Proposta de redação 2011-S2
Texto 1. “Nos sistemas tecnológicos do amanhã - rápidos. fluidos e auto-reguladores - as máquinas lidarão com o fluxo de materiais físicos: os homens com o fluxo de informação e percepção. Máquinas irão cada vez mais realizaras tarefas rotineiras; os homens, as tarefas intelectuais e criativas. As máquinas, assim como os homens, em vez de ficarem concentradas em fábricas gigantescas e cidades industriais, estarão espalhadas através do globo, ligadas por um sistema de comunicação, impressionantemente sensível, quase instantâneo. O trabalho humano sairá da fábrica e do escritório massificado, para a comunidade e o lar.” (Alvin Toffler, “O choque do futuro”)
Texto 2. “A tecnologia do amanhã requer não milhões de homens levemente alfabetizados, prontos para trabalhar em uníssono em tarefas infinitamente repetitivas, nem homens que recebem ordens sem piscar. conscientes de que o pão se consegue com a submissão mecânica à autoridade, mas sim de homens que possam fazer julgamentos críticos, que possam abrir caminho através dos ambientes novos, que sejam rápidos na identificação de novos relacionamentos numa sociedade em rápida mutação.” (Alvin Toffler)
Texto 3. Do Japão
Do Japão
quero uma câmera de filmar sonhos pra registrar nas noites de verão meu
corpo astral, leve, feliz, risonho voando alto como um gavião;
que filme dentro da minha cabeça todo pensamento raro que eu mereça, toda
ilusão a cores que apareça,
toda beleza de sonhar em vão.
Do Japão
quero também um trem-bala de coco pra atravessar túneis do dissabor; quero
um microcomputador barroco que seja louco e desprograme a dor; visitar um
templo zen-disbundista, conversar com um samurai futurista que me dê pistas
sobre o sol-nascente, que me oriente sobre o novo amor.
Do Japão
quero uma gueixa que em poucos minutos da minha queixa faça uma paixão,
descubra novos sentimentos brutos
e enfeitiçada tome um avião
e a gente vá viver num outro mundo,
pra lá do terceiro ou quarto ou quinto mundo, onde a rainha seja uma açucena
e a divindade a pena do pavão. (Gilberto Gil, "Do Japão")
Texto 4. “Uma tecnologia intelectual não precisa ser efetivamente utilizada por uma maioria estatística de indivíduos para ser considerada dominante. Até o começo do século XIX, a maior parte dos franceses não sabia ler, mas mesmo assim a escrita era havia muito a tecnologia intelectual motriz no plano tanto imaginário como religioso, científico ou estético. Durante séculos a verdade foi escrita, bem como o destino. O mundo desenrolava uma imensa página coberta de sinais a serem interpretados. Apesar de ser o privilégio de uma exclusiva casta de letrados, o prisma da escrita determinou a visão do mundo de muitas civilizações desde a mais alta Antigüidade. O etnólogo Jack Goody evidenciou o nascimento, com a escrita, de um certo tipo de racionalidade A disposição de sinais sob a forma de quadros, a visão sinóptica, gera uma exigência nova de lógica e simetria. Posto no papel, separado do fluxo efêmero da palavra, o discurso é objetivado. Doravante pode exercer-se o espírito crítico. Destacam-se a criação e a cópia, o comentário e o relato. Acumulam-se os textos, pouco a pouco emerge uma temporalidade linear, histórica. Mais adiante, o alfabeto torna costumeira a abstração de uma ordem seqüencial e combinatória. A imprensa, por fim, autoriza o "livre exame" dos textos, alivia das mentes o enorme fardo da memória e da tradição, libera o caminho para a observação da natureza. Pode-se imaginar, sem a imprensa, a revolução científica do século XVII, as Luzes, o nascimento do imenso movimento que arrancará o Ocidente, e a seguir toda a Terra, do mundo tradicional?
Assim como a escrita, a informática deve ser analisada como tecnologia intelectual. Os microprocessadores são objetos, coisas fabricadas, com um peso, um preço, um aspecto visível. Os computadores são máquinas que podem ser transportadas, modificadas, programadas, destruídas. A informática expõe suas ferramentas: seres materiais, estruturas lógicas ou linguagens formais, pacientemente construídos. Esses instrumentos podem ser dissecados, examinados, sondados, são objetos de experiência. É essa a dimensão empírica da informática.
Mas essas máquinas de calcular, essas telas, esses programas não são apenas objetos de experiência. Enquanto tecnologia intelectual, contribuem para determinar o modo de percepção e intelecção pelo qual conhecemos os objetos. Fornecem modelos teóricos para as nossas tentativas de conceber, racionalmente, a realidade. Enquanto interfaces, por seu intermédio é que agimos, por eles é que recebemos de retorno a informação sobre os resultados de nossas ações. Os sistemas de processamento da informação efetuam a mediação prática de nossas interações com o universo. Tanto óculos como espetáculo, nova pele que rege nossas relações com o ambiente, a vasta rede de processamento e circulação da informação que brota e se ramifica a cada dia esboça pouco a pouco a figura de um real sem precedente. É essa a dimensão transcendental da informática.” (Pierre Levy, “As Tecnologias Intelectuais”)
Em função da leitura dos textos acima e dos conhecimentos assimilados ao longo de sua formação, faça uma dissertação argumentativa a respeito da seguinte questão:
Como o uso de recursos tecnológicos pode ser benéfico para a vida afetiva, intelectual e profissional de jovens na atualidade.
Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
Observações:
• Seu texto deve ser escrito à tinta, na folha de redação.
• Desenvolva seu texto em prosa: não redija narração, nem poema.
• O texto com até 7 (sete) linhas escritas será considerado em branco.
• O texto deve ter, no máximo, 30 linhas.
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