Caras e caros,
Primeiramente,
gostaria de agradecer as mensagens, e-mails e contatos de muitos de vocês a
respeito de minha saúde, estou melhor e voltarei às atividades normais esta
semana. Aproveito para agradecer o apoio e a torcida. Eis a lista desta semana,
espero que apreciem a leitura.
Abraços,
Professor Estéfani Martins
opera10@gmail.com
opera10.blogspot.com
sambluesoul.blogspot.com
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Twitter - @opera10
Facebook e Orkut - Estéfani Martins
1 - 1ª anos, 2º anos, 3º anos e PV
Efeitos colaterais
da Copa e das Olímpiadas
2 - 1ª anos, 2º anos, 3º anos e PV
Bicicletas e
cidades: incompatíveis?
3 - 1ª anos, 2º anos, 3º anos e PV
Um novo olhar
sobre histórias
4 - 1ª anos, 2º anos, 3º anos e PV
Pesando melhor!
Dissecando o custo humano dos iPhones
12/03/201200h01
Eduardo Porter
New York Times
O movimento norte-americano contra as más condições de trabalho nasceu
no dia em que descobrimos como nossos tênis Nike eram costurados. Duas décadas
mais tarde, descobrimos como nossos adorados iPhones são feitos, dando à Apple
o seu próprio “momento Nike”.
Suicídios de trabalhadores na principal fornecedora chinesa da Apple, a
Foxconn, em 2010, seguidos de reportagens sobre horas extras forçadas, trabalho
infantil, violações de salário mínimo e condições pouco seguras de trabalho em
seus fornecedores contrastam com o status da Apple de criadora de aparelhos
venerados e com espetaculares US$ 13 bilhões de lucro --30% de vendas-- no
primeiro trimestre.
As reportagens alimentaram um protesto emergente por parte de estudantes
e sindicatos trabalhistas que pedem que a Apple obrigue seus fornecedores na
China a melhorar as condições de centenas de milhares de trabalhadores que
montam seus icônicos produtos --trabalhadores cujos salários correspondem a
meros US$ 10 do custo de um iPhone 4 sem contrato, de US$ 549.
Mas, se as condições preocupantes das linhas de montagem da Foxconn
levantam novamente questões fundamentais sobre a responsabilidade das
corporações nesta época de capitalismo global, o protesto levanta também uma
questão básica. Será que a pressão dos consumidores e governos ocidentais para
melhorar o comportamento das multinacionais nos países pobres produz mais
malefícios que benefícios?
O velho ativismo contra as más condições de trabalho oferece uma
esperança limitada. Mas, sob alguns aspectos, a Apple é diferente das
companhias de roupas e sapatos das campanhas anteriores. Sua grande
visibilidade e bolsos cheios de dinheiro sugerem que a pressão do consumidor de
fato levará a alguma mudança para os trabalhadores dos fornecedores da Apple na
China.
Nos anos 90, quando o movimento contra as más condições de trabalho
estava em seu auge, Paul Krugman, antes de se tornar colunista do The New York
Times, escreveu que “enquanto não houver uma alternativa realista à industrialização
baseada nos salários baixos, opor-se a ela significa que você está disposto a
negar às pessoas desesperadamente pobres a melhor chance que elas têm de
progresso em nome do que se resume a um padrão estético --ou seja, o fato de
que você não gosta da ideia de que trabalhadores recebam uma mixaria para
fornecer itens da moda para ocidentais ricos.”
Hoje, a globalização tem um registro decididamente melhor do que sua
alternativa. Países que recebem muito investimento multinacional cresceram mais
rápido. Eles reportam menos pobreza e menos uso de trabalho infantil. A China é
um exemplo dos benefícios da globalização. O investimento estrangeiro aumentou
ao longo dos últimos 20 anos, alimentando um crescimento econômico espetacular.
Os salários fora do setor agrícola aumentaram 10% por ano em termos reais
durante a última década, de acordo com Nicholas Lardy da Brookings Institution.
A taxa de pobreza do país, que correspondem à fatia da população que
vive com menos de US$ 1,25 por dia, caiu para 17% em meados da última década, a
partir de 64% no início dos anos 90, de acordo com estatísticas do Banco
Mundial. Em Bangladesh, ignorado pelo capital estrangeiro, metade da população
vive numa pobreza abjeta, com mais ou menos a mesma taxa que em 1981. Como Joan
Robinson, uma economista britânica, observou há meio século, “a miséria de ser
explorado por capitalistas não é nada em comparação à miséria de não ser
explorado.”
Isso representa um dilema para os ativistas do Ocidente. Para eles, sua
tarefa é convencer multinacionais como a Apple que qualquer que seja o custo de
melhorar as condições de trabalho nas fábricas de seus fornecedores, ele é
menor que o custo para a sua reputação ao permitir que os trabalhadores sofram
com más condições de trabalho. Mas eles não podem esquecer que a principal
prioridade para a maioria dos trabalhadores da Foxconn é manter seu emprego.
Embora a pressão de fora possa melhorar suas vidas, ela também pode persuadir a
Foxconn a substituí-los.
As origens do movimento contra as más condições de trabalho remontam ao
final dos anos 80 na Indonésia, que era um centro global do negócio de roupas e
calçados. Relatos de violações dos direitos trabalhistas nos fornecedores
indonésios de grandes marcas como a Nike e Reebok levou sindicatos e grupos de
direitos humanos a pressionarem o governo norte-americano para suspender as
preferências comerciais da Indonésia. Histórias sobre mulheres costurando Nikes
em condições deprimentes por 91 centavos por dia apareceram na imprensa,
mobilizando campanhas contra a gigante do vestuário.
Por algum tempo pareceu que o ativismo ganharia o dia: o salário mínimo
indonésio aumentou de menos de 80 centavos para cerca de US$ 1,80 por dia entre
1990 e 1996. Os salários nas fábricas que produziam para tênis de marcas
famosas aumentaram mais rápido ainda, à medida que as marcas forçaram os
fornecedores a pagarem o salário mínimo. A Nike criou um código de conduta
exigindo que seus fornecedores aderissem às normas trabalhistas, ambientais e
de saúde. Muitas outras vitórias se seguiram, com grandes marcas repetidamente
atendendo às demandas para garantir melhores condições de trabalho nas fábricas
de seus fornecedores por todo o Terceiro Mundo.
Mas eventualmente, muitas das vitórias do ativismo dos consumidores se
tornaram um pouco amargas. Embora as fábricas indonésias que costuravam tênis
para grandes marcas como a Nike tenham aumentado o número de empregados nos
anos 90, apesar dos salários maiores, os economistas reportaram perdas
significativas de emprego em toda a economia. Ativistas lamentam o fato de que
mesmo quando conseguem persuadir as marcas a pressionar seus fornecedores para
melhorar as condições de trabalho, as vitórias se transformam em derrotas
quando os fornecedores tentaram repassar o custo adicional dos salários
maiores, menos horas e mais benefícios.
“Quando as marcas estão ligadas a uma fábrica, e são pressionadas, elas
podem ser obrigadas a fazer pressão por mudanças naquela fábrica”, disse Scott
Nova, diretor-executivo do Workers Rights Consortium, que monitora as condições
de trabalho em fábricas que produzem roupas de marcas de faculdades.
“Entretanto, se essas mudanças aumentam os custos e reduzem o tempo de entrega,
é muito fácil para que, um ano ou dois mais tarde, a marca reduza os pedidos daquela
fábrica em favor de outras.”
O comentário mais revelador sobre a eficácia do movimento contra as más
condições de trabalho é a prevalência, anos mais tarde, de condições de
trabalho ruins e salários baixos e ilegais na maior parte dos fornecedores das grandes
marcas multinacionais do mundo.
Os críticos da Apple não deveriam se desesperar, entretanto. Apesar das
falhas e retrocessos, os ativistas fizeram progressos. Por um lado, eles
persuadiram grandes marcas e lojas a assumirem a responsabilidade pelas
condições de trabalho ao longo de sua rede de fornecedores --uma coisa da qual
não se ouvia falar há duas décadas. E o movimento contra as más condições de
trabalho contribuiu para melhorar a vida dos trabalhadores de forma concreta,
obrigando as fábricas a cumprirem normas de saúde e segurança e reduzindo as
formas mais chocantes de assédio.
Mas a consideração mais promissora para os críticos é a diferença que a
Apple tem em relação às companhias que foram alvo do movimento contra as más
condições de trabalho nos anos 90. Para começar, as imensas margens de lucro da
Apple --que se devem à grande popularidade dos produtos inimitáveis que ela
vende-- ultrapassam em muito as pequenas margens que existem no setor de roupas
e calçados e tornam muito mais fácil para a companhia absorver o custo de
melhorar as condições de trabalho em seus fornecedores.
Além disso, os
contratos de fornecimento no setor de eletrônicos tendem a ser muito mais
longos do que os de três meses, comuns no setor de vestuário. Isso dá à Apple
uma chance muito maior de que a Foxconn seja uma fornecedora de sucesso a longo
prazo e faz com que seja menos atraente cortá-la e procurar uma opção mais
barata.
E a notória capacidade da Apple de fazer os fornecedores se virarem para
satisfazer suas especificações mais exatas no menor tempo possível sugere que a
companhia não terá muitos problemas para impor regras sobre salários ou
direitos trabalhistas. A pressão dos consumidores e a publicidade ruim já
levaram a Apple a fazer algumas grandes mudanças. Em 2005 ela criou um código
de conduta para seus fornecedores, monitorado regularmente. No ano passado ela
se tornou a primeira companhia de eletrônicos a se juntar à Fair Labor
Association, um grupo estabelecido em 1991 por companhias, universidades e
organizações sem fins lucrativos para monitorar as condições de trabalho nas
fabricantes de roupas no terceiro mundo. Ao longo dos dois últimos anos, a
Foxconn anunciou repetidos aumentos de salário em sua fábrica em Shenzen.
Este ainda é o início. Quem sabe, se os ativistas mantiverem a pressão,
podem ajudar a levar melhorias significativas para as vidas dos trabalhadores
da Foxconn e fazer com que nos sintamos melhor em relação à forma como nossos
iPhones são feitos.
Tradutor: Eloise
De Vylder
5 - 2º anos, 3º anos e PV
Sobre uma
tragédia
6 - 2º anos, 3º anos e PV
Uma visão
incomum sobre o Funk.
7 - 3º anos e PV
Paradoxos
possíveis?
Europa defende direitos enquanto vende armas
12/03/201200h01
Judy Dempsey
Berlim
(Alemanha)
Herald Tribune
Quando a Primavera Árabe varreu a maior parte do norte da África e do
Oriente Médio no ano passado, ela expôs as políticas europeias em relação à
região. Muitos países europeus vinham exportando armas para ditaduras e regimes
autoritários, normalmente sem se preocupar muito se o armamento era usado para
reprimir a oposição e dar apoio ao status quo.
Envergonhada por apoiar esses regimes, a Primavera Árabe deu à Europa
uma chance de recomeçar – não só com a região mas também com a forma como
negocia com ditaduras na Ásia Central.
Autoridades dizem que uma série de ataques na manhã de quinta-feira (23)
deixaram mais de 40 mortos e mais de 200 feridos no Iraque, que continua imerso
em uma grave crise política e de segurança apesar das tentativas do governo de
minimizar o impacto do terrorismo.
Mas dois novos relatórios, um da União Europeia e outro do Sipri, o
Instituto de Pesquisa para a Paz Internacional em Estocolmo, mostram que
companhias e governos europeus estão buscando mercados para suas armas fora da
Europa mais ansiosamente do que nunca.
Nem todos esses mercados estão em países democráticos, estáveis e livres
de conflito. Isso levanta a questão de como a Europa pode conciliar seu
compromisso de defender os direitos humanos com a venda de armas para esses
países.
“Governos europeus venderam armas para os caras do mau por muito tempo”,
disse Bates Gill, diretor do Sipri, numa entrevista. “Há exemplos suficientes
para isso, apesar da linguagem grandiloquente de princípios sobre monitorar a
venda de armas.”
Em um nível, isso não é muito surpreendente. Os gatos com defesa estão
caindo entre a maioria dos países da UE à medida que os governos reduzem seus
orçamentos.
E com a necessidade de proteger empregos, os governos e produtores de
armas estão buscando novos mercados. Especialista em segurança dizem que a
região do Oriente Médio e alguns lugares da Ásia Central continuam sendo um
mercado lucrativo para as companhias de armas europeias. De fato, o Sipri
sugere isso em seu relatório anual, publicado na semana passada, no qual listou
as 100 principais companhias que mais vendem.
A lista não é muito ampla. Ela exlui companhias da China, Ucrânia e
Cazaquistão porque suas estatísticas não são confiáveis. Fabricantes de armas
alemães bem- sucedidos, no entanto muito pequenos para ficar entre os 100
primeiros, também foram excluídos.
Entretanto, o relatório é revelador por vários motivos. Ele mostra como
o comércio de armas está prosperando, apesar da crise financeira global e da
crise econômica que atinge a maior parte da Europa. As vendas de armas e
serviços militares aumentaram para US$ 411,1 bilhões em 2011 – um aumento de 1%
em comparação com 2009 e de 60% desde 2002.
Os Estados Unidos e a Europa continuam dominando a produção de armas e
as companhias de serviços militares. Quarenta e quatro companhias
norte-americanas responderam por mais de 60% de todas as vendas de armas
listadas pelo Sipri. As 30 companhias europeias que estão na lista respondem
por 29% do total das vendas, ou cerca de US$ 119 bilhões. A maioria é de
companhias francesas, alemãs e britânicas.
Mas provavelmente a implicação mais interessante do relatório é que o
comércio de armas da Europa com muitos países vai contra o compromisso da União
com os direitos humanos. Os estados-membro continuam vendendo grandes
quantidades de armas para ditaduras e regimes autoritários, de acordo com novas
estatísticas publicadas pela União.
Isso acontece apesar do fato de que a União tem seu próprio código de
conduta sobre exportação de armas. Ele foi acordado pela primeira vez entre os
estados-membro em 1998 e atualizado em 2008 numa tentativa de harmonizar as
políticas de exportação de armas. Mas o Código de Conduta têm falhas graves:
são os governos nacionais, e não a União, que decidem a concessão de licenças
de exportação de armas.
“Apesar dos
esforços no nível da UE, os estados continuam mantendo o controle final sobre
todos os aspectos do licenciamento de exportação de armas”, argumentou Mark
Bromley, especialista em transferência de armas do Sipri, num estudo recente da
política de exportação de armas da UE publicado pelo Consórcio de
Não-Proliferação da UE, uma rede de grupos de pesquisa independentes. Isso foi
confirmado no último relatório de exportação de armas da UE.
Em 2010, por exemplo, o relatório mostrou que os estados-membro juntos
venderam armas no valor de 8,3 bilhões de euros, ou quase US$ 11 bilhões
segundo as taxas de câmbio atuais, para o Oriente Médio e o Norte da África.
“Quando a Primavera Árabe começou em 2011, algumas dessas armas foram
usadas para matar ativistas favoráveis à democracia”, disse Kaye Stearman,
assessora de imprensa da Campanha Contra o Comércio de Armas, que tem sede na
Inglaterra.
O relatório é publicado anualmente porque os estados-membro, só depois
de longas negociações, prometeram fornecer os números. Mas ainda há omissões
importantes.
O relatório afirma que as estatísticas foram compiladas de acordo com
normas nacionais de cada estado-membro. “Consequentemente, de acordo com os
procedimentos atuais de relatórios sobre exportação de armas e as leis de
proteção de informações, nem todos os países ofereceram a mesma informação”,
acrescenta.
Além disso, ele diz que a Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Polônia, Grécia,
Irlanda e Reino Unido não forneceram dados em relação ao valor das exportações
de armas em euros. A Suécia recusou-se a informar o número de licenças
concedidas. A França e a Itália não forneceram informações sobre o número de
licenças concedidas ou o valor das licenças em euros.
Se a União quiser reconstruir sua credibilidade no Oriente Médio e entre
os movimentos da sociedade civil de países não democráticos, ela precisará de
uma política de segurança e exportação de armas bem mais forte, que reflita
seus valores.
Até agora, entretanto, parece que nem os governos nacionais nem a
própria União estão se esforçando o suficiente para exportar esses valores.
Tradutor: Eloise
De Vylder
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