segunda-feira, 7 de novembro de 2011

31ª lista de indicações - discussão de 14 a 18 de novembro


Caras e caros,

Semana quente com ocupação da reitoria da USP, reunião do G20 com uma evidente fragilização da posição ideológica dos países mais ricos, morte de cinegrafista em tiroteio no Rio. Enfim, o mundo nega a nossa vontade de entendê-lo. Boa leitura a todos.

Abraços,

Professor Estéfani Martins
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1 - 1º anos, 2º anos, 3º anos e PV
Um novo EUA

2 - 1º anos, 2º anos, 3º anos e PV
Tecnologia vicia?

3 - 1º anos, 2º anos, 3º anos e PV
Um nova realidade para a mulher
Liderança política não é mais um privilégio dos homens
Herald Tribune
Luisita Lopez Torregrosa
Em Nova York (Estados Unidos)

No Brasil, a presidente Dilma Rousseff, 63, uma economista e ex-militante marxista, lidera a sétima maior economia do mundo. No primeiro ano dela como a primeira mulher a governar o Brasil, o país experimentou o seu maior crescimento dos últimos 25 anos.
Nos últimos dez anos, 30 milhões de brasileiros saíram da condição de pobreza e ingressaram na classe média, e o país tornou-se um dos principais credores de Washington, criou uma sociedade de consumo que gasta bastante e gerou empregos bem pagos e negócios que estão atraindo bancos, investidores, firmas de direito e engenheiros estrangeiros. O setor imobiliário está em expansão. O Rio de Janeiro é atualmente a cidade mais cara da América, e vastas reservas de petróleo foram descobertas no alto-mar.
Mas existem também grandes problemas no Brasil: a inflação, um setor industrial que sofre desaceleração e gastos enormes com a previdência social, os salários e projetos gigantescos para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
Como é que Rousseff poderá gerenciar esse colosso – a nação mais rica, de maior território, de maior diversidade racial e mais extravagante da América do Sul?
“Dilma Rousseff está de olho no futuro e na meta de eliminar a pobreza e tornar o país mais igualitário”, afirma Mário Garnero, presidente do Brasilinvest, uma agência de desenvolvimento privada e banco de investimentos de negócios, e diretor dos Fórum das Américas e da Associação das Nações Unidas-Brasil. “Ela é inimiga da corrupção, não tem uma postura antiamericana e está enfatizando bastante os planos sociais e de combate ao pobreza, enquanto, ao mesmo tempo, é amiga do empresariado”.
Garnero, um empresário proeminente, um quase diplomata e um famoso consultor de políticas governamentais que já teve na lista dos seus contatos líderes políticos e papas, esteve recentemente em Nova York para presidir uma conferência sobre desenvolvimento sustentado, um evento que durou um dia inteiro no Harvard Club, e do qual participaram 500 lideranças internacionais empresariais e políticas, incluindo Bill Clinton, que encerrou o simpósio com uma análise profunda da crise econômica.
Como especialista nas alavancas do poder, Garnero falou na semana passada sobre as mulheres que estão ocupando o novo palco global. Além de Rousseff, ele mencionou a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Rodham Clinton, a chanceler alemã Angela Dorothea Merkel, e Christine Madeleine Odette Lagarde, a nova diretora do Fundo Monetário Internacional.
“Hillary Clinton projeta a imagem de um novo Estados Unidos que entende que o poder está mudando drasticamente e que as potências precisam pensar em um mundo interdependente, sem supremacia, mas com necessidade de diálogo”, disse ele.
Hillary Clinton, 63, a primeira mulher norte-americana a disputar seriamente a candidatura presidencial democrata à presidência dos Estados Unidos, é uma das figuras públicas mais populares do país. Ela foi altamente elogiada como a principal diplomata dos Estados Unidos e promotora infatigável dos direitos da mulher. Embora Hillary Clinton venha insistindo em dizer que não concorrerá mais, ela faz parte de várias listas de potenciais candidatos presidenciais para 2016.
Quanto a Christine Lagarde, 55, a primeira mulher diretora do Fundo Monetário Internacional, “com uma mão forte por detrás de um belo sorriso, ela está conduzindo o FMI rumo a um papel de proeminência na grande reestruturação das dívidas pela qual a maioria dos países do G-7 passará”, explicou Garnero. Lagarde assumiu a direção do FMI depois que Dominique Strauss-Kahn renunciou devido a um escândalo sexual em maio, em Nova York. Defensora do livre mercado, Lagarde, que supervisiona uma instituição que possui 2.500 economistas e assessores de políticas econômicas, é favorável a orçamentos rígidos e a cortes de despesas.
Angela Merkel, 57, é a primeira mulher a ocupar o cargo de chanceler da Alemanha, a maior economia da Europa, e, como tal, ela é uma líder da fragmentada União Europeia. Ultimamente, ela tem caminhado em uma corda bamba, tentando encontrar uma maneira de estabilizar a crise da dívida, de manter a zona do euro unida e de não perder o seu cargo. “Será que ela manterá o domínio da Alemanha na Europa, e, ao mesmo tempo, a sua popularidade e a sua coalizão política à tona?”, questionou Garnero.
Sem o controle do poder estatal, mas com uma grande plataforma para projeção da sua imagem, Michelle Bachelet, 60, a primeira mulher presidente do Chile, é atualmente a diretora executiva da Entidade das Nações Unidas para a Promoção da Igualdade entre os Gêneros e do Poder das Mulheres.
Bachelet, que há muito defende os direitos das mulheres e que foi prisioneira política durante o regime do general Augusto Pinochet, tem enfrentado a falta de recursos financeiros nas Nações Unidas, e há quem acredite que ela retornará ao Chile para disputar a eleição presidencial de 2013. Nesta semana, porém, ela seguiu para a Europa, dando seguimento à sua missão de promover o poder das mulheres (a lista de mulheres que não contam com poder estatal mas que têm uma grande plataforma política ficaria incompleta sem uma outra Michelle. Michelle Obama, que está usando a sua posição na Casa Branca para promover a preocupação com um direito humano básico: a saúde, e especialmente a saúde que pode ser obtida por meio de uma alimentação correta e a prática de exercícios).
Qualquer que seja a opinião sobre a ascensão das mulheres, um símbolo do avanço delas no cenário global foi a concessão do Prêmio Nobel da Paz na semana passada a três mulheres da África e do mundo árabe: a presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, 72, a primeira mulher eleita a governar um país na África; a ativista liberiana Leymah Gbowee, 39; e Tawakkol Karman, 32, que iniciou a revolta contra o governo do Iêmen.
“O impacto global das mulheres em posições de liderança é tão empolgante quanto aquilo que está ocorrendo no cenário nacional”, afirma Jessica McIntosh, porta-voz da Lista Emília, que promove candidatas políticas nos Estados Unidos. “Quanto mais mulheres jovens e garotas puderem ver mulheres no poder, mais provável será que elas sejam capazes de se visualizar ocupando tais cargos no futuro”.
Talvez as mulheres dos Estados Unidos, após terem fornecido ao mundo uma poderosa mensagem de luta pela igualdade, possam agora aprender algo. Gbowee, falando em Nova York no Centro Inter-Igrejas depois que soube que recebeu o Prêmio Nobel, disse à plateia que “o mundo está de ponta-cabeça, e que a nossa sociedade encontra-se de cabeça para baixo”. Ela criticou os Estados Unidos por carecerem de estímulos suficientes à promoção da mudança social. “Não basta que nós nos sintamos confortáveis e digamos que os problemas do mundo pertencem ao mundo”, disse ela. “Um dia os problemas do mundo acabam batendo à nossa porta”.
Tradução: UOL

4 - 2º anos, 3º anos e PV
O crack e o álcool

5 - 2º anos, 3º anos e PV
O futuro da Argentina

6 - 3º anos e PV
A moral do funk

7 - 3º anos e PV
Sobre a USP e a Ocupação 1

8 - 3º anos e PV
Sobre a USP e a Ocupação 2
Primo rico, primo pobre
Movimento de SP importa o modelo do "Ocupe Wall Street" sem suas causas nem seu poder de mobilização
Fernanda Mena
Editora da Ilustrada

De um lado, dezenas de barracas de acampamento ocupadas, em sua maioria por neo-hippies e neopunks. Ao centro, uma cozinha improvisada. E ainda biblioteca, instalações artísticas e áreas de descanso e de debates. Tudo cercado por cartazes que invariavelmente mencionam os termos "capitalismo", "ação" e "sistema".
A descrição acima é do modelo de organização criado pelo movimento global "Occupy Together" e poderia ser atribuída a muitas das ocupações que ocorrem hoje em 2.306 cidades do mundo, de acordo com o site do grupo(occupytogether.org).
Ela se aplica, em versão bastante modesta, ao "Ocupa Sampa" (ou "Acampasampa"), que reúne cerca de 200 pessoas acampadas há 23 dias na área do vale do Anhangabaú coberta pelo viaduto do Chá, na região central de São Paulo.
O movimento importou o formato do pioneiro "Ocupe Wall Street", que desde 17 de setembro agrega centenas de pessoas no parque Zuccoti, em Nova York, onde a Folha esteve há duas semanas. Os ativistas têm como slogan "Injustiças perpetradas por 1% da população -elites política e econômica- afetam os outros 99%: nós".
Mas, se nos EUA há ações contra o sistema financeiro (campanhas em prol das cooperativas de crédito) e ambição de influenciar o Partido Democrata (assim como o Tea Party influencia o Partido Republicano), por aqui o alvo do movimento é tão sólido que se desmancha no ar.
Na falta de consequências graves da crise econômica global, caso da Europa e dos EUA, o movimento daqui se vê às voltas com os demônios brasileiros de sempre.
"Os problemas são tantos que ainda não chegamos a uma pauta. O Brasil vive em crise há muito tempo", diz Diego Torrão, 26. "É um movimento internacional que tem de dar conta de questões locais: exclusão, pobreza, corrupção. Estamos muito atrás."
Membro da "comissão de comunicação", ele trata dos "poucos jornalistas" que vão ao "Ocupa Sampa", enquanto em Wall Street uma "barraca de mídia" se desdobra para produzir vídeos, fotos e textos para a internet.
Com isso, o acampamento norte-americano foi convertido em ponto de peregrinação de turistas, ativistas e curiosos recebidos com panfletos explicativos pelos estandes de boas-vindas.
Na última sexta, o australiano Richard May, 32, apareceu para uma visita ao acampamento de São Paulo. "A vibração aqui é ótima. Mas as propostas são muito gerais. Não entendi direito."
Nos EUA, artistas e intelectuais apoiam a ocupação: estiveram lá o filósofo Slavoj Zizek, o diretor Michael Moore, a escritora Naomi Klein e até o rapper Kanye West.
No "Ocupa Sampa", poucos intelectuais foram ao Anhangabaú, entre eles, o professor de filosofia da USP e colunista da Folha Vladimir Safatle, que ministrou uma aula a céu aberto.
Além de barracas, cartazes e punks, nos acampamentos de São Paulo ou Nova York há muita música ao vivo. E ela é sempre ruim. Para um movimento político, isso deve ser um bom sinal.
Fonte: www.folha.com.br

Os bebês da USP
SÃO PAULO - A implantação da USP, em 1934, foi um dos maiores acertos da oligarquia paulista. Era um projeto elitista, no sentido modernizador, que agregou núcleos universitários já existentes (direito, medicina e engenharia) em torno de um novíssimo centro nervoso, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras.
Ali, em razão das missões estrangeiras que moldaram professores nativos, deu-se um salto intelectual. A profissionalização de pesquisadores, a adoção de metodologias exaustivas e o mergulho sistemático na tradição filosófica do Ocidente espantaram o diletantismo bacharelesco.
Na FFCL, jovens da classe ascendente -muitos oriundos de famílias imigrantes- fizeram-se intelectuais capazes de influir no destino da nação. A escola formou quadros que tomaram posições em governos. Formou Fernando Henrique Cardoso, mais tarde presidente da República.
É triste testemunhar a decadência sem elegância a que se entrega a faculdade de filosofia, rebatizada de FFLCH. Deixa-se permear por grupelhos semialfabetizados e violentos que impõem a sua agenda sem encontrar resistência à altura. Encanta-se por um bordão do passado, mera forma sem conteúdo, quando clama pela saída da PM do campus.
A polícia representa a tirania? Ou a força legítima que mantém a ordem na democracia? Defendem-se privilégios no campus. Por que razão mágica alguém pego com maconha ali não deveria ser levado à delegacia?
Está livre para o uso de drogas a Cidade Universitária? Significa liberá-la para o tráfico, sem o qual não há consumo - e o tráfico não existe sem crimes conexos, como homicídios.
Instauraremos também a impunidade no campus? Quem destruiu a reitoria pode continuar estudando e trabalhando livremente na USP?
Chega de paternalismo na faculdade de filosofia. Chega de tratar depredadores como bebês inimputáveis. Chega de defender privilégios no campus.

Fonte: www.folha.com.br



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