Eis mais uma lista semanal, entretanto nesse caso temos uma situação especial pois nesta há uma certa ênfase na discussão do conceito de pop, daí os textos e vídeos que tratam desse importante tema da vida contemporânea.
Abraços a todos,
Professor Estéfani Martins
opera10@gmail.com
opera10.blogspot.com
sambluesoul.blogspot.com
idearium.com.br
Twitter - @opera10
Facebook e Orkut - Estéfani Martins
1 - 2º anos, 3º anos e PV
O
Papa É Pop
Engenheiros
do Hawaii
Todo
mundo tá revendo
O
que nunca foi visto
Todo
mundo tá comprando
Os
mais vendidos
É
qualquer nota,
Qualquer
notícia
Páginas
em branco,
Fotos
coloridas
Qualquer
nova ,
Qualquer
notícia
Qualquer
coisa
Que
se mova
É
um alvo
E
ninguém tá salvo...
Todo
mundo tá relendo
O
que nunca foi lido
Tá
na caras
Tá
na capa da revista
É
qualquer nota,
Uma
nota preta
Páginas
em branco,
Fotos
coloridas
Qualquer
rota,
A
rotatividade
Qualquer
coisa
Que
se mova
É
um alvo
E
ninguém tá salvo
Um
disparo
Um
estouro
O
Papa é Pop,
O
Papa é Pop!
O
Pop não poupa ninguém
O
Papa levou um tiro
À
queima roupa
O
Pop não poupa ninguémUma palavra
Na
tua camiseta
O
planeta na tua cama
Uma
palavra escrita a lápis
Eternidades
da semana..
Qualquer
coisa
Quase
nova
Qualquer
coisa
Que
se mova
É
um alvo
E
ninguém tá salvo
O
Papa é Pop,
O
Papa é Pop!
O
Pop não poupa ninguém
O
Papa levou um tiro
À
queima roupa,é...
O
Pop não poupa ninguém
Toda
catedral é populista
É
pop
É
macumba prá turista
Mas
afinal?
O
que é Rock'n'roll?
Os
óculos do John
Ou
o olhar do Paul?
O
Papa é Pop,
O
Papa é Pop!
O
Pop não poupa ninguém
O
Papa levou um tiro
À
queima roupa,
O
Pop não poupa ninguém
O
Pop não poupa!
O
Pop não poupa!
Ninguém!...
2 - 2º anos, 3º anos e PV
Esse
estranho conceito chamado pop
Vany
Paiva
O
pop está espalhado por aí. Nos banheiros, nos laticínios, nos computadores, nas
toalhas de mesa e nas tintas de cabelo. O pop está na televisão e nos museus,
simultaneamente. Pop é autofagia. É Che Guevara e Roberto Jefferson estampados
em camisetas vendidas a preços módicos na Saara carioca. É bossa nova com
batida tecno e rock adolescente cantando Chico Buarque. O pop está no Mickey
Mouse e na Monalisa. Está na interseção de hemisférios, no espaço ínfimo que
divide erudito e popular, sagrado e profano.
No
entanto, ao contrário do que possam afirmar os detratores de plantão, pop não é
ritmo, estilo musical, gênero cinematográfico, tendência fashionista ou
narrativa literária. Não é cultura de massa, cultura popular ou alta cultura.
Não é rede de TV, rádio AM/FM, revista semanal, intervalo comercial. O pop não
está no top ten das paradas de
sucesso, nem nos corredores culturais; pop não é jabá, não é Indústria
Cultural, não é política. Pop não é moda. Nem tendência. Pop é conceito.
Deslocamento de conceito.
Essa
estranha classificação introduzida por Andy Warhol não desaparece do repertório
cultural contemporâneo. Ao contrário, o nome pop perpetua-se a esmo, entre
adolescentes japoneses, intelectuais franceses e fabricantes de sabão em pó
brasileiros. Concentrar joio e trigo em uma mesma cesta é, ao que parece, a
marca da fatal inexorabilidade deste quase inexplicável e engolidor conceito.
Outro
dia, dirigindo por alguma via pública da cidade, parei o olhar sobre o
retrovisor do carro vizinho, que ostentava aquelas inequívocas fitinhas de
Nosso Senhor do Bonfim, um dos mais célebres patrimônios culturais baianos – e,
não sem algum merecimento, uma marca das muitas identidades nacionais. Diante
daquele móbile sacrossanto, pensei se não cairia bem ter aquilo em meu carro.
Afinal, como símbolo religioso, aquilo me parecia um excelente acessório
decorativo. Poderia compensar a ausência de minha fé através de um belo
ornamento, como a expurgar minha culpa não-católica em um objeto profanado pelo
pop.
Ainda
observando com irreverência os símbolos sagrados, não foi com nenhum susto que
esbarrei em um dos muitos ambulantes do centro da cidade, que circulam vendendo
seus balangandãs desnecessariamente úteis por aí. Um deles – cuja proposta
temática diferenciava-o dos demais concorrentes da rua – oferecia produtos
derivados de um único mote, o religioso. Caixas de fósforo, chaveiros de
parede, espelhos decorados, porta-níqueis, camisetas, todos estampando imagens
de São Jorge, Santo Antônio, dentre outros santos que eu, como ex-católica
fervorosa que sou, não sei mais identificar. Poderia ser Santa Bárbara, talvez,
silkada em uma camiseta baby look e acessível a qualquer ateu disposto a
desembolsar alguns cobres pela indumentária moderninha.
No
entanto, por mais contraditória e paradoxal que possa parecer, a onda da
devoção fashion não chega a ser nenhuma novidade. Os fashion weeks daí e daqui
parecem já ter esgotado o assunto. Mesmo assim, uma pergunta – que ultrapassa
as passarelas, cruza os camelôs, une devotos e agnósticos, liga amantes de
música erudita e ouvintes de rádios populares, costura cineclubistas e
telespectadores de América num só tecido – parece fundamental: o que tudo isso
significa? O que é ser pop se, no entanto, o pop é, justamente, o não ser de
tudo isso?
Minha
pista é que o pop é o deslocamento de conceito dos cínicos, imprudentes por
definição, que apostam no nada absoluto como baliza fundamental da existência
cultural. Não há nada tão sagrado que não possa ser profanado, nem nada tão
profano que não possa ser sacralizado. Para citar novamente as camisetas, gosto
muito daquelas que esboçam caveiras, demônios e outros seres ditos malignos, e
que normalmente são associadas aos amantes do rock, pesado, diabólico e
perverso. É a rebeldia malévola, mas consentida, e vendida logo ali. Nada é tão
sólido que não possa desmanchar-se pelo ar. O oxigênio de antes transforma-se
facilmente em gás carbônico de agora, para, quem sabe, retornar oxigenando tudo
novamente. Na fotossíntese do pop, ninguém sai ileso. Nem Deus, nem o Diabo.
Há
também uma outra característica que deve ser igualmente atribuída a este
conceito de deslocamentos. A repetição. Ser pop é repetir, repercutir,
reverberar, excessiva e insistentemente. São as milhares de sopas Campbell nas
prateleiras dos supermercados, nas lojas de conveniência, nos armazéns de
bairro, nos centros culturais. São as Marilyns gritando em todas as cores, multiplicadas
por quantas telas o olho for capaz de enxergar.
Contrariando,
aparentemente, a primeira significação proposta, o pop também é a música que
não pára de tocar nas rádios, são as cores da estação e as tendências
cinematográficas eleitas no Festival do Rio. Não se deixe, porém, enganar pelas
aparências de desacordo conceitual, pois a incoerência, além de ilusória, é
complementar. Enquanto repete-se, o pop esvai-se em – num chute aproximado – no
máximo três meses. Seu tempo de vida útil é rápido e indolor. E é assim que ele
se mantém, estourando e apodrecendo, descartável como uma garrafa pet e, assim
como ela, reciclando-se sob novas formas, de pufes a músicas do Caetano.
Isso
porque, o pop, entendido aqui como – além de deslocamento de conceito – conceito
de repetição e excesso, refere-se à necessidade de encontrar algo em comum a
todos. É Bethânia sofisticando a sertaneja É o amor, introduzindo a
massificação popular em ouvidos de fino trato. São comerciais de banco chupando
a estética de Dogville para vender possibilidades de investimento aos clientes.
É o PogoBall (brinquedo lançado em 1987 e que fez um tremendo entre as crianças
da época) voltando ao mercado, quase vinte anos depois, sob a alcunha de
GoGoBall, arrebanhando novos-velhos usuários. Recicla-se, reapropria-se,
repete-se. E é ela, a repetição, que permite o posterior deslocamento de
conceitos outrora estanques. E o círculo fecha-se.
Mas
se você é contra todo esse esmagamento, tudo bem, vá em frente, há dignidade em
sua luta. Tente abster-se do engolimento compulsório de todos os conceitos.
Proteste contra o fatalismo irredutível de ver todas as suas ideologias
reduzidas a pó. Crie, talvez, uma camiseta com os dizeres “EU ODEIO O POP”,
numa tentativa desesperada de gritar contra a apropriação desmedida e impensada
de valores outrora significativos. Coloque-a à venda, a preços reduzidos,
apenas para pagar o custo mínimo. Após tudo isso, você verá seu ódio também se
tornar pop, pois sua moda vai pegar. Ideologias reduzidas a pó? Não, eu quis
dizer a pop.
Cenas
do próximo capítulo
Enquanto
todos os meus amigos moderninhos debatiam-se para conseguir ingressos a custo
zero para o show do Moby, no Riocentro, frustrei minhas investidas para
conseguir cortesias para o show da Avril Lavigne, no último sábado, na praça da
Apoteose. Meus amigos torceram o nariz para meu gosto duvidoso. Pelo que pude
entender, não pega bem uma mulher de 27 anos camuflar-se entre meninas de, no
máximo, 13. Mas não há de ser nada, dia 08 de outubro tem Pitty, no Canecão.
Torçam os narizes, queridos, pois minha mulher-adolescente vai soltar a
cabeleira logo nos primeiros acordes de Anacrônico. Adolescência não é mais faixa
etária. Virou conceito também. Mas isso é assunto para a próxima coluna.
________________________
Vany
Paiva é Jornalista, professora, mestre em Comunicação Social e constantemente
se debate para desvendar conceitos abstratos que lhes são muito caros.
3 - 2º anos, 3º anos e PV
4 - 1ª anos, 2º anos, 3º anos e PV
5 - 1ª anos, 2º anos, 3º anos e PV
6 - 1ª anos, 2º anos, 3º anos e PV