domingo, 29 de maio de 2011

16ª lista de indicações - Discussão na semana de 6 a 11 de junho de 2011 (P6 e simulados - Uberlândia)


Caras e caros,


Mais um a lista repleta de questões importantes do nosso tempo. Aconselho atenção, para muito além do que cai nas nossas provas, ao caso das denúncias contra a Fifa e a CBF, além dos desdobramentos do novo Código Florestal, além evidentemente da acusação de enriquecimento ilícito do Ministro Palocci da casa Civil.

Abraços,

Professor Estéfani Martins
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Sobre tabus, dietas e "soluções" para a fome mundial

http://www.administradores.com.br/informe-se/cotidiano/receita-da-onu-contra-a-fome-comer-insetos/36747/

Observação: agradecimento à aluna Letícia Basso pela indicação saborosa.

A opinião laica de um religioso sobre um assunto público

http://www.cartacapital.com.br/sociedade/como-nos-tempos-da-inquisicao

Observação: obrigado a aluna Letícia Martinelli do 3º A pela indicação oportuna.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Proposta de redação 2011-S14 (Uberaba - todas as turmas)

FEP

O céu é o limite


Texto 1

Em Admirável mundo novo, romance de ficção publicado em 1932, o escritor Aldous Huxley imagina um futuro hipotético em que as pessoas são condicionadas, bio e psicologicamente, a viver em harmonia com as leis e regras de uma sociedade tecnicamente programada pelo estado científico. Nesse mundo futuro, não existe mais o conceito de família nem as bases éticas da tradição; qualquer dúvida e insegurança dos cidadãos é dissipada com o consumo do "soma", uma droga sem efeitos colaterais capaz de produzir uma sensação de bem-estar. Verifique, a seguir, um trecho do livro.

Nosso mundo não é o mesmo de Hamlet ou de Otelo. Não se pode fazer tragédias sem instabilidade social. Agora o mundo é estável. O povo é feliz; todos têm o que desejam e nunca querem o que não podem ter. Sentem-se bem; estão em segurança; nunca ficam doentes; não têm medo da morte; vivem na perene ignorância da paixão e da velhice; não se afligem com pais e mães; não têm esposas, filhos, amantes a que se apeguem com emoções violentas; são condicionados de modo a não poder deixar de se comportar como devem. E se alguma coisa não estiver bem, haverá o soma. A velha liberdade gerou uma série de equívocos e desastres; hoje temos tranquilidade, estabilidade, felicidade para todos.
(Adaptado de: HUXLEY, Aldous. Admirável mundo novo. Rio de Janeiro: Hemus, 1969. p. 272)

Texto 2

Em anos recentes, vem consolidando-se um movimento ideológico e biotecnológico autodenominado transhumanismo, fazendo eco às projeções de Huxley.

O que distingue os transhumanistas é a ideia de que a evolução da humanidade como um todo se baseará na tecnologia. O objetivo transhumanista é um autoaperfeiçoamento, interferir na evolução da espécie humana pela utilização das tecnologias que a ciência oferece. Imagine deixar de envelhecer! Imagine ter o dobro de inteligência e memória, viver num mundo que não seja devastado por doenças ou guerras! Imagine conquistar e colonizar outros planetas! Desengane-se quem pensa que esses objetivos são inatingíveis no futuro. E quando referimos “futuro”, falamos de um “futuro” que muitos de nós vamos viver.
(Adaptado de: O céu é o limite. Disponível em: <www.knol.google.com>)

David Pearce, um dos fundadores do transhumanismo, explica em seu Projeto Abolicionista:

O Projeto Abolicionista esboça uma estratégia de emancipação, visando erradicar o sofrimento em toda vida sensível. É um projeto ambicioso, implausível, mas tecnicamente praticável. É defendido aqui numa base ética e utilitária. A genética e a nanotecnologia permitem que o Homo sapiens descarte o legado mental e nervoso de seu passado evolutivo. Nossos sucessores pós-humanos (transhumanos) reescreverão o genoma vertebrado, redesenhando o ecossistema global, e abolirão o sofrimento em todo o mundo vivo. No caso do homem, o sofrimento pode ser substituído por um novo sistema motivacional com base inteiramente em gradientes de bem-estar. A felicidade, agora fisiologicamente inimaginável, pode transformar-se na norma hereditária da saúde mental. Claro que existe o perigo da manipulação genética, pelo alto grau de incerteza acerca das prováveis consequências das experiências de modificação genética nos humanos. No entanto, há possíveis saídas éticas.
(Adaptado de: Limpando os genes dos seres vivos. Disponível em: <www.transhumanismo.blogs.sapo.pt/11099.html>)

Proposta de Redação
Em termos éticos, é legítimo “interferir na evolução da espécie humana pela utilização das tecnologias que a ciência oferece”, usar essas tecnologias para “limpar os genes dos seres vivos” e “erradicar o sofrimento em toda vida sensível”, segundo o que os cientistas do transhumanismo pressupõem como “ético” e correto?
Em nome do “autoaperfeiçoamento” e da “felicidade”, até que ponto o homem teria direito de alterar sua própria natureza (física, psíquica, emocional) redesenhando sua configuração genética?
Tendo como referência a citação do romance de Huxley e as propostas dos transhumanistas, assuma um posicionamento sobre essas questões e argumente-o em parágrafos consistentes (mínimo de 25 e máximo de 30 linhas).

sexta-feira, 20 de maio de 2011

15ª lista de indicações - Discussão na semana de 30 de maio a 4 de junho de 2011 (P5)

Caras e caros,


Eis a 15ª lista. Atenção para as matérias sobre o Código Florestal e sobre o discurso de certa forma surpreendente do Obama, além evidentemente do discurso contundente da professora nordestina que mais do que uma aula de ética, bom senso e contundência, ensina também o poder imperativo das palavras. Em tempo, gostaria de lembrar os 50 anos das viagens dos Freedom Riders nos EUA, procurem saber é uma lição de coragem e de decência. Aliás, a Oprah (sic) mais uma vez me surpreende positivamente por tratar tabus com respeito por todos os envolvidos. 


http://www.youtube.com/watch?v=Zaw94n6TB3E


Boa leitura e espero que gostem.


Abraços,

Professor Estéfani Martins

Facebook e Orkut - Estéfani Martins

1 - 2º anos, 3º anos e PV

Sobre o pior e mais verdadeiro do Brasil
http://www.youtube.com/watch?v=yFkt0O7lceA&feature=share


2 - 2º anos, 3º anos e PV
O peso das palavras e as consequências do discurso
http://cinema.uol.com.br/ultnot/reuters/2011/05/19/talvez-cannes-tenha-me-expulsado-para-que-eu-me-torne-um-rebelde-maior-diz-trier-sobre-a-expulsao-de-cannes.jhtm


3 - 2º anos, 3º anos e PV
Norma "padrão"
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110518/not_imp720732,0.php


4 - 2º anos, 3º anos e PV
Novo Código Florestal e a esperança
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110517/not_imp720226,0.php


5 - 2º anos, 3º anos e PV
Uma visão instigante sobre a "universalidade" das leis
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/o-politicamente-correto-e-o-ai-5-da-democracia/


6 - 3º anos e PV
O discurso da política ou a política do discurso
http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,leia-a-integra-do-discurso-de-obama-sobre-o-mundo-arabe,721574,0.htm


7 - 3º anos e PV
O novo código florestal: uma análise
http://climaefloresta.org.br/blogs/Codigo-Florestal-analise-dos-principais-problemas-do-novo-Relatorio-Aldo-Rebelo/75

Dores e uma "oração"

Caras e caros,

Primeiramente, para informá-los sobre meu estado de saúde, estou bem, com dor, mas bem. Coisa da idade e da deterioração esperada e natural de quem já viveu "bastante". Agradeço os votos de melhora por e-mail, mesmo os repletos de ironia e sarcasmo...não, eu não fui vítima de uma queda doméstica, nem de uma conspiração da CIA, nem fui abduzido, etc. Agora, de verdade, agradeço a preocupação, mas na semana que vem passarei a ser um cara "saudável", academia e tudo mais...
Nas minhas viagens virtuais de acamado, vi esse clip muito bacana de uma banda curitibana, que, nesses tempos difíceis, é um sopro de alegria e otimismo. Aliás, para os saudosos e melancólicos que dizem que "hoje não se faz música boa", mais uma amostra do vigor da música de nosso tempo. Semana que vem voltam as aulas de Análise do Texto Artístico, não se esqueçam dos pen drives e das cabeças.



Abraços a todos,

Estéfani Martins

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Proposta de redação 2011-S13 (Uberaba - todas as turmas)

Proposta de redação 2011-S13

Texto 1. Em 2008, o Ministério da Saúde lançou uma ofensiva para tentar regulamentar a propaganda de alimentos que apresentassem altos teores de açúcar, sal e gordura. Entre as propostas estavam a restrição do horário de veiculação de anúncios desses produtos e a exigência de divulgação de mensagens de alerta sobre os males desses ingredientes como: "O consumo excessivo de gordura aumenta o risco de desenvolver diabetes e doença do coração”. O ministério alegava tratar-se de um problema de saúde pública, uma vez que as crianças são o alvo principal da propaganda desses produtos. Porém, como não foi criada nenhuma lei específica até o momento, os projetos não entraram em vigor. O índice de obesidade infantil cresce todos os anos e, diante disso, é possível perguntar: o Governo deveria criar alguma lei para controlar as propagandas das redes de fast-food? A quem cabe, afinal, a responsabilidade sobre a escolha alimentar da população? Ao Governo, à família, à sociedade?

 

Texto 2.  Lei do fast-food

            Depois de seis meses de queda de braço entre a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a indústria de alimentos, a área jurídica do governo se prepara para dar "ganho de causa" ao setor privado.

            Em junho, a agência baixou resolução determinando que a propaganda de refrigerantes e de alimentos com elevados índices de açúcar, sódio e gordura saturada ou trans trouxesse advertência sobre os riscos à saúde, em caso de consumo excessivo. As crianças eram o alvo da medida. A AGU (Advocacia-Geral da União), porém, tem pronto parecer final em que corrobora a visão da indústria de que a exigência só vale se o Congresso aprovar lei específica sobre o tema.

                                                                                                                                                                                Folha de S. Paulo, 16 de janeiro de 2011.

 

Texto 3. Fast-food do bem?

              Esta é para deixar pais e especialistas de cabelo em pé: a obesidade infantil aumentou cinco vezes nos últimos 20 anos e hoje atinge cerca de 15% dos baixinhos brasileiros, ou cerca de 5 milhões de crianças. Quem garante é a Sociedade de Pediatria de São Paulo. Dados do gênero explicam porque todos apontam o dedo em riste para a dobradinha hambúrguer e batata frita, ícones da chamada comida trash, que a garotada devora num piscar de olhos. A boa notícia é que uma luz de esperança começa a brilhar nesse cenário tão sombrio.
              Em resposta à acusação, o cardápio dessas fábricas de delícias gordurosas está abrindo espaço para itens praticamente impensáveis há alguns anos, como saladas, sucos, grelhados, queijinhos e até frutas. O movimento é mais forte nos Estados Unidos, mas felizmente a tendência já está desembarcando por aqui, mesmo que timidamente. “Devido aos altos índices de obesidade e de doenças crônicas, essa providência, mais do que desejável, é necessária”, opina a nutricionista Bianca Chimenti, da Nutrociência, em São Paulo. É um começo, mas, segundo a especialista, ainda não é o suficiente. “Precisamos de campanhas de educação alimentar para pais e filhos”, diz Bianca.

É proibido proibir

              Vamos ser francos. Não dá para riscar da vida dos filhos os sanduíches e os milk shakes. Fazer isso seria também privá-los do convívio social, porque se tem um programa que a garotada adora é ir com a turma à lanchonete. “Em vez de proibir, o melhor é controlar esse tipo de alimento”, argumenta Fábio Ancona Lopez, professor titular do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Por serem muito gordurosas e pobres em fibras, vitaminas e minerais, o ideal é que essas comidas sejam consumidas uma ou duas vezes por mês”, sugere.
            (...) Tem razão, as crianças às vezes vencem pelo cansaço. Para o bem delas, resista, explique, eduque. A nutricionista Tânia Rodrigues, da RG Nutri Consultoria Nutricional, em São Paulo, ensina o caminho das pedras:
1. Lanchonete todos os dias, só em sonhos. Deixe isso muito claro.
2. Sugira lanches sem muito recheio, como o cheeseburguer ou o cheese-salada. Se puder, suma com a maionese, muito rica em gordura. O cachorro-quente é uma boa pedida, desde que venha com pouco acompanhamento.
3. Uma generosa porção de fritas pode perfeitamente ser compartilhada por duas ou três pessoas. Não precisa mais do que isso para matar a vontade.
4. Se o pequeno insistir no refrigerante, tudo bem. Mas proponha substituí-lo por suco de frutas ou água.
5. Outra troca justa: a maionese pelo trio ketchup, mostarda e picles para incrementar o sanduíche.
6. É milk-shake ou batata frita. Ambos é overdose de calorias.

Fast food, obesidade e colesterol
            Para verificar os efeitos de uma dieta baseada em fast-food, o norte-americano Morgan Spurlock decidiu passar um mês se alimentando exclusivamente de hambúrgueres, batatas fritas e refrigerantes – de preferência com as maiores porções disponíveis no cardápio. O resultado foram 11 quilos a mais, aumento do colesterol e sintomas variados como náuseas e fraqueza. A gordurosa saga foi registrada em “Super size me - A dieta do palhaço” (2004), filme que divertiu ao mesmo tempo em que chocou platéias em todo o mundo.
            Um estudo feito por pesquisadores de diversas instituições norte-americanas, publicado na revista médica “The Lancet”, mostra de forma categórica que tal dieta realmente faz mal à saúde.
                                                                                                                                                                                                             Agencia Fapesp, 04/01/2005

Proposta: Escreva um dissertação argumentativa sobre a quem cabe a responsabilidade da escolha alimentar da população.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

14ª lista de indicações - Discussão na semana de 23 a 28 de maio de 2011 (P4)

Caras e caros,


Primeiramente, gostaria de agradecer a aluna Júlia do 3º C de Uberlândia pelo envio do ótimo texto a respeito da questão carcerária no Brasil e para a aluna Helena Tenório do 2º C de Uberlândia pela indicação do vídeo "A história das coisas". Aproveito para parabenizar os alunos do INEICOC Uberlândia pela participação impecável na competição municipal em todas as categorias do Handebol.


Abraços,

Professor Estéfani Martins

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1 - 2º anos, 3º anos e PV

Sobre indignação, atitude e o porquê que política discute-se, sim
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110513/not_imp718524,0.php


2 - 2º anos, 3º anos e PV
Uma crônica, um diálogo, uma reflexão


Osama foi para o céu
10 de maio de 2011 | 0h 00
Arnaldo Jabor - O Estado de S.Paulo

Osama é o único assunto. Jurei que não escreveria sobre ele, mas esse homem não me sai da cabeça. Aí, resolvi telefonar para o Nelson Rodrigues para ver sua opinião. Disco o telefone preto intergaláctico, pois o Nelson me ajuda a "não" pensar com as falsas luzes do bom senso, das causas e efeitos. O telefone toca. Já ouço as risadinhas dos querubins, em volta de Nelson na nuvem de algodão no céu de estrelas de papel prateado, como nos teatros da Praça Tiradentes.
- Nelson... sou eu, o Arnaldo...
- Você me ligando, rapaz, como um telefonista de si mesmo. Achei que tinha me esquecido...
- O negócio é o seguinte, Nelson, estou besta com a morte do Osama...
- Eu também, rapaz... O sujeito acabou de entrar aqui, com guarda-costas e tudo e foi correndo para o paraíso islâmico aí do lado...
Está uma barulheira danada, com todo mundo de camisola gritando "Só Alá é grande". Deus Pai não liga muito, mas fica vagamente irritado com esse nome; ele e Alá são iguais. Com a chegada do Osama, resolvi dar uma "espiadinha" no paraíso deles...
Rapaz, parece o baile do Bola Preta! Os terroristas são tratados a pão de ló e goiabada. O Muhammad Atta, aquele chefe suicida do 11 de Setembro, estava deitado numa cama de ouro, com odaliscas do Catumbi rebolando a dança do ventre e, quando o Osama entrou, as mil virgens pularam em cima dele, pedindo autógrafos, macacas de auditório com asinhas... É... Osama é um galã de novela... Aí embaixo também; estávamos apaixonados por ele ao avesso e não sabíamos. Eu confesso que acho ele um craque...
- Como assim? - pergunto, como nos maus diálogos.
- Porque ele criou o primeiro acontecimento do século 21. Tudo que os russos quiseram fazer, ele fez em meia hora. E mudou o Ocidente.
A América perdeu a "máscara", estavam muito folgados na época... Agora, voltaram como caubóis, mas a vida não será a mesma. Vão continuar procurando bombas em bueiros. O Ocidente sempre teve o alvo da finalidade, do progresso. O Islã, não; quer o imóvel, a verdade incontestável. Eles não vivem na História; vivem na eternidade. Agora tem os rebeldes árabes; vamos ver se vão preferir a democracia mesmo ou os dogmas assassinos do Osama. De qualquer modo, os americanos vão ter de incluir a morte em seu dia a dia. Não poderão esquecê-la como sempre tentaram. Ficarão mais "orientais", mais fatalistas... Isso pode até ser bom.
- Como assim? - repito na minha obtusidade.
- Rapaz, me admira você não ver isso: para eles, nós somos o Mal. Eles são o Bem. Aí, a jogada genial do Barack Obama foi ser também o Mal deles. Os cães infiéis atacaram de volta... Você disse uma frase na TV que eu até gostei: "Tudo foi cinema. Começou como Godzilla em 2001 e agora acabou como Duro de Matar... Você devia abrir uma lojinha de frases...
- Quem sou eu, Nelson?...
- E agora, todo mundo tira casquinha da vitória do Obama. Os republicanos berram: "Se não fossem nossas torturas, não achavam o homem!" Do outro lado, gemem os éticos e idiotas da objetividade: "Foi ilegal - e nossos valores?" Esses caras já nascem com uma ética pré-fabricada e não se curvam ao intempestivo da História; não aguentam o mistério do acontecimento. Não veem que o certo e o errado estão misturados. Nietzsche disse: "As convicções são cárceres". Os intelectuais têm de aprender a "não entender"...
- Mas Nelson, politicamente o momento...
- O momento é importante, sim, porque os ditadores bilionários da Arábia adoravam que os inimigos fossem os americanos, enquanto seus povos miseráveis batiam cabeça ajoelhados no chão... Agora, os árabes acordaram...
- Nelson, você virou marxista aí no céu...
- O Marx me chama de "reacionário", mas me ouve muito e anda chateado com as bobagens que escrevem sobre ele na academia. Eu disse para ele: "Olha, Marx, a burrice é uma força da natureza, feito o maremoto"... Ele vive repetindo isso, achou uma graça infinita... Bom sujeito, o Marx...
- É... mas a História andou para trás...
- Para com isso, rapaz, a História não existe... Ela foi uma invenção daquele alemão, o tal de Hegel que, aliás, está ali sentado numa nuvem, chorando lágrimas de esguicho numa cava depressão... O sujeito achava que a História andava pra frente e, de repente, meia dúzia de malucos, cheirando a banha de camelo, transformaram nossa vida num pesadelo humorístico. Vocês achavam que a vida era movida pelas "relações de produção", coisa e tal, mas esqueceram que a História pode ser "intempestiva, mutante", como escreveu o Nietzsche, que também anda por aqui, bigodudo, muito sério, e disse uma frase genial para mim: "A filosofia é um exílio entre montanhas geladas..." O Nietzsche é um craque... Sempre que posso, tomo um cafezinho com ele. Nunca saímos da barbárie, pensa bem: tivemos duas guerras mundiais num século. Os alemães queimaram judeus, os americanos derreteram 200 mil em 30 segundos em Hiroshima e Nagasaki. A razão é um luxo de franceses... Aliás, tem um francês inteligente aqui, o Baudrillard. Ele disse: "Acabou o "universal" - agora, só há o "singular" e o "mundial"..." Bom, né?
- Mas, o futuro da humanidade...
- O mundo nunca foi feliz... Esse negócio de felicidade global é invenção do comércio americano... A humanidade dando milho para os pombos na Praça de São Marcos é lero-lero...Deus não quer isso. Vai olhar a Bíblia, a Torá; é tudo no "olho por olho"... Lembra da Inquisição? Deus é violento... (estou falando baixo que Ele está ali perto, consolando o Hegel).
- Mas o ser humano...
- Rapaz... A humanidade é uma ilusão. "Tudo que é real é irracional, tudo que é irracional é real." Se o mundo acabar, não se perde absolutamente nada...
E desligou...


3 - 2º anos, 3º anos e PV
Delito, pena e psicologia
4 - 2º anos, 3º anos e PV
Imprensa livre tem que ser ética


5 - 2º anos, 3º anos e PV
O mundial e o local de "nossa" Copa


6 - 2º anos, 3º anos e PV
Sobre uma importante "história das coisas"
http://www.youtube.com/watch?v=lgmTfPzLl4E


7 - 3º anos e PV
Leiam o texto "O futuro do negócio da música"
http://revistatrip.uol.com.br/blogs/outrapolitica/


quarta-feira, 11 de maio de 2011

Um outro olhar sobre as vestimentas femininas muçulmanas

http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,hijab-couture,707427,0.htm

Proposta de redação 2011-S12 (Uberaba - todas as turmas)

Proposta de redação

Texto 1
Fonte: internet

Texto 2
França passa a prender mulheres que usem niqab, o véu islâmico
12 abril 2011
Juliana Cesar

Duas mulheres usando o niqab foram detidas em Paris nesta segunda, quando entrou em vigor a lei que proíbe o uso de véus islâmicos que cubram parcialmente ou totalmente o rosto de mulheres em locais públicos do país.
As duas participavam de um protesto contra a nova lei em frente à catedral Notre-Dame. Segundo a polícia, elas foram detidas porque participavam de uma manifestação que não havia sido informada previamente às autoridades, e que, portanto, não havia sido autorizada. Segundo a polícia, a detenção não estava ligada ao uso do niqab – véu islâmico que deixa apenas os olhos à mostra.
“A detenção ocorreu devido ao desrespeito da obrigatoriedade de informar sobre a realização de manifestações”, afirmou o delegado Alexis Marsans, da seção responsável pela ordem pública.
A organização de protestos deve ser informada às autoridades francesas, sobretudo quando há necessidade de bloquear o trânsito – o que não era o caso da manifestação desta segunda-feira. No entanto, é algo totalmente atípico na França prender pessoas que participam de protestos pacíficos, ainda mais em pequenos grupos.
Com a medida que entrou em vigor nesta segunda-feira, a França se tornou a primeira nação da Europa a adotar um veto dessa natureza.
Segundo a lei, as pessoas que esconderem seu rosto em “locais abertos ao público”, como repartições, meios de transporte, estabelecimentos comerciais, parques e cinemas, estão sujeitas a multas de 150 euros (cerca de R$ 345).
Já pessoas que obrigarem uma mulher a usar o niqab ou a burca (que cobre integralmente o rosto, com uma tela para os olhos) podem ser multados em até 30 mil euros ( cerca de R$ 68 mil) e condenados a um ano de prisão.

Tensões

A medida corre o risco de acirrar as tensões com a comunidade muçulmana do país, a maior da Europa, estimada em 6 milhões de pessoas.
O número de mulheres que cobririam o rosto no país, segundo diferentes estatísticas, é, no entanto, baixíssimo, estimado entre 800 e duas mil no máximo.
“A lei vai isolar ainda mais as mulheres que usam esse tipo de vestimenta”, disse à BBC Brasil Noura Jaballah, presidente do Fórum Europeu das Mulheres Muçulmanas, em Paris.
“São os muçulmanos que devem discutir entre eles para adotar suas próprias práticas. Essa lei é uma intrusão em um assunto que não diz respeito ao Estado”, afirma Jaballah, questionando ainda a necessidade de se fazer uma lei para um número tão restrito de pessoas.
Em sua associação, nenhuma mulher usa o niqab. Ela diz que as mulheres devem respeitar a obrigação de mostrar seus rostos para se identificar, quando solicitadas, em aeroportos, bancos ou repartições públicas, por exemplo.
“Mas esta lei já está provocando desvios na interpretação da medida. Há casos de mães que utilizam apenas o véu que cobre os cabelos e que estão sendo impedidas de participar de reuniões ou atividades escolares”, diz ela.

Aprovação

Segundo uma pesquisa do Instituto Ipsos divulgada no ano passado, 57% dos franceses aprovam a lei que proíbe o véu integral.
O médico aposentado Jean-Noël Haudecoeur vive em um bairro popular no norte de Paris, onde é mais comum ver mulheres com niqab nas ruas.
“Se essas pessoas quiseram vir morar na França, elas precisam se adaptar às leis do país”, afirma.
Vários representantes muçulmanos se opuseram à lei, afirmando que ela estigmatiza a comunidade. Mas homens muçulmanos ouvidos pela BBC afirmam que o Alcorão não obriga o uso do niqab e que esse comportamento é defendido por grupos radicais.
A lei entra em vigor pouco após declarações polêmicas do ministro do Interior, Claude Guéant, que afirmou que “o aumento do número de muçulmanos na França e que certas práticas ligadas a essa religião representam um problema”.
O veto passa a ser adotado também no momento em que o partido de extrema-direita Frente Nacional vem ganhando destaque nas sondagens das eleições presidenciais de 2012.
No sábado, 58 pessoas foram detidas em uma manifestação organizada por associações islâmicas, não autorizada pelas autoridades.
Havia apenas cerca de 200 participantes, a grande maioria homens, que vieram inclusive de outros países europeus.
Novos protestos contra a lei estão previstos nesta segunda-feira em frente à catedral Notre-Dame.

Fonte: BBC Brasil

Texto 3
Fetiche intelectual

Há duas semanas (A burca), eu disse que era a favor da lei francesa contra a burca (que muita gente confunde com o véu, que não é proibido na França). Aliás, com aquele véu, a mulher muçulmana parece uma Afrodite em versão corânica. Uma deusa de sensualidade. Andam pelas ruas juntas, como um vento que varre nossos olhos com seus olhos.
São a prova viva de que a invisibilidade da forma do corpo (ou a visibilidade apenas pressentida) é muito mais sensual do que a obscena explicitação da forma.
Um mar de e-mails e protestos contra a minha "intolerância com o outro". Obrigado.
Mas adianto: de todos os argumentos dos tranquilos defensores do "direito à burca" (acho a expressão engraçada por si só), um me parece o mais absurdo. Já vou dizer qual é.
Digo àqueles que discursam a favor da burca desde seus apartamentos com TV a cabo, de seus cursos de história da arte, de seus direitos de ir e vir e praticar sexo sadomasô, se assim o quiser, enfim, da condição de adorar Elvis, ETs, o nada, a mãe-natureza (pra mim está mais pra madrasta) ou seu próprio e pequeno "eu", que não acredito que nenhuma mulher use uma burca porque "quer".
O argumento mais absurdo é "as mulheres usam a burca porque querem". Não acredito nesse papinho multiculturalista.
O argumento "fulana nasceu na cultura X, a cultura X implica Y, logo fulana quer Y" é um sofisma barato. Quer ver? Leia mais...
Acho que um desses assinantes de TV a cabo, defensores do "direito à burca" provavelmente defenderia hoje o direito a "ser escravo" na medida em que "alguém foi acostumado pela cultura a isso". Será?
Que tal a "lapidação" (corte ritual do clitóris) que alguns praticam por aí? Também algo que devemos "achar objeto do direito da cultura". Azar de quem nasceu num lugar desses?
O debate contemporâneo é como uma guerra de trincheiras. Ninguém consegue ver muito longe, não existe mais nenhuma teoria grandiosa e definitiva, mas nem por isso é menos sangrento e sério. De minha parte, não tenho dúvida de qual lado da trincheira estou: daquele contra o fundamentalismo religioso seja qual ele for.
E fundamentalismo não é a mesma coisa que terrorismo islâmico (que alguns dizem que está acabando...). Muitas vezes o fundamentalismo é silencioso e invisível em seus modos de tortura. Fundamentalismo religioso é uma forma de reação aos "costumes modernos".
Nos dias seguintes a esse meu texto sobre a burca, uma mulher me abordou contando o seguinte. Em férias num país de maioria muçulmana, ela vira lado a lado uma alemã de férias com um shortinho desses de parar o trânsito e uma mulher com uma dessas burcas de mau gosto (o "de mau gosto" é por minha conta, ou melhor, minha culpa, minha máxima culpa).
Isso seria índice de como as "culturas" são diferentes. Uso as aspas aqui para a palavra "culturas" porque "cultura" virou um segundo grande fetiche da burguesia (o primeiro, segundo Theodor Adorno, seria a ciência). A inteligência burguesa blasé gosta de citar a "cultura" como prova de sua "generosa aceitação do outro" e de ausência de preconceitos. Quem diz que não tem preconceito é mentiroso.
A questão, caros defensores do "direito à burca", é que, no mundo do fundamentalismo religioso (e tem gente que acha que não existe fundamentalismo religioso...), a menina alemã não teria o direito de usar seu shortinho que para o transito. Ela também teria que usar a burca (claro, mas ela aceitaria porque afinal, a "cultura" a faria aceitar, ou a sua filha, no futuro).
A burca é o fundamentalismo religioso. Só cego não vê isso. Os talibãs (essa gente democrática, doce e respeitadora do "outro") adoravam as burcas e, de certa forma, a "inventaram".
Mas esses relativistas assinantes de TV a cabo, na realidade, são como gente de 18 anos que diz para o professor "cada um é cada um" a fim de que ele pare de encher o saco com perguntas difíceis.
No fundo, o segredo de dizer "é a cultura dela", ou "cada um tem um ponto de vista", é soar chique. É posar de estar em dia com o "respeito ao outro". Puro fetiche.

Luiz Felipe Pondé é filósofo, psicanalista, professor da PUC-SP e articulista da Folha de São Paulo
Fonte: FSP - 09/05/11

Faça uma dissertação de 25 a 30 linhas sobre a sua opinião acerca da proibição do uso da burca e do niqab por mulheres muçulmanas na França e em algumas cidades de outros países europeus.

domingo, 8 de maio de 2011

Proposta de redação 2011-S11 (terceiros anos - Uberaba)

2011-S11A - Apesar de milenar ou mesmo confundir-se com o desenvolvimento da espécie humana, a fome continua a assolar grande parte da humanidade de forma paradoxal ao intenso desenvolvimento tecnológico da atualidade. Diante disso, pergunta-se, é possível acabar ou mesmo minimizar expressivamente a fome no mundo? Quais seriam os meios para essa grande realização?

2011-S11B - Qual a sua opinião sobre o uso do "kit" anti-homofobia em escolas brasileiras?

2011-S11C - O que explica o fascínio dos brasileiros por redes sociais?

Proposta de redação 2011-S11 (extensivo e semi - Uberaba)

Leia atentamente a entrevista e reponda a questão abaixo em uma dissertação entre 25 e 30 linhas sobre o tema.

http://veja.abril.com.br/noticia/saude/a-industria-farmaceutica-tira-vantagem-de-gente-pobre-e-vulneravel-diz-pesquisador

O uso de cobaias humanas no Brasil deve ser liberado? Em quais condições?

13ª lista de indicações - Discussão na semana de 16 a 21 de maio de 2011 (P3)

Caras e caros,


Eis a 13ª lista que serve de objeto para a P3 para os alunos de Uberlândia. Peço atenção especial aos seguintes assuntos: a questão da intimidade em temos de internet e geolocalização; os direitos dos homossexuais e, evidentemente, a "morte" de Osama Bin Laden. Boa leitura a todos.


Abraços,

Professor Estéfani Martins

Facebook e Orkut - Estéfani Martins

1 - 2º anos, 3º anos e PV
Vertiginoso o nosso tempo ou o tempo que é vertiginoso?
http://www.youtube.com/watch?v=CbolNG66l_A

2 - 2º anos, 3º anos e PV
Sobre a legalidade das uniões homossexuais

3 - 2º anos, 3º anos e PV
Sobre as muitas versões para um evento, uma lição importante (veja o vídeo, leia o texto e o infográfico)
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/911233-obama-diz-que-bin-laden-nao-e-trofeu-e-nega-divulgar-fotos-dele-morto.shtml
http://www.estadao.com.br/especiais/a-trajetoria-de-osama-bin-laden,136933.htm

4 - 2º anos, 3º anos e PV
Especulações, teorias e "verdades"
O que pode estar contido nos dados apreendidos de Bin Laden
Der Spiegel
Yassin Musharbash

Os dados e documentos apreendidos após a morte de Osama Bin Laden podem ser um baú de tesouros para os analistas de inteligência. Pela primeira vez, há esperança que eles encontrem respostas a algumas das perguntas mais importantes sobre a Al Qaeda e seus líderes.

Analistas de inteligência e policiais frequentemente encontram pornografia enquanto buscam evidências contra terroristas ou suspeitos de terrorismo. Especialistas no campo se veem em conferências discutindo seriamente se tais descobertas deveriam ser anunciadas publicamente. A ideia é que talvez a exposição desse duplo padrão poderia minar, por exemplo, as narrativas de extremistas islâmicos sobre a decadência do Ocidente.

Após invadirem o esconderijo de Osama Bin Laden em Abbhottabad, Paquistão, no domingo (01/5), os agentes da unidade de Navy Seals apreenderam grandes quantidades de dados e documentos. A mídia americana informou a descoberta de cinco computadores além de 10 discos rígidos e cerca de 100 objetos de armazenagem de dados como pen drives ou CD-roms. Ainda não está claro se Bin Laden pessoalmente usou esse material. Igualmente, não se sabe se de fato o material contem informações relevantes ou se os dados estão codificados ou protegidos de alguma forma.

A esperança, ao menos, é que a descoberta lance uma luz a cantos obscuros do mundo da Al Qaeda. De acordo com fontes em Washington, analistas da CIA e de outras agências já estão estudando o material em um local secreto para obterem uma visão geral de seu conteúdo o mais rápido possível. Partes das informações ali contidas podem ser urgentes, por exemplo, se estiverem relacionadas a ataques iminentes.

Há anos que a Al Qaeda é uma prioridade para os serviços de inteligência em torno do mundo. Contudo, muitas questões não foram respondidas, forçando analistas e os que têm que tomar decisões com base em suas recomendações a dependerem de conjecturas e especulações. O “Spiegel Online” fornece uma visão geral das questões mais prementes que o material de Bin Laden pode ajudar a responder.

O livro de endereços de Bin Laden

Com quem o fundador da Al Qaeda se comunicava nos últimos anos? A maior parte dos analistas presumia que Bin Laden e seu segundo no comando, Ayman Al Zawahiri, estivessem escondidos em locais diferentes e minimizando comunicações para diminuírem o risco de serem eliminados simultaneamente. A primeira parte desta conjectura agora foi confirmada.

Assim, os analistas querem descobrir rapidamente possíveis pistas de comunicação que possam levá-los ao esconderijo de Al Zawahiri, provável herdeiro da liderança da Al Qaeda. Esta informação, se existe, pode ser extremamente urgente –é provável que Al Zawahiri já esteja planejando se mudar por razões de segurança.

Os contatos de Bin Laden com outros membros do alto escalão da Al Qaeda também são de grande interesse. Será que os dados incluem informações sobre o paradeiro de Abu Yahya Al Libi, estrela ascendente da Al Qaeda que é o principal ideólogo da organização? E de Ilyas Kashmiri, que planeja ações terroristas, ou do treinador militar Saif Al Adel, que parece ter voltado do Irã ao Paquistão? É provável que Bin Laden tenha codificado ou protegido tais informações, mas os analistas talvez ainda assim possam reconstruir partes do quebra-cabeça.

Atuais planos de ataques terroristas

Especialistas em inteligência também procurarão urgentemente informações sobre possíveis ataques terroristas que estejam sendo planejados atualmente na região ou no exterior. Anteriormente pensava-se que Bin Laden não estava mais envolvido nas operações diárias da Al Qaeda para não ameaçar sua segurança. Mas após uma revisão preliminar de parte dos dados apreendidos no esconderijo, a inteligência americana descobriu que ele tinha consciência de pelo menos parte das operações da Al Qaeda.

Esta informação incluiu a revelação que a Al Qaeda havia pensado em atacar linhas de trem norte-americanas no ano passado. A mídia americana divulgou a existência de um caderno de notas que contém detalhes de um possível plano, envolvendo a mudança de trilhos para descarrilar um trem, possivelmente em uma data significativa como o aniversário dos ataques de 11 de setembro de 2001.

Apesar de não haver evidências de um plano concreto, esta informação mostra que Bin Laden não se aposentou e adotou apenas um papel de figura de liderança, como alguns pensavam.

Elos com a agência de inteligência paquistanesa ISI

O esconderijo de Bin Laden fica ao lado de uma cidade que abriga um quartel do exército paquistanês e é cercada por propriedades supostamente de ex-generais paquistaneses. Isso aumenta as suspeitas que membros da agência de inteligência paquistanesa ISI talvez soubessem onde estava o cabeça da Al Qaeda. A ISI há muito tem uma reputação duvidosa, e com razão. Alguns de seus membros abertamente apoiam o Taleban do Afeganistão e outros grupos terroristas. Se as posses apreendidas de Bin Laden revelarem uma farsa, as relações entre os EUA e o Paquistão podem ser significativamente modificadas, inspirando os EUA a exercerem enorme pressão sobre Islamabad.

A trilha do dinheiro

Documentos do Departamento de Estado dos EUA publicados pelo WikiLeaks mostram, entre outras coisas, como os EUA estavam desesperados na última década para identificar fontes de patrocínio da Al Qaeda. Empresários ricos de países da península árabe, assim como organizações de caridade duvidosas eram suspeitos.

Uma das razões por que Bin Laden era importante para a Al Qaeda era que, como figura simbólica, estava em posição de gerar doações. Informações apontando para tais patrocinadores da Al Qaeda poderiam ser usadas para secar as fontes de verbas da rede terrorista.

Os tentáculos da Al Qaeda e o sucessor de Bin Laden

Parceiros em cooperação

A Al Qaeda não é mais uma única organização e sim uma rede transnacional. Existem ramos com permissão de usar o nome da Al Qaeda no Iraque, na península árabe, e no Norte da África. Há também redes militantes independentes que cooperam com a Al Qaeda no Sul da Ásia e na Somália, por exemplo, assim como na região do Hindu Kush, inclusive o Taleban do Paquistão (TTP) e o Movimento Islâmico do Uzbequistão (IMU). Por um longo tempo, as agências de inteligência ocidentais suspeitaram que Bin Laden ajudava a decidir as nomeações nos ramos da Al Qaeda. Será que também teria tido um papel em negociar acordos de cooperação?

Em janeiro, autoridades de segurança paquistanesas prenderam um suspeito nos ataques de Bali. Ele foi preso perto da casa de Bin Laden, e hoje acredita-se que era seu destino quando foi pego. Talvez os dados de Bin Laden tenham outras pistas sobre as trilhas levando a outros terroristas? Poder-se-ia tirar conclusões dos dados relativas às visões de Bin Laden para o Iêmen, Arábia Saudita e Somália? Quais regiões o chefe da Al Qaeda considerava mais significativas estrategicamente?

Bin Laden deixou um legado?

Bin Laden com certeza esperava que seria descoberto ou traído, cedo ou tarde. É claro que imaginava que seria venerado como mártir pelo movimento, independentemente de ser morto ou preso. Mas Bin Laden também era vaidoso: ele gostava de estar nos holofotes e escrevia poesia. Talvez tenha deixado para trás um livro ou uma coleção de notas que serviriam como legado político ou ideológico para seus seguidores e futuros jihadistas? Em caso afirmativo, os EUA provavelmente os manteriam secretos por algum tempo, mas ainda poderiam servir como fonte valiosa de informações.

Esclarecimento dos ataques

Nos últimos anos, certos ataques terroristas claramente pareciam inspirados pela Al Qaeda ou Osama Bin Laden, mas nunca foram atribuídos definitivamente à rede terrorista ou ao seu líder. Um exemplo foram as explosões em Madri em abril de 2004, que se acredita terem sido conduzidas por um grupo extremista islâmico agindo em nome da Al Qaeda. Os dados apreendidos podem ajudar os analistas a estabelecerem conexões concretas pela primeira vez.

O que Bin Laden sabia?

Supostamente, não havia nem telefone nem conexão de Internet no esconderijo de Bin Laden –presumivelmente por razões de segurança. Mas quanto o líder terrorista sabia sobre o que estava acontecendo pelo mundo? O que ele lia? Quais eram seus interesses? Teria ideia de quanto os EUA sabiam sobre ele? Como recebia informações? Em suas mensagens de áudio, Bin Laden ocasionalmente citou autores ocidentais. Onde ele adquiriu este conhecimento?

Vídeo e áudio

Mesmo escondido, a influência de Osama Bin Laden no cenário jihadista continuava significativa, graças às mensagens de áudio que enviava a cada dois meses. Seria interessante se os materiais apreendidos em sua casa fornecessem informações sobre como essas mensagens eram criadas. Ele as fazia sozinho? Elas foram editadas ou gravadas em colaboração com outros líderes? Que forma era a cooperação com Al Sahab, o departamento de propaganda da Al Qaeda? Por que não houve a divulgação de vídeos por anos? Ao menos uma mensagem de áudio foi encontrada na casa. Sua divulgação próxima já foi anunciada por sites jihadistas.

Indicações de conflito

Entre as armas que os EUA empregaram em sua luta contra a Al Qaeda estava a chamada “comunicação estratégica”. Possíveis pontos de conflito dentro da rede terroristas eram rapidamente publicados, por exemplo. No passado, a rede terrorista ficou dividida, por exemplo, em torno de questões sobre o grande número de muçulmanos entre as vítimas dos ataques. Se os dados de Bin Laden derem informações sobre cisões antes desconhecidas dentro da Al Qaeda, as autoridades norte-americanas podem usá-las como munição.

A mídia e o público em geral devem exigir que a divulgação dos documentos originais. É improvável que as autoridades norte-americanas divulguem informações que possam ser relevantes à segurança americana. Mas em outras descobertas similares, no Iraque por exemplo, grandes partes foram disponibilizadas posteriormente. Dada a enorme quantidade de mídia de armazenagem confiscada, os pesquisadores podem encontrar material para ocupá-los por anos –desde que os documentos sejam legíveis e relevantes. E no momento, apenas meia dúzia de pessoas sabem se este é o caso.

Tradução: Deborah Weinberg


5 - 2º anos, 3º anos e PV
Sobre nossa agora "sonhada" intimidade

6 - 3º anos e PV
Mais uma vez, intimidade: "um sonho"

7 - 3º anos e PV
"Outra história americana"

quarta-feira, 4 de maio de 2011

ATA - Módulo 3 - Linguagem musical - Gêneros Musicais - EUA e Jamaica


Caras e caros,

Do diálogo e da competição entre os tipos musicais nasce uma enorme diversidade de estilos ou gêneros musicais, que aumenta quanto mais eles se relacionam para produzir subestilos, novos movimentos ou mesmo tendências tão fugazes quanto bem sucedidas, ainda que por um verão apenas. Seguem breves considerações sobre alguns gêneros musicais relevantes para a construção da identidade musical brasileira na segunda metade do século XX.
Lembrem-se que praticamente todos os exemplos citados podem ser ouvidos e vistos no Youtube.

Blues
Ritmo nascido no chamado “sul profundo” dos EUA, na área do Delta do Mississipi e nas imediações também rurais desse local. O Blues constituiu-se como crônica musical da vida de trabalho, pequenas alegrias, humilhações e preconceito dos negros norte-americanos na virada do século XIX para o XX. Além desse, outros temas dominavam as predileções dos primeiros “bluesmen”, a saber: o sexo, o demônio, a bebida, a noite e os relacionamentos afetivos. De modo geral, o Blues é uma música de harmonia simples, de ritmo melancólico e solos de guitarra, gaita e piano comumente, que simulavam um lamento, um choro ancestral – a famosa “blue note” - vindo da África manifestando-se contra a violência, o degredo e as muitas tentativas de aculturamento sofridas pelos negros chegados nos EUA por parte dos brancos norte-americanos. Desenvolveu-se e urbanizou-se a partir da ida em massa de negros para as metrópoles do norte, como Chicago. Nesta cidade entre outras da parte mais desenvolvida e liberal dos EUA, muitos negros do sul procuravam melhores condições de vida e trabalho, além de uma sociedade menos preconceituosa, entretanto quase sempre não a achavam, porque eram obrigados - por questões econômicas - a morarem em guetos pobres e, portanto, continuavam de certa forma marginalizados na sociedade. A partir de então e com sua aceleração e eletrificação, o Blues passou a influenciar de forma mais contundente no desenvolvimento de ritmos derivados e dependentes dele, tais como: o Jazz, o R&B, o Rock, o Funk, o Soul e o RAP, os quais são consequências estéticas desse primordial gênero musical da música norte-americana, que, junto ao samba, influenciou a música mundial numa proporção e abrangência incomparável. O blues ao longo da primeira metade do século XX foi diversificando-se em muitos estilos tais como o Delta Blues, o Piedmont Blues, o Country Blues, o Chicago Blues, o Detroit Blues, o Jump Blues, o Rhythm and Blues, etc.
Exemplos: Son House, Leadbelly, Robert Johnson, Willie Dixon, Muddy Waters, B.B. King, Buddy Guy, Charlie Paton, Pinetop Perkins, Hound Dog Taylor, Koko Taylor, Blind Wille McTell, Blind Lemon Jefferson, Arthur “Big Boy” Crudup, Blind Willie Johnson, Big Mama Thornton, Eddie Boyd, Sonny Terry, Elmore James, Willian Clarke,  Fenton Robinson, Howlin' Wolf, J. B. Lenoir, John Lee Hooker, etc.

Jazz
O Jazz é um estilo musical estadunidense oriundo do sul do país e que se consolidou na transição do século XIX para o XX. Grosso modo, é um processo de urbanização e requintamento do Blues rural tocado nos arredores rurais de cidade como New Orleans. Os pilares dessa expressão artística fundam-se nas tradições musicais afro-americanas e nas europeias desenvolvidas pela inventividade da cultura popular de comunidades negras e mestiças (“creoles”) de cidades do sul dos EUA.  dos Estados Unidos. Tal manifestação teria surgido por volta do início do século XX na região de Nova Orleães e em suas proximidades, tendo na cultura popular e na criatividade das comunidades negras que ali viviam um de seus espaços de desenvolvimento mais importantes. Esta ousadia estética gestada por negros muitas vezes com educação musical formal incorporava elementos do canto tribal africano como o canto-resposta, a “blue note” do Blues, o ritmo sincopado herdado dos tambores africanos, a polirritmia, a improvisação e alguns elementos do Ragtime e do Gospel. Os instrumentos usados no Jazz são de espectro amplo, desde o violino de Stephane Grappelli à guitarra de Wes Montgomery, por isso os mais variados instrumentos têm sido empregados na execução desse estilo musical, especialmente, metais e piano.
Desde sua origem, o Jazz não limitou-se a ser uma manifestação artística monocórdica, previsível ou estagnada, por isso, ao longo do século XX, foram muitas as mudanças, rupturas e fusões pelas quais passou esse estilo, dentre as quais destaca-se: o Dixieland de New Orleans, o Swing das Big Bands, o Bebop das grandes metrópoles, o Cool Jazz, o Free Jazz, o Fusion (Samba jazz, Funk Jazz, Latin Jazz, Acid Jazz, etc.), além, evidentemente, das cada vez mais imprevisíveis tendências contemporâneas.
Exemplos: Miles Davis, John Coltrane, Charles Mingus, Herbie Hancock, Horace Silver, Os Cobras, Copa 5, Brasil 66, Moacir Santos, Bill Evans, Milt Jackson, Herbie Mann, Jim Hall, Ron Carter, Jaco Pastorious, Gene Krupa, Hermeto Pascoal, Groove Holmes, Gerry Mulligan, Chet Baker, Buddy Rich, Sivuca, Kenny Burrell, Sonny Rollins, Dexter Gordon, Wynton Marsalis, Ron Carter, US3, James Taylor Quartet, Charlie Parker, Oscar Peterson, Thelonious Monk, Dave Brubeck, Art Blakey, Wes Montgomery, Sonny Rollins, Ray Brown, King Oliver, Louis Armstrong, Weather Report, etc.

Soul
Da união entre as tradições africanas musicais trazidas com os escravos com a música sacra de origem protestante, mais elementos do Blues e do R&B, na transição da década de 1950 para a de 1960, desenvolveu-se uma música profana notabilizada pelas harmonias elegantes e pelos vocais angelicais, além das letras ora políticas, ora sentimentais. Portanto, o Soul é resultado da união das experiências profanas e confessas da versão acelerada e festiva do Blues, o Rhythm and Blues; com o Gospel, a música protestante negra, consequência eletrificada e pungente dos Spirituals, quase sempre cantada por coros efusivos e vibrantes com o intuito de adorar a Deus. Tal processo cultural é a prova das infinitas e imprevisíveis possibilidades de aproximação entre as referências culturais ou ideológicas mais distintas. 
Exemplos: Ray Charles, Otis Redding, Sam Cooke, Curtis Mayfield, Smokey Robinson, The Temptations, The Comodores, Jackson 5, Marvin Gaye, Gladys Knight & the Pips, Martha Reeves & The Vandellas, The Marvelettes, Diana Ross (e o grupo The Supremes), Aretha Franklin, The Four Tops, Booker T and the MGs, Solomon Burke,  Nina Simone, Dusty Springfield, Stevie Wonder, etc.

Funk
Ao longo da década de 1960 e 1970, o Soul foi sendo modificado por várias influências que potencializaram outro ritmo mais dançante, mais agressivo e com letras politicamente ainda mais engajadas, que passou a ser chamado mais tarde de Funk. Com batida fortemente sincopada e com grandes e agitados nipes de metais, construiu-se uma música que ao mesmo tempo era defensora da causa dos negros na década de 1960 e 1970 especialmente, era um ritmo enérgico, alegre e sedutor. Por vezes, é difícil separar as influencias Funk e Soul em uma mesma música.
Exemplos: James Brown, mestre maior desse ritmo; Sly and Family Stone; Funkadelic; Kool and the Gang; Kashmere Stage Band; The Metters; Average White Band; Maceo Parker; Hank Ballard; Jimmy "Bo" Horne; etc. 

Reggae e ritmos jamaicanos
Estilo musical originário da Jamaica, caracterizado pela estrutura de banda pop; pelas letras ligadas aos movimentos de afirmação dos negros, ao amor e a paz; pela ligação com o Rastafarismo e pelo grande apelo pop. Originou-se da união de influências da música tradicional africana e caribenha (Mento), do Ska, do Rocksteady e do R&B. Posteriormente, deu origem a ritmos como o Dub, o Dancehall e o Ragga. Bob Marley é o maior representante do gênero em função da qualidade da sua vasta obra e da grande repercussão internacional dela. Exemplos: Peter Tosh, Jimmy Cliff, The Wailers, Big Mountain, etc.

RAP (“Rhythm and Poetry” ou "Rime and Poetry") 
Ritmo nascido na periferia de cidades norte-americanas, especialmente New York, produto de uma cultura urbana, negra e periférica que é parte de tradições culturais caracterizadas por expressões corporais (Break), musicais (RAP) e visuais (grafite), as quais são os pilares de movimento cultural chamado Hip Hop. O RAP é resultado de várias e evidentes influências de tradições musicais e comportamentais dos “Sistemas de Som” jamaicanos. Consiste no cantar falado e ritmado de um Mestre de Cerimônia (MC) acompanhado por um Disc-jóquei (DJ) que usava bases presentes em “Long Plays” (LPs) geralmente de bandas e intérpretes clássicos do Funk como James Brown, Sly and Family Stone, The Metters, Kashmere Stage Band, etc., ainda que com a aplicação de texturas, novos andamentos e os famosos “scratches”, para que os MCs "cantassem" sobre essas construções de intenso e marcado ritmo. No início, a partir de vozes de Gil Scott-Heron e Kurtis Blow, o RAP foi uma espe´cie de porta-voz das angústias, das insatisfações e do estilo de vida dos negros das comunidades pobres dos EUA, ou seja, tinha um componente político indiscutível. Mais tarde, ao longo da década de 1990, o RAP perdeu em parte seu conteúdo eminentemente político para dar lugar a letras de caráter hedonista, revanchista, misógino, etc., que foram responsáveis pela consolidação de um sub-estilo do RAP chamado Gangsta. 
Exemplos: DJ Grandmaster Flash, Afrika Bambataa, DJ Kool Herc, Public Enemy, Run DMC, De La Soul, N.W.A. - Niggas With Attitude, The Notorious B.I.G., Tupac Shakur, The Roots, Dr. Dre, etc.

Rock’n’Roll
Ritmo musical nascido da união de influências musicais negras como o Blues e, seu filho de cadência acelerada e letras subversivas, o Rhythm'n'Blues, com ritmos musicais como o Country, o Bluegrass, os quais unidos das mais diversas formas permitiriam o nascimento do Rock’n’Roll na década de 1950 com mais substância, ainda que já se pudesse antevê-lo em produções anteriores de músicos negros como Chuck Berry ou Little Richards. Quanto à expressão, ela literalmente significa "balançar e rolar" e era uma gíria dos negros norte-americanos do início do século XX, para referir-se comumente ao ato sexual. São nomes representativos do chamado Rock’n’Roll classic e do Rockabilly: Chuck Berry, Little Richards, Jerry Lee Lewis, Fats Domino, Bill Halley, Roy Orbison, Bo Diddley, Hank Willians, Muddy Waters, Buddy Holly, Johnny Cash, Elvis Presley, etc. A partir da década de 1960, com as influências do Folk, da “Invasão britânica”, do revigorado Blues, das experiências com drogas alucinógenas, do ideário Hippie, do oriente indiano, entre outras, desenvolveram-se inúmeras vertentes do rock como o o Blues Rock (Canned Heat, Yardbirds, Taste, Blue Cheer, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Bacon fat, etc.), o Folk Rock (Bob Dylan; The Band; Crosby, Stills, Nash and Young; Buffalo Springfield; etc.), o Rock Progressivo (Pink Floyd, Yes, Jethro Tull, Rush, etc.), o Rock Psicodélico (Grateful Dead, Jefferson Airplane, etc.), o Hard Rock (Led Zeppelin, Deep Purple, Humble Pie, Free, etc.), o Heavy Metal (Black Sabbath, Dust, Buffalo, etc.), o Punk Rock (Stooges, MC5), etc.

Abraços a todos,

Boas audições,

Professor Estéfani Martins
Facebook e Orkut - Estéfani Martins