Algumas ideias criativas que podem garantir o conforto e uma economia mais limpa
Daniella Cornachione e Juliana Elias
Garantir o conforto para os 7 bilhões de habitantes da Terra, sem esgotar os recursos naturais, vai exigir uma dose inédita de inventividade. A boa notícia é que estamos passando por uma revolução tecnológica verde. Ela é alimentada por ideias que podem até parecer descabidas, como usar energia solar à noite ou transformar lixo em etanol. Mas que recebem apostas milionárias. Cerca de 25% do capital de risco investido nos Estados Unidos foi para o setor de tecnologias limpas em 2010, de acordo a consultoria americana Cleantech. No Brasil, o governo de São Paulo criou uma linha de crédito só para empresas “verdes” com soluções inovadoras. A Nossa Caixa Desenvolvimento já oferece empréstimos com condições especiais para quem cria tecnologias que ajudam a reduzir a emissão de gases de efeito estufa. A seguir, listamos as dez soluções mais criativas. Algumas estão no Bright green book (o livro verde do século XXI), lançado na semana passada pelo Conselho Euro-Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável.1. Turbina eólica doméstica A força que vem do quintal Até agora, as turbinas eólicas eram usadas mais por indústrias. A empresa italiana Pramac, que fabrica equipamentos de energia, criou uma linha de turbinas para quem deseja aproveitar a brisa do quintal de casa. Elas medem cerca de 3 metros de altura e produzem energia suficiente para abastecer uma casa. Além de produzir energia limpa, a turbina é um objeto de decoração. Suas hélices foram criadas pelo designer francês Philippe Starck. |
2. Iluminação que custa pouco O led pela metade do preço A desvantagem das lâmpadas de LED sempre foi o preço. Elas custavam até 20 vezes mais que as lâmpadas comuns. A fabricante americana Brigdelux conseguiu reduzir esse valor quase pela metade. Passou a vender cada lâmpada por US$ 17 no mercado americano, onde ela custa pelo menos US$ 30. O segredo é uma técnica mais eficiente de produção. Os LEDs consomem até 80% menos energia que as tradicionais lâmpadas incandescentes e duram quase 20 anos. |
3.Reciclagem de orgânicos O papel feito com bagaço de cana A empresa brasileira GCE Papéis passou a fabricar papel usando a celulose do bagaço de cana. A vantagem de usar um resíduo que seria descartado é não ter de cultivar o eucalipto especialmente para esse fim. Só em 2010 os canaviais brasileiros geraram 166 milhões de toneladas de bagaço. Para fabricar 1 tonelada de papel, é preciso 4 toneladas de bagaço de cana. O processo é feito em duas fábricas, uma instalada na Colômbia e a outra na Argentina. O papel tem preço similar ao produzido a partir do eucalipto. |
O lixo é levado a gaseificadores, equipamentos que transformam os resíduos sólidos em gás. Em seguida, o calor liberado gera energia para abastecer a usina. Um catalisador transforma o gás em etanol | 4.Reúso de lixo O etanol produzido a partir do lixo A empresa americana Fulcrum Bioenergia, que desenvolve biocombustíveis, encontrou uma forma de reaproveitar o lixo urbano. Ele será usado como matéria-prima para o etanol (leia o quadro abaixo). O processo pode representar uma redução de até 75% na emissão de gás carbônico em relação à gasolina. A Fulcrum planeja produzir 7 milhões de litros de etanol por ano usando 90.000 toneladas de lixo. As obras da usina deverão começar no fim do ano nos EUA. O investimento será de US$ 120 milhões. |
5. Climatizador ecológico Climatizador econômico A empresa holandesa OxyCom lançou um trocador de ar que gasta cerca 90% menos energia do que um ar-condicionado comum. O OxyCell X-Changer usa um princípio semelhante ao das moringas de barro. A água passa em um radiador, com pequenos furos, e evapora. No processo de evaporação, o radiador esfria. Um ventilador faz o ar passar pelo radiador resfriado e refresca o ambiente. |
6. Painel solar de plástico A eletricidade flexível Os painéis solares da empresa americana Konarka são feitos com compostos plásticos. Esses painéis solares seriam mais baratos do que os tradicionais, feitos com silício e metais. Em vez das placas solares rígidas tradicionais, os painéis da Konarka são flexíveis, como filmes plásticos. Isso também reduz os custos de transporte e instalação. Permite o uso mesmo em superfícies macias, como toldos. |
Um chip instalado na lixeira de casa calcula o peso dos itens recicláveis. A informação é captada pelo chip do caminhão a cada coleta e repassada ao banco. O sistema converte o peso em créditos Um chip instalado na lixeira de casa calcula o peso dos itens recicláveis. A informação é captada pelo chip do caminhão a cada coleta e repassada ao banco. O sistema converte o peso em créditos | 7. Banco de ações ecológicas Cada boa prática vale um cupom A empresa americana Recycle Rewards, que coleta materiais recicláveis, criou uma espécie de banco virtual. Quem adere ao sistema do banco de reciclagem RecycleBank recebe cupons por práticas como economia de energia ou reciclagem. Valem descontos em redes como Starbucks. Em alguns casos a empresa instala um chip em sua lata de lixo para monitorar a reciclagem. O serviço está disponível somente nos Estados Unidos e no Reino Unido. A empresa americana Recycle Rewards, que coleta materiais recicláveis, criou uma espécie de banco virtual. Quem adere ao sistema do banco de reciclagem RecycleBank recebe cupons por práticas como economia de energia ou reciclagem. Valem descontos em redes como Starbucks. Em alguns casos a empresa instala um chip em sua lata de lixo para monitorar a reciclagem. O serviço está disponível somente nos Estados Unidos e no Reino Unido. |
8. Vidro térmico A janela que gera energia elétrica A ideia dos sócios da empresa holandesa Peerplus foi corrigir o que consideram uma contradição da arquitetura: prédios com imensas janelas de vidro, que favorecem o aquecimento do ambiente, e gastos enormes para resfriá-lo com sistemas de ar condicionado. Cerca de 50% da energia consumida pelas cidades nos EUA e na Europa é usada para controlar a temperatura dos ambientes. A solução é um vidro que regula a intensidade da luz e a transforma em energia elétrica para abastecer parte do sistema de resfriamento. A ideia dos sócios da empresa holandesa Peerplus foi corrigir o que consideram uma contradição da arquitetura: prédios com imensas janelas de vidro, que favorecem o aquecimento do ambiente, e gastos enormes para resfriá-lo com sistemas de ar condicionado. Cerca de 50% da energia consumida pelas cidades nos EUA e na Europa é usada para controlar a temperatura dos ambientes. A solução é um vidro que regula a intensidade da luz e a transforma em energia elétrica para abastecer parte do sistema de resfriamento. |
9. Reciclagem eficiente Um plástico usado com cara de novo Os plásticos reciclados podem ser tão resistentes quanto os materiais que deram origem a eles. Uma forma mais eficiente de reaproveitá-los foi criada pela brasileira Wortex. A máquina de reciclagem não faz a compactação do plástico, como acontece nos processos-padrão, que tornam o plástico mais frágil. E ainda retira os gases emitidos durante o processo, que podem contaminar o produto. A reciclagem garante a qualidade original do plástico e economiza energia. |
10. Termelétrica limpa
Energia solar até durante a noite
A usina termodinâmica Arquimede, do grupo italiano Enel, usa o calor do sol para gerar energia. A novidade é que a usina gera energia também à noite. A luz captada por painéis solares aquece um líquido feito à base de sais, que mantém o calor por mais tempo. Esse calor continua gerando energia mesmo durante a noite. Isso reduz a necessidade de baterias para estocar a eletricidade gerada durante o dia. A usina foi inaugurada no ano passado.
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI238648-15228,00-TECNOLOGIAS+INOVADORAS.html
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