando como quem diz “Eita! Você mora aqui?”.
“Era um branco e um negro andando pelo Leblon. Para
ela, com certeza o primeiro morava no bairro”, declarou o dentista.
Outra vítima desse racismo velado foi o jornalista
Fernando Sampaio. Ele conta que foi buscar um café na cozinha do jornal,
quando, no meio de um bate-papo, afirmou ser negro. Logo, a copeira que estava
no local disse para que não repetisse mais essa besteira, pois ele não era
negro.
“Do jeito que ela falou, parecia que eu havia dito que
era um marginal ou leproso”, conta o jornalista que voltou à copa dias depois e
perguntou para mesma copeira se ela era racista. Sabe qual foi a resposta:
“Claro que não, meu filho. Para mim, todo mundo é igual”.
Na visão da antropóloga e pesquisadora do Núcleo de
Pesquisa das Violências da UERJ (Nupev), Ana Paula Ribeiro, o racismo no Brasil
ainda é muito presente, principalmente o velado. “Não posso afirmar que o
preconceito racial aumentou, mas acho que ele continua o mesmo. A única
diferença é que hoje nós temos leis eficazes contra isso, o que acaba coibindo
os preconceituosos”. Em relação ao racismo velado, Ana Paula afirma que esse
tipo de atitude aparece nas pequenas coisas, nos pequenos gestos, como os
citados acima. “As pessoas não declaram, mas também não têm uma postura clara
sobre a questão”.
No Brasil, em cada três assassinatos, dois são de
negros. Em 2008, morreram 103% mais negros que brancos. Dez anos antes, essa
diferença já existia, mas era de 20%. Esses números estão no Mapa da Violência
2011, um estudo nacional apresentado pelo pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz.
Os números mostram que, enquanto os assassinatos de
brancos vêm caindo, os de negros continuam a subir. De 2005 para 2008, houve
uma queda de 22,7% nos homicídios de pessoas brancas; entre os negros, as taxas
subiram 12,1%. O cenário é ainda pior entre os jovens de 15 a 24 anos.
Os dados provam que ainda temos um longo caminho a
percorrer para extirpar, de uma vez por toda, o preconceito.
Por que dia 21?
No dia 21 de março de 1960, na cidade de Joanesburgo,
capital da África do Sul, 20 mil negros protestavam contra a lei do passe, que
os obrigava a portar cartões de identificação, especificando os locais por onde
eles podiam circular.
No bairro de Shaperville, os manifestantes se
depararam com tropas do exército. Mesmo sendo uma manifestação pacífica, o
exército atirou sobre a multidão, matando 69 pessoas e ferindo outras 186. Esta
ação ficou conhecida como o Massacre de Shaperville. Em memória à tragédia, a
ONU – Organização das Nações Unidas – instituiu 21 de março como o Dia
Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.
O Artigo I da Declaração das Nações Unidas sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial diz o seguinte:
"Discriminação Racial significa qualquer distinção,
exclusão, restrição ou preferência baseada na raça, cor, ascendência, origem
étnica ou nacional com a finalidade ou o efeito de impedir ou dificultar o
reconhecimento e exercício, em bases de igualdade, aos direitos humanos e
liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou
qualquer outra área da vida pública".
O racismo se apresenta, de forma velada ou não, contra
judeus, árabes, mas sobretudo negros. No Brasil, onde os negros representam
quase a metade da população, chegando a 80 milhões de pessoas, o racismo ainda
é um tema delicado.
Para Paulo Romeu Ramos, do Grupo Afro-Sul, as novas
gerações já têm uma visão mais aberta em relação ao tema. “As pessoas mudaram,
o que falta mudar são as tradições e as ações governamentais”, afirma Paulo. O
Grupo Afro-Sul é uma ONG de Porto Alegre, que promove a cultura negra em todos
os seus aspectos.
Segundo o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento – PNUD – em seu relatório anual, "para conseguir romper o
preconceito racial, o movimento negro brasileiro precisa criar alianças e falar
para todo o país, inclusive para os brancos. Essa é a única maneira de mudar
uma mentalidade forjada durante quase cinco séculos de discriminação”.
Aproveite esta data para refletir: você tem ou já teve
atitudes racistas?
Sindicato dos Servidores das Justiças Federais no Estado do Rio de
Janeiro. http://sisejufe.org.br/
Texto 2. Eliminar
a discriminação contra negros
Há 52 anos, em 21 de março de 1960,
cerca de vinte mil negros protestavam contra a lei do passe na cidade de
Joanesburgo, na África do Sul. Lutavam contra um sistema que os obrigava a
portar cartões de identificação que especificava os locais por onde podiam
circular. Era uma das lutas contra o apartheid.
No bairro negro de Shaperville, os
manifestantes se defrontaram com tropas de segurança daquele sistema odioso. O
que era para ser uma manifestação pacífica se transformou em uma tragédia. As
forças de segurança atiraram sobre a multidão, deixando 186 feridos e 69
mortos. Esse episódio ficou conhecido como o massacre de Shaperville.
Em memória às vítimas do massacre, em
1976, a ONU (Organização das Nações Unidas) instituiu o dia 21 de março como o
Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.
Destacar esse acontecimento é
importante para que nunca esqueçamos dessa face cruel do racismo, que não
hesita em atirar em pessoas indefesas. Assim, há 36 anos, o dia 21 de março é
um marco para a comunidade negra na luta contra o racismo e as discriminações.
Ainda hoje, a influência do racismo impede que negros vivam em condições de
igualdade com os não negros.
As ações afirmativas de cotas na
universidade para os jovens negros, o Prouni, o programa de saúde para a
população negra, o reconhecimento das terras dos remanescentes de quilombos, o
combate à intolerância religiosa em face das religiões de matriz africana,
entre outras ações, trazem para ordem do dia um pouco dos desafios que ainda
temos de enfrentar para construir uma sociedade mais igualitária.
Contudo, podemos nos orgulhar pelos
avanços dados nos últimos anos. Um deles foi a lei 10.639/2003, que torna
obrigatório o ensino sobre história e cultura afro-brasileira nos ensinos
fundamental e médio das escolas pública e particular de todo o país.
Outro foi a lei 12.288, que dispõe sobre
o Estatuto da Igualdade Racial. Essa é a primeira lei desde a abolição da
escravidão que reúne inúmeras possibilidades para que o Estado brasileiro
repare, de uma vez por todas, as desigualdades que são resquícios da
escravidão.
A Organização das Nações Unidas
(ONU) instituiu 2011 como o ano internacional dos povos afrodescendentes.
Buscou com isso que os Estados independentes concentrassem ações para reparar
as desigualdades raciais.
Visto que foi insuficiente aquele
período de tempo, instituiu a década dos afrodescendentes, que será lançada em
dezembro de 2012.
É a hora do fortalecimento das ações
pela igualdade em todos os países que tenham tido mão de obra escrava como base
de seu desenvolvimento capitalista, algo que originou desigualdades raciais de
natureza histórica.
O mundo é melhor com as diferenças e
diversidades. Vamos continuar avançando na construção da cidadania e do acesso
igualitário aos bens econômicos e culturais para negros, indígenas, ciganos e
todos os segmentos minoritários da sociedade.
O massacre dos jovens negros de
Shaperville será lembrado para sempre. A luta deles nos inspira a caminhar pela
igualdade de oportunidades e por sociedades livres do racismo e do preconceito.
ELOI FERREIRA ARAÚJO, 52, é presidente da Fundação
Cultural Palmares, órgão vinculado ao ministério da Cultura.
Folha de São
Paulo.
21/03/2012.
Situação A -
Dissertação (UFTM, USP, Unesp, etc.)
Após
ler os textos motivadores e refletir sobre a presença do preconceito racial na
sociedade, faça uma dissertação argumentativa que responda à pergunta: há meios de conter essas formas de intolerância?
Instruções:
-
Lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da norma
padrão da língua portuguesa.
-
A redação deverá ter entre 25 e 30 linhas.
-
Dê um título a sua redação.
Situação B - Resumo
(UFU)
Considerando
as informações apresentadas nos dois textos, produza um resumo.
ATENÇÃO
O resumo deve:
- apresentar as ideias principais e secundárias dos textos
motivadores;
- formar um texto coeso e coerente;
- apresentar ordenação lógica;
- apresentar fidelidade às ideias expostas nos textos motivadores.
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