segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

2ª lista de indicações - Semana 14 a 19 de fevereiro de 2011

Caras e caros,

Eis os textos desta semana. Boa leitura e reflexões melhores ainda. Excelente semana para todos.


Abraços a todos, 


Professor Estéfani Martins
Facebook e Orkut - Estéfani Martins

1 - EM - 2º e 3º anos
Mais pessoas num mundo "menor".

2 - EM - 2º e 3º anos
Mais do mesmo e as profundas conexões entre o espaço urbano e o rural.

3 - EM - 2º e 3º anos  
Gen X, Y ou Z? Qual é a sua?

AO ESCREVER sobre a Gen Z, no mês passado, fui questionada sobre a razão desse nome. Geração Z de zapear, pregaram alguns. Geração Z porque Z vem depois de Y, disseram outros.
Cem anos atrás, as gerações eram descritas apenas por nomes, não por letras. Como está narrado no livro "Paris É Uma Festa", de Ernest Hemingway (1899-1961), o termo Geração Perdida foi tomado por Gertrude Stein (1874-1946) de um mecânico que ralhava com um funcionário e usado em seguida para caracterizar seu círculo de amigos mais novos, em particular escritores e artistas que viviam na Europa depois de servir na Primeira Guerra.
Era o caso de Hemingway, que achou no final que "todas as gerações eram perdidas, por alguma razão". Depois da Geração Perdida, vimos surgir o termo Greatest Generation, cunhado pelo jornalista Tom Brokaw para se referir às pessoas que nasceram sob as privações da Grande Depressão e contribuíram materialmente ou lutando na Segunda Guerra. Virou livro.
E depois veio a Geração Silenciosa, jovem demais para ter lutado na Segunda Guerra, mas que também viveu seu impacto profundamente.
Acho que minha mãe é dessa geração. Com o fim da Segunda Guerra veio a Geração Baby Boom, assim batizada devido ao crescimento das taxas de natalidade. E depois dos "boomers" veio a Geração X.
O termo Geração X foi cunhado pelo fotógrafo Robert Capa no começo dos anos 50 e depois serviu como título de um ensaio fotográfico seu com jovens. Disseram que se referia aos jovens ainda sem identidade, talvez sem futuro, ou com um futuro incerto, por isso o X. Geração X também se tornou o nome de um livro de sociologia, de Jane Deverson e Charles Hamblett, publicado em 1965. Falava dos jovens que dormiam juntos antes de casar, que não aprenderam muito bem quem era Deus e/ou que não obedeciam mais a seus pais.
Consta que um exemplar do livro foi parar na casa da mãe do músico inglês Billy Idol, que batizou sua banda punk de Geração X, de 1976 a 1981. Digamos que a Geração X nasceu entre 1950 e 1970 e viveu o surgimento do computador pessoal, da TV a cabo, do videogame e da web.
Depois da X, claro, tinha de vir a Geração Y, nascida a partir de 1980 (os anos são sempre definidos arbitrariamente). Muito mais familiarizadas com a comunicação, as mídias e as tecnologias digitais, as crianças da Gen Y ensinaram seus pais a usar os controles remotos enormes ou a gravar filmes da TV.
A Gen Y adotou e-mail, mensagem de texto via celular e MSN como formas de comunicação, enquanto lia "O Senhor dos Anéis", crescia com Harry Potter ou via a trilogia de "Star Wars" em tela gigante. Música digital, iPod e download grátis se tornaram triviais. Acho que é bem a geração do meu filho, de 20 anos.
Mas o tempo não para, assim como a fabricação de rótulos, e chegou a Gen Z, dos chamados nativos digitais. Esses não só demonstram uma incrível facilidade de lidar com qualquer tipo de equipamento novo como gostam de consumir "tudo ao mesmo tempo agora".
Usam instintivamente todos os recursos das redes sociais, como Facebook ou Twitter, e, se tiverem dinheiro, serão viciados também em smartphones (como o iPhone) e tablets (como o iPad).
Dizem que a Gen Z é mais consumista que a Gen Y, além de ser mais conectada. Parece o caso da minha filha de 12 anos, que adora passar a tarde no shopping do bairro com as amigas e os amigos. Sua turma fala no Skype e troca SMS ao fazer a lição de casa com a TV ligada.
É claro que classificar as pessoas em gerações sempre causa controvérsias. Até porque a data de nascimento de alguém não precisa corresponder à mentalidade, aos valores, ao comportamento, à maneira de ser ou mesmo à aparência.
Tenho idade para ser da Geração X, mas meu marido insiste que sou da Geração Z. Acho que ele tem ciúme da minha família Apple (Macbook, iPad e iPhone), que carrego para cima e para baixo, inclusive nas férias. Mas há um problema maior. Depois do Z, o que vem?


MÁRION STRECKER, jornalista, é diretora de conteúdo do UOL.

4 - EM - 2º e 3º anos
Escutas da PF mostram "caça" a bens de traficantes
Na ocupação do Alemão, policiais do Rio levaram até tênis de bandidos
Gravações foram feitas durante a Operação Guilhotina, deflagrada na sexta-feira contra corrupção nas polícias
HUDSON CORRÊA

DIANA BRITO
DO RIO

Policiais militares e civis não se empenharam apenas em desviar armas, drogas e dinheiro durante a ocupação no fim de novembro do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio. Nem pares de tênis escapavam da caça aos bens de traficantes que fugiram da favela com chegada da polícia.
É o que mostram escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal na Operação Guilhotina, deflagrada na sexta-feira contra esquema de corrupção nas polícias do Rio. Foram expedidos 45 mandados de prisão. Até o fechamento desta edição, 37 pessoas (20 PMs e 9 policiais civis, além de informantes) tinham sido presas. A investigação da PF começou em setembro de 2009. Descobriu quatro organizações criminosas de policiais que vendiam armas a traficantes, avisavam sobre operações da polícia, atuavam em milícias (grupos que controlam venda de gás e TV a cabo) e até faziam segurança a casas de jogos.
Durante as investigações, ocorreu a ocupação do Alemão e, como policiais e informantes suspeitos estavam com celulares grampeados, a PF soube que eles desviavam bens de traficantes e moradores.
"Antes da [rua] Joaquim de Queiroz [uma das principais do Alemão] tem um estacionamento. Entrei nele e subiu na laje e desci. Porra! Tem uma laje que tem dois, quatro, sete pares de tênis zero. Tudo escondido atrás das coisas", diz um policial militar a outro em telefonema gravado pela PF. Também havia interesse por aparelhos de TV.
"Se tu achar aquela televisão LED intocada, que tu falou, tu entra na minha casa, como se fosse dar uma geral.
Se quiser esquecer ela lá, eu te agradeço", diz um informante, identificado pela PF como Dilcimar Cunha Orofino.
"Tá, vai ser agora de manhã" responde o interlocutor que, conforme a investigação, é o policial militar da reserva Ricardo Afonso Fernandes, o Afonsinho, acusado de ser líder da milícia de Ramos, zona norte.
O filho de Afonsinho, Christiano Gaspar Fernandes, é inspetor da 22ª Delegacia da Penha, próxima ao Complexo do Alemão, que foi preso na operação.
Também policiais civis estão envolvidos. Um deles diz a uma informante que só não fez saque a uma casa na favela porque não era a vez de seu grupo. "Foi outra delegacia que entrou. Se fosse a nossa, a gente brincava. Entendeu?" A PF também obteve fotos de escavações feitas por policiais dentro de casas de traficantes em busca de ouro, que teria sido enterrado por criminosos antes de deixar o morro.
A Folha não localizou advogados dos acusados.
folha.com
Ouça as escutas telefônicas da operação
folha.com.br/mm874718

5 - EM - 2º e 3º anos
Sobre o crack e as pessoas que ele "consome"
http://revistatrip.uol.com.br/so-no-site/reportagens/drogada-e-desaparecida.html

6 - EM - 3º anos
Reflexões sobre a gula e o prazer de comer
http://diplomatique.uol.com.br/artigo.php?id=862

7 - EM - 3º anos   
Egito: Ocidente perde seu tirano favorito
El País
Florian Gathmann, Ulrike Putz e Severin Weilan

No final, a recusa dos manifestantes pró-democracia em ceder selou seu destino. As pessoas nas ruas do Egito insistiram na saída de Mubarak. Mas o Ocidente ficou ao lado do líder quase até o final, apesar do déspota ter transformado seu país em um Estado policial e saqueado sua economia.
Eram exatamente 18h no Cairo quando a decisão foi anunciada. Em uma breve declaração, o vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, anunciou que o presidente Hosni Mubarak, devido à “situação difícil” no país, estava deixando o cargo. O poder, disse Suleiman, inicialmente seria transferido ao exército egípcio.
A renúncia é um triunfo para a oposição. Semanas de crescentes manifestações aumentaram continuamente a pressão sobre Mubarak. O presidente se dirigiu três vezes à população. Nas três vezes ele disse que não renunciaria.
Mubarak, 82 anos, governou seu país por três décadas inteiras, mas, no final, até mesmo ele percebeu que não poderia resistir aos protestos em massa que sacudiram o Egito nos últimos 18 dias. Os manifestantes simplesmente se recusavam a desistir. E até mesmo aqueles que por muito tempo permaneceram do lado de Mubarak –o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama; os líderes por toda a Europa– começaram a abandoná-lo. Era hora, eles disseram, do líder do Egito permitir um novo começo.
Centenas de milhares de manifestantes vibraram diante do anúncio da noite de sexta-feira na Praça Tahrir, o epicentro do movimento pró-democracia do Egito, no centro do Cairo. Após o discurso de Mubarak na noite de quinta-feira, no qual disse que permaneceria no cargo até setembro, muitos quase perderam a fé de que poderiam conseguir o cumprimento de sua principal exigência. Mubarak, eles diziam desde o início, tinha que partir.
Por 30 anos, os parceiros de Mubarak no Ocidente o apoiaram enquanto ele governava o Egito com mão de ferro. Chamado de “vaca sorridente” antes de sua ascensão ao poder –um apelido que recebeu pelo sorriso que costumava exibir quando permanecia atrás do ex-presidente egípcio Anwar al Sadat– Mubarak se tornou rapidamente um líder poderoso após o assassinato de seu antecessor em outubro de 1981. Ele se transformou em um parceiro confiável do Ocidente –e governou com força o seu próprio país.
Seu retrato estava pendurado em todos os gabinetes e repartições públicas do país; ele era zelosamente elogiado em cada discurso. Os jovens egípcios, mais da metade da população, nunca conheceram outro líder fora Mubarak. De fato, para eles o presidente passou a personificar tudo o que estava errado em seu país: poucas oportunidades econômicas, pouca liberdade e nenhum direito de expressar críticas.

Uma apólice de seguro para o Ocidente
Mas Mubarak era prezado no Ocidente. Ele nunca cedeu na manutenção de seu acordo de paz com Israel e exercia um grande papel no Oriente Médio. Sua influência abrangente no mundo árabe também o tornava indispensável. Presidentes americanos, chefes de Estado franceses, primeiros-ministros britânicos –todos mantinham um relacionamento estreito com o presidente egípcio.
Ele também era um convidado bem-vindo na Alemanha e se encontrou com quase todos os políticos mais importantes de Berlim. De fato, a Alemanha foi até mesmo citada como possível local de exílio para Mubarak, antes de colocar um fim a essa especulação.
Quando o então ministro das Relações Exteriores alemão, Hans-Dietrich Genscher, visitou o Cairo em 1982, Mubarak elogiou o político de modo extravagante, “em nome de Alá, o Misericordioso”, como “meu querido irmão”. Quando, após o encontro, Genscher elogiou a abertura de seu par, o líder egípcio respondeu de modo lisonjeiro que essas coisas eram comuns entre irmãos.
A família Mubarak desfrutava de alta estima na Alemanha. Em 2004, a Universidade de Stuttgart concedeu a “cidadania honorária” da universidade à esposa do presidente, Suzanne Mubarak, por seu compromisso social e sua dedicação aos direitos das crianças e mulheres. Quando o presidente egípcio foi tratado de uma hérnia de disco em um hospital de Munique naquele ano, ele recebeu a visita de vários políticos proeminentes, incluindo o governador da Baviera, Edmund Stoiber, o ministro das Relações Exteriores, Joschka Fischer, e o chanceler Gerhard Schröder. Schröder justificou sua visita dizendo que, como um dos políticos mais experientes na região, Mubarak era “um conselheiro particularmente importante”.
O apreço pela habilidade diplomática de Mubarak permaneceu alto até recentemente. Em março de 2010, ele foi recebido pela chanceler Angela Merkel em Berlim, antes de passar por uma operação de vesícula em Heidelberg. Todavia, o governo alemão continuou a tratar do assunto dos direitos humanos em suas conversações com Mubarak. Por exemplo, o ministro das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, disse que tratou do assunto durante sua visita ao Cairo em 2010.
Mas nunca foi além de um diálogo cauteloso, e Berlim nunca fez exigências genuínas de reforma. Em vez disso, Mubarak era visto como um baluarte na luta contra o Islã radical. O governo do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, também considerava o regime linha-dura do Egito útil na luta contra os suspeitos de terrorismo e aqueles que os apoiavam. O exemplo mais espetacular dessa cooperação foi o caso do clérigo Abu Omar, que foi sequestrado pela CIA em um lugar público na Itália antes de supostamente ter sido torturado no Egito. A descrição por Abu Omar de sua detenção no Egito forneceu um vislumbre dos horrores que podem ser encontrados nas masmorras do regime.
Como Mubarak se transformou em um autocrata
No Egito, Mubarak há muito é considerado um tirano. O país estava sob perpétuo estado de emergência. Mubarak manteve seu controle do poder usando leis antiterror e eleições que eram obviamente manipuladas. Ele transformou seu país em um Estado policial. Mais de 1 milhão de informantes, agentes e policiais supostamente mantinham a população de mais de 80 milhões sob vigilância. A oposição era mantida pequena, os órgãos de imprensa que criticavam o governo enfrentavam dificuldades. Os dissidentes políticos iam parar em prisões que eram notórias pela tortura e muitas pessoas simplesmente desapareciam sem deixar vestígio.
As tentativas de assassinato às quais Mubarak sobreviveu ao longo dos anos mostraram o quanto o déspota era odiado. O mais próximo que ele chegou da morte foi em 1995, durante uma visita à capital etíope, Adis Abeba. Mubarak estava a caminho de um encontro de cúpula da Organização da Unidade Africana quando seu comboio foi atacado por radicais islâmicos egípcios. Foi apenas graças à blindagem de seu carro de fabricação alemã que o presidente sobreviveu.
Mubarak resistiu à pressão internacional para que desse maior liberdade ao seu povo. Pressionado por Washington, ele tolerou a presença de outros candidatos na eleição presidencial de 2005. Mas o regime fez pouco esforço para tornar a votação democrática. Devido à óbvia manipulação, o candidato de oposição Aiman Nur só conseguiu obter 7% dos votos. A candidatura de Nur também lhe custou caro pessoalmente. Logo após a eleição, ele foi sentenciado a cinco anos de prisão por acusações enganosas.
Mas foi o declínio econômico do Egito que alimentou a maior fúria. Nos anos 70, a economia do país ainda podia ser comparada a de países como a Coreia do Sul. Mas quando os países asiáticos iniciaram sua ascensão, o Egito não conseguiu acompanhar.
O Egito de Mubarak também fracassou economicamente
O fracasso da economia planejada socialista adotada pelo Egito, assim como muitos outros países árabes, foi um dos motivos, é claro. Mas o sistema de Mubarak também provou ser um terreno fértil para a corrupção e cleptocracia. Uma reportagem do jornal alemão “Die Tageszeitung” lembra de uma piada que os egípcios gostam de contar. O filho de Mubarak, Alaa, é convidado a visitar uma concessionária da Mercedes no Cairo. “Por apenas 2 euros, o senhor pode escolher um sedã de luxo, sua excelência”, diz o vendedor da Mercedes. O filho do presidente então tira uma nota de 10 euros do bolso. Quando o vendedor tenta impedi-lo, ele diz: “Eu vou ficar com cinco carros”.
As reformas realizadas, que visavam consolidar o orçamento nacional, beneficiaram em grande parte as classes média e alta. O sofrimento dos pobres apenas continuou crescendo –e com ele, a raiva. Rumores eram a única informação disponível a respeito do tamanho da fortuna do ditador. Mesmo assim, eram suficientes para alimentar o ódio. A fortuna da família Mubarak supostamente gira em torno de US$ 40 bilhões, riqueza acumulada por meio, por exemplo, de comissões recebidas em contratos de defesa. Os órgãos de imprensa árabes dizem que o dinheiro está seguramente investido no exterior. Mesmo fora do poder, a família Mubarak não passará necessidade. Mas os especialistas duvidam que essas estimativas da riqueza do ditador sejam realistas.
As relações de Mubarak com os outros países no mundo árabe foram problemáticas desde o início. O acordo de paz separado que seu antecessor, Anwar Sadat, fechou com Israel em 1979 prejudicou seriamente a posição do Egito como grande liderança política dentro do mundo árabe. Todavia, Mubarak decidiu manter o tratado contencioso. Isso garantiu a ligação do Egito com o Ocidente, assim como a ajuda externa dos Estados Unidos no valor de US$ 1,5 bilhão por ano, incluindo US$ 1,3 bilhão em ajuda militar. Mubarak teve posteriormente sucesso em restaurar a participação do Egito na Liga Árabe, encerrando assim o isolamento do país dentro da região árabe.
Todavia, muitos nunca perdoaram Mubarak por declarar a paz entre Israel e os árabes como sendo sua missão. Por todo o mundo árabe, alguns continuaram menosprezando Mubarak como sendo “sionista” ou “lacaio do Ocidente” até a sua renúncia. Os muçulmanos devotos também o consideram seu inimigo, devido à repressão à Irmandade Muçulmana no Egito.
Ainda não é possível saber qual será o resultado da transferência de poder. O exército manterá o atual plano de realização de eleições em setembro ou trará a oposição para a transição mais cedo? O futuro papel do vice-presidente Suleiman, nomeado para o cargo há apenas poucos dias, também permanece incerto. Mas essas são perguntas para os próximos dias.
Por ora, os egípcios estão celebrando sua revolução.
Tradução: George El Khouri Andolfato

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