Caras e caros,
Esta é uma lista especial em
homenagem ao Grande Steve Jobs que tanto possibilitou a nós ampliar nossos
horizontes por meio da tecnologia. Nesta lista, contei com a valiosa
contribuição dos alunos Luiz Gustavo e Vitor Castro do segundo ano pela
indicação da questão sobre o humor e o politicamente correto em torno do caso
do Rafinha Bastos. Boa leitura a todos.
Abraços a todos,
Professor Estéfani Martins
opera10@gmail.com
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sambluesoul.blogspot.com
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Twitter - @opera10
Facebook e Orkut - Estéfani Martins
1 - 1º anos, 2º anos, 3º anos e
PV
Sobre as raízes do humor, do sarcasmo, da
ironia e do escárnio 1
2 - 1º anos, 2º anos, 3º anos e
PV
Gênios, inovações e paradoxos
3 - 1º anos, 2º anos, 3º anos e
PV
Para uma visão mais realista e ponderada
sobre o crime
4 - 2º anos, 3º anos e PV
Sobre as raízes do humor, do sarcasmo, da
ironia e do escárnio 2
5 - 2º anos, 3º anos e PV
Um mestre trabalhando
6 - 3º anos e PV
A paz das mulheres
7 - 3º anos e PV
Sobre a inversão dos valores ou sobre como o
poder e o dinheiro corrompem?
Jornada do hip-hop
rumo à cultura popular é sua história de amor com capitalismo
Steve Yates
O último álbum da dupla de titãs do hip-hop
foi um sucesso recorde. Após o seu lançamento, em agosto deste ano, “Watch the
Throne”, de Jay-Z e Kanye West, teve o maior índice de vendas de primeira
semana para um novo álbum já registrado pelo iTunes. Um total de 290 mil cópias
foi baixado pela Internet naquela semana, e quando se contabiliza também os
CDs, as vendas do álbum chegam a quase 450 mil unidades.
“Watch the Throne” é um símbolo do status
especial do qual o hip-hop atualmente desfruta. Originário do bairro de South
Bronx, na cidade de Nova York, no final da década de setenta, quando artistas
começaram a fazer raps com batidas tiradas de discos de soul e funk, o hip-hop
desde então penetrou no coração da cultura popular.
Jay-Z é casado com Beyonce Knowles, a rainha
do rythm and blues, e juntos eles são o casal mais influente e poderoso da
música global. Segundo a “Forbes”, Jay-Z tem uma fortuna de cerca de US$ 450
milhões, e ele teve 12 álbuns no primeiro lugar na parada de sucessos musicais
dos Estados Unidos (somente os Beatles, com 19 álbuns, superam este número). A
fortuna de West é de aproximadamente US$ 70 milhões. “Watch the Throne” é
repleto de referências à riqueza: “Rap de luxo, o Hermes dos versos”, canta
West, referindo-se à marca com uma pronúncia francesa, para que ninguém possa
pensar que ele esteja confundindo a fábrica de produtos de alto luxo com um
místico mensageiro grego.
Mas, para os que gostam do gênero, esse
materialismo se constitui em um dos três pecados mortais do rap, juntamente com
a violência e a misoginia. Fãs casuais do hip-hop muitas vezes veem o aspecto
materialista desse gênero como algo que é minimizado ou adotado com ironia. Alguns
comentaristas têm uma opinião mais crítica. Quando as arruaças irromperam pela
Inglaterra neste verão, muita gente considerou que uma das causas principais do
problema foi o fato de o hip-hop fazer apologia do materialismo. Paul
Routledge, escrevendo no “Mirror”, resumiu esse ponto de vista quando disse:
“Eu culpo a cultura perniciosa de ódio que existe em torno da música rap, que
glorifica a violência, detesta a autoridade e exalta o materialismo vulgar”.
Routledge não está inteiramente errado. A
história da jornada do hip-hop rumo à cultura popular é a história do caso de
amor desse gênero musical com o capitalismo. Mas esta visão do hip-hop como um
gênero preocupado apenas com as formas mais básicas de materialismo se
constitui em uma séria simplificação excessiva da questão. Ela não compreende a
maneira como a relação do rap com o capitalismo alimentou a criatividade do
gênero e o conduziu ao sucesso.
Embora o hip-hop moderno seja
desavergonhadamente materialista, os seus ancestrais eram diferentes. Já na
década de sessenta, artistas como The Last Poets e Gil Scott-Heron combinavam
música afro-americana e poesia falada. Mas Scott-Heron, assim como outros
daquela geração, era um crítico do materialismo passivo que ele via penetrar na
cultura negra. Essa consciência política foi assumida na década de oitenta pelo
Public Enemy, um grupo de Nova York que misturou política incendiária com
música apocalíptica.
No início da década de noventa, o frenesi do
“gangsta rap” estava eclipsando este hip-hop “consciente”. A motivação do
gangsta rap foi muito bem sumarizada pelo NWA, o grupo que codificou esse
subgênero, na sua faixa “Gangsta Gangsta” - “life ain't nothing but b------ and
money” (algo como, “a vida não passa de m---- e dinheiro”). Mas, apesar do
aparente niilismo do grupo, o NWA abraçou com entusiasmo o sonho americano.
Lentamente, a mensagem política inicial do
hip-hop foi substituída por esse foco na acumulação financeira. Um dos
principais empresários do hip-hop foi Percy “Master P” Miller, que transformou
o seu No Limit de uma loja de discos em Los Angeles em uma gravadora e, a
seguir, em um conglomerado. Não se contentando apenas com música, Miller
diversificou bastante o seu negócio: roupas, imóveis, bonecas Master P – até
mesmo serviços do tipo disque sexo. Em 1998, as companhias de Miller valiam US$
160 milhões.
Em Nova York, os interesses empresariais de
Sean “Diddy” Combs evoluíram segundo linhas similares: música, uma revista, a
inevitável linha de vestuários, tudo com a estampa do nome dele, de uma forma a
conduzir o consumidor à imagem do próprio empresário. Dan Charnas, no seu livro
“The Big Payback: The History of the Business of Hip-Hop” (“A Grande
Retribuição: A História do Hip-Hop como Negócio”), descreve Miller e Combs como
sendo “a encarnação do artista com poder excessivo, duas marcas centradas em
pessoas, a concretização do sonho de autodeterminação e posse – não apenas para
os artistas de hip-hop, não apenas para artistas negros, mas também para todos
os artistas norte-americanos”.
Assim, embora o hip-hop tenha começado como
underground, e frequentemente como movimento político, durante muitos anos ele
tem buscado um relacionamento cada vez mais íntimo com os negócios financeiros.
Foi esse abraçar do capitalismo que fez com que o hip-hop trocasse o seu status
de gênero alternativo pelo de integrante do centro da cultura norte-americana.
Variantes britânicas do rap também têm
crescido com sucesso. Mas o contraste com os Estados Unidos é marcante. Talvez
as atitudes conflitantes sejam originárias do realismo econômico: o mercado é
bem menor, e o hip-hop britânico conta com uma plateia internacional limitada.
Talvez seja por isso que o namoro do rap britânico com o bizarro materialismo
“bling” tenha tido uma vida comparativamente curta. No início da década
passada, o grupo So Solid Crew, da zona sul de Londres, emergiu no universo
“garage”. Os seus membros imitavam o ritmo, mas não os sotaques, dos astros do
rap norte-americano, aliando-os a ritmos eletrônicos de dança. Eles se
transformaram instantaneamente no som da juventude negra de Londres.
O So Solid Crew, juntamente com outros grupo
do gênero garage, trouxeram a cultura bling de estilo norte-americano para os
clubes britânicos. Roupas sofisticadas e champanhe transformaram-se em itens
obrigatórios dos salões de dança. Mas isso logo provocou uma reação. Wretch 32
é um artista de 26 anos de idade do bairro londrino de Tottenham que descobriu
a fama neste ano com duas músicas que ficaram em primeiro lugar nas paradas de
sucesso e um álbum que ficou entre os cinco primeiros. Ele acredita que as
normas do hip-hop norte-americano nem sempre se aplicam bem ao Reino Unido: “Eu
creio que, devido à nossa cultura, os ouvintes não apreciam coisas desse tipo –
as pessoas que fazem esse tipo de música acham que quem tem menos dinheiro é
inferior”.
Como resposta, a zona leste de Londres criou
o seu próprio som, chamado grime – um gênero baseado no rap, com uma batida
eletrônica pesada, e letras que lembram uma luta em uma lanchonete
especializada em frango frito.
E o grime tem tido os seus triunfos. Dizzee
Rascal obteve um sucesso significativo com a sua estreia em 2003, “Boy in Da
Corner”. Outros, como Tinchy Stryder, Tinie Tempah e agora Wretch 32 seguiram os
passos de Dizzee, adaptando cada vez mais o som ao gosto popular.
O rap Road é o equivalente do sul de Londres
ao grime, da zona leste da capital inglesa. Mais lento e agressivo do que o
grime, e lembrando mais o rap gangsta dos Estados Unidos, ele não tem mostrado
muito interesse em conquistar a aceitação popular. O maior expoente do gênero,
Giggs, já cumpriu pena por posse de armas – ele começou a sua carreira musical
quando saiu da cadeia. Mas a sua carreira tem sido marcada pela interferência
policial. Os seus shows tem sido frequentemente cancelados e negociações para
um contrato com uma grande gravadora foram suspensas, supostamente após a
gravadora ter recebido um telefonema da Operation Trident, a unidade da Polícia
Metropolitana de Londres que lida com a criminalidade nas comunidades negras.
A determinação discreta do rap Road parece
estar muito distante das ambições enormes do hip-hop norte-americano, cuja
projeção sempre foi mais expansiva. “Não existem protocolos para as coisas que
estou vendendo, porque o que estou vendendo é a minha cultura”, disse-me em
2003 Damon Dash, parceiro de Jay-Z. Dash foi a força propulsora para o
crescimento do Roc-A-Fella, a sociedade musical deles, cujo nome é uma
referência explícita às alturas capitalistas aos quais eles pretendiam se
alçar.
Nos últimos 30 aos, o hip-hop trilhou o
terreno da política e do gangsterismo. Mas ao final ele se acomodou no
capitalismo, que o energizou e lhe deu a dominância global. Rappers
norte-americanos como Diddy e Master P, homens que abriram caminho rumo à fama,
fizeram isso vendendo uma imagem de conquista de poder e de sucesso material.
Essa imagem também pode ser encontrada, embora de uma forma menos vívida, na
música rap britânica. E, embora o hip-hop possua detalhes desagradáveis, a
mensagem central, de que as pessoas podem ter vidas melhores, é sem dúvida
nenhuma positiva.
(Steve Yates é um colaborador regular da
revista britânica “Word Magazine”).
Como você mesmo disse na sala... caso eu esquecer de postar, manda um recado pra mim lá no blog: "Ow seu looouco! Você esqueceu de postar os temas mais prováveis de cair no enem!" kkkk
ResponderExcluirAbraço