quinta-feira, 28 de abril de 2011

Proposta de 2011-S10 (3º anos e PV – Uberaba)

Proposta de 2011-S10 (3º anos e PV – Uberaba)

Texto 1
Mortes no trânsito crescem 24% em 10 anos, puxadas por acidentes de moto
'Mapa da Violência' mostra que óbitos envolvendo motocicletas subiram 754%, proporção maior que a frota
13 de abril de 2011

SÃO PAULO - O aumento nos acidentes com motociclistas fez com que as mortes no trânsito brasileiro crescessem 23,9% entre 1998 e 2008, segundo o Mapa da Violência 2011: Acidentes de Trânsito, compilação divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Sangari. Na década estudada, as mortes ocorridas em acidentes de motos cresceram 754%. As mortes de ciclistas também assustam: registraram um aumento de 308%.
Ao mesmo tempo, o número de óbitos envolvendo automóveis foi proporcionalmente menor que o aumento da frota. "Se nada mudar, até 2015 teremos um massacre de motociclistas", disse à BBC Brasil Julio Jacobo Waiselfisz, diretor de pesquisa do Instituto Sangari e autor do estudo.
Ele cita uma "reconfiguração" dos padrões de acidente desde a adoção do Código de Trânsito, em 2007. Desde então, caíram em 15,6% as mortes de pedestres, e morrem menos pessoas por automóveis em circulação. Mas, no caso das motos, ocorreu o oposto: o risco de morte cresceu mais do que a própria frota, afetando principalmente a população entre 18 e 24 anos do sexo masculino.
"Se nada for feito, a tendência é que essas mortes continuem aumentando, em ritmo de 4% ao ano", trazendo elevados custos sociais, financeiros e emocionais, diz Jacobo Waiselfisz.
Educação. Para o estudioso, a redução nas taxas de mortes de pedestres se deveu a campanhas educativas e à maior fiscalização, por exemplo, da obediência à faixa de pedestres. Ele sugere medidas parecidas para lidar com o aumento na frota e nos acidentes envolvendo motos. "Faltam legislação adequada, educação no trânsito e fiscalização", diz, citando também a tensão constante entre motociclistas e os demais agentes do trânsito.
"O elevado risco-motocicleta deveria ser compensado com uma legislação que pudesse tornar mais segura a vida, não apenas dos motociclistas como também dos pedestres, vítimas dessa nova ameaça no trânsito", conclui o estudo. "Mas isso não vem ocorrendo, e o meteórico crescimento no número de vítimas indica a magnitude dessa inadequação. Propomos políticas específicas para a formação e o treinamento dos motociclistas, a definição de requisitos específicos para serviços de entrega e o reforço das campanhas educativas."

BBC Brasil

Fonte

Texto 2
Veja 10 curiosidades sobre a frota paulistana
A cidade de São Paulo ultrapassou em março a marca de 7 milhões de veículos. Entenda o que isso significa:

1 carro para cada morador do Rio de Janeiro
Se a atual frota paulistana fosse doada aos moradores do Rio de Janeiro, cada um receberia um veículo e ainda sobraria 1 milhão.

5 filas de carros de Norte a Sul do Brasil
Enfileirados, os 7 milhões de veículos subiriam de São Paulo até Fortaleza, desceriam para Porto Alegre e voltariam para São Paulo cinco vezes.

2 veículos na garagem
Pelo último censo do IBGE, a população de São Paulo é de 10,9 milhões de habitantes, o que representa 2 veículos para cada 3 paulistanos.

2 vezes a população do Uruguai
A frota de veículos de São Paulo atenderia a duas vezes a população do Uruguai, que é de 3,5 milhões de habitantes.

5 motos para cada carro
A porcentagem de crescimento da frota de motos foi cinco vezes maior do que a de carros.

R$ 1 mil de economia se for de táxi em vez de carro
Estudos mostram que se o motorista for de táxi em vez de carro ele pode economizar até R$ 1.000 por mês.

Recorde de congestionamento
Em março deste ano São Paulo bateu seu recorde de engarrafamento: 216 km.

Fila daria para dar uma volta inteira na terra.
A fila de veículos de São Paulo somaria 42 mil km, capaz de dar uma volta ao redor da Terra.

1.300 ônibus fora das ruas
1.300 ônibus foram retirados das ruas de São Paulo nos horários de pico como medida para reduzir os congestionamentos na cidade.

5% de prejuízo
Os congestionamentos de São Paulo provocam perda de 5% de produtividade na atividade econômica.

Fonte

Lidos os textos, faça uma redação para uma das situações descritas abaixo:

2011-S10A – Faça uma dissertação de 25 a 30 linhas em que você defenda medidas para melhorar a qualidade do trânsito nas grandes cidades brasileiras.

2011-S10B – Faça uma dissertação de 25 a 30 linhas em que você discuta meios para diminuir o número de mortes no trânsito nas rodovias e vias públicas brasileiras. 

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Lista de revistas sugeridas

Caras e caros,


Em função dos muitos pedidos para que eu sugira revistas para serem assinadas por vocês, resolvi criar esta lista de publicações que entendo serem uma referência modesta, mas válida para que possam fazer suas próprias escolhas ao invés de serem conduzidos pelas minhas. Acredito que a melhor conduta é certamente comprar uma por semana, quinzena ou mês para que você conheça melhor o mercado editorial brasileiro para poder - enfim -fazer as suas próprias escolhas.



Revista Trip
Revista TPM
Revista Caros Amigos
Revista Outra Coisa
Revista InfoExame
Revista Caderno do Terceiro Mundo
Revista S/N°
Revista Poeira Zine
Revista Le Monde Diplomatique
Revista Piauí
Revista Rolling Stone
Revista Nossa História
Revista Galileu
Revista Superinteressante
Revista das Religiões
Revista História Viva
Revista Aventuras na História
Revista Scientific American
Revista Fórum
Revista Ciência Hoje
Revista Mundo Estranho
Revista Bravo
Revista Billboard
Revista Cult
Revista Viver - Mente e Cérebro
Revista Carta Capital
Revista Exame

Boas leituras,

Abraços,

Professor Estéfani Martins
Facebook e Orkut - Estéfani Martins


Alguns filmes para assistir para as aulas de gêneros narrativos (3º anos e PV - Uberlândia)

Caras e caros,


A lista seguinte tem como intuito padronizar minimamente a capacidade de todos entenderem as discussões a respeito da teoria de gêneros narrativos a partir de filmes, que não só são mais acessíveis como são mais rápidos de serem assimilados do que livros do ponto de vista temporal. Lembro que os filmes foram escolhidos por questões técnicas, e não artísticas, ainda que, penso, todos tenham com o que contribuir para a formação cultural de nós todos.


A cela
Efeito borboleta
Adaptação
Pulp fiction
Clube da Luta
Corra Lola, corra
Crash
Babel
Cidade de Deus
Invasor
Duna
Laranja Mecânica
Scarface
Shrek
Wall-E
Procurando Nemo
Brilho eterno de uma mente sem lembranças
Bicho de sete cabeças
O homem que copiava
Lavoura arcaica


Abraços cinematográficos,


Professor Estéfani Martins
Facebook e Orkut - Estéfani Martins

11ª lista de indicações - Discussão na semana de 2 a 7 de maio de 2011

Caras e caros,


Boa volta do feriado para todos. Espero que todos tenham conseguido descansar e arejar a cabeça para as semanas de muito trabalho por vir.


Abraços,



Professor Estéfani Martins
Facebook e Orkut - Estéfani Martins

1 - 2º anos, 3º anos e PV

Chegada de refugiados expõe limitações de solidariedade europeia
Fiona Ehlers, Mathieu Von Rohr e Christoph Schult
Der Spiegel

A entrada de refugiados econômicos da Tunísia expõe profundas divisões na União Europeia. A Itália quer ajuda para lidar com milhares de imigrantes que chegaram desde o início do ano, mas o resto do bloco se recusa a fornecê-la. É apenas mais um exemplo das dificuldades da UE em permanecer unida.
Ele ainda está usando a camisa vermelha e amarela do time de futebol “Esperance sportive de Tunis”, o único vestígio que resta de sua vida pregressa. Ele a usou no barco de pesca que o levou pelos mares tempestuosos para Lampedusa, esperando que lhe trouxesse sorte.
A viagem para a nova vida levou cinco semanas para o tunisiano alto e alerta chamado Amir, 22. Nesse tempo, ele se escondeu em vários ônibus e trens e viajou 2.000 km pela Itália e metade da França. Agora, está sentado debaixo de uma trepadeira em flor em um jardim no rio Loire, perto do Atlântico, contando entusiasmado a história de sua odisseia.
Ele conseguiu chegar na França porque foi mais rápido e corajoso do que a maior parte de seus compatriotas, que fugiram pelo mar no início deste ano para encontrar um novo futuro na Europa.
Amir é um dos tunisianos que ajudaram a tornar a revolução possível em seu país. Ele tem estudo e fala um francês polido. Ele organizou greves no departamento de sua universidade e estava entre os que protestaram nas ruas de Túnis e levaram ao exílio o então presidente do país, Zine el Abidine Ben Ali.
Mais do que qualquer coisa, a frustração foi o combustível da revolução. A maior parte dos tunisianos tem menos de 30 anos e não há empregos para a maioria deles; o futuro parecia desolador. Mas a economia pós-revolução está pior do que estava antes da partida de Ben Ali –e a universidade de Amir ainda não reabriu, meses após a revolução. Amir decidiu que era hora de partir.

Extremamente frágil

Ele reuniu 900 euros (em torno de R$ 2.000) para pagar por sua passagem trans-mediterrâneo e, junto com 35 outros jovens, pegou em um barco de pesca na cidade portuária de Sfax. Após 15 horas, eles chegaram à ilha italiana de Lampedusa, um posto europeu no meio do mar, uma ilha pequena e rochosa.
Eles não estavam sós. Cerca de 26.000 refugiados chegaram à minúscula ilha italiana desde janeiro, na maior parte, tunisianos. Eles estão buscando uma vida melhor, mas sua presença gerou uma disputa amarga –provando que a Europa, seu paraíso, algumas vezes é uma comunidade extremamente frágil.
A briga foi sobre quem seria obrigado a aceitar os refugiados temporários. Os italianos, em cujo território primeiro aportaram, como indicado pelos tratados europeus? Ou seria o número de refugiados grande demais para a Itália administrar? Essa é a posição o governo em Roma, que quer declarar a crise de refugiados como Estado de emergência, uma posição que outros membros da UE não apoiam.
Quando a Itália anunciou que ia emitir vistos de residência temporária aos refugiados, com os quais eles poderiam viajar para outros países da UE, seus vizinhos ameaçaram reintroduzir os controles de fronteira. Isso ia indicar o fim temporário da Europa sem fronteiras.
O ministro do interior italiano Robert Maroni chegou ao ponto de dizer, na semana passada: “Me pergunto até se faz sentido ficar na UE”. Como Maroni é membro da Liga do Norte nacionalista, suas palavras não foram exatamente surpreendentes. Mas o argumento do primeiro-ministro Silvio Berlusconi foi. Ele disse que a Europa deveria ser real e concreta, mas que, se não for, talvez seja melhor cada país voltar a usar seus próprios métodos para lidar com os refugiados.

Mais impopular do que nunca

A disputa sobre o que fazer com os refugiados tunisianos em sua fronteira sul está longe de ser o único conflito prejudicando a União Europeia. De fato, o bloco de 27 membros raramente esteve tão dividido quanto hoje, apesar das esperanças que o Tratado de Lisboa volte a unir os países da UE. Os interesses comuns estão esmaecendo enquanto o auto-interesse dos países individuais voltou a crescer. O continente supostamente unificado, que se beneficiou dos grandes levantes de 1989, nunca foi tão impopular para seus cidadãos quanto hoje.
A opinião perturbadora está em evidência desde a crise financeira. Na UE, a questão de como resgatar o euro expandiu para uma disputa corrente sobre a política econômica europeia. Isso por si só criou uma profunda divisão dentro da Europa, particularmente entre o Norte afluente e o Sul, menos afluente.
Depois veio a briga sobre a intervenção da Otan na Líbia, quando a França defendeu a força militar contra Moammar Gaddafi enquanto a Alemanha uniu-se à China e à Rússia em se abster na votação no Conselho de Segurança da ONU –e, ao fazê-lo, claramente distanciou-se da aliança Ocidental.
E agora vem a terceira briga, desta vez em relação aos refugiados. Objetivamente falando, há relativamente pouco em jogo; o número de norte-africanos encalhados ainda é bastante pequeno. Mas de todas as brigas da Europa, essa pode se provar a mais difícil de resolver.
A imigração é uma questão que motiva eleitores em todos os países da UE, como evidenciado pelo aumento dos partidos populistas de direita na França, Holanda, Suécia e agora Finlândia. Mas a resistência a um novo fluxo de imigrantes do Norte da África está em toda parte –e os interesses nacionais claramente estão vencendo a solidariedade coletiva.
Isolamento e fúria
A Itália alega que a atual crise de refugiados é uma emergência, que o princípio estabelecido sob o Regulamento Dublin II, que diz que um refugiado só pode pedir asilo político no país de chegada, deve ser suspenso. A Alemanha e a França rebatem que já recebem muito mais pedidos de asilo por ano, em torno de 40.000 cada, enquanto as autoridades italianas só processam cerca de 6.000 pedidos por ano.
Uma razão para os políticos italianos estarem furiosos é por se sentirem isolados. Em uma reunião dos ministros do interior da UE em Luxemburgo, na última segunda-feira, somente a Ilha de Malta apoiou os italianos. A França, em particular, está nervosa com a imigração de países primariamente francófonos do Norte da África.
A ministra do interior da Áustria, Maria Fekter, ressaltou que a Itália é um país grande “e certamente poderia demonstrar um pouco de boa vontade”. O ministro do interior alemão, Hans-Peter Friedrich, também manteve sua posição, dizendo: “A Itália tem que assumir sua responsabilidade”. Ele acrescentou que o plano de Roma de emitir vistos de viagem viola “o espírito de Schengen”.
O ministro alemão anunciou o plano de Berlim de aumentar seus controles, particularmente no Sul da Alemanha. A polícia federal alemã está até estudando como reintroduzir rapidamente os controles de fronteira regulares, apesar de apenas cerca de 300 norte-africanos terem entrado na Alemanha no primeiro trimestre do ano. O ministro do interior italiano, observando seu isolamento, disse obstinadamente que preferia estar só do que em “má companhia”.

Uma fortaleza de xenofobia

A mulher que deve proteger a Europa dos refugiados norte-africanos está em seu grande escritório no nono andar da sede da Comissão Europeia em Bruxelas. Cecília Malmström tem 42 anos de idade, é sueca e liberal, e ainda assim fez fama por ter favorecido a lei e a ordem. Ele é comissária de assuntos internos da UE.
A escolha de palavras drásticas dos ministros do interior da UE sobre os refugiados da Tunísia decididamente vai longe demais para Malmström. Ela simplesmente nega com a cabeça quando ouve a situação sendo descrita como “êxodo em massa”, “onda de refugiados” e “tsunami”. “Falar em números de refugiados de seis ou sete dígitos é um exagero total”, diz Malmström.
Ela teme que tal retórica só ajude partidos como a Frente Nacional na França e o movimento encabeçado pelo político holandês Geert Wilders. “A entrada de refugiados é muito, muito limitada”, diz ela. “O debate está aquecido demais”.
Há algumas indicações de que está certa. Enquanto quase meio milhão de pessoas deixaram a Líbia desde o início da guerra no país, a maior parte não foi para a Europa. Em vez disso, buscaram refúgio em países africanos vizinhos tais como Egito, Argélia, Marrocos e Níger. Muitos refugiados já foram repatriados para seus países de origem. Dezenas de milhares, contudo, ainda estão em campos de refugiados no Leste da Tunísia.
Os refugiados ilhados em Lampedusa, porém, são quase todos tunisianos –refugiados econômicos buscando uma vida melhor. A fuga pelo mediterrâneo tornou-se muito mais fácil agora que o estado policial de Ben Ali colapsou. De fato, o país mal tem uma guarda costeira funcionando.

“Não infringiram nenhuma lei”

O debate europeu está concentrado nos refugiados econômicos. Apesar de 26.000 pessoas serem muito para Lampedusa, não são demais para a Europa, diz a comissária da UE, Malmström. Os tunisianos só querem receber de volta 60 refugiados por dia, enquanto Bruxelas está tentando convencê-los a fazerem maiores concessões. “Mas eles têm maiores problemas lá”, diz Malmström. “Enquanto isso, o que a Itália deveria fazer? Não pode colocar essas pessoas na prisão, porque não infringiram nenhuma lei.”
Malmström acredita que não há base legal para impedir a Itália de dar vistos Schengen para os refugiados. “É muito, muito fácil criticar a Itália”, diz ela. “Mas nenhum país propôs outra solução”. Na opinião da comissária, a melhor abordagem seria distribuir os refugiados entre outros países da UE. “A maior parte tem boa formação. Seria fácil para outros países o integrarem, por exemplo, como recepcionistas de hotel.”
A comissária quer usar a atual crise para reformar a lei de asilo. Ela argumenta que é injusto que um refugiado não tenha chance de ser reconhecido como candidato a asilo na Grécia e tenha 75% de chance na Suécia. “Isso é completamente inaceitável. Precisamos ter os mesmos padrões.”
Malmström, como os italianos, também quer modificar o Regulamento Dublin II, que estipula que cada país deve aceitar os refugiados que chegam ao seu território. Ela acredita que, se um país for incapaz de lidar com grande número de refugiados, esse princípio deve ser suspendido temporariamente.
É improvável que Malmström encontre muito apoio para suas opiniões na França, país onde a maior parte dos tunisianos se dirige. Todavia, diz Malmström, não é só para demonstrar solidariedade com a Itália, mas mais importante, com a Tunísia. “Estamos passando por uma onda de democratização extraordinária, uma tendência que os tunisianos começaram. Eles merecem nossa solidariedade”, diz ela.

Superlotação

Para Amir, tunisiano que chegou à Itália e depois à França, não houve evidências de solidariedade em sua chegada. O campo de refugiados de Lampedusa estava superlotado, o lixo estava se acumulando, os banheiros entupidos e os assistentes sociais estavam agressivos. “Foi puro assédio”, disse Amir. “A Itália está tentando dizer que não está dando conta e precisa de ajuda e dinheiro da UE”.
Para protestar sobre as condições, Amir e outros refugiados tinham experiência. Eles atearam fogo nos colchões do acampamento e gritaram: “Liberté!” Ele então foi enviado por avião à região da Calábria, no Sul da Itália, e colocado em um novo campo, vigiado pela polícia italiana. Novamente, Amir perdeu a paciência, ficou apenas uma noite, deixou sua mochila e roupas na cama para que ninguém percebesse que tinha partido e pulou uma cerca de arame farpado de três metros para escapar do campo.
Ele vagou pela Itália por duas semanas, viajando sozinho e se esforçando para não levantar suspeitas. Ele fazia a barba duas vezes por dia, tomou cinco trens e três ônibus, escondeu-se por trás de jornais italianos e não disse uma palavra. Ele viajou da França pelo Vale Aosta, em um ônibus cheio de turistas indo esquiar. Um italiano comprou os bilhetes para ele, usando o dinheiro que seu irmão havia enviado da França pela Western Union.
Agora ele está morando com seu irmão em Nantes, mas está desapontado com a Europa. “Primeiro vocês aplaudem nossa revolução, depois nos caçam pelo continente. Essa é a democracia de vocês?” Para Amir, a Europa é uma fortaleza egoísta e xenófoba.
Ao menos, porém, ele chegou. Muitos de seus compatriotas ainda estão presos na Itália, não mais em Lampedusa, mas em Ventimiglia, no Norte, uma cidade a 25.000 habitantes na fronteira com a frança.

Jogo de pingue-pongue

Centenas de refugiados tunisianos agora estão vagando pelos parques bem cuidados e avenidas cercadas de palmeiras, perto dos portos com iates e butiques de luxo. Como Amir, esses refugiados fugiram dos campos no sul e agora estão a caminho da França, onde moram seus parentes e onde falam a língua. Mas agora que os franceses não estão deixando mais entrarem, os vistos italianos são sua última chance.
A cena aqui na fronteira da França com a Itália é de um continente que se preparou para ter problemas. Uma van da policia italiana espera na frente da estação de trem de Ventimiglia, onde agentes fazem uma busca nos trens e retiram qualquer um que esteja vindo da França sem papeis de identificação. Estes são imediatamente levados de volta pela fronteira.
A mesma cena está se desdobrando a menos de 10 km de distância, onde uma van da polícia francesa espera na frente da estação de trem em Menton, na Cote d’Azur. Os policiais franceses escoltam os refugiados tunisianos de volta pra a Itália, onde os deixam no posto policial de Ventimiglia, perto da prefeitura. O prefeito de Ventimiglia, Gaetano Scullino, suspira e diz que o que estão fazendo é um jogo de pingue-pongue.
A Cruz Vermelha estabeleceu um campo de recepção em um corpo de bombeiros, onde os refugiados têm camas, chuveiros e uma refeição quente. O campo, que deveria conter apenas 150 pessoas, está totalmente superlotado. Há uma resistência crescente contra os refugiados na cidade, onde os moradores dizem que a violência está aumentando.
Várias vezes por dia, o prefeito Scullino visita a estação de trem e conversa com os refugiados. Ele diz para eles que a Europa não é mais um sonho de luxo, empregos e liberdade ilimitada. Ele tenta explicar por que a Europa tem tanto medo deles. “Temos 30% de desemprego entre os jovens”, diz ele. “Voltem ao seu país.”
Mas eles não ouvem, eles não desistem. E seus números aumentam diariamente.

Tradução: Deborah Weinberg

2 - 2º anos, 3º anos e PV
O terrorismo sob outro horizonte

3 - 2º anos, 3º anos e PV
Sobre a fome em escala mundial

4 - 2º anos, 3º anos e PV
Sobre o país do futuro

5 - 2º anos, 3º anos e PV
Sobre a insustentabilidade do consumo atual

6 - 3º anos e PV
Sobre a morte, a eutanásia e outros debates importantes da área médica (ler os seis tópicos)

7 - 3º anos e PV
Sobre a beleza, o alcance da mídia e a individualidade

domingo, 17 de abril de 2011

Proposta de redação 2011-S9 (3º anos - Uberaba)

Faça uma dissertação argumentativa de 25 a 30 linhas em que você exponha seu ponto de vista, apresentando argumentos que o fundamentem, a partir do tema a seguir:

Quais são as variáveis a se considerar quando da escolha profissional por um jovem?

Seguem abaixo alguns aspectos envolvidos no tema. Utilize-os apenas para sua reflexão. Não os copie.

"A equação de uma escolha profissional bem feita possui duas incógnitas que precisam ser simultaneamente resolvidas. (...) A primeira é vocacional (...). A segunda incógnita é o lado financeiro."
            (Eduardo Gianetti, "A arte de escolher uma profissão". Folha de S. Paulo, 19/março/1998)

"O jovem Charles não sabia o que fazer na vida. Na falta de opção, acabou cedendo à vontade do pai, que era médico, e matriculou-se no curso de medicina em Edimburgo. Não funcionou. Abandonou o curso e seguiu para a Universidade de Cambridge, onde pretendia preparar-se para uma carreira no clero anglicano. O seu desempenho acadêmico, porém, foi medíocre. (...) Formado e sem rumo, Charles decidiu aceitar o posto de naturalista a bordo de um navio que passaria cinco anos pelos mares do sul. O pai, contudo, era radicalmente contra a idéia (...) e ele foi viajar graças a um tio que aplacou a fúria paterna. Assim Darwin se fez (...)."
            (Eduardo Gianetti, "A arte de escolher uma profissão", cit.)

"Os donos de grandes fortunas passam a idéia de que toda riqueza é montada à custa de grande disposição para o trabalho. (...) Alardeiam uma suposta igualdade de oportunidades, pretendendo impor a todos um modelo de sucesso e felicidade que aparentemente diz respeito a eles próprios."
            (Paulo Sérgio do Carmo, "A ideologia do trabalho")

"Os que querem trabalho sempre o encontram. Se aceitarem o preço que se oferecerá por seu trabalho."
            (Estatuto dos Artífices da Inglaterra, 1563, apud P. S. Carmo. "A ideologia do trabalho", cit)

Escolhendo uma profissão

Todo jovem tem de tomar pelo menos duas grandes importantes decisões na vida. A escolha da profissão e a do cônjuge. A maioria estuda e namora o futuro cônjuge nos mínimos detalhes, mas escolhe e descarta dezenas de profissões com uma única frase. Muitos passarão mais tempo no emprego do que com o marido, a esposa e a família. Quando chegarem em casa, todos já estarão dormindo.
Como melhorar a escolha da profissão com a mesma dedicação com que se escolhe um cônjuge?
1. Namore também sua profissão. Se seus pais possuem um conhecido que exerça uma profissão, peça permissão para acompanhá-lo por algumas semanas para sentir como é seu dia-a-dia. Mesmo que tenha de ficar nos corredores, você verá o ambiente, sentirá um pouco a rotina diária. Assista a uma semana de aulas em sua futura faculdade. Comece a explorar as variantes da profissão, descubra as linhas de pensamento, os estilos. Quem são as "feras" dessa área e como são os estilos de vida. Combinam com o seu?
2. Não se apresse. Se você estiver na dúvida quanto à escolha da profissão, tire um ano mochilando pelo mundo afora. É preferível "perder" um ano a perder toda uma vida profissional. A escolha da profissão precisa ser cuidadosa, porque hoje em dia é mais fácil trocar de cônjuge que de profissão. Aos 32 anos você não terá mais disposição para prestar um novo vestibular. Essa pressão da sociedade e dos pais para uma escolha imediata vem do tempo em que a expectativa de vida de um adulto era de somente quarenta anos. Hoje a expectativa média de vida é de 82 anos. Um ano ou dois não farão a mínima diferença.
3. O não por exclusão. Nossa tendência é sempre achar algum defeito numa idéia nova. "Engenheiros sujam as mãos", "contabilidade é para tímidos", "advocacia é para quem fala bem", "finanças e economia são para especuladores". Toda profissão tem seus defeitos. Se você andou escolhendo algumas profissões por exclusão, volte atrás e pense de novo.
4. Explore o cinza. Justamente porque o estereótipo do advogado é aquele que fala bem, existe enorme falta de advogados que sejam bons em matemática. Por isso, advogados tributaristas, os que mexem com números, são muito bem pagos no Brasil.
5. Não confunda interesse com proposta de vida. Todos nós deveríamos ter interesse em história e filosofia. Espero que nos fins de semana vocês leiam esses temas, e não mais um livro técnico. Todo mundo deveria estudar um pouco de economia, psicologia e direito, mas nem todos irão querer estudar essas matérias a vida inteira. O simples interesse não é suficiente para fazer de você um profissional dedicado e totalmente comprometido para o resto da vida. Uma fã do pianista Arthur Moreira Lima disse que daria a vida para tocar como ele. "Pois eu dei a minha vida", respondeu Moreira Lima. Se você está disposto a dar sua vida por história ou filosofia, aí não é um mero interesse, é sem dúvida uma vocação. Portanto, vá em frente. Se você escolher uma profissão no par-ou-ímpar, lembre-se de que poderá estar tirando a vaga de alguém que tem vocação, a vaga de um futuro Moreira Lima.
Faça um favor à sociedade e àqueles que adorariam estar em seu lugar: não tome a vaga de quem realmente precisa. A sociedade, os excluídos e seus futuros professores agradecerão efusivamente. Portanto, vá com calma. Estude a vida inteira e escolha sua profissão de uma forma profissional. Boa sorte e meus votos de sucesso.

Stephen Kanitz é administrador (www.kanitz.com.br)
Artigo Publicado na Revista Veja, edição 1781, ano 35, nº 49, 11 de dezembro de 2002.

10ª lista de indicações - Discussão na semana de 25 a 30 de abril de 2011

Caras e caros,

Eis os primeiros textos para o segundo bimestre no caso dos terceiros de Uberlândia. No caso de Uberaba, os da semana passada (9ª lista) também serão cobrados na primeira prova do segundo bimestre. Peço atençao para o vídeo com o atirador da escola do RJ, para que possamos discutir em sala mais sobre "bullying" e sobre a violência, especialmente quanto ao injustificável, ao patológico e ao extremismo associado a ela. Para o pessoal do terceiro de ambas cidades, assistam atentamente aos vídeos com o renomado pesquisador brasileiro Stevens Rehen, em função do debate qualificado e necessário sobre a produção científica brasileira, a Biotecnologia e o futuro da humanidade. Aliás, convido a todos para assistir o ótimo programa do jornalista Roberto D'Ávila, porque sempre os convidados são de grande relevância para a formação cultural de nós todos. Boa leitura a todos e bom feriado.
Em tempo, caso tenham qualquer dificuldade para abrir textos ou vídeos no blog peço a gentileza de escreverem comentários para que eu possa resolver o problema o mais rápido possível. Publiquem também comentários com suas opiniões sobre os textos para que possamos ter mais um canal de debate além da sala de aula.

Abraços,

Professor Estéfani Martins
Facebook e Orkut - Estéfani Martins

1 - 2º anos, 3º anos e PV
Sobre a classe média e a política
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110417/not_imp707378,0.php

2 - 2º anos, 3º anos e PV
Sobre o desejo de uma nova ordem mundial
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110416/not_imp706967,0.php

3 - 2º anos, 3º anos e PV
Sobre o injustificável, para refletir...
http://www.youtube.com/watch?v=MGezLo05eEo&feature=related

4 - 2º anos, 3º anos e PV
Homofobia, escola e preconceito
http://www.cartacapital.com.br/carta-na-escola/o-be-a-ba-para-conviver-com-a-diversidade-sexual

5 - 2º anos, 3º anos e PV
Texto revelador sobre a possibilidade de convivência pacífica entre cristãos, islâmicos e judeus
http://www.cartacapital.com.br/carta-na-escola/as-origens-do-mal

6 - 3º anos e PV
Sobre ciência no Brasil, clonagem e células-tronco

7 - 3º anos e PV

Sobre ciganos, um texto didático
http://www.cartacapital.com.br/carta-na-escola/anatomia-de-um-povo-desprezado

quinta-feira, 14 de abril de 2011

1º bimestre - Prova de Atualidades, Artes e Língua Portuguesa (Uberaba)


Gabarito

1 - D
2 - E
3  - B
4 - C
5 - C
6 - C
7 - E
8 - B
9  - C
10 - D
11 - B
12 - D
13 - D
14 - E
15 - D
16 - A
17 - B
18 - D
19 - anulada
20 - A
21 - B
22 - A
23 - D
24 - E
25 - D

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Proposta de redação 2011-S8 (Uberaba)

Proposta de redação 2011-S8
Professor Estéfani Martins

Texto 1. Em 2008, o Ministério da Saúde lançou uma ofensiva para tentar regulamentar a propaganda de alimentos que apresentassem altos teores de açúcar, sal e gordura. Entre as propostas estavam a restrição do horário de veiculação de anúncios desses produtos e a exigência de divulgação de mensagens de alerta sobre os males desses ingredientes como: "O consumo excessivo de gordura aumenta o risco de desenvolver diabetes e doença do coração”. O ministério alegava tratar-se de um problema de saúde pública, uma vez que as crianças são o alvo principal da propaganda desses produtos. Porém, como não foi criada nenhuma lei específica até o momento, os projetos não entraram em vigor. O índice de obesidade infantil cresce todos os anos e, diante disso, é possível perguntar: o Governo deveria criar alguma lei para controlar as propagandas das redes de fast-food? A quem cabe, afinal, a responsabilidade sobre a escolha alimentar da população? Ao Governo, à família, à sociedade?

Texto 2.  Lei do fast-food
            Depois de seis meses de queda de braço entre a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a indústria de alimentos, a área jurídica do governo se prepara para dar "ganho de causa" ao setor privado.
            Em junho, a agência baixou resolução determinando que a propaganda de refrigerantes e de alimentos com elevados índices de açúcar, sódio e gordura saturada ou trans trouxesse advertência sobre os riscos à saúde, em caso de consumo excessivo. As crianças eram o alvo da medida. A AGU (Advocacia-Geral da União), porém, tem pronto parecer final em que corrobora a visão da indústria de que a exigência só vale se o Congresso aprovar lei específica sobre o tema.
             Folha de S. Paulo, 16 de janeiro de 2011.

Texto 3. Fast-food do bem?
              Esta é para deixar pais e especialistas de cabelo em pé: a obesidade infantil aumentou cinco vezes nos últimos 20 anos e hoje atinge cerca de 15% dos baixinhos brasileiros, ou cerca de 5 milhões de crianças. Quem garante é a Sociedade de Pediatria de São Paulo. Dados do gênero explicam porque todos apontam o dedo em riste para a dobradinha hambúrguer e batata frita, ícones da chamada comida trash, que a garotada devora num piscar de olhos. A boa notícia é que uma luz de esperança começa a brilhar nesse cenário tão sombrio.
              Em resposta à acusação, o cardápio dessas fábricas de delícias gordurosas está abrindo espaço para itens praticamente impensáveis há alguns anos, como saladas, sucos, grelhados, queijinhos e até frutas. O movimento é mais forte nos Estados Unidos, mas felizmente a tendência já está desembarcando por aqui, mesmo que timidamente. “Devido aos altos índices de obesidade e de doenças crônicas, essa providência, mais do que desejável, é necessária”, opina a nutricionista Bianca Chimenti, da Nutrociência, em São Paulo. É um começo, mas, segundo a especialista, ainda não é o suficiente. “Precisamos de campanhas de educação alimentar para pais e filhos”, diz Bianca.

É proibido proibir
              Vamos ser francos. Não dá para riscar da vida dos filhos os sanduíches e os milk shakes. Fazer isso seria também privá-los do convívio social, porque se tem um programa que a garotada adora é ir com a turma à lanchonete. “Em vez de proibir, o melhor é controlar esse tipo de alimento”, argumenta Fábio Ancona Lopez, professor titular do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Por serem muito gordurosas e pobres em fibras, vitaminas e minerais, o ideal é que essas comidas sejam consumidas uma ou duas vezes por mês”, sugere.
            (...) Tem razão, as crianças às vezes vencem pelo cansaço. Para o bem delas, resista, explique, eduque. A nutricionista Tânia Rodrigues, da RG Nutri Consultoria Nutricional, em São Paulo, ensina o caminho das pedras:
1. Lanchonete todos os dias, só em sonhos. Deixe isso muito claro.
2. Sugira lanches sem muito recheio, como o cheeseburguer ou o cheese-salada. Se puder, suma com a maionese, muito rica em gordura. O cachorro-quente é uma boa pedida, desde que venha com pouco acompanhamento.
3. Uma generosa porção de fritas pode perfeitamente ser compartilhada por duas ou três pessoas. Não precisa mais do que isso para matar a vontade.
4. Se o pequeno insistir no refrigerante, tudo bem. Mas proponha substituí-lo por suco de frutas ou água.
5. Outra troca justa: a maionese pelo trio ketchup, mostarda e picles para incrementar o sanduíche.
6. É milk-shake ou batata frita. Ambos é overdose de calorias.

Fast food, obesidade e colesterol
            Para verificar os efeitos de uma dieta baseada em fast-food, o norte-americano Morgan Spurlock decidiu passar um mês se alimentando exclusivamente de hambúrgueres, batatas fritas e refrigerantes – de preferência com as maiores porções disponíveis no cardápio. O resultado foram 11 quilos a mais, aumento do colesterol e sintomas variados como náuseas e fraqueza. A gordurosa saga foi registrada em “Super size me - A dieta do palhaço” (2004), filme que divertiu ao mesmo tempo em que chocou platéias em todo o mundo.
            Um estudo feito por pesquisadores de diversas instituições norte-americanas, publicado na revista médica “The Lancet”, mostra de forma categórica que tal dieta realmente faz mal à saúde.
            Agencia Fapesp, 04/01/2005

Proposta: Escreva uma dissertação de 25 a 30 linhas sobre a quem cabe a responsabilidade da escolha alimentar da população.